terça-feira, 24 de março de 2009

NEM PAPA, NEM CRISE, MAS OS ESCRAVOS DIRIGEM-SE PARA OS ALTOS FORNOS.


Andei por Itália e não vi o Papa, mas mais preocupante que não ver o Papa, é verificar que a crise de que os donos do dinheiro nos falam, é um grande e velhaco embuste. É uma crise parcial e vitíma, e, vai vitimar ainda mais, os mesmos, ou seja, os menos ricos, até nos encostarmos cada vez melhor à Idade Média.

Em Cannes, no Mónaco e em Nice os ricos continuam ricos, mesmo mais ricos, com o seus poderosos iates e a gastarem aos milhões nos casinos. Nestas debochadas casas, ontem mesmo, marcavam as máquinas como prémios mínimos os cento e tal mil euros.

Na casino de Monte Carlo, espantosamente, os mais mal vestidos são os mais bem recebidos, porque chegam em bentley`s, porches etc. Eu próprio por estar vestido à desportiva fui confundido com um desses barões e, logo, o porteiro fez-me um rasgado sorriso, abriu-me as portas do casino, só que com os meus poucos euros no bolso limitei-me a retribuir-lhe o sorriso, e não me atrevi a entrar, talvez tenha feito muito mal. Talvez?....

(Neste aspecto esta gente é bem diferente daquela gente do edifício, na minha opinião, abarracado do Casino Estoril).

Mas mais grave ainda é que todos os escravos estão as ser dirigidos para os altos fornos pelas mãos dos mesmos dirigentes de sempre. Nem à esquerda, nem nos sindicatos aparecem líderes emergentes. Os actuais dirigentes é gente calculista pós- revolicionária, proto-totalitária, a ensaiar os mesmos passos de sempre, e a tratarem das suas vidinhas.

Todavia três milhões de pessoas gritaram em França que a Humanidade está na mudança. Pura ilusão!

Há, de facto, milhões de pessoas cansadas e disponíveis, mas não há nenhum projecto de mudança novo, com lideres emergentes que queiram realizar a equidade, a segurança, mas garantindo a LIBERDADE e o primado das leis justas sobre os humores dos ditadores e do totalitarismo dos que tiranamente só ouvem os seus eunucos e os cangados, o que é a regra entre os detentores de poderes, nomeadamente nos partidos, organizações sindicais, culturais e profissionais.

Portugal é a mais perversa e acabada obra da Inquisição e do Salazarismo. Ambas estas trágicas realidades continuam vivas e recomendam-se. Até quando ?....

O FADO repete-se, a hora é outra vez a de todos os traidores travestidos e de toda a cambada de oportunistas que “chupam o sangue fresco da manada”.

Ouvi às dezenas de pessoas do grupo com quem fui, que esta riqueza era um escândalo. Provavelmente algumas delas pertencem a partidos políticos, em que militam, mas não são capazes de ver a estrumeira que os faz submergir no pântano.

Nesta atmosfera, em Portugal, pode e deve organizar-se uma nova força partidária e, ou um grandioso e forte movimento de cidadania que conquiste os portugueses e depois a Europa, e varra para debaixo do tapete da história toda esta gente que no seu proveito nos aprisionou.

Talvez nada disto aconteça, e o regresso à Idade Média com todo um restrito número de senhores, exércitos de cortesãos e multidões de servos aconteça. Assim, regressará a harmonia da servidão, e a ordem da espoliação será imposta à força.

Mas como será possível chamar de República a alguns regimes, como o português, quando os cidadãos livres valem menos que os súbditos de suas majestades medievas?

PORTUGAL!

Não há nenhum Português com história e mérito que queira pôr tudo isto de canelas para o ar, para que todos os quistos cancerosos que vitimam esta semi-democracia caiam?

Não falo de nenhum D. Sebastião, mas sim de um LÍDER, que dê um sentido democrático e efectivo aos milhões de gritos que soam nas ruas, porque sem essa liderança ou tudo se manterá tão podre, ou uma deriva totalitária, não desejada, e nenhuma é desejada, pode tomar a dianteira, e pôr um fim a tanto e tão inaceitável jogo táctico.

A hora é de decidir e agir. Continua a faltar no arco do rotativismo da Governança uma verdadeira força social –democrática. Todo este espaço está ocupado pelos neo-liberais confessos e os convertidos, e, estes, são ainda mais fervorosos, e, assim, não há alternativa ao desastre. Será uma questão de tempo.

PORTUGAL!

Asilva
Ps: Louvo-me no grande esforço de Marilia.

1 comentário:

Marília Gonçalves disse...

Companheiro
desejo-lhe uma esplêndida aterragem desse efémero descanso de uns dias de férias. Assim o retorno à vida e à,luta de cada dia, não seja brusco demais, tantos são os problemas com que Portugal anda a braços.
Mas férias, mesmo curtas são sempre salutares e revigoram-nos sempre que as temos.
Seja bem-vindo entre a gente de Abril, que por Abril andamos, por Abril presente, sempre lutaremos
fraterno abraço
Marilia Gonçalves