sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

SÓCRATES DE MALAS AVIADAS?


Do modo irrequieto que já conheço no Dr. Villaverde Cabral, de quando foi meu professor de sociologia rural, no ISCTE - onde, a sua hiperactividade me deixava incomodado, e mais quando dizia que a sociologia era uma questão de erudição, a par da defesa que fazia do mérito da campanha do trigo de Salazar, mas teria neste caso razão, o professor ? Julgo que não, julgo que esta sua atitude fazia parte do seu reportório de irrequietismo biológico e psíquico – vem agora anunciar no programa da TVI, em que parlamenta, que o Sr. Eng. Sócrates está de mal aviadas. Recordam Guterres e esquecem Sócrates, coisas…

Julgo que é outra vez o seu irrequietismo que o leva a julgar que o primeiro-ministro está de saída e que nada o preocupa sobre quem possa suceder ao Eng. Sócrates. Mas será mesmo que este grande professor da sociologia não tem motivos para se preocupar com quem possa ser o sucessor do actual primeiro-ministro, mesmo que Sócrates suceda a Sócrates, agora, com maioria absoluta? Mas se não for ele, quem poderá ser?

Este irrequieto professor não está nada preocupado com a actual situação, e parece que a sua única despreocupação resulta do facto dos militares terem deixado de ser árbitros nestes bloqueamentos.

Diz o senhor Doutor que os militares não intervirão, acrescenta, felizmente, claríssimo, como foi ele que fez o 25 de Abril 74, tem carradas de razão e bom senso –um grande português - mas este Doutor não se preocupa mesmo nada que seja a direita e a extrema-direita a arbitrarem a saída para todo este definhamento da democracia e do estado de direito?

Não posso acreditar.

Mas o 1º Ministro está de saída, porquê?

Porque governa em minoria, mas em democracia não é possível governar em minoria, ou será que Portugal é tão corrupto e manhoso, como Salazar julgava e, daí, a ditadura e a PIDE etc.?

Mas será porque as acusações que lhe fazem são verdadeiras, e o Presidente da Republica vai demitir o Primeiro-Ministro, porque, com um primeiro-ministro sob suspeita, não funcionam as instituições, nem a democracia?

Ou são as acusações falsas e, mesmo assim, se vai decapitar o governo, em vez de se perseguirem os violadores da lei, mas se isto acontecer além de se estar a beneficiar o infractor, comete-se um golpe de estado constitucional, ou não ? E, se assim for, como poderá, doravante, se garantir a estabilidade governativa?

Perante tudo isto, considero que só uma pulsão muito juvenil pode levar a olhar a substituição, ou a continuação do actual Primeiro-ministro sem despreocupação, ou não será que tudo isto pode conduzir a um novo tipo de totalitarismo, ou democracia vigiada e musculada, com comissões de regulação ou exame prévio da comunicação social, que, naturalmente, quando difama deve ser perseguida juridicamente, e outras coisas tais? Não estamos a italianizar o país? Parece só faltar uma agressão, pois os tiros para o ar já os houve, e a diabolização do primeiro-ministro cria o ambiente para que o teatro se monte, com um ou outro director.

Todavia e contrariamente ao irrequieto Prof. Cabral preocupa-me o impasse em que vivemos. Na minha opinião neste momento não há nenhuma alternativa mais democrática ao actual estado de coisas e para além dos discursos irrequietos muito pouco se tem feito para dar a resposta adequada ao esgotamento deste governo, como do rotativismo. Andam todos numa roda-viva em torno do velho, sempre do velho, parecemos umas baratas tontas, tão só, baratas tontas, sem criatividade, capacidade de visão e risco, uns desgraçados.

Preocupa-me ainda o facto do Presidente da República não puder ser destituído, o que - numa situação de grande conflituosidade que o leve a usar de mecanismos menos isentos no limite da legalidade, sem nenhum controlo, e sem que nenhuma acção possa ser movida contra a sua actuação - poderia permitir GOLPES DE ESTADO PALACIANOS., e, deste modo, morreria a doente democracia, por quanto tempo?

A única válvula de escape para um colapso destes pode ser a rua, o que, será sempre muito perigoso e com elevado custo. Não será por acaso que a GNR reforça os seus efectivos, melhora equipamentos e valoriza a sua vertente militar, até parece com prejuízo da instituição Militar, o que, historicamente sempre foi um mau prenúncio para a democracia, e sempre que esta enfraquece, o PS também sofre grave prejuízo que pode ser excepcionalmente grave, embora, o neofascismo ainda ache aceitável que se matem comunistas, e considere um crime matar socialistas, mas, em todo o caso, acharão normal prender os socialistas do PS. Coisas…

Naturalmente que o quadro politico é muito preocupante, e quem diz atordoadas que não interessa considerar quem pode ser o primeiro-ministro, desde que o Sr. Eng. Sócrates saia, deve ser por qualquer desconexão sináptica, a precisar de revisão ao nível dos dendrites, ou dos neurotransmissores.

É grave, muito grave que ao irrequietismo intelectual e psicológico dos estádios precoces e primários do desenvolvimento cognitivo, não se sucedam os ciclos de lúcida, produtiva e inquestionável inteligência e moralidade.

De facto o que pode vir a seguir, pode ser excepcionalmente grave. Não queiram dar razão a Salazar. Se ele a tiver, é porque somos um país de infra-homens e manhosos.

SALAZAR NÃO PODE TER RAZÃO. BUSQEM, BUSQUEM TARECOS, - à moda do boneco televisivo de Pinto da Costa, porque o original nunca poderia aqui ser evocado, por razões óbvias - no fundo da arca de 9 séculos de história há de certeza gente de ALMA e de mérito.

Pelo menos vejo no Dr. Marinho um homem que fala a linguagem da gente, impoluto, independente, com coragem e determinação, porque o esquecem?

18 de Dezembro de 2009

andrade da silva

1 comentário:

Marília Gonçalves disse...

“QUEM A TEM...”

Jorge de Sena


Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.


Eu não posso senão ser
Desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
E sempre a verdade vença,
Qual será ser livre aqui,
Não hei-de morrer sem saber.


Trocaram tudo em maldade,
É quase um crime viver.
Mas embora escondam tudo
E me queiram cego e mudo,
Não hei-de morrer sem saber
Qual a cor da liberdade.