segunda-feira, 29 de junho de 2009

A VOZ DA POESIA

Natalia-Correia-por Artur Bual



Queixa das almas jovens censuradas

Dão-nos um lírio e um canivete
e uma alma para ir à escola
mais um letreiro que promete
raízes, hastes e corola

Dão-nos um mapa imaginário
que tem a forma de uma cidade
mais um relógio e um calendário
onde não vem a nossa idade

Dão-nos a honra de manequim
para dar corda à nossa ausência.
Dão-nos um prémio de ser assim
sem pecado e sem inocência

Dão-nos um barco e um chapéu
para tirarmos o retrato
Dão-nos bilhetes para o céu
levado à cena num teatro

Penteiam-nos os crâneos ermos
com as cabeleiras das avós
para jamais nos parecermos
connosco quando estamos sós

Dão-nos um bolo que é a história
da nossa historia sem enredo
e não nos soa na memória
outra palavra que o medo

Temos fantasmas tão educados
que adormecemos no seu ombro
somos vazios despovoados
de personagens de assombro

Dão-nos a capa do evangelho
e um pacote de tabaco
dão-nos um pente e um espelho
pra pentearmos um macaco

Dão-nos um cravo preso à cabeça
e uma cabeça presa à cintura
para que o corpo não pareça
a forma da alma que o procura

Dão-nos um esquife feito de ferro
com embutidos de diamante
para organizar já o enterro
do nosso corpo mais adiante

Dão-nos um nome e um jornal
um avião e um violino
mas não nos dão o animal
que espeta os cornos no destino

Dão-nos marujos de papelão
com carimbo no passaporte
por isso a nossa dimensão
não é a vida, nem é a morte

Natália Correia

Natália de Oliveira Correia nasceu na ilha de São Miguel, Açores, em 13/09/1923 e morreu em Lisboa em 16/03/1993.

domingo, 28 de junho de 2009

PARA PIOR, NUNCA MAIS... A DIREITA TEM DE SER DERROTADA. PORTUGAL QUER SER GOVERNADO À ESQUERDA



A direita não pode vencer as próximas eleições, com o actual governo do PS tivemos desvios de direita, por responsabilidade do 1º Ministro, mas também pelo espírito belicoso, arrogante e agressivo do Ministro Santos Silva, a manifesta incompetência dos ministros da economia e a da justiça, para além da teimosia da ministra da educação em termos do processo de avaliação dos professores que sendo uma ideia positiva, foi tecnicamente mal executada, da degradação da disciplina nas salas de aulas e de alguns conteúdos que segundo alguns professores estupidificam as nossas crianças; e também pelo apoio, a todos os títulos inaceitável, aos banqueiros, aos grandes grupos financeiros e económicos e de muitas trapalhadas e negócios, a deixarem sempre muitas dúvidas, o que é, aliás, a uma prática sistemática dos governos da alternância.

Todavia com um Governo da Sra. Ferreira Leite não serão só as medidas erradas do PS que serão executados, como ainda se assistirá a um agravamento na segurança social, com a ideia peregrina da sua privatização, o que, o PS não consentiu e, bem, e também a cada vez maior privatização do estado.

Com o governo da direita mais de 40% da população fica completamente desprotegida de quase tudo, a começar pelo direito a um serviço nacional de saúde e de segurança social capazes. Quem tiver dinheiro para seguros terá acesso aos bons hospitais. Quem tiver dinheiro para investir em poupanças terá reforma, quem não tiver, irá para a sarjeta. A isto temos de dizer não.

Foi com Ferreira Leite que se iniciou a ordem dos trabalhos forçados até à morte. De facto apesar da esperança de vida ter aumentado até 80 anos para as mulheres e 75 para os homens, não aumentou a qualidade de vida ao longo da maior existência, como seria desejável, consequentemente, não se consegue em muitos casos, manter adequadas capacidades físicas e mentais para muitas das tarefas do posto de trabalho, a partir dos 60 anos de idade, portanto, muitas pessoas estão a ser torturadas ao exercerem até à morte actividades para que já não têm perfil. Isto, é uma desumanidade neo-liberal, introduzida por Ferreira Leite e ignominiosamente continuada por um governo socialista.

Também na Educação a senhora Ferreira Leite foi autoritária e não resolveu nenhum problema de fundo; de igual modo na gestão da coisa pública não foi verdadeira, camuflou os défices excessivos das contas públicas com os processos habilidosos das receitas extraordinárias, por exemplo, transferindo dinheiros de fundos de pensões privados para os cofres do estado. Também criou novos impostos, além de que é preconceituosa quanto à orientação sexual das pessoas, e não manifestou a menor repulsa ou tentativa de combate contra o aborto clandestino, contudo foi uma feroz adversária contra a lei da interrupção voluntária da gravidez. O regresso da direita ao poder seria juntar à crise outra crise e outros pesadelos.

Então, o perigo da direita neo-liberal justifica a manutenção no poder do Eng Sócrates/ Santos Silva/ Manuel Pinho/ Alberto Costa com as mesmas politicas e arrogância?

Decisivamente não. Então, que fazer?

Poderia ter havido uma alternativa para a esquerda socialista votar num partido socialista de esquerda na actualidade e no futuro, em consequência da sua base genética – cidadãos oriundos da sociedade civil – e pela sua orgânica e código de conduta, esta forca é a NOVA ESQUERDA que em consequência da tão tardia decisão de Manuel Alegre só nasce em 24 de Junho de 09, pelo que a sua organização em partido para concorrer às próximas eleições é quase uma impossibilidade, mas a NOVA ESQUERDA QUE DEVERÁ SER O PARTIDO DA ESQERDA SOCIALISTA AO SERVIÇO DA DIGNIFICAÇÂO DA DEMOCRACIA E DO DESENVOLVIMENTO, deveria estar nestas eleições com os seus apoiantes em todas as campanhas dos partidos de esquerda que combatem o neoliberalismo, para trazer todos os portugueses às urnas, evitar os votos nulos e brancos, e deveria prometer aos socialistas de esquerda e a todos os seus apoiantes que em futuras eleições terão o seu espaço natural para votarem.

Todavia neste momento é preciso derrotar a direita e exigir que o PS faça pontes à esquerda, conforme a sua base sociológica de apoio a sul de Coimbra o reclama. Também o voto dos apoiantes da NOVA ESQUERDA nos outros Partidos poderá não ser um cheque em branco, porque a NOVA ESQUERDA poderá estar atenta às suas práticas.

É preciso ganhar os portugueses por Portugal para esta batalha, vencer a apatia e a abstenção e DERROTAR A DIREITA NEO-LIBERAL.

Asilva 28 Junho de 09

sexta-feira, 26 de junho de 2009

EU, CIDADÃO-MILITAR, ME APRESENTO! TO ANGOLA 71/72 (IX). MUCABA: COMANDANTE DA COMPANHIA:A HONRA,O ORGULHO E O PRAZER DE SER COMANDANTE (2)


O - bolinha vermelha

Penso nos meus camaradas Major Passos Ramos e Pereira da Silva que morreram nas tristes aventuras do Sr. General Spínola, e que queriam o 25 de Abril. Também denunciavam vigorosamente algumas vigarices, o que sem nunca os ter lido farei mais tarde.

Não posso também deixar de pensar nas suas famílias e na alferes Passos Ramos sobrinha do meu camarada e filha do general Passos Ramos, que muito estimei, considerei e considero por ter sido uma psicóloga disponível que andou pelas terras da Bósnia.

Hoje já com muitos anos rendo a minha homenagem à generosidade dos jovens de todos os tempos, especialmente aos jovens de vinte e poucos anos que acabam os seus cursos, como é o caso do meu filho, ou os que serviram as Forças Armadas durante 6, 9 anos com muita dedicação e depois têm pela frente um país em crise, sem empregos. REVOLTNTE! 25 DE ABRIL TRAÍDO!” ....


O Jovem alferes que era sentia o maior prazer por ser o comandante, e toda a honra, e orgulho do mundo, porque me considerava competente. Tinha a vaidade de quem pensa que sabe bem o que faz, mas tinha a humildade que sempre me caracterizou, e que me levava a considerar que o mais importante no meu comando sempre foi a camaradagem e, o modo rigoroso de tratar os meus subordinados, associado à maior amizade e consideração por eles.


Sempre fui amigo dos que comandei, e sempre lhes falei claro, garantindo a defesa dos direitos de todos, mas nunca esquecendo os deveres que cada um tinha de cumprir, e quem não quisesse ser cooperador e violasse o pacto da relação harmoniosa seria sancionado, e perante a violação dos deveres não haveria nenhuma desculpa, encobrimento ou cumplicidade com os abusos de poder. Sempre foi assim.


Nesta companhia de cerca de 200 homens, 50% de continentais e 50% de cabo-verdianos, havia entre todos um comportamento de verdadeira camaradagem. Todavia quando tive de interrogar um negro acusado de ser terrorista, os soldados cabo-verdianos rondaram o gabinete, não sei, hoje, se como manifestação de rejúbilo ou de crítica e vigilância ao nosso comportamento.

Este suposto terrorista era acusado de ser da FNLA, foi-nos entregue pela população e era acusado de ter esquartejado uma adolescente à catanata, comportamento criminoso contra a população que parece que era a marca-de-água deste movimento de Holden Roberto. Comportamento, este, terrorista e criminoso. De facto odiei este suposto “turra” e irracionalmente aceitei, como boa a informação da população.


Toda esta convicção também tornara-se mais forte, pelo facto de ter estado na sanzala Banzatema, onde, as coisas se passaram, e tive de jantar à luz de uma vela na cubata do soba. A ementa foi fuba, frango com molho de soja e vinho de palma. De tudo isto só gostava do frango, o vinho de palma era um horror e a fuba só me colava no céu-da-boca. Acompanhava-me um furriel que comia com tanta à vontade como os negros. Ia ficar por lá. Neste aperto só me lembrava de uma história que o meu pai me contava. Tinha ido, em Macau, na década de 50, a uma festa chinesa, e como foi considerado a pessoa mais importante teve de se bater com a cabeça do pato que constituiu o repasto.

O suposto terrorista foi interrogado mas não disse nada, como era minha convicção de que ele era o assassino forcei-lhe a reposta, obrigando-o a fazer exercícios físicos. Todavia e não concordando muito não actuei contra um alferes que o agrediu.

Nesta unidade o sargento da companhia que miseravelmente depois do 25 de Abril me criticou por ter participado neste acto de libertação, e ostensivamente me deixou de falar propus-me que metesse o homem num jeep, depois o mandasse sair e o assassinasse pelas costas, alegando que ele estava a fugir, o que, segundo o mesmo, seria a prática de outros capitães. Recusei esta alternativa, e por causa do prisioneiro recebi a visita do oficial de operações do batalhão, tal era a “fome” de resultados.

Este suposto “ turra” depois foi entregue a outra companhia, onde, se dizia que se torturavam os prisioneiros com choques eléctricos nos testículos. Enfim quase todos, de um modo ou de outro, nem sempre fizemos tudo bem, mas, sem querer adiantar qualquer justificação, sempre direi que fazer exercícios físicos, quando não se fazia bem as coisas, era uma prática corrente no Exército até com tabelas negociadas democraticamente, a que também como comandante ficava sujeito. Por exemplo um minuto de atraso corresponderia a x flexões de braços, y de pernas, e de facto a coisa funcionava. Também apliquei a tabela a mim próprio, como me auto-.puni na Figueira da Foz, quando me atrasei a uma formatura, porque o despertador não tocou, o que nunca antes ou depois tinha, ou voltou a acontecer.

Em Mucaba fiz operações na Serra, muito montanhosa e com uma floresta virgem, onde, o Sol não entrava. Apanhei muita chuva perto da noite e trovoadas de fazer tremer quem estava debaixo de tanta árvore que corria o risco de ser lichado por um raio. Temíamos, ainda, umas formigas que se nos apanhassem as pernas, logo, nos tinhamos de despir, porque elas loucamente corriam para os testículos, diziam, e tendo saído dali nunca mais o confirmei, seja como for, a coisa assustava.

Também muito atrapalhava a espingarda, a famosa G3, era grande, o cano estava sempre a enterrar-se pela terra dentro, o que, tornava a arma inoperacional. Tinha-a de levar em bandoleira, para me poder agarrar e evitar as quedas, o que de facto não consegui de todo, apesar da minha experiência de montanhista. Os militares que comandava já tinham um ano de experiência daquela serra caíam muito menos que eu, mas nunca me deixaram de considerar o seu comandante, o que, em tais circunstâncias, não era coisa fácil.

Nesta operação encontramos vários acampamentos abandonados, e como era hábito nestas operações lá destruímos umas casotas que seriam reconstruídas em menos de nada, e também as plantações de mandioca.

Sem nenhum incidente terminei esta operação ao fim do 3º dia, e pedi ao Batalhão para regressar a quartéis. Recebi ordem do oficial de operações, major Alves de Sousa, para avançar para um morro dos diabos, repentinamente atmosfera se ionizou. Não dei como recebida a mensagem, ficamos ali 24 horas em silêncio rádio que só voltou a funcionar para nos recolherem na tarde do dia seguinte.


Como era fácil mandar das salas de operações subir morros, e descer aos infernos! Mas como era tão difícil dizer isso ao pessoal extenuado por ter andado mais depressa do que a velocidade calculada na sala de operações. Mas alferes não é milagreiro, é só alferes…


Também e a propósito desta operação vi quanto a libido é poderosa. O furriel de transmissões tinha relações sexuais com uma negra de uma sanzala, para o que se deslocava ao cair da noite por uma vereda rodeada de capim. Fazia-o com grande temeridade, por outro motivo não o faria, e mesmo por aquele muito poucos o fariam, mas ele, sim. Venceu todos os medos e não dava atenção nenhuma aos avisos. Estava enfeitiçado, o perigo e a cubata o atraíam para os abismos.

Na operação de que falo, como o comandante da companhia ia para o mato, conhecendo o seu medo e o seu comportamento temerário, mandei-lhe distribuir ração de combate, para participar naquela operação.

O furriel perante este facto teve um ataque de pânico, coisa que nunca tinha visto, e só muitos anos mais tarde vi coisa idêntica com a mãe do meu filho, quando na minha casa, vinda da madeira, desembarcou uma barata. O ataque de pânico por causa da fobia foi de tal ordem que influenciou o meu filho que entrou de imediato a fazer coro com a mãe. Uma coisa incrível.

(Ora queria matar a barata, mas com aquele alvoroço não o conseguia, pelo que perdi o meu auto-controle e dei no meu filho uma das três, e só três palmadas, que lhe apliquei na vida. Esta mal dada, as outras duas a propósito, tendo uma resolvido a questão de querer dormir entre a mãe e o pai, o que as técnicas psicológicas aplicadas não resolveram. Todavia os conhecimentos de psicologia foram importantes para tão baixa contabilidade punitiva)…

Mas graças à sua fobia o nosso furriel lá ia ficando no quartel e às noites ia ter com a sua "pretinha", talvez devesse ser proibido de o fazer, talvez!?... Mas não foi, e talvez assim é que esteja certo, não sabia, continuo a não saber.Os comandantes têm dúvidas, alguns medos e algumas vezes se enganam.

Mas o maior prazer e honra do comandante é servir o País, os seus subordinados e as pessoas da comunidade civil e, isto tudo, senti ao longo da minha vida com grande plenitude, apesar do alto preço que paguei.

Todavia foi uma honra ter comandado tão nobre e valorosa gente que também, por ser humana, tinha defeitos e medos, alguns até muito pequenos, como o das formigas que atacavam os testículos e de outros de que, ainda, falarei

(continua)


andrade da silva 26 Junho 09




quinta-feira, 25 de junho de 2009

Poema de JAIME CORTESÃO





A Poesia e a Resistência ao fascismo/salazarismo

Maldição
Poema de JAIME CORTESÃO

Maldição


Por ti, pelo teu ódio à Liberdade
à Razão e à verdade,
a tudo o que é viril, humano e moço,
a fome e o luto apagaram os lares
e os homens agonizam aos milhares
no exílio, no hospital, no calabouço.


Por ti raivoso abutre
cujo apetite sôfrego se nutre
de lágrimas, de gritos, de aflições
gemem nas aspas da tortura
ou baixam em segredo à sepultura
os màrtires que atiras às prisões.

A este claro povo, herói dos povos,
que deu ao Mundo mundos novos,
mais estrelas ao céu, mais luz ao dia;
a este livre e luminoso Apolo
atas as mãos, os pés e o colo,
e encerras numa lôbrega enxovia.

Falas do céu, como um doutor no templo
mas tu encarnaçao e vivo exemplo
da hipocrisia vil dos fariseus,
pelos sagrados laços que desunes,
pelos teus crimes, até hoje impunes
roubas ao mesmo crente a fé em Deus.

Passas...e mirra a erva nos caminhos,
as aves, com terror, fogem aos ninhos,
e ao ver-te o vulto gélido e felino,
mulheres e mães, lembrando os lastimosos
casos de irmãos, de filhos ou de esposos,
bradam crispadas as mãos: Assassino! Assassino!

Passas... e até os velhos, cujos anos
têm costumado a monstros e tiranos
dizem, com a boca cheia de ira e asco:
-Sobre esta Pátria mísera que oprimes,
jamais alguém foi réu de tantos crimes.
vai-te! Basta de vítimas!. Carrasco!

Passas... e ergue-se, vai de vale a cerro
dos hospitais, do fundo das masmorras
às inospitas plagas do desterro,
um coro de ais, de imprecações, de morras.

São multidões que rugem num só brado:
- Maldita a hora em que tu foste nado!
-Que se malogre tudo quanto almejas;
-Conturbem-se os teus dias de aflição,
neguem-te as fontes água, a terra pão
e as estrelas luz -Maldito sejas.


Poema que eu dizia em Paris com 16/17 anos

terça-feira, 23 de junho de 2009

AI PORTO SANTO, PORTO SANTO, QUEM TE ACODE?...


Porto Santo,teu nome já não te fica bem!

… e o Porto Santo deixou definitivamente de ser a tão aprazível zona de lazer e sobretudo de descanso.
A onda de assaltos a casas de veraneantes é cada vez maior. Agora, só de uma vez, foram assaltadas três (todas da minha família) e ainda por cima de um filho da terra. Mas nem foi por uma questão de roubo, apenas e “só” vandalizaram tudo o que encontraram pela frente.
Os móveis antiquíssimos, os quadros, as loiças e sobretudo os livros foram vandalizados e nas paredes ficaram os “grafitti”.
Mas este não o 1º acto de vandalismo àquelas moradias, só que foi o de maior monta e daí ter sido notícia de jornal.
Os autores já foram descobertos e estão sob inquérito. São menores de 13 e 14 anos!
O que quer isto dizer? Que juventude anda o nosso país a criar e formar? Que controlo os pais têm sobre os filhos? Quem vai ser responsabilizado? O que vai acontecer?
Para além dos avultados danos que deixa qualquer um de nós proprietários bastante apreensivos, o que me preocupa de facto é no que aquela “santa” terra se tornou.
De “Santo” já nada resta e de “Porto” já não sei também!
Pergunto: O que anda a polícia local a fazer? Não tem meios humanos suficientes para combater o crime? Não é esse o seu objectivo prioritário?
Por outro lado questiono os pais destes adolescentes: Que valores lhes transmitem? Como os educam? Sabem por onde andam e o que fazem?
Numa terra tão pequena, o controlo não há-de ser assim tão difícil (julgo eu) nem pelos pais, nem pela escola, nem pelas autoridades.
Como querem encher de turistas a “Ilha Dourada”?
É com este cartaz de vandalismo? É com esta falta de segurança na casa de cada um? É com estes “diabos à solta” que ninguém deita a mão e responsabiliza, pelo facto de serem menores?
Assim não, meus senhores!
Assim não dá!
Meu avô (Dr. Manuel Gregório Pestana Júnior), sempre nos ensinou a amar e respeitar o Porto Santo, sua terra natal.
Sempre nos ensinou a olhar o Porto Santo, não como uma terra pobre e desprezada, mas sim como uma ilha linda, dourada pelo sol, doce como as suas uvas, macia como a sua areia e segura como o seu mar.
Dormíamos sempre com as portas e janelas abertas, saíamos de casa nunca fechando nada à chave.
A “nossa casa” recebia quem por lá passasse e quisesse descansar ou dar dois dedos de conversa. No terreiro a “pescaria” do dia era irmãmente repartida pelos pescadores amigos e pelos “nossos” (meu avô, meu pai, ..) e à noite era o bailarico (a Meia-Volta, a Ciranda, a Padeirinha). Era uma festa!
Para nós, era o realizar dos sonhos de todas as noites! Férias no Porto Santo!
A terra onde éramos livres, a terra dos perigos quase nenhuns.
A terra onde corríamos, brincávamos e nadávamos sem medos. A terra onde nem era preciso bater à porta para entrar em casa!
Mas onde está terra que eu tanto gosto?
Onde estão os orgulhosos portosantenses? Que é feito de vós?
Por favor, alguém ponha um ponto final a esta situação.
Por favor, não deixem que o Porto Santo deixe de o ser!



Ps: A psicóloga Sara Peixe fala de “..rituais necessários à passagem ao grupo… comportamentos não pressupostos para um futuro delinquente…”.
Só pergunto: e o que temos nós a ver com isso? Os meus filhos não precisaram desses rituais para pertencerem ao grupo! Nunca lhes passaria pela cabeça fazer semelhante ritual, até porque foram educados com valores!

Isabel Pestana

PS: Texto publicado no DN Funchal, na secção cartas do leitor.




segunda-feira, 22 de junho de 2009

a Força da POESIA


Epígrafe

De palavras não sei. Apenas tento
desvendar o seu lento movimento
quando passam ao longo do que invento
como pre-feitos blocos de cimento.

De palavras não sei. Apenas quero
retomar-lhes o peso a consistência
e com elas erguer a fogo e ferro
um palácio de força e resistência.

De palavras não sei. Por isso canto
em cada uma apenas outro tanto
do que sinto por dentro quando as digo.

Palavra que me lavra. Alfaia escrava.
De mim próprio matéria bruta e brava
--- expressão da multidão que está comigo.

José Carlos Ary dos Santos

domingo, 21 de junho de 2009

A RAZÃO MORAL DO MEU GRITO: PRESENTE!


" Vai nascer um novo sujeito politico com o nome de novo esquerda, com o blogue:
http://www.bloguedealmeirim.net/movimento/default.asp "


Por mim, ao dizer presente neste projecto da Nova Esquerda, respondo à minha consciência de cidadão e de quem participou no 25 de Abril 74, e que vê os objectivos de Abril, hoje, quase completamente gorados.

De tudo resta a liberdade, mas a maior é a da impunidade para os poderosos, com a omissão, ou apoio do governo, cometerem todos os abusos e crimes. Este é o legado monstruoso de 4 anos de governo do PS que se manterão na próxima legislatura com uma Governança maioritária do PS Sócrates/ Santos Silva/ Lello/ Alberto Costa etc., por mais lamentações e declarações de combates, criticas etc. que algumas pessoas façam no interior do PS.

A realidade no terreno é outra e mais forte, pelo que terá de ser, neste momento, uma luta de fora para dentro com gente de grande envergadura moral, intelectual e coragem que pode corrigir as estratégias erradas do PS.

Claro que lamento a decisão, para mim esperada, de Manuel Alegre, claro que espero que a NE seja diferente e ajude ao combate contra o neo-liberalismo dentro do PS, mas a própria proposição deste movimento já PODE TER FEITO MAIS DENTRO DO PS, DO QUE 4 ANOS DE MIC. O QUE CONTA SÃO AS ACÇÕES CONCRETAS E OS QUE INICIARAM ESTE PASSO QUE, NEM SEQUER, CONHEÇO PESSOALMENTE, ESTÃO A TER A CORAGEM DE FAZER O QUE DEVE SER FEITO, POR ISTO, SÃO OS MAIS NOBRES ENTRE OS MAIS NOBRES, NESTA GRAVE EMERGÊNCIA HISTÓRICA DE PORTUGAL, MAS TAMBÉM DA EUROPA E DO MUNDO.

Por tudo isto, por uma questão MORAL, PATRIÓTICA, DE CIDADANIA E PELAS CAUSAS MAIORES DO 25 de ABRIL, estou com este movimento, como com a esquerda plural e com os que dentro do PS lutam contra o neoliberalismo.

O futuro dirá e ditará o resto. Só ao povo competirá dizer quanto vale este projecto, mas, seja como for, nada espero para mim, como exactamente aconteceu há 35 anos no 25 de Abril 74. Da minha parte o mesmo e intocável imperativo ético, exacta e rigorosamente assim: um passado de serviço, que é presente e será sempre futuro.

Asilva

quinta-feira, 18 de junho de 2009

EU, CIDADÃO-MILITAR, ME APRESENTO (VIII)- TO ANGOLA 71/72. MUCABA:COMANDANTE DA COMPANHIA: CONTACTO COM A MORTE. (1)




O- Bolinha Vermelha

“Meu Deus!

Espanta-se Felícia Cabrita na sua obra “ Massacres em África”, em que os massacres são afirmados por soldados, talvez com stresse pós traumático ( PTSD) e negados pelos respectivos comandantes, que um alferes miliciano com 23 anos possa ter comandado, na guerra, 30 militares com pouco menos anos que eles.
Mas o que diria esta repórter se lhe tivessem dito que com os mesmos 23 comandei, como outros, 200 homens mais novos e uns sargentos muito, muito mais velhos e no meu caso todos eles quase veteranos de guerra, na zona de acção, onde, aterrei com uma pequena e simples agravante, era o maçarico da Academia Militar que tinha sido o instrutor deles. Foi uma difícil prova de fogo que venci. A instrução tinha valido e a minha competência fora reconhecida. Os meus comandantes nunca deram a menor atenção a este pequeno e insignificante pormenor. Para quê valorizar estas coisas?

Mas estes jovens alferes e furriéis foram muito grandes e a eles se deve o se terem poupado muitas vidas, como aos grandes capitães que pela guerra passaram.
De qualquer modo espanta-me que a repórter Felícia e este tão generoso país não se espante que muitos dos que fizeram o 25 de Abril e por ele reclamaram tinham de 25 a 30 anos. Grandes caiptães-generias que os poderes emergentes do 25 de Abril esqueceram e até mesmo e, mais grave, perseguiram, no que foram acompanhados por outros capitães de Abril que esqueceram a sua gesta. É isto,no seu melhor, o poder em Portugal.”






MUCABA uma vila perdida no Norte de Angola rodeada por uma serra alta e altaneira, a serra de Mucaba, muito acidentada, com uma floresta virgem impetuosa, nem na minha Madeira havia tanto verde.

A vila tinha duas filas de casas da população branca, na ordem de umas 30 moradias. Num extremo ficava a companhia e no meio da vila a messe de sargentos, onde, celebrávamos os famosos casamentos por procuração que na ausência da amada, por vezes, se consumavam na sanzala, junto da rosa mais negra de todas. A vida de soldado….

Nesta região havia muita fruta, mas sobretudo fazendas de café e algumas sanzalas. A cidade mais perto era o Negage, onde, às vezes íamos e visitávamos um restaurante que cozinhava os melhores rins e o cinema que só funcionava para a tropa que vinha de fora.

Quanto isto me fazia lembrar os filmes de farwest, e quanto me sentia bem, até porque antes tinha conduzido o velho jeep, embora sem carta, e aquele diabo naqueles terrenos molhados a querer fugir-me, com a parte de trás a tentar ultrapassar a da frente! Meu Deus que perícia para aguentar aquela relíquia!

Nesta terra contactei pela primeira vez com colonos, no Cavungo só havia missionários ingleses, uns comerciantes de restauração, e, disse. Em Mucaba não. Era uma zona rica e vi que aquelas pessoas tinham muito dinheiro, naquela altura só me falavam de milhões, e eu ganhava uma meia dúzia de contos. Trouxe de poupança 20 contos, ao chegar emprestei-os e mais tarde num dia aziago, 1 de Abril de 1977, em que caí à cama com papeira, na messe de oficiais de Santa Clara, lá se me foi esse pé-de-meia, e conheci a eficiência da PJ. Interrogou-me, como se tivesse sido eu o próprio ladrão. Era o novo Portugal.


Sou o comandante da companhia aqui sedeada, durante as férias de um muito rodado capitão, já estava na sua 3ª comissão.( O capitão de artilharia Figueiras, há pouco tempo falecido. Teve elevada dignidade na morte. Julgo que era muito vaidoso, mas um bom capitão - mas o alferes que eu era, lá discordou dele e alterou o seu tipo comando, pecado mortal, mas não o sabia e era também muito vaidoso, ou talvez ainda o seja, embora pense que não. O capitão era sobretudo uma boa pessoa, e depois um grande lutador no Associativismo Militar, como vários camaradas o referem)

Como já referi trouxe do Cavungo, no saco de viagens, as melhores e únicas condecorações da minha vida de 40 anos de militar, as palavras dos meus subordinados.
(Também depois do 25 e Abril sempre me identificaram como um militar de Abril, e sempre, por isso, fui estimado pelos oficiais e sargentos, sobretudo milicianos, pelos soldados e pela maioria das senhoras funcionárias civis... Coisas... Vá lá a gente saber porque acontecem, mas também é verdade que depois das mulheres terem tido acesso à vida militar, foram as que melhor compreenderam a minha acção de comando, como já tinha acontecido nos movimentos sociais do Alentejo em 74/75...)

Entre outras coisas registei esta minha passagem por Mucaba, com o seguinte pensamento:

Pensamento 22 Março 1972

“ Se eu dissesse ninguém acreditaria. Todos os profanos alheios à fatal ideologia do lutar por coisa válida e sagrada no início da caminhada, degenerada no meio do caminho e totalmente perdida no fim, diriam não ao meu pensamento, não o escutariam e o repudiariam” (Até parece que era bruxo)

Recebo a falsa noticia da morte do Alf. Pardal Maurício, que felizmente não morreu, então, só muito mais tarde faleceu, tendo lutado até ao fim na Associação de Deficientes das Forças Armadas (ADFA). Registo nos meus apontamentos o seguinte pensamento sobre esta grande perda.

Soube que havia falecido, no HMP de Lisboa, o meu camarada do curso de Infantaria Pardal Maurício, era um óptimo camarada e um belíssimo rapaz.

Sinto bastante a sua morte, pois é mais uma vida ceifada inutilmente em prol da mais escandalosa e cavernosa corrupção. Nós os desprotegidos da sorte, por nossa culpa e pecado debatemo-nos, lutamos e morremos, enquanto nefasta e vilmente os que usufruem dos benefícios da nossa dura tarefa, pomposamente vivem, esquecendo por completo a miséria da nossa vida material e humana, a inexistência absoluta das mais elementares regalias que nos permitissem, de vez em quando, um sorriso alegre, e, sobretudo, esquecem o fim trágico e inglório que em cada esquina nos espreita, por darmos cumprimento ao horripilante mando de suas Majestades.

Aqui ficam estes macabros pensamentos que operam dentro de mim o mais profundo vácuo, e lançam em meu redor as mais bizarras sombras.

Ao camarada e amigo Pardal Maurício aqui deixo um abraço e o Adeus até à eternidade.”

Nesta companhia ainda vou lamentar a morte de um soldado que uns dias antes tinha praxado, por não me ter reconhecido ao telefone e ter-me mandado bugiar em linguagem de caserna. Choro a morte deste soldado, se a ameaça de o prender tivesse sido executada, não teria sido condenado à morte ,só que a ameaça era uma brincadeira, mas a guerra era a sério. Mas ainda há quem pense que aquilo eram férias, pelo menos para os oficiais do Quadro Permanente. Da minha parte fiz as mesmas operações que os milicianos, sem qualquer protecção divina, ou outra, visível ou invisível.

Aqui, também pela Páscoa fiz a sua comemoração com uma missa campal e um desfile militar pela vila de Mucaba, onde, nenhum branco esteve presente. Fecharam as janelas e as portas das suas casas queriam resolver o problema da guerra por eles, mas a companhia desfilou com o rufar dos tambores e o roncar dos 404. Orgulho e presença, desfilava Portugal: soldados da metrópole e de Cabo Verde!


Um comandante comanda, e de facto comandava, às vezes parece erro, mas… e, assim, um dia, um dos sobrinhos do dono da terra, um tal Sr. Artex, porque agrediu um soldado negro da minha companhia, foi o primeiro branco a ser preso naquela vila.

Tendo sido chamado à companhia para lhe dizer que qualquer falta dos militares sobre o meu comando seria castigada com todo o rigor, mas que se alguém, algum civil, tocasse num deles, se fosse necessário não deixaria pedra sobre pedra em Mucaba, ( seria exactamente assim) pelo que, no solo sagrado da companhia, foi intimado, pelo administrador de posto, a comparecer, no posto, no dia seguinte, a uma dada hora, o que o homem recusou-se a cumprir. Já não o deixei sair da companhia e intimei o administrador a prendê-lo, por flagrante delito de desobediência e, desta feita, lá um dos grandes de Mucaba foi preso. Esteve num cubículo imundo, tipo frigideira que seria segundo a concepção colonialista e racista só para negros, sobretudo pretos, mas nunca para um branco, mas este esteve ali algumas horas. Ordens para o libertar do superintendente de Carmona, não se fizeram tardar.

Contava-se também que um outro latifundiário, lá daquelas bandas, o Sr. Costa do Negage tinha estabelecido os limites das suas terras a tiro. Também tinha vedado a passagem das suas terras às colunas militares, o que nos obrigaria a mais uma horas nas deslocações de reabastecimentos. Todavia sempre por lá passei, nunca teria deixado de passar e se a cancela não fosse aberta, qualquer GMC ( uma viatura pesada, uma relíquia) a levaria à frente. Toda a gente era muito amiga dos negros e dos militares, como testemunho.

Nesta zona do café, como os relatórios do comandante em Chefe General COSTA Gomes referiam, muitos fazendeiros não cumpriam os contratos e os negros no fim dos períodos de contrato em vez de serem credores, eram devedores nas cantinas.

Andei, como não podia deixar de ser, pela Serra de Mucaba a fazer operações, verifiquei que a G3 para a montanha era um grande problema, pois que o tapa chamas andava sempre a lamber a lama, e os militares a caírem de cu.

Um dos alferes da Companhia, o que fui substituir, e em cujo quarto fui dormir ainda quente com a suas coisas, morreu com uma mina. Ia fora do trilho, começou a chover, vestiu o ponche (gabardina militar) e entrou no trilho para recuperar tempo, logo uma mina anti-pessoal decepou-lhe um pé, esteve muitas horas para ser evacuado, esvaiu-se em sangue e morreu. Foi transportado às costas por um outro alferes que por causa do seu espírito de sacrifício ganhou um estatuto de predominância na companhia, o que iria conflituar com o meu comando

Esta morte impressionou-me muito, porque este alferes, quando esteve a tirar o Curso de Oficiais Milicianos ( COM) em Vendas Novas, era um declarado pacifista, com quem dialoguei muitas, mesmo, muitas horas. Só que este pacifista tornou-se a incarnação do diabo para os soldados, que apesar da sua dolorosa morte mantinham, por ele, um profundo ódio. Quanto mal este antigo pacifista pode ter feito àqueles militares para mesmo depois de morto ser tão odiado, o que não é nada comum entre as pessoas mais simples?

(CONTINUA)

asilva

A TERRA é NOSSA CASA

Filme sem fins lucrativos


HOME - UMfilme de Yann Arthus Bertrand



o FILME que defende a VIDA




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A TERRA é A NOSSA CASA

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O Mundo é a nossa casa


em português PARTE 1


e seguintes no mesmo Site

Site Web : http://www.home-2009.com/

LEGENDAS


a solução somos nós e cada gesto, cada pensamento nossos, a fazer evoluir urgentemente!

poema


Essencial

Lume névoa sol nascente

veleiro de prata nua

Olivais trigo semente

papoilas neve e a rua.

Fonte rio terra oceano

paisagem moinho vento

Olivais e ser humano

emoção e pensamento.

Rosal brisa tempo rio

Norte instante luz e hora

Polo palavra sul frio

Diferença riso demora

Estrada luz ternura dia

Noite poente manhã

Lua entardece ardentia

soletrar irmão irmã

Sonho amor sol poesia

fraterno evoluir ou ser

invento avanço ousadia

mais uma vida a nascer

Flor árvore oxigénio

Plantas arbusto animal

Década século milénio

História vida Portugal.


Marília Gonçalves

quarta-feira, 17 de junho de 2009

SERÁ CHANTAGEM?


Nota: Apesar do facto já estar fora da agenda, a sua análise, sobretudo feita nos termos silogisticos que o autor faz, é e será sempre actual, por isto, damos à estampa tão interessante e curioso raciocinio.

Fantástico! Dezasseis anos após a primeira declaração em que Jaime Gama classificava de Bokassa a Alberto J. Jardim (AJJ)[1], ei-lo a considerar o mesmo Alberto Jardim “um exemplo supremo”[2] da vida democrática. Não apenas um exemplo, mas supremo. Isto é, AJJ, segundo Jaime Gama, é o máximo que almejar se pode em matéria de combatividade político-democrática. Claro que o adjectivo democrático faz toda a diferença.
Que AJJ seja um exemplo de combatividade, enfim… Supremo? Bem, pelo menos superlativo! Mas que o seja em democracia é de estranhar. E é de estranhar tanto mais, quanto a conduta de AJJ, que em tempos levara JG a apodá-lo de Bokassa, não se atenuou ao longo de dezasseis anos seguintes: a mesma veia insultuosa, o mesmo desrespeito pelos opositores, a mesma atitude chantagista. Então o que mudou?
Claro, a apreciação de Jaime Gama sobre João Jardim. E por quê? Aqui, na causa, reside, porventura, o mistério. Mas o mistério resolve-se, ao menos em parte, se se recorrer às próprias palavras de Gama em 1992. Se o avaliado não alterou a sua conduta, antes a veio refinando ao longo dos anos, numa completa impunidade, então teremos que concluir que foi o medo que tomou conta de Jaime Gama. O medo! Gama deixou-o bem claro na primeira avaliação: “não temos medo de nenhum Bokassa”.
Se agora o epíteto cai sem que houvesse da parte do visado qualquer alteração de conduta, é mais que justificado pensar-se que é o medo que tolhe Jaime Gama. A questão é agora a de saber o que provoca o medo em Jaime Gama. É mesmo de suspeitar que alguma ameaça chantagista se abateu sobre a cabeça deste tribuno da República. Mas se for isso (não vejo que outra causa possa ser responsável por esta conduta de JG, afastada a hipótese de demência), e dadas as funções que JG exerce, é também sobre a república que a chantagem se exerce. Pelo que é legítimo questionar o próprio JG sobre o seu silêncio, e se não terá obrigação moral e cívica de denunciar a chantagem, por mais que isso lhe custe. A isso o obrigaria a função de político que, supostamente, defende o bem público e não a causa individual.

Amadora, Março de 2009
Luís Ladeira

[1] - “… que se instala na Região Autónoma da Madeira o poder de um novo Bokassa. Nós não temos medo de nenhum Bokassa… nem do Bokassa madeirense” Jaime Gama na Assembleia da República, em 27/2/92.
[1] - “… um exemplo supremo na vida democrática do que é um político combativo, o Dr. Alberto João Jardim” Jaime Gama na abertura do Congresso da ANAFRE, no Funchal, em 28/3/08.




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terça-feira, 16 de junho de 2009

E O ENSINO SPERIOR EM PORTUGAL, COMO ESTÁ DE SAÚDE?


Nem sei por onde começar, porque a desgraça é tanta que vá lá o diabo escolher! Refiro-me à Universidade da Madeira e ao seu Departamento de Engenharia.

Estou a falar como mãe de um aluno desta universidade, portanto tudo aquilo que aqui vou deixar escrito é pelo que vou sabendo pelo meu filho e seus colegas e por tudo o que vejo escrito por alguns dos seus professores.

Tempos houve que a UMA tinha boa fama sobretudo no tocante às engenharias, e daí o meu filho abandonar a universidade onde estava no Continente e inscrever-se nesta. Gostei, claro, por diversos motivos, sobretudo os afectivos e os económicos, e como era tida como uma boa universidade considerámos ser uma boa opção.
Agora já não consigo pensar assim.

Tem vindo a piorar de ano para ano, e estou a referir-me a determinados professores contratados pela universidade.

Não consigo entender como é que uma universidade contrata professores que mal sabem escrever e falar e que acumulam funções, sendo a de professor a 2ª escolha.

Como se justifica que um professor universitário não saiba elaborar enunciados de testes e/ou frequências?

Como se justifica que a linguagem escrita utilizada seja o “Portenhol” e não o português?

Como se justifica que as questões estejam mal formuladas, de tal forma que os alunos não conseguem entender o que é pretendido?

Como se justifica que durante o teste e/ou frequência o professor mude diversas vezes os dados das questões (após ser chamado à atenção pelos alunos para os erros científicos das mesmas)?

Fala-se tanto, neste país, na Avaliação dos Professores do Ensino Secundário e parece que ninguém se importa com a qualidade do ensino “dito” superior!
Os professores do ensino universitário não são imunes a uma avaliação, apesar de pensarem que sim.

Algo está mal na UMA, começando pelos critérios de avaliação às diferentes cadeiras e acabando nos estatutos dos alunos.

Existem dualidades de critérios de avaliação dentro de uma mesma turma, ou seja, quem cai no “goto” do professor está passado sem mesmo ter prestado todas as provas que devia prestar.

Isto chama-se o quê? CORRUPÇÃO!

Será tão difícil assim pensar a avaliação para cada cadeira da Universidade?
Claro que não!

Há uma passividade, há uma inércia que só se explica pela conveniência de alguns e pelo medo de outros.

Mas o pior disto tudo é a preparação destes alunos. Que engenheiros vão sair dali? Será que podemos viver em paz e sem medos num novo apartamento? Será que podemos atravessar uma ponte ou um túnel sem o perigo de derrocada?

Como comum cidadã começo a ficar com medo!
Sei que em nada vai resultar este meu desabafo, mas não podia deixar de fazê-lo.
Sou mãe, encarregada de educação, professora e pagadora de uma propina. Como tal tenho que mostrar publicamente a minha indignação.

Aproveito para fazer um apelo ao reitor da UMA:
- Sr Reitor, por favor arranje forma de saber da competência de quem contrata para os seus quadros! Obrigada.”


Isabel Pestana


NOTA DA EDIÇÂO:
Também por estas TERRAS DE SANTA MARIA o ensino superior não está mesmo nada bem de saúde. Maus professores, ninguém os avalia, muitos fazem o que querem e muitos mesmo não querem a dar aulas e depois com a pseudo revisão do protocolo de Bolonha, em termos curriculares todo ficou na mesma com duas excepções:

1- desvalorização completa da licenciatura dá acesso ao emprego de “varredor da câmaras”, tarefa nobre, mas enfim uma licenciatura, mereceria um pouco mais de aceitação

2- e serviu para encarecer o 2ºciclo, enquanto a licenciatura ao longo de três anos custa cerca de 3.000 euros no ensino público, o mestrado custa 5mil e parece logo que à cabeça.

Tenho um filho agora nesta encruzilhada emprego ou 2º ciclo, duas coisas penosas emprego não há, mestrado custa um dinheirão e eu que já tenho uns bons anos e tenho a mala sempre pronta para a partida fico sem os tais tostões para conhecer mais mundo antes de partir,

Mas a maioria aceita isto que é a mesma m…. no reino de D. Alberto João. Triste e vil sorte a deste Portugal e da nossa querida Madeira.
O meu abraço e homenagem à tuna feminina, às cantadeiras da Madeira. Quão belo é o bailinho? E saborosa a espetada, o bolo do caco, o vinho seco no restaurante Cabo Girão, ou a sandes de carne vinho e alhos do mercado dos Lavradores! E mais belo ainda o Sol, o Mar, a Lua, as Montanhas, as Flores e as tão belas Dianas de muitos outros nomes e apelidos dessa Terra dos Amores. Como te amo Madeira, até Agosto.
Isabel espero agora um texto de SOL ou Lua de Prata, desses luares de Maio, ou de Agosto.
Abraço. Estamos contigo e com vocês.

Asilva


segunda-feira, 15 de junho de 2009

PORTUGAL LIVRE VIVA









Retrato do Povo de Lisboa


É da torre mais alta do meu pranto
que eu canto este meu sangue este meu povo.
Dessa torre maior em que apenas sou grande
por me cantar de novo.

Cantar como quem despe a ganga da tristeza
e põe a nu a espádua da saudade
chama que nasce e cresce e morre acesa
em plena liberdade.

É da voz do meu povo uma criança
seminua nas docas de Lisboa
que eu ganho a minha voz
caldo verde sem esperança
laranja de humildade
amarga lança
até que a voz me doa.

Mas nunca se dói só quem a cantar magoa
dói-me o Tejo vazio dói-me a miséria
apunhalada na garganta.
Dói-me o sangue vencido a nódoa negra
punhada no meu canto.

Ary dos Santos, in 'Fotosgrafias'

domingo, 14 de junho de 2009

A PROVÁVEL DITADURA DE FERREIRA LEITE.


Diz um editorialista do Expresso que o País é esquizofrénico, por pensar que somos grandes, mas não menos o será, ao pensar que a revisão do modelo é só a questão das grandes obras, quando para se salvar os dinheiros de corruptos e especuladores se injectou milhares de milhões de euros no BPN e na esfera financeira, especulativa, os Belmiros de Azevedo, Jerónimo Martins e Joe Berard perderam dinheiro virtual ou real (?) que dava para construir todas ou parte dessas grandes obras. Onde vive este e outros editorialistas?

Assim cairemos no abismo, e pior se vier a ditadura da Sra. Ferreira Leite, ao que dizem, já avalizada pelo grupo de Bilderberg, em Davos, na sua reunião do corrente ano. Neste grupo tem importância de relevo, ao que dizem, Pinto Balsemão, e muitos dos que desempenharam cargos importantes em Portugal, antes têm passado por essas reuniões. É evidente que quem vota são os portugueses, mas os muitos erros da Governança socialista põem a coisa de feição.

Só há um problema, porque Portugal é pobre e muito mal governado e tem 5 milhões de emigrantes, muitos pela Europa que não entendem que Ronaldo ganhe 30mil euros/dia e o Sr. Cadilhe para gerir uma falência 10 milhões de euros, há 20% de eleitores que votam esquerda não cúmplice com o neo-liberalismo e 60% que dizem não a esta opereta.

Muito embora Bilderberg conviva bem com 60% de abstenção, convive muito mal com 20% de portugueses de esquerda, e aí nem Davos 2009, nem Kissinger, nem Carlucci, nem Mário Soares e, agora, ainda pior, arranjaram outra solução, para além da DITADURA DE FERREIRA LEITE.

De facto com a inevitável derrota do neo-liberalismo e o lastimoso estado da Governança do Sr. Eng. Sócrates, a ditadura de Ferreira Leite desenha-se como a solução, porque o seu governo minoritário ou maioritário não passará, será derrubado pela crise e pela democracia, porque a DITADURA legislativa, a do trabalho sem direitos e o regabofe dos interesses do bloco central não podem continuar a destruir o País e o 25 de Abril.

ASSIM, TEMPOS NEGROS E DIFÍCEIS ENSOMBRAM PORTUGAL. MUITOS DORMEM, E BILDERBERG VAI CONQUISTÁ-LOS, MAS HÁ MUITA GENTE DISPERTA. QUIÇÁ MAIS DE UM A DOIS TERÇOS DO PS ESTÃO NO LADO CERTO DA TRINCHEIRA, A DOS OUTROS 20% e de MUITOS OUTROS QUE VIRÃO DAS CAVERNAS SOMBRIAS E IMUNDAS DA ABSTENÇÃO, PARA LUTAREM CONTRA A DITADURA NEO-LIBERAL, DESDE LOGO, NAS URNAS, MAS TAMBÉM, ONDE, A HORA CHAMAR.

JOVENS! PORTUGAL!

asilva