domingo, 29 de agosto de 2010



Baila a voz na folha nua

som longínquo, percepção

flor de lótus, luz do dia

a estremecer de emoção.


Bate o coração do mundo

no incêndio musical

na flauta ouve-se tudo

da origem vegetal.


Cítara caminho à guitarra

música até nos doer.

Há no canto da cigarra

uma seara a arder.


Marilia Gonçalves

sábado, 28 de agosto de 2010

DESTAS COISAS!?... REFLEXÃO


TEMPOS

" Às minhas irmãs e irmãos, errantes, sem eira nem beira e só com pele, para serem feridos, e, particularmente, à minha irmã Fátima e cunhado que experienciam os tempos longos e dolorosos, acompanhando a minha mãe, há quatro meses, em estado coma profundo. Uma experiência no limite do suportável e imaginável"


ALFA: VIDA

Tempo de:

Amor
Primavera
Abril
Sol
Lua
Mar
Sal
Natureza
Esterlícia
Orgasmo,

Um ápice:
Um Ómega que mal
Fora Alfa.


ÓMEGA: LUTO

Este outro tempo de:

Dor
Escombros
Escravidão
Inferno
Abandono
Solidão
Ódio
Desamor
Soterramento
Morte,

Não tem fim.
Inicia-se,
E cola-se à pele,
Como DNA, dos desgraçados,
E com eles vive e parte
Para além da eternidade.

Sem fim!....
Sem consolo!....

28 Agosto 2010

andrade da silva

PS: Marília poste os seus belos poemas, nós os esperamos.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A HEROICIDADE DO QUOTIDIANO.





" Aos Mineiros do Chile e a todos os que, estoicamente, se ultrapassam, para sobreviverem e fazerem que o mundo avance"



Na minha infância e adolescência aprendi que o verdadeiro heroísmo não estaria nos actos fantásticos de coragem que, muitas vezes, as circunstâncias, consciente ou inconscientemente, ditam, mas sim, no esforço continuado, anónimo do quotidiano, de cada segundo, para viver com dignidade, plenitude e em comunhão consigo próprio,o mundo e o outro.

Com estes ensinamentos nunca me senti inclinado para a adulação de fãs e mitos, mas sim, para um profundo respeito e amor por aquelas e aqueles que, no dia a dia, constroem um mundo melhor, e, eles próprios, se tornam melhores pessoas.

Também não concordo com Kant, quando diz que não faz sentido cantar os que se ultrapassam, porque só fizeram o que moralmente lhes era exigido, o que sendo certo, os distingue, por essa não ser a regra e ter para quem responde ao chamamento da sua consciência, da humanidade e, ou do mundo um preço muito alto que muitos recusam.

Todos os negros da África do Sul deviam ter sido Mandelas , mas muitos não o foram, por isto, é legitimo exaltar Mandela, até porque o seu heroísmo esteve na luta que durante 27 anos de cativeiro travou contra o apardheid.

Nesta linha de pensamento estamos hoje a ser interpelados para acompanharmos, apoiarmos, aprendermos muito sobre quem somos, enquanto pessoas individuais e enquanto humanidade com a experiência limite que os 33 mineiros soterrados no Chile, estão a viver.

Esta experiência interpela-nos quanto à capacidade individual e de grupo para se sobreviver física, psicológica e socialmente por um longo período, quando todas as circunstâncias de vida se alteram radicalmente, quando todos os hábitos de vida alimentares, rotinas etc mudam de um momento para outro. Fazer as novas adaptações é uma tarefa de uma dimensão inefável.

Mas também esta experiência vai interpelar -nos, quanto à capacidade de humanidade, do governo do Chile e de todos nós, para não abandonarmos estes homens nestes longos meses, em que nos vão ensinar a como resistir, e muito, muito mais, o que, todos, temos de aproveitar e, em particular, os técnicos médicos, psicólogos, da segurança e da selecção e formação dos mineiros e outros corpos profissionais.

Esta dramática experiência é, do ponto de vista psicológico, completamente diferente da dos astronautas, estes, foram preparados durante muito tampo, para participarem numa aventura de descoberta, gloriosa, o que, leva a uma vivência diferente dos riscos, mesmo, da perda da vida, enquanto estes mineiros estão a experenciarem uma vivência de desastre, pelo que, desde logo, é necessário mudar esta percepção.

Todavia de momento todos os conhecimento das experiências da NASA, de outros acidentes e das vivências no interior dos submarinos serão muito, muito importantes, mas, doravante , deveria fazer-se em todos os países com fortes tradições mineiras, um esforço concertado para evitar este acidentes, pensar melhor nas medidas de salvamento e também preparar física e psicologicamente estes profissionais e os seus familiares para estas experiências limite, o que, se nunca foi feito, deverá ser a partir de agora equacionado.

Neste quadro de heroísmo destes mineiros, é lamentável que por vaidade e quase sem respeito pelo significado do seu grande sacrifício, técnicos, nomeadamente psicólogos, sem qualquer conhecimento teórico e experiência de catástrofes deste teor debitem opiniões avulsas, quando o que está em causa é reconhecer que poucos ou nenhuns se preocupam com estes assuntos, embora tenham sempre uma urgência parola e desrespeitosa pelas vitimas para virem para as TV dizerem banalidades, quando naturalmente o que importaria era chamar a atenção que nos países com tradição mineira, tem de se avançar muito, nas disciplinas relacionadas com as catástrofes.

Para mim heróis são estes mineiros e todos os que lutam pela sua sobrevivência, mas também neste grupo dos meus heróis, únicos e verdadeiros, incluo as mulheres e os homens, jovens e outros, com salários em atraso, desempregados sem "cheta", sem certezas quanto ao seu Futuro, e que, continuam a ter esperança e a teimarem em viverem em harmonia, sem se suicidarem ou revoltarem.

Estas e estes também são os meus heróis, como o são ainda os que em condições muito difíceis, com perigo de perda da sua liberdade, da vida e de interesses materiais lutam nas ditaduras e nas semi-democracias pela justiça social. Vós todos sóis para mim os verdadeiros heróis, ao nível dos marinheiros dos descobrimentos.


Abraço-vos e choro com as vossas dores e angústias, porque vos amo. Uma LÁGRIMA é sempre um cristal de AMOR.

andrade da silva

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

CONTRA-CONTRAREVOLUÇÃO ALERTA N+15 ( PRÉ-FINAIS)




A GOVERNANÇA PRECISA DE SER CONFIÁVEL E CREDÍVEL?
" É maior a atracção pelo "fantasticamente falso", do que pelo "fantasticamente verdadeiro", Charles Mackay."






A questão da confiança e da credibilidade são questões muito queridas a uma dada elite intelectual e moral, pouco representada nos jornais e muito menos nos Partidos. É uma elite cultural, ética e intelectual, independente que raciocinando em termos do bem dos países, defende que, sem confiança e credibilidade, os governos e as nações se afundam, o que, seria inquietante, segundo Fernando Gonçalves, professor universitário e cronista do Jornal I.

Todavia a realidade política de muitos países, particularmente da Europa do Sul, não confirmam esta visão. Pelo contrário, parece ser possível governar durante sucessivos anos e legislaturas, mesmo com uma confiança e credibilidade diminuídas aos olhos daquelas elites, o que, leva muitas vezes os governantes eleitos a dizerem que governam, porque receberam um mandato dos eleitores para ao efeito, e só perante eles respondem. Dizem-no, com a quase certeza de que os eleitores lhes vão dar sucessivas vezes o voto. Facto que parece contraditório, mas talvez o seja mais de um ponto vista ético e moral, do que político, e porquê?


Desde logo, porque os conceitos de confiança e de credibilidade que parecem ter um significado, ao nível do comum dos mortais, simples e acessível, já não o tem, ao nível político. Se fora da esfera política ser uma pessoa de confiança e credível é manter a sua palavra, ser verdadeiro, honrar os seus contratos e compromissos, ao nível da esfera política não é bem assim, primeiro porque os políticos conhecedores, como diz Charles Mackay ( citado por Mauren Dowd, jornal I, 25 de Agosto 2010) de que as pessoas estão mais receptivas a acolherem o " fantasticamente falso" do que o " fantasticamente verdadeiro" não hesitam em fazerem a devida utilização desta clivagem; também ao nível político estes conceitos deixam de ter um significado unívoco, para terem vários significados operacionais, conforme as pertenças partidárias das elites, isto é, estas, usando o "fantasticamente falso", procuram dizer que os seus líderes são credíveis e os outros não são fiáveis.


E na base da capacidade de governar com insuficiências na confiança e na credibilidade está a apatia da generalidade das pessoas que consideram estes assuntos áridos; que todos são da mesma substância; e que tudo isto são arrufos entre gente igual, que querem o mesmo e, por vezes, invejam os vencedores, os bem sucedidos, os espertos. Deste modo, mergulhados nesta ambiente de imoralidade, apatia, disfuncionalidade social e politica, o que conta para as opções politicas dos eleitores são, de facto, os cêntimos que os políticos, mesmo que seja ao nível do "fantasticamente falso", prometem a mais que outros.


Na política entra o "fantasticamente falso", sob a forma do optimismo, considerado imprescindível para fazer avançar os países. Visão que uma vez mais faz parte do "fantasticamente falso", e que, através da propaganda e do mentalismo, se insinua no espírito dos eleitores, e acaba por iludir e vencer.


Os exemplos desta táctica multiplicam-se e são sistemáticos, uma das técnicas mais usadas,entre nós, é de dramatizar a destruição do serviço nacional de saúde, os despedimentos arbitrários ou o retirar apoios sociais a uma população em que quase todos precisam do estado.

Mas também estão neste contexto as cerimónias públicas de desproporcionada visibilidade mediática a anunciarem grandes investimentos e uma quantidade significativa de empregos, acontecendo que estes raras vezes excedem os 50% dos postos de trabalho prometidos, como é o caso dos investimentos de milhões da PT, em Santo Tirso, etc.


Todavia o que seria necessário eram lideres que nos surpreendessem, como o refere Thomas Fridman, evocando o exemplo de Mandela na sua luta de pacificação das tensões entre negros e brancos na África do sul, ou Yitzack Rabin a assinar o acordo de Paz entre Israel e a Palestina, em Oslo. Valeu-lhe a morte, mas fez o melhor para o seu país e, é neste sentido que as lideranças do Futuro: na Presidência da República, Governo e autarquias deveriam acontecer - mulheres e homens que se ELEVASSEM ACIMA DOS SEUS ANTECEDENTES, DA SUA BASE ELEITORAL, DAS SONDAGENS E DAS CIRCUNSTÂNCIAS E FIZESSEM O QUE CONVÉM AOS PAÍSES", assim, haveria Futuro. De outro modo, arrastar-nos-emos pelas ruas do subdesenvolvimento e do "fantasticamente falso". INQUIETANTE!


Quanto me dói já a voz, de tanto dizer que estamos entre o Futuro e uma continuidade triste, desolada e pobre, e de ver a forte atracção que a segurança de ficar, como âncora, nos agarra às sombras, ao "fantasticamente falso"!

No deserto, tudo isto se torna em silêncio.



Coisas!?...



andrade da silva

PS:Ester bem vinda e que te sintas sempre muito bem.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

PÁGINA DO DIÁRIO DE UM PAI.



DIA 23 DE NOVEMBRO DE 1985


" À mãe do meu filho ,ao meu filho, que é um ele próprio que amo, a todas as mães e pais, sobretudo, aos que têm de partir, nas noites de Domingo, para bastante longe"


Bem, meu filho, a vida do teu pai é acidentada. Há bastante que não estou contigo. Hoje, estive, mas praticamnente só dormistes, e quando estavas acordado querias mamar. És um mamão, João, ou choravas.Falei contigo, mas não obtive respostas, nem nenhum sorriso.


Logo pela manhã a tua mãe e eu tivemos de pôr-te a evacuar. Introduzimos uma sonda no teu rabinho, e muita m... inha deitaste.


À noite a tua mãe, a tua tia, Ana, e eu demos-te banho.


Hoje fizemos muitas fotografias.


Durante a noite a tua mãe chorou, pensa que pode não saber tratar-te do melhor modo.Mas serás tão chorão, como a tua mãe?


É engraçado, pensar no que serás amanhã. Neste momento és um estranho, não definido, ninguém sabe o que puderás vir a ser. Nós queremos que sejas tu - tu próprio. Mas será que nós, de facto, queremos que tu - sejas tu próprio, ou, sim, um tu próprio, que nos agrade, que esteja dentro do nosso modo de ver e aceitar as coisas?


Porém, se tu vieres a ser um eu próprio diferente do que nós desejamos, qual será a nossa posição, perante esse eu, que não entendemos e teremos dificuldade em aceitar?


Gostávamos que fosses alegre, inteligente, bem relacionado, que fosses amado e amasses, que a vida fosse para ti um verdadeiro hino de alegria, que o Sol da boa disposição e da saúde te acompanhassem sempre, e que gostasses sempre e bastante da tua mãe, já não digo tanto de mim. A vida já me endureceu.


A tua mãe é muito sensível, precisará muito de ti, e tu deverás de dar-lhe tudo o que um filho deve oferecer à mãe - amor desinteressado.


Deves dar-lhe o amor puro, aquele que nunca lhe poderei dar. No meu amor há muito de sexo e atracção pela beleza física, etc.


Nunca esqueças, que a tua vida, mais do que a outra pessoa, deves à tua mãe. O papel do pai é mais simples e cómodo. O da mãe é muito difícil e complicado.


um beijo


teu pai


joão


PS: O meu filho nasceu em 28 Outubro de 1985, então, era eu, capitão, e estava na Figueira da Foz.Ele nasceu numa segunda-feira, só na sexta, por ordem desumana do meu comandante, o pude ver. Grandes chefes! Mas este mesmo chefe, quando colocado em Lisboa, saía à quinta para a Figueira e só regressava à terça. Grande coerência!


Quando releio estas páginas, e sobretudo as partidas, após dois dias, os de fim-de-semana, de presença em casa corre-me uma lágrima pela cara.
Reli estas páginas, depois de ter lido um poema da Ester acerca do nascimento da sua filha. Também no dia do nascimento do meu filho escrevi um longo texto de boas vindas para ele, quando contemplava os céus da Figueira e pedia Paz para que o meu filho e todas as crianças crescessem num ambiente de felicidade.

sábado, 21 de agosto de 2010

DESTAS COISAS!?...





AMOR!



" A Vós que sois lua, mar, luz, amantes"




Amor! Quanto te quero amar,


Ser um, contigo,


Mas estou...


No meio do Mar...


E tu não és sereia,


Nem peixe, ou alga.


Estás no Olimpo....


E, eu, aqui, perdido...


No meio do Mar.


Divina Natureza - Mater,


Porque brincais comigo?....


Homem perdido,


No meio do Mar.



andrade da Silva

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

CONTRA-CONTRAREVOLUÇÃO ALERTA N+14 ( PRÉ-FINAIS)






DESASSOSSEGO: O ESTADO DE SAÚDE DE UM PAÍS IMPROVÁVEL





" CONTRA-CONTRAREVOLUÇÃO: É UMA LUTA TOTAL, SEM QUARTEL CONTRA A EXPLORAÇÃO, O DOGMATISMO, O OBSCURANTISMO, A MISTIFICAÇÃO, NA LINHA DE VICTOR HUGO OU DE MARX , PARA ELES A CAUSA MAIOR FOI A DA JUSTIÇA QUE SÓ PODE SER SERVIDA COM DIGNIDADE, VERDADE, INDEPENDÊNCIA, SEM ESPERAR NADA EM TROCA. ESTE É O MEU CAMINHO."





Por mais besteira que um comentador terrorista diga, ou possa dizer, neste espaço, use ele o nome anónimo e cobarde que usar, eu, conheço, algures, um país improvável que amo, habitado por grandes gentes, de que falo e falarei.


Este improvável país é dirigido por mestres da política sem visão, projecto e mesmo comportamento honesto, factos que, no seu conjunto, tornam este querido país exíguo, pobre e a caminho de uma grande tragédia, de uma regressão à estupidez e à pobreza.


Neste país, os mais responsáveis pelas catástrofes, cantam hosanas a eles próprios, e, através, de discursos hábeis que desviam, o foco da discussão para actos heróicos que escondem anteriores desleixes, escapam à dura sanção dos seus concidadãos.


Neste país, aquando dos incêndios, louva-se a acção corajosa dos bombeiros, mas esquece-se a incúria no plano do tratamento das florestas e das medidas preventivas contra as tragédias. Todavia com esta técnica de golpe de rins, neste país, os pigmeus marcam golos e mantêm-se incólumes nos seus postos de comando de desgraças.


Neste país as televisões são um bom barómetro do estado de saúde mental de toda uma nação. Neste país horas, após horas, as televisões transmitem programas apresentados por profissionais bouçais que se converteram em grande estrelas, pagas a preço de oiro e diamante.


Para além destes programas de imbecilidade notável, com apresentadores a atirarem-se para relvados, perante presidentes de câmaras, e a comerem relva, para chamarem a atenção das plateias, ou como alternativa a atirarem água às colegas, seguem-se horas e horas de telenovelas com personagens neuróticas, esquizofrénicas, ansiosas, intriguistas, dando o retrato de uma sociedade doente com famílias disfuncionais. Ora com toda esta modelagem que pode acontecer a este país, que não seja a sua transformação num grande manicómio?


Como suplemento cultural, para fortalecer a alma e a cultura nacionais, neste querido e improvável país, fazem-se megas concertos com músicas e letras, absolutamente inacreditáveis, que milhares e milhares de concidadãos, de todas as idades, em êxtase, assistem, apelidando de elitistas e snobes a quem chama a esta música de pimba.


Pessoalmente subscrevo esta adjectivação, mas nada me liga ao snobismo, todavia também nada quer que me ligue à imbecilidade e falta de bom gosto. A alienação pode ter vários rostos, mas tem sempre o mesmo efeito, o afastamento dos cidadãos da cidadania, da liberdade, e da realização da pessoa humana.


Os mesmos que alimentam este estado de coisas, neste querido e improvável país, cantam também hosanas, quando: tanto jovem cai em depressão, por falta de empregos, abandonam o país aos milhares, semeando a desertificação de jovens, talentos, saberes e pais; gente de meia idade nunca mais terá emprego por falta de qualificações para os tempos de hoje; imensos idosos vivem na maior das solidões entre hospitais e casas imundas e muitos, muitos, deixaram de acreditar no país, nas suas capacidades, mesmo na democracia e pior no próprio regime.


Esquecem os que desamam os povos que estes, transbordado o copo da paciência, lutarão até á morte, para mudarem as coisas, o que, tanta vez é um sacrifício inútil, mas sobretudo evitável num querido, belo e pequeno país, de gente boa e que conhece o valor da paz, da primavera, dos cravos e dos dias inteiros de Abril.


Enfim... querido e belo país, porque te abandonaram os deuses, os jovens, os cientistas, os poetas, e pior o povo, seguro de si, crente em si -mesmo, na sua pátria e na sua vitalidade. Porquê?!...


Coisas terríveis e estranhas .... Coisas.... mas o calor aperta e como final de festa é ver que proliferam os quiosques e as salas de manicura, agora, as de low coast.Sim! Ei-lo - um país improvável- de contrastes entre a morte, o inferno e a luxúria, a especulação, a corrupção e o consumo sem regras de futilidades. Querido e belo país!


Coisas...


andrade da silva



PS: Não me sinto prisioneiro de nenhuma tragédia, e como vós, queridas ninfas, adoro a exposição do corpo ao sol, ao vento e o amor ao cair da tarde entre o Sol e a Lua, bem rentinho às águas azuis, salgadas e tépidas de Agosto. Sou, como vós, um amante apaixonado que amo muito a vida, o belo e o nu...
NOTA 20 Agosto
A teimosia e a arrogância, reafirmadas, hoje, pelo PSD para manterem inalterável o seu projecto de revisão constitucional, ou seja, de governo, conforme julgam que ganharão a próxima disputa eleitoral, exigem uma resposta eficaz e conjunta da esquerda do partido Socialista, do PCP, do BE, dos sindicatos, da sociedade civil e dos independentes para evitarem a total privatização da saúde, da educação etc. e da mais ampla capacidade para se despedirem individualmente os trabalhadores, no sentido do sobrelucro dos empresários, como, aliás, já aconteceu no primeiro semestre deste ano.
Se o PSD ganhar, resta o adiamento e a agudização das dificuldades para milhões de portugueses, e todos serão responsáveis. Mas para haver alguma modificação neste caminho de desastre, é preciso que a esquerda do PS altere o seu actual rumo neo-liberal. Mas também é preciso entender que o capitalismo com a sua imoralidade não está em fase de declínio e superação, aliás, por ora, está perdoado, o que, é imoral e a esquerda do PS deve entender com muita clareza.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

URGENTE


Á Sandra, minha filha


Princesa da areia

percorrem o deserto

dois rios

teus olhos d’água

As áridas montanhas

sentem frio

à colheita de mosto

em tuas lágrimas.

O véu leve

diáfano e azul

envolve-te a figura

d’oiro escuro

princesa da areia

que é o sul

palácio em portas do futuro.


Marilia Gonçalves

DESTAS COISAS!?...



TER CONSCIÊNCIA


" Com Victor Hugo julgo que é preciso ter consciência que vale a pena gritar contra o cinzento das vidas e dos dias que poderiam ser mais coloridos".




Ter consciência de que se não há os amanhãs que cantam, pode haver as manhãs de todos nós.


Ter consciência de que no Cosmos há estrelas, luas e sóis que cintilam, iluminam, e, ainda humanos e bondade.


Ter consciência de que, no Mundo, nascem milhares de crianças que esperam por nós.


Ter consciência de que há sonhos que podem ser realidades, se alguns, muitos, derem as mãos.


Ter consciência da dor de milhões, mas também da alegria de viver e do hino ao belo, ao nu, à natureza.


Ter consciência de que o mundo pode ser outro, melhor, se 90% dos homens derrotarem os 10% que nos escravizam: banqueiros e seus capatazes.


Ter consciência de que se olharmos o outro, como nosso irmão, podemos fazer das Pátrias, Mátrias e Frátrias.


Ter consciência de que como tu, eu e outrem que amamos, há milhões de amantes.


Ter consciência que a vida é finita, e somente vale o amor e a obra feita, o resto...


Ter consciência de que o futuro, que nunca será derrotado, é a construção dos que ousam, amam e são livres.


Ter a consciência, última, de que a paralisia, a alienação, o deixa andar são a nebulosa de cinzas que tudo encobre e deixa o Mundo na injustiça e na escuridão.


27 Maio 2010


andrade da silva


PS: Choro e doem-me estes discursos de total insensibilidade perante tanto desastre ecológico, até a minha querida Madeira arde. Tudo o fogo queima, perante tanta incúria, crime e desmazelo e o Ministro canta vitória. My God!


Assim para o ano ainda haverá mais, como há 30 anos acontece. Deste desastre do abandono da natureza falei em 2005, numa altura que o Ministro do CDS Nobre Guedes andava distraído. Tinha lido em Agosto de 2004 o livro " O Deus de Amanhã" de Neale Donald Walsch, da Sinais fogo, ed 2004. Se puderem....
Um abraço ao nosso novo amigo Arferlandia. Obrigado!
E ainda mais um abraço para mais um novo amigo desta ousada viagem António Sousa Pereira. Obrigado!

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

VIM DO SUL, A CAMINHO DO NORTE.







Há um país que arde e sofre. São milhares de ha de floresta a arderem, e para os culpados tudo se deve a um exército de milhares de incendiários. Só pode ser, para poderem atear 400 incêndios/ dia. E com tanto criminoso à solta só 78 estão detidos ou internados. Credo cruzes canhotos! Só monos podem acreditar nisto.


Há um outro país que enche o Algarve, alegre, feliz, gastador. São milhares e milhares, com centenas de viaturas audi, mercedes, toyotas, opel, rover etc etc. A marca não interessa, o que mais importa é serem topo de gama, altas cilindradas, faustosos, na ordem dos 30 mil euros e acima.



Toda esta gente é uma expressão clara de que o capitalismo está perdoado. Corrupção, ou quer quer que seja, nada interessam, quando a solidariedade vale zero, e, daqui, resulta a heroicidade dos que desejariam mudar este mundo, para acudir aos 20 a 30% que são sobreexplorados, de acordo com a lei imoral basilar do capitalismo, em prol de 1% dos capitalistas e 9% dos seus testas de ferro, e que são apoiados por uma grande multidão de outros 50% de cidadãos, e, assim, o Mundo vai continuar a rodar, segundo a mesma regularidade. Mas apesar de toda inércia um dia terá de ser diferente.

Amanhã parto para o norte. Verei com olhos de ver, parte do norte -Porto e Peso da Régua.

andrade da silva


PS: Pelo Algarve também encontrei um amigo de Aljustrel, de outras andanças e amigo de um amigo comum o Chico Patrício. Também para o Algarve se vai de comboio e em automóveis modestos para casa de familiares. Um abraço para Aljustrel.

Ainda encontrei um meu camarada, com quem durante anos e anos sucessivos, fiz selecções na Escola de Sargentos o Exército ( ESE). E a propósito de camaradas de armas é com alegria que vejo o regresso da Cláudia à lista dos que acompanham este blogue, o que, o seu administrador cibernético parece que não gostava...coisas da cibernética.

Boas férias para os que as gozam e um grande abraço de solidariedade para os trabalham, sofrem e lutam em Portugal e no Mundo. AMO-VOS.






sábado, 7 de agosto de 2010

AO Capitão Andrade Silva

Por Mérito

Estavas vestido de Portugal
essa estranha gargalhada
que tem perfume de sal
e arde azul e doirada.

Marília Gonçalves

HÁ 35 ANOS - AGOSTO ERA QUENTE




Há 35 anos, o MFA, em Agosto, não estava de férias. O país não sei, nem dava para ver. Sei também que no Alentejo não era tempo de férias, nunca foi, nem a 1ª República lá chegou - mas sim de grandes convulsões - no Couço e em outras terras. Por toda esta memória é difícil de resistir à tentação, ou talvez mesmo ao dever, de falar destes tempos, durante este mês de Agosto


Mas como em 2010, apesar das dificuldades que atingem 20 a 25% da população, o resto ou está de férias ou a gozar nos intervalos do trabalho este tempo abrasador, e também como não fujo a esta matemática, e vou andar, por aí, de Sul a Norte por estes dias, adio falar sobre o que sei da reunião de Tancos e do inicio do processo do 25 de Novembro 75.


O texto já está manuscrito - mau hábito, mas que tem a vantagem que posso escrever em qualquer sitio e hora e com computador não - mas, logo, em Setembro contarei a parte mais importante do que sei.


andrade da silva

nem a sombra me segura




Afastei-me da muralha

onde a pedra cicatriza

a minha memória ausente

sei de árvores que partilham

o meu esquecimento verde

a afundar o azul, do oceano que as perde.



Mas sei o hoje preciso!

como laço, como elo

atravessa tempo, espaço

na solidão do apelo

ainda por desvendar.

A clareira aberta a custo

na intempérie dos dias

entre plátanos aéreos

e a sombra da maresia,

vem tornar a trepadeira

inútil na aparência

quando o horizonte alinha

o nosso olhar em paciência.



Fui andando no caminho

na ardência dos meus passos

sem saber até que dia

de encontros, futuros laços

teria que prosseguir.



Caiu-me o dia nos braços

com o sol a querer surgir.



Nenhuma pedra me prende

nem a sombra me segura

enquanto houver tanto verde

no fundo da água escura.



Marília Gonçalves

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

CONTRA-CONTRAREVOLUÇÃO ALERTA N+13 ( PRÉ-FINAIS)



O MECANISMO E O(S) RELOJOEIRO(S)
" Não haverá desistência, conquanto alguns abandonem o barco ... os ratos ... e os dogmáticos, os dos breviários, não suportem dadas verdades, mas que fazer?...

Por muito que se berre contra os queridos lideres dos outros, o mecanismo de relojoeiro, made in salazarismo e na inquisição, como no absolutismo medieval, continuam vivos em Portugal e recomendam-se.

Atingida a liderança, o líder, das várias organizações, neste Portugal, que esqueceu Abril, procura, desde logo, cilindrar, através das várias metodologias disponíveis, a massa critica, e à sua volta medram as ervas daninhas dos eunucos e corifeus , mas isto , não é Portugal, é um meu pesadelo que me leva a sonhar que o país é um pântano, no que na Europa, não estará só, terá a muito boa companhia de Itália. Itália que prova a saciedade que a instabilidade governativa: se não provoca desenvolvimento, também não produz nenhuma catástrofe.

Assim, no Universo, parece haver um país excepcional, mesmo maravilhoso, em que se nomeiam os afilhados e outros incompetentes para os principais cargos da governação da coisa pública, desde que estejam disponíveis para seguirem o chefe nos seus caprichos, não levantarem ondas, e nunca dizerem que não têm meios para cumprirem a missão.

Os que se sujeitarem a este protocolo, terão a cobertura dos escalões hierárquicos superiores que os louvarão, e os manterão no cargo até que os zombies, que são a maioria dos cidadãos, se aborreçam, ou a cordata e servil Comunicação social comece a querer novos protagonistas. Até que tudo isto aconteça os países desaparecem, e os oportunistas, a piolheira, sobrevive a todas as crises e aos fins anunciados.

Nesta terra situada algures no cosmos de marcianos, piig's e coisas afins, nunca ninguém entendeu que a Invernos chuvosos seguem-se Verões intensos, e que nas florestas e terras abandonadas, estas, aos montes, em muitas zonas, um mato forte e exuberante vinga, e que é combustível de alta qualidade para dar cabo de todas as árvores, plantas e animais selvagens que teimam a viver, mas morrerão.

Esta terra desaparece e tarde demais alguns barafustam atribuindo culpas próxima a legislação cuja marca de água é a regressão, aos tempos da ignomínia. Só que nesta terra maravilhosa, situada num lugar improvável, com gente improvável, o País, não arde por causa de um factor desencadeante próximo, embora este exista, mas sim e, fundamentalmente, por uma incúria e incompetência de décadas e décadas que têm sido generosamente premiadas.

Neste panorama de um país a arder, inferno feito, os poderes locais e centrais são responsáveis e culpados, como o são os que devendo atempadamente denunciar a incúria que anunciava a tragédia, só aparecem muito encolerizados, quando nada mais resta que não seja esperar que o inverno chegue, para acabarem os incêndios, e surgirem as calamidades das tempestades.

Felizmente nada disto acontece em Portugal, o que, deve ser um milagre. Os deuses devem de estar loucos, para nos pouparem ao jugo de governos incompetentes e partidos parasitas e oportunistas.

Em Portugal, sim, logo em Março vigorosamente os Partidos alertaram para as medidas preventivas, o que, o governo depois de contar milhares de bombeiros, descansada e tranquilamente enfrenta entre elogios, risos e cumprimentos um verão calmo, sereno, com milhares de bombeiros a apagarem umas fogueiras.

Como podemos ser tão admiravelmente felizes? Que eu saiba só pode ser, por termos os frigoríficos cheios, muitos trapos chineses e os melhores governantes do Mundo, com uma oposição de esquerda esclarecida, oportuna que conhecendo os portugueses fala e age para uns largos milhões e não somente para os crentes, os já conquistados, e, por assim ser, a esquerda cresce vertiginosamente, enquanto o bloco central de interesses mingua a olhos vistos.

My god !- Como é bom imaginar e ver tudo pelo lado da antinomia.

No meu pesadelo, visionariamente, antevejo que, por este caminho o certo, certo, é que nos próximos 10, 20, 100 um milhão de anos continuaremos onde estamos, andando à roda, sempre à roda, dos mesmos dogmas.

É preciso cultivar a humildade para compreender que o outro pode ter razão e que um projecto alternativo não se faz pela critica casuística a opções que uma dada governação toma, mas sim, por um projecto global que quantifique e qualifique: qual a economia, a fiscalidade, o emprego, a saúde, a segurança, a educação, o consumo , o lazer, o tipo de propriedade, o desenvolvimento, a liberdade, a centralidade do individuo e sua compatibilização com o colectivo, qual a história que se defende e quais as referencias simbólicas e politicas Nacionais e Internacionais que se prosseguem, isto é, qual é o PROJECTO DE SOCIEDADE E DESENVOLVIMNTO.

Enfim... coisas!....


andrade da silva