quarta-feira, 11 de agosto de 2010

VIM DO SUL, A CAMINHO DO NORTE.







Há um país que arde e sofre. São milhares de ha de floresta a arderem, e para os culpados tudo se deve a um exército de milhares de incendiários. Só pode ser, para poderem atear 400 incêndios/ dia. E com tanto criminoso à solta só 78 estão detidos ou internados. Credo cruzes canhotos! Só monos podem acreditar nisto.


Há um outro país que enche o Algarve, alegre, feliz, gastador. São milhares e milhares, com centenas de viaturas audi, mercedes, toyotas, opel, rover etc etc. A marca não interessa, o que mais importa é serem topo de gama, altas cilindradas, faustosos, na ordem dos 30 mil euros e acima.



Toda esta gente é uma expressão clara de que o capitalismo está perdoado. Corrupção, ou quer quer que seja, nada interessam, quando a solidariedade vale zero, e, daqui, resulta a heroicidade dos que desejariam mudar este mundo, para acudir aos 20 a 30% que são sobreexplorados, de acordo com a lei imoral basilar do capitalismo, em prol de 1% dos capitalistas e 9% dos seus testas de ferro, e que são apoiados por uma grande multidão de outros 50% de cidadãos, e, assim, o Mundo vai continuar a rodar, segundo a mesma regularidade. Mas apesar de toda inércia um dia terá de ser diferente.

Amanhã parto para o norte. Verei com olhos de ver, parte do norte -Porto e Peso da Régua.

andrade da silva


PS: Pelo Algarve também encontrei um amigo de Aljustrel, de outras andanças e amigo de um amigo comum o Chico Patrício. Também para o Algarve se vai de comboio e em automóveis modestos para casa de familiares. Um abraço para Aljustrel.

Ainda encontrei um meu camarada, com quem durante anos e anos sucessivos, fiz selecções na Escola de Sargentos o Exército ( ESE). E a propósito de camaradas de armas é com alegria que vejo o regresso da Cláudia à lista dos que acompanham este blogue, o que, o seu administrador cibernético parece que não gostava...coisas da cibernética.

Boas férias para os que as gozam e um grande abraço de solidariedade para os trabalham, sofrem e lutam em Portugal e no Mundo. AMO-VOS.






4 comentários:

Marília Gonçalves disse...

Caro Companheiro de Lutas por Abril

Algarve! é sem dúvida um pouco de quanto cita, mas é igualmente uma região onde a carestia da vida se tem feito sentir pesada e difícil, para quantos vivem do seu suor, da luta pelo dia que se esvai, a ver viver, de vida no campo, dura, terras de sequeiro, de homens do mar de trágicas historias que lembra por exemplo a Barra de Olhão, de empregados da industria conserveira, e dum número infindável de funcionários públicos e de um sei conto de empregados um pouco por todo o Algarve em comércios e mais serviços, todos esses assalariados vivem numa das zonas onde a vida é mais cara e onde os salários são evidentemente idênticos aos de todo o país. Têm a azul do céu e o sol por companhia, que lhes dá o aspecto folgazão que oculta do olhar incauto quantas faltas enfrentam com brio!
Como neta, filha de algarvio, mãe de algarvios e tendo adoptado o Algarve como casa (que me é negada, pelo capitalismo selvagem) como amiga e companheira de Abril de tantos activistas, sindicalistas e de tanta gente que se mata a trabalhar, não posso calar este testemunho de quem embora longe está sempre presente nas realidades do povo a que pertence! Um Algarve que nem um hospital distrital digno desse nome tem ainda, e que é de há anos uma promessa que se não vê concretizar, mesmo sendo o Presidente da República (POR DUAS VEZES) nascido em terras de Boliqueime. Por isso não confundamos alhos com bugalhos, por favor... o Povo é sempre o Trabalhador, e vive e sofre as injustiças dos tubarões económicos e do Poder
Acorda Portugal, de Norte a Sul!

Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

Sim Marilia. O Algarve dos carrões não é dos Algarvios que cultivam laranjas ou alfarrobas é dos que lá aportam e vivem de outros mister, e estes também são muitos. Os Algarvios de que fala são os tais 20 - 25% que no Algarve como em Portugal estão tramados e no Algarve, como em cidades onde há muita gente e dinheiro a circular ainda é pior.

mas é pelas cenas da Algarve, da Madeira, do Porto etc. dos tais 70 a 80% a verem os seus sonhos razoavelmente realizados que o capitalismo é perdoado.

Nunca me esqueço desse Algarve pobre, porque também disse que Algarve se aporta de comboio e se vai para casa de familia. Pessoalmente gozei o mar Algarvio com muito pouco dinheiro, porque estive em casa de parentes,onde tomei quase todas as refeições e dormi.

De qualquer modo o Algarve das conservas e de tanta outra coisa morreu ou converteu-se em Museu, como é o caso de Portimão, onde numa antiga fabrica de conservas junto à marina se tornou num museu que fala dessa gesta. Hoje as principais actividades do algarve visiveis são o turismo com a hotelaria, a resturação,o comercio de conveniência e o desemprego fora da época estival.

Mas também não se pode esquecer que o algarve está repleto de moradias que realizam o sonho (pode ser modesto) de uma vida de muita, muita gente. O mesmo pelo norte.
abraço
asilva

Anónimo disse...

1991 - À Procura do Traço
(poésie), de Marília Gonçalves, 60 p.
C’est la voix limpide et émouvante
d’une femme qui a aussi connu les
turbulences des va-et-vient incessants
entre son Algarve natal et la
France. Sa poésie, faite de mots
simples, profonds et beaux, comme
s’ils étaient sculptés au laser, est
une source de lumière, de vie, de
sensualité et aussi de révolte contre
tous les marchands de bonheur planétaire.


Dominique Stoenesco

andrade da silva disse...

Dominique

Subscrevemos com muita amizade e carinho o traço da poeta nossa muito querida Marilia.

abraço
asilva