quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

LOUCURA POÉTICA DO ALFERES VAIDADE E SILVA ( segundo os militares-HONRA!)

 

TEATRO DE OPERAÇÔES MUCABA - Páscoa 72: Missa Campal com toque de corneteiro e desfile pala Aldeia com apoio dos putos negros e total RAIVA, conhecida, da população branca que não gostava muito da nossa presença.
Prendi um habitante familiar do DDT sr. Artex por ofensas a um soldado português negro de cabo-verde.
Tudo no meio de uma guerra errada
Choro a morte do meu amigo da EPA Alferes Milheiros e do cabo Antunes que muito gramava. CHORO-OS!
E pedi a REVOLTA DOS SULBALTERNOS DAMBA/angola Novembro 72- um facto, destinatário do aerograma alferes José Cândido Custódio Pereira.. coisas..um irritante.
Em 23 de Dezembro 71 também irritei o sr. General Bettencourt Rodrigues disse-lhe -ESTA GUERRA é um disparate. 6 janeiro 72 sou transferido para o Cavungo
Estive de pé no 25 de Abril 74
CUMPRI-ME SINTO HONRA E ORGULHO!
NÂO TEMO OS JULGAMENTO DOS VILÔES!
Falo de factos e apresento as provas.
Repito tenho um diário de guerra que nem vilões, nem os poderosos donos possessos da Revolução de Abril querem ouvir
SAFARDANAS ! COVEIROS!
NOJO!
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terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

HERÓI MILITAR E DA HUMANIDADE!SIM!



Conforme  aprendíamos na Academia Militar, nos idos de 1967 e  aprendi com o meu pai Capitão e por convicção:  HERÒI MILITAR  é aquele que; 

1. Em combate, debaixo de fogo,  por actos maiores  do que permite a natureza humana,  tudo faz, para salvar  a vida dos seus camaradas e das populações civis, arriscando  com destemor, infinitos sacrifício, suor, dor, o seu sangue   e coragem, a sua própria vida; 

2.  " por mares nunca dantes navegados" e perigos maiores leva, sempre,  a carta a Garcia-, cumprir a MISSÂO das FORÇAS ARMADAS: para ajudar Portugal a cumprir-se !



Era a doutrina militar transmitida na Instrução Corpo de Alunos (ICA) pelo homem calmo e sereno Capitão Gaspar.

E foi praticada na guiné por Fabião, Salgueiro Maia, tenente-coronel Spínola e em Angola por Costa Martins, Vassalo e Silva na India e outros,  tenho-os, como ao soldado português, como heróis


E nunca,  outros  quaisquer

asilva



PS;

outras gentes, como a padre Camboa, diziam barbaridades, não os escutava. Este padre   ajudou-me a sair da Igreja Católica. Também o meu 1º sarg na companhia de mucaba disse-me  para assassinar um prisioneiro  pelas costas, o que, um capitão nos Dembos fazia, como choques elétricos nos testículos

 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

MFA DE VENDAS NOVAS E ÉVORA (1974-1975 )

 MFA DE VENDAS NOVAS E ÉVORA (1974-1975 )




AQUELES NOSSOS DIAS:

DIAS A FIO NO ESCOURAL e etc, A OUVIR ESTAS E OUTRAS HISTÒRIAS, MUITAS VEZES ATÈ AS 3 HORAS DA MANHÃ ,quando saia a 1ª fornada de pão que provávamos com linguiça e um tinto

Quem: Major comando Gil, capitão Castro Pires, tenente/ capitão Amílcar Rodrigues, Tenente/ Capitão Andrade da silva, Alf Guerra alf Cravo sarg guerra furriel sequeira, furriel Pássaro , furriel Nogueira e os militares que nomeados pela EPA nos apoiavam, Tivemos 2 jeeps toyota distribuídos.

ah nem na EPA,. nem no QG de Évora houve SUV, ou células de partidos organizadas e activas à luz do dia , e os que dizem o contrário são "essas" gentinhas que consideram que o grupo de dinamização da unidade (GDU) que dirigia, ele próprio, era uma célula partidária, mas essa realidade, no que a mim se refere ,só pode ter lugar em cabeças muito doentes


AS NARRAÇÕES ESCUTADAS:

1945- Germano Vidigal, operário, assassinado com esmagamento dos testículos, depois de três dias de tortura no posto da GNR de Montemor-o-Novo;

1947, José Patuleia, assalariado rural de Vila Viçosa, morre durante a tortura na sede da PIDE;  

1954, Catarina Eufémia, assalariada rural, assassinada a tiro em Baleizão, durante uma greve, com uma filha nos braços

1958, José Adelino dos Santos, assalariado rural, é assassinado a tiro pela GNR, durante uma manifestação em Montemor-o-Novo, vários outros trabalhadores são feridos a tiro  

1962, António Graciano Adângio e Francisco Madeira, mineiros em Aljustrel, são assassinados a tiro pela GNR

1968, Luís António Firmino, trabalhador de Montemor, morre em Caxias, vítima de maus tratos  

1974, (dia 25 de Abril), , José James Barneto, de Vendas Nova    

e da fome, desemprego ,humilhações, formatura na praça para  serem escolhidos para o trabalho como se gado fossem e a casa dos homens, onde, o trabalhador ficava retido e o abuso sexual, violação das mulheres etc etc

e muitas vezes pediam justiça já, então, de que nos acusam ??

e ainda:

1937, Manuel Salgueiro Valente, tenente-coronel, morre em condições suspeitas no forte de Caxias;

1944, general José Garcia Godinho morre no Forte da Trafaria, por lhe ser recusado internamento hospitalar  

1965, general Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos são assassinados a tiro em Vila Nueva del Fresno (Espanha), os assassinos são o inspector da PIDE Rosa Casaco e o subinspector Agostinho Tienza e o agente Casimiro Monteiro;

Nota Histórica sobre a EPA

 Até 25 de Novembro 75 os capitães Ferreira de Sousa. Amílcar Rodrigues  e Sales Grade sempre reportaram a EPA como uma unidade do MFA sem nenhuma resistência,. Estive na EPA até Julho de 75 tive as melhores relações militares , de camaradsgem e hierárquicas com os Comandantes, 2º comandantes e a generalidade dos meus camaradas mais velhos e  militares  de Abril , entre os quais;   Capitão Patricio, Capitão Duarte Mendes, Canatário Serafim,  Ferreira da Silva, conflito, conflito só tive com um capitão, porque NUNCA acreditei nele e cometeu graves erros no 25 de Abril ( destes camaradas mais antigos "gramava" mesmo o capitão Domingues que já partiu- valente e corajoso e constipava-se com alguma frequência, mas com 2 antibióticos ficava novo, em 24h;  o Capitão Cardoso. um homem diferente, ideias militares fora do comum - a comuna de vendas novas- no mesmo passo o  meu camarada Henrique Pedro e o NAVE,este,  vejo-o a sorrir, um homem um militar maravilhoso e  partiu tão cedo- choro-o )

No dia 25 de Novembro 75 estive na EPA e tudo estava calmo e sereno, e quanto sei só o Amílcar Rodrigues saiu para ver como paravam as modas da força de CC de Estremoz,
 
Todavia, nesta data fui contactado por Pinto S.. ,de Montemor , para  comandar centenas de alentejanos armados que depois seriam milhares, imaginei-os  de meia idade armados de caçadeiras, para marchar sobre Lisboa, logo, lhe disse que não era o Zapata etc etc e não marchamos.

Todavia ,entre outros, o comandante Serafim Pinheiro -ajudante do campo de Costa Gomes- e eu pedimos para fazer o livro branco destes tempos. but... coisas...

 O Meu currículo, de   então:

 Nasci na cidade do Funchal, filho de um capitão que  morre em 1965 e ficamos pobres, Tirocínio em Vendas Novas  1970,(EPA) ; 71/72 Angola; 73 vendas novas; 25 de abril, 74/75  (25 anos de idade) delegado do MFA do GDU e GDR .

Na EPA - função ajudar à  resolução dos problemas sociais e rurais no Alentejo, com conhecimento inicial 000000000000. 

De Vendas Novas e Alentejo  conhecia o Quartel ,a tasca  junto ao polígono de tiro, o restaurante pastor, outro mais afastado, nenhum alentejano, nem fazia ideia do que era um latifúndio- herdades  quase maiores que a madeira, de uma só pessoa, muitos minutos  de jeep a percorrer de uma ponta a  outra -coutadas-   e antes do 25 de abril  fui mal tratado em Montemor num jogo de futebol entre o marítimo e a equipa de Montemor, por ter falado com amigos meus da Madeira. Nada tenho   a ver, ou sei de  futebol, mas sai  escoltado pela GNR logo... 

E nunca NINGUÉM ME DEU QUALQUER instrução ,hoje, sabem tudo, na altura TODOS, na EPA  sabíamos 0000000x00000000000000000, Eu era infinitamente ignorante, mas  não vi por perto, no meio militar de que  estritamente dependia  UM SÓ MESTRE. Instrução que me davam, por exemplo o capitão Duarte Mendes oficial de dia, mas já na parte da noite alta 23h 59m de 13 de Março 1975,: CONFIAMOS EM TI. FAZ O MELHOR QUE SOUBERES E PUDERES, na Sublevação do povo Montemor contra os supostos apoiantes armados  do golpe do 11 de Março: Vacas Nunes, -acusado da  morte de um trabalhador-, Dr. Álvaro Cunhal -ironias!- etc... e,  sempre ,foi assim... VAI E FAZ O MELHOR, CONFIAMOS EM TI

 A escala estava viciada ,exemplo cerco da população  de Setúbal  à esquadra da policia, 7 Março 1975. Força destacada 2 pelotões ,comandantes tenente  Sales Grade e eu PORQUÊ e etc etc???? 

Era somente delegado do MFA , não comandava nenhum força armada, não era da bateria daqueles militares, não estavam sob o meu comando. Era  nomeado por escolha, entre uma dezena de subalternos  porquê??????? 

No mesmo naipe:  ajuste de contas de honra, em batalha campal ,entre população da etnia cigana de Coruche e Évora, na feira do gado de Montemor; detenção do Major Chumbinho do RI de Setúbal  pela população de Casebres, fui libertá-lo a pedido dos dirigentes da casa do povo- seria o único que o povo escutaria...coisas... e  fui sem as autorizações militares, e libertei- o se não,,,,????

E sempre a  linda riqueza , mui linda, dos sem poder ...Couço 1975,Capitão Amílcar







sábado, 13 de fevereiro de 2021

SER PORTUGUÊS ! SOU PORTUGUÊS!

 

Sou madeirense sei e sinto que sou português "descendente de alentejanos, ciganos e outra gente de má porte" e ,no meu caso, de um minhoto .
As nacionalidades atribuídas pelo poder discricionário do ditador , ou do colonialistas valem 0. Muitos africanos, asiáticos sentiram-se portugueses.. são portugueses de alma e coração, sinto-os como meus irmãos.,erm português,

TAMBÉM (PASSOU A MAISCULA ???..) COM OUTROS CAMARADAS DA ARTIHARIA NA EPA SONHAMOS COM O 5º IMPÉRIO , SERIA O DEPOIS DA GUERRA, MAS A DECLARAÇÃO DE COSTA GOMES NA AMFA, EM DEZEMBRO 74, COM AS EXIGÊNCIAS DE SAMORA MACHEL, ERAM A MORTE DESSE SONHO, DE QUE FUI INCUMBIDO DE INFORMAR E EXPLICAR NA EPA, ERA DELEGADO DO MFA-,ELEITO - JULGO QUE ALGUNS NÃO OUVIRAM ...COISAS...

CONSIDERO HERÓI O SOLDADO E O CAPITÃO, ESTE, O QUE IA COM O SOLDADO, PARA A PICADA ,OS TRILHOS E A MATA E DURANTE 4 A 6 DIAS PALMILHAVA AQUELES TERRENOS TODOS, COM : FOME, SEDE, CANSAÇO, MOSQUITOS, ATAQUES DE COBRAS E ETC ,E, AINDA, COM MINAS, TIROS E MORTES .. OS VEROS HERÓIS, OS MESMOS DO 2º BIAT
QUE COM ROUPA DE PRIMAVERA FORAM PARA A BÓSNIA COM 20 GRAUS NEGATIVOS ,LAMA ATÉ AOS TORNOZELOS ETC ETC PARA POREM FIM ÀS MATANÇAS ENTRE GENTES VIZINHA.E CUMPRIRAM, TEMOS CUMPRIDO.!

HONRA E GLÒRIA!

VENERO O HEROICO ESTOICISMO DESTA GENTE - PORTUGAL!


asilva 

(A) BEM-HAJA POR FAZERMOS O QUE DEVEMOS -REFLETIR .

AH E UM HEROI ETERNO QUE NÃO REFERI,,MAS NUNCA ESQUEÇO- VIRIATO! VENERO-O

Pode ser uma imagem de texto

domingo, 7 de fevereiro de 2021

OH VÓS ALTOS DIGNITÁRIOS DA OPOSIÇÃO AO DESGOVERNO!

 


Morre gente, há gente com fome, desemprego, o país à beira de um desastre e VÓS, grandes dignitários ,como sempre, a mexerem na... do XXXISTEMA que está doente ,desde que vocês fizeram a porcaria do 25 de Novembro 75 com a CIA e os ELP , para dominarem o golpe soviético.
Foram glorificados, venceram e prenderam á Erdogan os Karamadas militares, a quem queriam fuzilar, mas nenhum Kamarada do PCP -soviético foi preso ... coisas... fizeram uma grandíssima m...
Mas agora- é preciso enterrar os mortos, salvar vidas e ver se amanhã hà Portugal,
Aprendam com o Marquês de Pombal, e na falta de tal iminência posso-vos dizer o que seja:
ENTERRAR OS MORTOS
CUIDAR DOS VIVOS
SALVAR A MÁTRIA
assina
andrade da silva cor. art. fora da actividade de serviço, nunca na reforma, logo, emérito, psicólogo militar e sociólogo - treino psi, societal e de espiritualidade para amigos 0000000000000€ ,para ricos 5555,55 € cada sessão de 50m00s na caverna mais funda da era da escuridão.
Até lá abraço.



quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

O DORBALINO- PRESENTE!

 







O DORBALINO



Anexos04/11/2014, 14:27

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Meu caro João Andrade da Silva


Há pouco enviei-te um email sobre um anúncio em branco. È sobre a Paz. A Paz

em geral e a que nós devemos desenvolver dentro de cada um de nós. Enviei-ta

com a convicção que era bem enviada. Para ti. E tudo isto na sequência da audição

do teu depoimento -diário - de um jovem alferes. 

Nem tu imaginas quão bem me fez ouvir-te. Parece que o mundo parou, ou melhor, andou para trás quatro dezenas de anos e me fez reviver tudo aquilo que tu viveste e reproduziste tão bem. È

que este teu amigo esteve em Angola de Agosto de 72 a Março de 73. E estive no

Negage, onde conheci no PAD o J. Champallimaud e um outro furriel de seu nome

João M. Leonardo...e na Cª de Intendência tive a oportunidade de privar com um

alf.mil. da Madeira. Coitado, foi triturado, a nível financeiro, pelos capitães e

sargentos que pululavam á volta da cª e que vendiam o pão e a gasolina aos civis.

Eu fui incumbido de fazer uma inspeção - surpresa - á cª e agora imagina tu a

minha cara quando cheguei ao hotel ( a ordem era ficar no hotel para ninguém

desconfiar...)e o dono veio ter comigo e me disse : então senhor alferes, a tentar surpreender o capitão......? Mas olhe que ele é mais esperto, já foi ontem para Luanda.....e lá ficou o inexperiente alferes milº á pega. Sorte a dele :.......Era a minha maneira de ser correto mesmo contra as hierarquias de que tão bem falas, não confundir com falar bem de, no teu diário. 

E passei por Mucaba a caminho de Carmona. Parei, ia

sozinho do Negage para Carmona quando vi a placa que informava : Mucaba. E

veio-me á memória a gesta daqueles bravos que dentro da igreja esperavam a

morte da qual se safaram por milagre. As descrições do jornalista, Ferreira da

Costa ainda hoje perduram na minha memória.

Bem, mas na verdade revi-me, embora em condições militares diferentes, na tua

descrição daqueles tempos. Tempo de juventude, de irrequietude intelectual

porque para pouco mais dava e a organização não deixava. também ouvi da boca

de alguns alferes miliºs que eu era o chico mais porreiro que conheciam. Porquê?

Porque conhecia todas as canções do Zeca e do Adriano e cantava-as, não sei se sem

medo se por irresponsabilidade, com eles. È que assim as noites de Malange

pareciam mais ricas e mais pacíficas. E estávamos a falar e a cantar contra uma

guerra que embora não vivêssemos diretamente, sentíamos que existia bem perto

de nós. Estava colada á nossa pele..e já agora uma confissão: sabes onde é que me

senti traído por tudo o que me tinham ensinado? Quando ia a caminho de Timor,

Março de 74, em L.Marques, hoje Maputo, o barco parou uns cinco dias. Num

desses dias fui almoçar ao Club Militar Naval, que era a coisa mais in da época.

Em determinado momento uma senhora muito chic abordou-me ( eu estava com a

minha mulher) e disse-me só isto : Senhor tenente, já sei que está a caminho de

Timor. Mas diga-me uma coisa: na metrópole já não há rapazes para virem para

aqui, para a guerra que há no norte? È que o meu filho, que é de cá teve que ir

agora para a Beira.!!Imagine-se !!! Foi a derrocada de tudo o que me tinham dito e

em que eu já pouco ou nada acreditava.

Mas, meu amigo, penso que falta organizarmos uns encontros-tertúlias em que

cada um de nós possa deitar cá para fora o que sentia na alma nesses já, parece,

longínquos anos do fim do século passado. Conta comigo. E um enorme obrigado

pelo teu diário.

Um abraço do teu amigo Dorbalino


DIÁRIO DE GUERRA

 https://www.youtube.com/watch?v=AWJKPa4iiuE

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2021

NA TORMENTA GRITO PELO SNS

 

O Convite,

LER PARA CONHECER, CONHECER PARA PENSAR E PENSAR PARA AGIR, JUNTA-TE AO MANIFESTO 2020
Pode consultar o Manifesto 2020 na forma integral em www.MANIFESTOX2020.webnode.pt
Assine a Petição do Manifesto 2020 em
SAÚDE E S.N.S.

1- SNS, o Grande herói da Pandemia

Se algo se tornou absolutamente consensual, quase sacrossanto durante a crise pandémica, foi o Serviço Nacional de Saúde:

Página 18
Porque a população ameaçada por uma nova doença contagiosa reconheceu a importância dos serviços públicos do SNS na defesa da sua saúde e da sua sobrevivência, mas também, porque o governo e o Estado assumiram a proteção do SNS como primeiro objetivo no combate à pandemia.
Claro que o faziam para assegurar a funcionalidade do sistema na resposta às necessidades sanitárias da população, mas a narrativa que predominou foi a de que era urgente proteger o SNS, era essencial defender o SNS, todos tínhamos de nos confinar, abdicando das nossas vidas para ajudarmos o Serviço Nacional de Saúde.
Para espanto de muitos, a mensagem foi consensualmente bem recebida e gerou comportamentos imediatos, quase universais, de assentimento. A eficácia dessa mensagem demonstrou, contrariamente ao discurso veiculado na mídia e à opinião dominante entre os ditos líderes de opinião, como a população portuguesa acarinha, respeita e valoriza o SNS.

2- “Blindar” o SNS, Defender a Medicina Pública

O contraste gritante entre estas opiniões rebarbativas acerca das ineficácias, erros e más práticas do SNS, que dominavam a comunicação social, e os valores revelados pelo comportamento da população face ao Serviço Nacional de Saúde durante a pandemia, gerou, mesmo, uma súbita deflexão da narrativa dos comentadores costumeiros e o silenciamento da pressão anterior no sentido de favorecer, mais uma vez, os interesses privados, desejosos de desmembrar os serviços de saúde públicos, para engrossar uma área de negócios extremamente apetecível à finança privada.
Onde antes só se mostravam listas de espera, atrasos, más condições e instalações degradadas, a pandemia deu-nos a conhecer cientistas de gabarito internacional, laboratórios de ponta, centros universitários de excelência, muitas vezes estatais, e uma organização perfeitamente funcional, pelo menos ao nível de outros países europeus escrutinados pela mesma razão, e em que, sobretudo, os hospitais do SNS revelaram capacidade de desempenho e resiliência.
O contraste foi acentuado por relatos de ineficácia e abandono do terreno, por parte dos serviços de saúde privados, de qualidade apregoada supostamente superior.
O clima social criado em torno do SNS, tendo arrastado, entretanto, investimento em equipamento, pessoal e instalações que antes parecia inexequível, a despeito do défice, certamente, produziu uma onda de apoio e boa-vontade que perdurará certamente algum tempo e deverá ser aproveitada para garantir a “blindagem” do Serviço Nacional de Saúde face a investidas privadas e gerar apoio a novos níveis de investimento fundamentais para o rejuvenescimento e atualização da instituição.

3- A Missão e Estrutura do SNS

Garantindo o acesso a todos os cuidados de saúde a todos os cidadãos, independentemente da sua capacidade contributiva, “bem como aos estrangeiros, em regime de reciprocidade, apátridas e refugiados políticos” (sic), o SNS é composto por três partes:
Os agrupamentos de centros de saúde (ACES)
As unidades locais de saúde (ULS)
Os estabelecimentos hospitalares
Quer os agrupamentos de saúde, quer as unidades locais de saúde se definem como unidades de medicina de proximidade e prestam cuidados de saúde primários, sendo que os ACES são de gestão indireta do Estado, através, das Administrações Regionais de Saúde e as ULS foram constituídas como Empresas Públicas do Estado, com autonomia administrativa. Os estabelecimentos hospitalares prestam cuidados de saúde de segunda linha, diferenciados, estando constituídos como EPE’s. (Existem 6 exceções: 3 hospitais em parceria pública e privada, e 3 hospitais geridos por Misericórdias). Há ainda vários Institutos com missões específicas e administração indireta, com autonomia.
Trata-se de uma rede vasta e complexa, que emprega mais de 126,000 pessoas, e que está disseminada por todo o território e se articula com outros organismos, nomeadamente, por exemplo, com as Faculdades e Escolas de Medicina, através dos Hospitais Universitários, e com a Segurança Social.
Todos os residentes em Portugal têm direito, por lei, a pertencer a um centro ou unidade de saúde, com o seu próprio médico de família.
Os cuidados de saúde prestados foram definidos na lei como tendencialmente gratuitos e supõem pequenas comparticipações para a maioria dos cidadãos (os não isentos). O Estado garante, ainda cobertura de grande parte dos custos com medicamentos dispensados em farmácias privadas.
Aproximando-se do 46º ano de existência, o SNS é, a par da Escola Pública, a instituição que mais tem contribuído para o progresso e bem-estar da população, tendo garantido, em pouco mais de uma geração, avanços excecionais em índices de saúde que antes se situavam ao nível de países ditos do terceiro mundo e que hoje estão entre a vanguarda planetária. (Esperança média de vida, mortalidade infantil, por exemplo.).

4- O Futuro do SNS, Caminhos e Propostas

O constante aumento de qualidade do sistema que se pretende, e a complexificação sempre crescente da ciência médica e das tecnologias ao seu serviço pressupõem uma enorme pressão orçamental. Mas, tal como no caso da Segurança social, há que fazer escolhas políticas.
O SNS é um luxo num país que oferece poucos luxos à sua população. Um luxo que Portugal não pode nem deve dispensar porque poderia não voltar a materializar-se.
Assim, há que reforçar o Serviço Nacional de Saúde nas suas áreas mais débeis, nomeadamente na provisão de pessoal médico e de enfermagem e na sua fixação.
Faltam ainda, e apesar dos progressos recentes, médicos e enfermeiros nas unidades de medicina de proximidade para garantir a existência de médicos de família para todos.
Verifica-se, também uma drenagem de profissionais especializados para a medicina privada, ou para o estrangeiro, sobretudo no caso da enfermagem, atraídos por salários muito mais elevados e por uma gestão de carreira mais racional e humana.
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É por isso urgente fazer um diagnóstico detalhado da situação e tomar medidas para tornar o SNS mais atraente para estes profissionais, que são a sua espinha dorsal.
Se as próximas subvenções da UE vão servir, de acordo com o declarado nos planos de recuperação, para concluir investimentos infraestruturais há muito planeados, garantir o funcionamento futuro do SNS com medidas estruturais orgânicas de custo continuado é igualmente urgente.
Há, por outro lado, poupanças a fazer com a estruturação de políticas que desenvolvam a vertente da medicina de proximidade, trazendo novas valências para os centros de saúde local, por exemplo a nível de meios complementares de diagnóstico, o alargamento do atendimento nos serviços de urgência local, ou a disponibilização de mais especialidades médicas, libertando os hospitais.
A criação de uma rede nacional de acolhimento de idosos, apoiada medicamente nas unidades de saúde local e o desenvolvimento de atividades profiláticas e propiciadoras do bem-estar dos mais velhos, reforçando e prolongando a sua qualidade de vida, desonerará os hospitais e o SNS, em geral.
O reforço da educação para a saúde, seja nas escolas, seja através da comunicação ou redes sociais, com a consequente dinamização de estilos de vida mais saudáveis, virá também reduzir custos a prazo.
Há ainda que distinguir o SNS do sistema de saúde nacional, hoje uma grande e dinâmica estrutura, que engloba as instituições privadas prestadoras de cuidados e as estruturas estatais, intervencionadas parcialmente pelo Estado, universitárias, ou mesmo privadas, que se articulam com o Serviço Nacional de Saúde, quer na prestação de serviços, quer na área da pesquisa científica e desenvolvimento de diagnósticos e terapêuticas.
Muitas destas estruturas, consolidadas com os investimentos recentes na área da ciência e tecnologia, e atraindo profissionais de todas as origens, podem contribuir muito para a produção de conhecimento de excelência, mas também de riqueza.
Contando frequentemente com a participação do SNS, muitas destas entidades científicas são, já hoje, geradoras de produtos de altíssimo valor acrescentado
para o mercado global, que, produzindo o progresso científico pretendido e o avanço da medicina, devem ser dinamizadas, também, como importantes fontes de receita do próprio SNS.
Continuar e aprofundar o investimento nesta área deverá ser um desígnio nacional. Podemos mesmo falar na consolidação de uma indústria das Ciências Médicas como aposta de futuro que poderá produzir resultados surpreendentes de financiamento, se associada aos serviços médicos públicos.