(ÉVORA 1975)
Sinto
um imenso orgulho, por ter sido sempre quem fui, e sou, e por ter
comandado centenas de portugueses, como militares de uma nobreza ímpar.
Vem
isto a propósito da manifestação de desagravo junto
da residência do 1ª Ministro, realizada em 20 de Março de 2013, onde, encontrei muitos
e grandes militares, logo, cidadãos portugueses, e, de entre todos, destaco o
sargento chefe para quedista Valente.
Nos
idos de 1987, sendo eu major, na Direcção de Transportes, fui nomeado, por um
grande General do Exército Português, o Major General Calisto, para proceder a
um auto de averiguações contra o meu camarada Valente, com a acusação
da prestação de falsas declarações e na cumplicidade
num acto de desobediência colectiva de uma equipa de
instruendos para -quedista, em relação à recusa da realização de
uma prova colectiva: "O vale escuro".
Por grave infelicidade na realização destas provas o seu único
filho morreu.
O
sargento Chefe Valente, um grande Militar, lutou contra a Instituição Militar
acusando-a de negligência, pelo que teve processos a
decorrem em tribunal, onde, não conseguiram condená -lo
por difamação e, então, transportaram o assunto para a
parte disciplinar. Coube-me fazer estas averiguações. Em 2008,
o sarg.-Chefe Valente disse-me que
segundo o general fora o escolhido, para que se chegasse à conclusão
certa de um modo justo, o que, de facto muito me honra, e
confirma o que sempre entendi como sendo a grandeza militar, cultural e humana
daquele general.
Hoje
voltei a encontrar o Valente e, uma vez mais abordamos, este assunto, desta
feita na presença do meu camarada e amigo António Mota
também um cidadão militar sensível. Estas experiências de partilha
são fundamentais, como processo de aprendizagem mútua, e
de confirmação de quem é quem.
Guardo
sobre a minha mesa de trabalho, RELIGIOSAMENTE, O RELATÓRIO deste
auto, onde, exaltei a grande personalidade militar – altamente
condecorado com medalha de mérito militar e outras e muitos louvores
deste camarada, bem como: a sua dor como pai, a sua nobreza como
cidadão militar e desfiz toda a acusação em termos
técnico-disciplinares, mas sobretudo humanos e ao nível da camaradagem
militar.
Hoje uma vez mais lhe disse que lhe queria dar
cópia deste relatório, nisto tenho falhado,
até porque não tenho material para digitalizar... coisas...
Em
2008 depois de o ter encontrado, acrescentei uma nota ao relatório
sobre o orgulho e a honra que tenho por ter tido este desempenho que
também está recortado por
centenas de avaliações feitas à cerca do meu comando
desde 1973, como uma das fotos documenta.
Avaliações
feiras por oficiais sargentos e praças;
umas anónimas outras assinadas, mas sobretudo nas assinadas
sinto a maior honra por todos se sentirem à vontade
para dizerem o que consideravam positivo,
e negativo com todas as letras, nomeadamente que
sendo comandante de companhia de transportes, com o posto de capitão, não
percebia, nem percebo, nada de transportes nem
de automóveis, (de que nem carta tenho),pelo que, deleguei as funções
técnicas em que sabia, e a quem muito ouvia.
Orgulho-me
e sinto-me honrado
por poder olhar olhos nos olhos
todos os que comandei,ou me comandaram, porque para com todos,
como quase todos testemunham, fui leal, trabalhador, mas também, por
vezes, injusto e intempestivo, porém quase todos reconhecem
que isso foi a excepção , e que logo procurava corrigir-me.
Tenho
por exemplo uma carta de desagravo de uma tenente, uma
oficiala extraordinária que muito se ofendeu por numa
reunião a ter mandado abruptamente calar, dizendo-lhe que
o assunto não era da sua competência, quando ela procurava fazer o seu melhor.
Tinha e tenho este pecado de trabalhar sem rede mais para os que
mandam, do que para os comandava, mas acontecia.
E,
assim, me definia o 2ª Furriel Rebelo, naqueles anos da década de
80:
É
um homem com um comportamento amargo-doce, agreste como o vento norte
em determinadas alturas, ameno como a brisa da montanha em outras.Tem
um
conhecimento profundo a nível das relações humanas
e astúcia no tratamento COM AS PRESSÕES DOS DIFERENTES QUADRANTES
E PENSAMENTO.
Apesar
de toda a sua jovialidade externa, acho-o um
pouco triste,e essa tristeza e esse desespero talvez
advenha da incompreensão por parte da pessoas que não o conhecem, ou não
se esforçam por tal.
É
que não fácil conhecê-lo, pois está fora dos padrões tipo social frequentes, e
as pessoas gostam pouco de pensar e na falta de um
rotulo para tal conteúdo de ideias e atitudes deitam mão do mais
simples que é o de excêntrico, ou porventura de louco”
Pois
é Rebelo, direi imitando Cristo – Tu o dissestes.
Mas
alguns só o pensam, e pela frente não o dizem, mas percebe-se pelo modo
como agem, o que pensam.. coisas... e
nada mudou.... há coisas que nunca mudam, ter uma individuação, num
contexto em que o padrão de comportamento é quase totalmente de submissão a um
protector qualquer é uma carga de trabalhos e adjectivação negativa
do carago.
Há
estalinistas que no campo politico me comparam a uns seres
da América Latina, e outros me chamam desde há décadas de
Comunista e quase militante ou defensor do Partido Comunista, todavia a
verdade é que simplesmente sou um defensor da DEMOCRACIA, DA DIGNIDADE
E DO DESENVOLVIMENTO e, nesta perspectiva em muitos actos
estou com os militantes do PCP e em muitos outros com outros partidos e
governos, quando fazem o que deve ser feito.
Como
sempre critiquei o que, no meu entender o PCP não faz de
correcto, como é, na minha opinião, desde há décadas, a sua
estratégia para as eleições presidenciais.
Todavia
quando nos ROUBAM O PAÍS ao LADO DE QUEM
PODE ESTAR UM CIDADÃO QUE NÃO SEJA AO LADO
DAS FORÇAS ARMADAS PARA EXIGIREM QUE CUMPRAM O SEU DEVER E DO
POVO QUE LUTA, PELA SOBERANIA NACIONAL E PARA QUE ESTA TORTURA
E HORROR ACABEM.
Coisas...
andrade
da silva
( avaliações feitas pelos que comandei)