segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

MFA DE VENDAS NOVAS E ÉVORA (1974-1975 )

 MFA DE VENDAS NOVAS E ÉVORA (1974-1975 )




AQUELES NOSSOS DIAS:

DIAS A FIO NO ESCOURAL e etc, A OUVIR ESTAS E OUTRAS HISTÒRIAS, MUITAS VEZES ATÈ AS 3 HORAS DA MANHÃ ,quando saia a 1ª fornada de pão que provávamos com linguiça e um tinto

Quem: Major comando Gil, capitão Castro Pires, tenente/ capitão Amílcar Rodrigues, Tenente/ Capitão Andrade da silva, Alf Guerra alf Cravo sarg guerra furriel sequeira, furriel Pássaro , furriel Nogueira e os militares que nomeados pela EPA nos apoiavam, Tivemos 2 jeeps toyota distribuídos.

ah nem na EPA,. nem no QG de Évora houve SUV, ou células de partidos organizadas e activas à luz do dia , e os que dizem o contrário são "essas" gentinhas que consideram que o grupo de dinamização da unidade (GDU) que dirigia, ele próprio, era uma célula partidária, mas essa realidade, no que a mim se refere ,só pode ter lugar em cabeças muito doentes


AS NARRAÇÕES ESCUTADAS:

1945- Germano Vidigal, operário, assassinado com esmagamento dos testículos, depois de três dias de tortura no posto da GNR de Montemor-o-Novo;

1947, José Patuleia, assalariado rural de Vila Viçosa, morre durante a tortura na sede da PIDE;  

1954, Catarina Eufémia, assalariada rural, assassinada a tiro em Baleizão, durante uma greve, com uma filha nos braços

1958, José Adelino dos Santos, assalariado rural, é assassinado a tiro pela GNR, durante uma manifestação em Montemor-o-Novo, vários outros trabalhadores são feridos a tiro  

1962, António Graciano Adângio e Francisco Madeira, mineiros em Aljustrel, são assassinados a tiro pela GNR

1968, Luís António Firmino, trabalhador de Montemor, morre em Caxias, vítima de maus tratos  

1974, (dia 25 de Abril), , José James Barneto, de Vendas Nova    

e da fome, desemprego ,humilhações, formatura na praça para  serem escolhidos para o trabalho como se gado fossem e a casa dos homens, onde, o trabalhador ficava retido e o abuso sexual, violação das mulheres etc etc

e muitas vezes pediam justiça já, então, de que nos acusam ??

e ainda:

1937, Manuel Salgueiro Valente, tenente-coronel, morre em condições suspeitas no forte de Caxias;

1944, general José Garcia Godinho morre no Forte da Trafaria, por lhe ser recusado internamento hospitalar  

1965, general Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos são assassinados a tiro em Vila Nueva del Fresno (Espanha), os assassinos são o inspector da PIDE Rosa Casaco e o subinspector Agostinho Tienza e o agente Casimiro Monteiro;

Nota Histórica sobre a EPA

 Até 25 de Novembro 75 os capitães Ferreira de Sousa. Amílcar Rodrigues  e Sales Grade sempre reportaram a EPA como uma unidade do MFA sem nenhuma resistência,. Estive na EPA até Julho de 75 tive as melhores relações militares , de camaradsgem e hierárquicas com os Comandantes, 2º comandantes e a generalidade dos meus camaradas mais velhos e  militares  de Abril , entre os quais;   Capitão Patricio, Capitão Duarte Mendes, Canatário Serafim,  Ferreira da Silva, conflito, conflito só tive com um capitão, porque NUNCA acreditei nele e cometeu graves erros no 25 de Abril ( destes camaradas mais antigos "gramava" mesmo o capitão Domingues que já partiu- valente e corajoso e constipava-se com alguma frequência, mas com 2 antibióticos ficava novo, em 24h;  o Capitão Cardoso. um homem diferente, ideias militares fora do comum - a comuna de vendas novas- no mesmo passo o  meu camarada Henrique Pedro e o NAVE,este,  vejo-o a sorrir, um homem um militar maravilhoso e  partiu tão cedo- choro-o )

No dia 25 de Novembro 75 estive na EPA e tudo estava calmo e sereno, e quanto sei só o Amílcar Rodrigues saiu para ver como paravam as modas da força de CC de Estremoz,
 
Todavia, nesta data fui contactado por Pinto S.. ,de Montemor , para  comandar centenas de alentejanos armados que depois seriam milhares, imaginei-os  de meia idade armados de caçadeiras, para marchar sobre Lisboa, logo, lhe disse que não era o Zapata etc etc e não marchamos.

Todavia ,entre outros, o comandante Serafim Pinheiro -ajudante do campo de Costa Gomes- e eu pedimos para fazer o livro branco destes tempos. but... coisas...

 O Meu currículo, de   então:

 Nasci na cidade do Funchal, filho de um capitão que  morre em 1965 e ficamos pobres, Tirocínio em Vendas Novas  1970,(EPA) ; 71/72 Angola; 73 vendas novas; 25 de abril, 74/75  (25 anos de idade) delegado do MFA do GDU e GDR .

Na EPA - função ajudar à  resolução dos problemas sociais e rurais no Alentejo, com conhecimento inicial 000000000000. 

De Vendas Novas e Alentejo  conhecia o Quartel ,a tasca  junto ao polígono de tiro, o restaurante pastor, outro mais afastado, nenhum alentejano, nem fazia ideia do que era um latifúndio- herdades  quase maiores que a madeira, de uma só pessoa, muitos minutos  de jeep a percorrer de uma ponta a  outra -coutadas-   e antes do 25 de abril  fui mal tratado em Montemor num jogo de futebol entre o marítimo e a equipa de Montemor, por ter falado com amigos meus da Madeira. Nada tenho   a ver, ou sei de  futebol, mas sai  escoltado pela GNR logo... 

E nunca NINGUÉM ME DEU QUALQUER instrução ,hoje, sabem tudo, na altura TODOS, na EPA  sabíamos 0000000x00000000000000000, Eu era infinitamente ignorante, mas  não vi por perto, no meio militar de que  estritamente dependia  UM SÓ MESTRE. Instrução que me davam, por exemplo o capitão Duarte Mendes oficial de dia, mas já na parte da noite alta 23h 59m de 13 de Março 1975,: CONFIAMOS EM TI. FAZ O MELHOR QUE SOUBERES E PUDERES, na Sublevação do povo Montemor contra os supostos apoiantes armados  do golpe do 11 de Março: Vacas Nunes, -acusado da  morte de um trabalhador-, Dr. Álvaro Cunhal -ironias!- etc... e,  sempre ,foi assim... VAI E FAZ O MELHOR, CONFIAMOS EM TI

 A escala estava viciada ,exemplo cerco da população  de Setúbal  à esquadra da policia, 7 Março 1975. Força destacada 2 pelotões ,comandantes tenente  Sales Grade e eu PORQUÊ e etc etc???? 

Era somente delegado do MFA , não comandava nenhum força armada, não era da bateria daqueles militares, não estavam sob o meu comando. Era  nomeado por escolha, entre uma dezena de subalternos  porquê??????? 

No mesmo naipe:  ajuste de contas de honra, em batalha campal ,entre população da etnia cigana de Coruche e Évora, na feira do gado de Montemor; detenção do Major Chumbinho do RI de Setúbal  pela população de Casebres, fui libertá-lo a pedido dos dirigentes da casa do povo- seria o único que o povo escutaria...coisas... e  fui sem as autorizações militares, e libertei- o se não,,,,????

E sempre a  linda riqueza , mui linda, dos sem poder ...Couço 1975,Capitão Amílcar







3 comentários:

Marília Gonçalves disse...


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Marilia Gonçalves



Durante a Clandestinidade, contava minha tia Zefa,tempos depois, era a viúva do Alfredo Dinis-Alex, um dos Fundadores do PCP, assassinado pela PIDE, que partilharam esses tenebrosos tempos, com outros Amigos, a fraterna ternura que existia entre, todos os que partilhavam a mesma Luta e habitação, uma fraterna ternura muito forte e nesse Grupo de Clandestinos,encontrava-se o Álvaro Cunhal, de grandes sentimentos Humanos, para além da sua firme capacidade Política. Quanto ao Alex, não havia uma vez que ao passar pela sua amada Zefinha, que a não beijasse. Como pai, foi pai extremoso, mas teve a grande dor de ver morrer seu menino. Seis meses depois da morte do Alfredinho, Alex era assassinado. -Marília Gonçalves.

andrade da silva disse...

My GOD!

UM GRANDE ABRAÇO, sim eram histórias assim que ouvia, dezenas, então no Couço, com 80% de votantes PCP , àquele querido povo e, agora, os matadores desse povo chamam me de bandido e comuna, e mutos outros tudo esqueceram Poe te boa! beijinho joao

Marília Gonçalves disse...

25 de ABRIL de 1974 SEMPRE

DESPERTAR DO 25 ABRIL DE 1974
Naquela manhã idêntica a tantas outras, meu irmão saía de casa para ir para o Liceu. Despediu-se do pai que nesse momento começara a barbear-se. Deve como de costume ter-se despedido da avó e da mãe e começou a descer as escadas do 3° andar que o separavam da rua. Precisamente no momento em que agarrou a maçaneta da porta da rua, parou surpreendido e assustado. Um grito indescritível ecoava pelas escadas, batia contra as paredes com tal força que de imediato percebeu tratar-se de grito do pai!
Subiu as escadas de quatro em quatro, a uma velocidade a que o medo obrigava (nosso pai era muito doente e por vezes havia cenas semelhantes em casa que não anunciavam nada de bom e que acabavam muitas vezes na ida de nosso pai para o hospital).
A porta de casa abriu-se ao seu chamamento. Qual não é o espanto quando depara com um pai que exultava de alegria explosiva e comunicativa!
Ora o que se tinha passado era o seguinte: enquanto fazia a barba, meu pai de transístor aceso ouviu a transmissão da notícia de que em Portugal estava a dar-se um golpe de estado. Para quem sempre acreditara na possibilidade da queda do regime salazar/caetano, nunca lhe passou pela cabeça que o golpe viesse ainda de forças mais reacionárias, Para ele era límpido! O Golpe era de esquerda e era para libertar Portugal e seu povo. Para quem na altura se encontrava exilado desde 1962, era o concretizar do sonho, da espera de cada dia
E foi uma ronda de alegria infinda que encheu a casa
A mãe, eufórica até mais não, precipitou-se para o quiosque mais próximo onde foi comprando todos os jornais que surgiam; procurando notícias mais aprofundadas.
Eu em Faro, infelizmente, como meus pais não tinham telefone (nem todos os exilados políticos tiveram exílios dourados, como foi o caso de uns quantos) não podia comunicar com eles e partilhar assim o que apesar de pouco íamos obtendo de notícias vindas de Lisboa!
A minha avó materna, que já vira muito e muitas vezes se decepcionara com anúncios logrados da queda do regime, mantinha-se num estado de fleuma, aguardando confirmação e concretização do acontecido
Mas foram dias de exuberância e excitação, de preparativos para a vinda de meu pai a Portugal, que as dificuldades agravadas pela sua doença complicavam e assim so a 4 de Maio o recebemos em Lisboa onde chegou de camioneta. Família e amigos ostentavam cravos vermelhos e eu tinha uma espécie de xaile vermelho pelas costas que cruzava sobre o coração
Assim que as aulas acabaram chegou a família toda e foi o Verão de 1974 o reencontrar de uma vida repartida por todos e partilhada por amigos e povo que começava a colher as primeiras conquistas de Abril, que dia após dia se concretizavam!
Num país em que os Militares eram o nosso orgulho e que passavam a fazer parte da grande família portuguesa
Por toda essa inesquecível alegria, pela fraternidade, pelo nosso olhar límpido e seguro e por quanto de bom e humano Abril nos trouxe VIVA O 25 DE ABRIL DE 1974 PARA TODO O SEMPRE
e VIVA A VIDA que o 25 de Abril compensou de quanta agrura possamos ter vivido anteriormente
Marília Gonçalves
(nota- enquanto escrevi este breve texto, todos os que partiram e que choro, meu pai, minha avó minha tia ( a viúva de Alex, Alfredo Dinis, o meu avô preso 24 vezes que resistiu ao Tarrafal e tantos outros, estiveram aqui, presentes e vivos, tão vivos como o estavam no 25 de Abril de 1974, uma profunda alegria me acompanhou durante estes momentos de escrita!)