sábado, 19 de julho de 2008

A FRONTEIRA DO CONHECIMENTO.


NOTÍCIAS DE UMA VELA DE ESPERANÇA
NUM OCEANO DE INCERTEZA

A convite de um bom amigo do partido Socialista, Dr. Tiago, participei numa iniciativa da secção do PS da Almirante Reis, secção com uma maravilhosa e magnânima história que aquele dirigente, entre outros, continua, abrindo as suas iniciativas à sociedade civil, facto muito importante para a Democracia, a sua transparência e saúde.

A última conferência tinha como tema a fronteira do conhecimento, e era constituída por um painel de grande nível intelectual e operacional, o Prof. Carlos Zorrinho e jovens investigadores em projectos de ponta na área da investigação em medicina.

Nesta estrutura muito inteligente tínhamos presentes a conceptualização geral do modelo desta nova fronteira e a grande paixão na pessoa do prof. Zorrinho e o contraste, embora optimista, mas com o saber do terreno dos investigadores.

Fiquei encantado com o que ouvi, em primeiro lugar porque sendo o Prof. Zorrinho um técnico de renome, não perdeu, como agente politico e cidadão, a consciência social e humana dos projectos, e sobretudo tem uma análise muito pertinente da situação social e politica internacional muito grave em que nos encontramos.

De facto estamos numa encruzilhada da história em que a Vitória ou Derrota das Democracias dependem das opções que tomarmos e das políticas de justiça ou injustiça social que se implementarem.

Para além da notável paixão do conferencista, facto que não podia deixar de me impressionar, como é natural em mim, os dados que apresentou são muito importantes, no ranking mundial em 150 países, ocupamos na área do conhecimento o 20º lugar, o que à nossa dimensão e considerando que este salto qualitativo e quantitativo deriva sobretudo do choque tecnológico que foi defendido como progressivo, por contraste com o chamado choque fiscal que era conservador, é já obra.

Todavia o Prof. Carlos Zorrinho com quem em outros contextos já me tinha cruzado, para além de brilhante faz um diagnóstico correcto da situação, por um lado no mundo em rede e do conhecimento, a liderança já não está tão territorializada, pode surgir onde houver massa critica, e, assim, um país, mesmo periférico, que se associar às melhores redes internacionais do conhecimento, o que estará a acontecer de um modo significativo com Portugal pela credibilidade e empenho do seus investigadores, pode discutir a liderança no conhecimento com outros centrais; por outro, também foi referido a imperiosa necessidade da valorização do conhecimento, e que estaria na agenda do governo tratar da questão das Universidades Portuguesas de entrarem na Investigação, de modo a produzirem riqueza material para as nossas empresas e riqueza intelectual para elas próprias.

Muito boas noticias quer em factos, quer em perspectivas, o que o país também não conhece pelas dificuldades enormes que, segundo o conferencista, os órgãos do governo encontrarão na divulgação dos seus projectos bem sucedidos, circunstância que a acontecer, na minha opinião, é um grave e ridículo estrangulamento que tem de ser vencido.

Foi também muito importante saber-se por dois jovens professores universitários com pós graduações em Inglaterra e que regressaram a Portugal que estão em projectos de ponta na área da medicina, em laboratórios acreditados e avaliados por supervisores internacionais.

Existem neste âmbito da investigação estrangulamentos graves que derivam quer da constituição orgânica vertical, vitalícia e quase religiosa das hierarquias Académicas em que um Prof. universitário mesmo que tenha parado no tempo há décadas, restará na cátedra até atingir os seus 70 anos, o que obviamente não é o indicado para o desenvolvimento do conhecimento; quer da incompreensível situação dos laboratórios de investigação e excelência não estarem integrados nas Universidades, contra-senso que deveria ser rapidamente derrotado.

Numa palavra quando tanta vez se diz que não há massa critica ou não há consciência social em Portugal, nesta sessão houve prova do contrário. Todavia os estrangulamentos estão aí, e um homem importante desta Governança tem disso perfeito conhecimento, pelo que, por vezes, somos surpreendidos com a seguinte interrogação, como com tão boa massa critica, com tanta vontade, trabalho e paixão, há coisas que não acontecem e nos leva a pensar que vivemos num país a várias velocidades e realidades, porquê?


Andrade da Silva
18 Julho 2008

3 comentários:

Jerónimo Sardinha disse...

Meu Caro Andrade da Silva,
Só o grande respeito e amizade que tenho por ti, me impõem que comente este teu artigo. És um Homem bom.Um homem que não mente nem se disfarça. Infelizmente outros homens não são assim. É evidente, que não pretendo ofender o orador de serviço, nem o teu pessoal amigo. Dirte-ei, só para nos situarmos, que Carlos Zorrinho, é Coordenador Nacional do Plano Tecnológico e Coordenador da Estratégia de Lisboa. Sabendo que tudo isto nasceu deste nefasto governo, as pessoas que a ele estão ligadas não poderão contar com o crédito dos portugueses. Pelo menos dos se prezam e ainda têm alguma isenção. Perdôa, mas não consigo ver nem sentir de outra forma. Não consigo dar benefício de dúvida a esquemas e estratagemas do tipo "Secretariado Nacional da Informação". O teu último parágrafo, é para mim pouco claro. País a várias velocidades ? - Não ! - A uma. A do governo (que temos). Tão boa massa crítica ? Para quê? Para nos destroçar e explorar ? Para nos arrastar cada vez mais baixo e mais vil como seres humanos e como sociedade ? Tão boa vontade e tanta paixão ? - Boa vontade para quê? Tanta paixão pelo quê ? - Pelos privilégios ? Pelos lugares concertados a tempo para as figuras certas ? Para o equilibrio social, com as reformas dos escravos e lacaios entre os 80 e os 300 euros e dos senhores (eles), nos 20.000, 30.000 e mais euros mensais ? Digo-te, pois, que prefiro desapaixonados, sem boa vontade, sem paixões, mas que cumpram com o que prometem e se comprometem. Que sejam verticais e não habilidosos, que sejam honestos e não malabaristas, que tenham a dignidade que o Povo deste infernizado País precisa para ver um futuro diferente e acreditar. A tua integridade pela amizade é sublime e só assim interpreto este artigo. Perdôa-me se puderes, mas também eu sou assim. Um abraço fraterno e respeitoso do,
Jerónimo Sardinha.

andrade da silva disse...

Caro Jerónimo

Em 1º lugar interessa frisar bem, o que não poderia ser de outro modo, que me revejo nas paixões para a criação da bondade, da paz e do progresso, foi neste termos que vejo e vi a intervenção do Prof. Carlos Zorrinho.
Não vi, nem vejo a intervenção deste académico naquela circunstância, como fazendo parte dos que pensam em lançar sobre os cidadãos o grande olho electrónico da vigilância, não o vejo neste papel, mas os seus conhecimentos e contributos podem ser utilizados para essa nefasta actividade.
Naturalmente que como alguém que intrinsecamente vive e procura praticar a democracia e o humanismo considero intolerável a criação do cargo de Director Geral da Segurança, desde que não seja para uma mera função de coordenação operacional, como condeno o código de trabalho, quando cria um regime de horários de trabalho desumano e enfraquece a contratação colectiva, estas duas medidas são suficientes para reprovar de um modo particular a Governança de um partido socialista ou social-democrata.
Todavia se estas medidas passarem a ter força de lei, então, ão é só o governo que está em cheque, mas estão Presidência da República, a Assembleia da República, o Tribunal Constitucional, numa palavra todos os órgãos e a Democracia.( Quanto ao horário alargado de trabalho a Grã-Bretanha accionou junto da União Europeia um pedido para ir até às 78h/semanais. Esta Europa?)
Sempre direi que não vejo neste governo o Inferno, até porque a alternância com o PSD será pior a emenda que o soneto, há entre eles uma convergência quase total na economia, sendo o PSD conservador em assuntos importantes, como foi o caso da IVG e é o das orientações sexuais.
Tenho defendido que seria importante que nos partidos socialistas e sociais-democratas vingassem as correntes sociais-democratas e se afastasse do poder naqueles partidos os neo-liberais, parece-me, nesta perspectiva, de exaltar os que fazem coisas positivas para todos e têm uma visão humanista da técnica e da acção política.
Foi assim que vi a intervenção do Prof. Zorrinho, e, assim, dei notícia, porque creio que o que ele anda a fazer é útil para o país e o que propõe a nível do saber e do conhecimento é fundamental, e por isto merece o meu rasgado louvor.

andrade da silva

andrade da silva disse...

CARO JERÓNIMO E DEMAIS EVENTUAIS LEITORES

O prémio internacional, agora atribuídos a uma cientista portuguesa, de uma Universidade Pública, revela que o prof Carlos Zorrinho tinha alguma razão que desejo que no campo do conhecimento seja cada vez maior e que haja cada vez mais grandes projectos de investigação em PORTUGAL.
Abraço amigo
andrde da silvs