terça-feira, 16 de março de 2010




QUASE

Quase me perdi de mim
Quase esqueci os cachos de caracóis
Quase deixei de sentir a areia entre os dedos
Quase desfiz o aroma das ondas
Quase fechei a Pandora na caixa de ser
Quase larguei o coração
Quase deixei a criança de ser eu
Mas as palavras tomaram a minha forma
E bateram nas têmporas
Sentiram o pulsar de vida e escreveram-me poema luz
O Ser passou a ser e fui e sou e serei



Vanda Caetano Vaz Carvalho

4 comentários:

Anónimo disse...

Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...

Florbela Espanca

Marília Gonçalves disse...

Eu ...

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho,e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa tênue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida!...

Sou aquela que passa e ninguém vê...
Sou a que chamam triste sem o ser...
Sou a que chora sem saber porquê...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver,
E que nunca na vida me encontrou!
Florbela Espanca

Marília Gonçalves disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
andrade da silva disse...

Quanta gente, minha gente, é tão igual à só e incompreendida, desconhecida e insondável, ou talvez não, mas talvez tão nossa conhecida, que por tabus pusemos atrás do biombo, Florbela Espanca

asilva