terça-feira, 6 de julho de 2010

BILHETE DE IDENTIDADE



BI: LIBERDADE E CIDADANIA


IDADE: 2 ANOS


Bebé?


Adulto?


Sénior?


Não sei...


Nascestes a 6 Julho 2008.


Viestes, para continuar a liberdade.


A liberdade, matada, vilmente,


Na avenida da Liberdade.


Que desfaçatez! Que contradição!


Tivestes pai e mãe,


mais que um pai , mas porque és blogue,


sem pecado, uma só mãe - Marília.


Tivestes padrinhos de nascimento,


Tens amigos e seguidores,


Mas o teu tempo é difícil.


A liberdade livre, é rara.


A coisa séria é uma seca.


Nasceste numa época em que decepam


o verbo incómodo.


Nascestes, quando os blogues morrem,


Os facebooks eucalipetaram tudo.


E as catedrais do pensamento linear,


têm encarcerados os seus crentes.


Dois anos é a tua idade:


Dois anos de canseiras;


Dois anos de adultidade (?);


Dois anos ao serviço de Abril;


Dois anos em que príncipes emigraram


para os emiratos de maior fausto e proveito,


na contingência do on-line.


Nascestes e vives por um Desígnio -


SERVIR A LIBERDADE, EM VERDADE E PELA VERDADE.


Mas o teu tempo,


Ou o teu verbo,


Ou a tua alma,


Parecem não ser deste aqui e agora.


Titanicamente,


O que importa,


É o vistoso, o que está a dar,


E desta nova religião, os seguidores, são Milhões.


andrade da silva


4 comentários:

Fernando Barbosa Ribeiro disse...

Belíssimo!
E que venham muitos mais anos a este blogue, que tanta falta faz por defender a verdade, os valores de Abril, a liberdade...
Enfim, por ser dos poucos blogues onde ainda se pode falar abertamente. E tenho pena do fim do seu antecessor... quem lhe marcou o destino devia ter vergonha na cara por aquilo que fez!

Um enorme e fraterno abraço a todos os colaboradores, bem como aos seguidores como eu - todos somos importantes para que o blogue mantenha-se vivo!

E feliz aniversário, venham muitos mais!

andrade da silva disse...

Amigo

Um grande abraço. Também já está o teu post abraço
joão

Marília Gonçalves disse...

Companheiro incansável Andrade da Silva,Companheiros de Luta e dor e desespero pela Pátria traída, Portugal atraiçoado, o 25 de Abril
de rubros Cravos de Esperança perdendo-se por meandros de cobardia e obscurantismo, Amigos, Leitores

se neste longo titulo passa um pouco do que me vai no intimo
eu Marília Gonçalves, venho pedir contas aos que confortavelmente se calam,contas pelas vidas dos meus, que heróicos se bateram por Portugal, meu pai, um poço de bondade e humanismo, de saúde tão frágil, que depois de passar pelas mãos da nojenta PIDE, nunca mais voltou a ter um dia de saúde, com vómitos de sangue, diante do olhar aterrado de meu irmão pequenino, que a cada dia pensava perder o pai
pelo meu tio Alfredo DINIS "ALEX" cobarde e traiçoeiramente assassinado, revolucionário sim, dirigente Comunista, um homem de tanta ternura que nunca passava pela mulher, minha tia "Zefa" sem a beijar, que adorava o filho pequenino, doente, que morreu seis meses antes do pai! Pelo velho Vasconcelos o enfermeiro dos pobres da Penha de França 25 vezes preso, uma das quais no Tarrafal (o conde vermelho" que por sorte ainda viu Abril e seus cravos entre os quais se erguiam em flores de sangue a imagem de Adelaide e de Idalina, mortas tuberculosas em consequência das prisões do pai e da fome que as seguia!o velho Vasconcelos quase cego esteve presente no primeiro 1° de Maio e andou mesmo ao colo de Marinheiros, ao que uma revista francesa deu larga cobertura!
e venho pedir contas pela minha falta de saúde que de menina de doze anos comecei a trabalhar, vendendo bolos e batatas fritas que minha mãe e minha avô materna faziam noite fora, venho pedir contas por minha infância que me foi arrancada numa longa caminhada para Abril dos que destacando-se dentre a carneirada amaram e lutaram por Portugal, tudo dando de si! venho pedir contas pelos amigos presos, torturados, assassinados, vidas destruídas que tanta falta ficaram a fazer ao progresso de Portugal e à transformação das mentalidades, que infelizmente transformam o nosso povo no "corno manso" esvaziado de toda a força viril e generosa que podia REERGUER PORTUGAL!
e venho pedir contas por todos os filhos de presos políticos quer tenham visto, tal como eu o pai, ou a mãe, enjaulados por trás dum corredor de vidro com um carcereiro enfiando volta e meia o focinho nojento a relembrar a PIDE omnipresente! venho pedir contas, pelos filhos dos clandestinos que durante tempos infindos não podiam ver seus pais, num sofrimento atroz para uns e para outros!
e tudo isto para quê? para que apôs essa magnífica e única madrugada da Abril e de todas as Conquistas que se lhe seguiram de direitos para quem anteriormente nunca os havia tido? MAIS UMA VEZ O POVO DE PORTUGAL, depois de conhecer a Luz da Liberdade, se deixe acorrentar numa anestesia do sentir e do pensar que o hão-de levar à perdição e a seus filhos!
e pelo silêncio dos que se calam,pela ignomínia dos que se vendem, vendendo Portugal em leilão,destruindo o bom que havia no país, eu, não a mulher de sessenta e dois anos, mas eu a menina que pagou no roubo de sua infância a Dignidade de Portugal e a de todos os que o salazariamo/caetanismo oprimiam, humilhavam, assassinavam além-mares, é pois a menina que se ergue de dedo acusador, contra os criminosos fascistas/nazis e contra todos os que silenciando consentiram
Glôria para sempre aos que venceram o medo e foram dignos representantes daquilo que sao: SERES HUMANOS!
e hoje acima de tudo acuso todos aqueles que pela sua cobardia e silêncio estão a assassinar a Esperança, mola real do progresso e da felicidade dos povos!

Marília

Marília Gonçalves disse...

ACUSO

Cavalo de vento
Meu dia perdido
O meu pensamento
Anda a soluçar
Por dentro do tempo
De cada gemido
Com olhos esquecidos
Do riso a cantar

Quem foi que levou
A ânfora antiga
Onde minha sede
Fui desalterar
Sementeira de astros
Que o olhar abriga
Por fora dos versos
Que hei-de procurar

Quem foi que em murmúrio
Na fonte gelava
Essa folha branca
Aonde pensar
Quem foi que a perdeu
Levando o futuro
Por onde o meu barco
não quer navegar

Quem foi que manchou
a página clara
Com água das sedes
Que eu hei-de contar
Quando o sol doirava
As velhas paredes
Da mansão perdida
De risos sem par

Quem foi que levou
Os astros azuis
Do meu tempo lindo
Meu tempo a vogar
Por mares de estrelas
Vermelhas abrindo
Quando minhas mãos
Querem soluçar

Não mais sei quem foi
só sei que foi quando
a noite vestiu o dia que era
E todos os sonhos
Partiram em bando
Fugindo de mim e da primavera

Mas há na memória
Da minha retina
A voz que se nega
A silenciar
Com dedo infantil
Erguendo a menina
Diante do réu
Em tempo e lugar!!!

Marília Gonçalves

e o meu abraço fraterno e universal a quantos se batem pelo ser humano, pelo futuro, e até pelo amanhã dos filhos e descendentes de quantos atraiçoam Portugal
o meu amor por vós amigos e a minha infinita ternura


Marília Gonçalves