terça-feira, 30 de novembro de 2010

POVO-SIM. POVO-NÃO.



Num país azul, cuspido de negro estrume,

hostil à beleza,

à grandeza de ser povo,

os vampiros,

antes de lhe darem a morte,

À cruz o pregam,

pelo crime único:

Ser Povo.


POVO

deserdado e abandonado,

desempregado, como leproso,

com fome e frio,

desamado por quase todos,

enganado por muitos,

explorado por banqueiros e empresários,

peão de políticos e bispos,

servidor público vilipendiado,

semeador do pão,

pescador de mares, sonhos e chicharro,

pecador pela carne, pela boca e pelo ânus,

pastor de rebanhos nas serranias,

soldado, marinheiro, descobridor,

heróico, nunca vencido,

mas tantas vezes de cócoras, quase derrotado,

seiva da Pátria,

mas se contaminado pela ablação bíblica da maldição,

como mulher que amou, para além do seu senhor,
incha-lhe a barriga, e seca-lhe o sexo.


E, este povo sublime,

baixa ao rebanho de eunucos,

escravo, cangado, vergado

mas vivo, nunca vencido.

Um dia dirá:


Não!


Mas... o tempo que passa...

Mata...


andrade da silva



PS: Um senhor importante da UE, o sr. Presidente do Grupo Europeu, diz para os portugueses terem calma, pudera!


Mas Bruxelas diz que somos os mais penalizados da União Europeia nos salários, nas prestações sociais, e ontem a Comissão do nosso "EH pá.. Porreiro!" desancou sobre o OGE e pediu mais medidas de austeridade, e o tal amigo do "Eh pá Porreiro", deve ter passado "Eh Pá.... ( largas à justa criatividade).


Coisas...


Como grande coisa é, o sr. candidato à Presidência, o Sr. Cavacoda Silva, dizer que com ele Portugal será de novo respeitado, mas como, se com ele durante 5 anos na presidência Portugal tem fracassado?


Coisas.... Grandes estórias, a destes senhores.... coisas...



Oh POVO! Oh POVO!

9 comentários:

Marília Gonçalves disse...

Saison des semailles le soir
Victor Hugo

C’est le moment crépusculaire,
J’admire, assis sous un portail,
Ce reste de jour dont s’éclaire
La dernière heure du travail.

Dans les terres, de nuit baignées,
Je contemple, ému, les haillons
D’un vieillard qui jette à poignées
La moisson futur aux sillons.

Sa haute silhouette noire
Domine les profonds labours.
On sent à quel point il doit croire
A la fuite utile des jours.

Il marche dans la plaine immense
Va, vient, lance la graine au loin,
Rouvre sa main, et recommence
Et je médite, obscur témoin,

Pendant que, déployant ses voiles
L’ombre où se mêle une rumeur,
Semble élargir jusqu’aux étoile
Le geste auguste du semeur.


VICTOR HUGO

Marília Gonçalves disse...

Companheiro
este poema de VICTOR HUGO veio-me à ideia com a ilustração sz szus versos

abraço
Marilia

Marília Gonçalves disse...

(traduzido)


Estação de Sementeiras
Victor Hugo

é o momento do Crepúsculo ,
Eu admiro, sentado num portal
o resto do dia que ilumina
A última hora do trabalho.

sobre as terras, alagadas pela noite,
Eu contemplo emocionado , os farrapos
de um velho que joga às mãos cheias
A colheita futura dos sulcos.

Sua silhueta alta e morena
Domina a lavoura profunda.
Nós sentimos o quanto ele deve acreditar
Na lesta fuga dos dias.

Vai caminhando na planície imensa
Vai e vem, lança ao largo as sementes,
Reabre a mão, e recomeça
E medito, testemunha obscura,

Enquanto desfraldando as velas,
A sombra a que se une outro rumor
Parece expandir para as estrelas
O gesto augusto do semeador.

GiaSantos disse...

Somos um povo adiado, esperando sempre pelo amanhã que nunca chega, com o futuro mesmo ao lado.

Adiamento

Depois de amanhã, sim, só depois de amanhã...
Levarei amanhã a pensar em depois de amanhã,
E assim será possível; mas hoje não...
Não, hoje nada; hoje não posso.
A persistência confusa da minha subjetividade objetiva,
O sono da minha vida real, intercalado,
O cansaço antecipado e infinito,
Um cansaço de mundos para apanhar um elétrico...
Esta espécie de alma...
Só depois de amanhã...
Hoje quero preparar-me,
Quero preparar-me para pensar amanhã no dia seguinte...
Ele é que é decisivo.
Tenho já o plano traçado; mas não, hoje não traço planos...
Amanhã é o dia dos planos.
Amanhã sentar-me-ei à secretária para conquistar o mundo;
Mas só conquistarei o mundo depois de amanhã...
Tenho vontade de chorar,
Tenho vontade de chorar muito de repente, de dentro...

Não, não queiram saber mais nada, é segredo, não digo.
Só depois de amanhã...
Quando era criança o circo de domingo divertia-rne toda a semana.
Hoje só me diverte o circo de domingo de toda a semana da minha infância...
Depois de amanhã serei outro,
A minha vida triunfar-se-á,
Todas as minhas qualidades reais de inteligente, lido e prático
Serão convocadas por um edital...
Mas por um edital de amanhã...
Hoje quero dormir, redigirei amanhã...
Por hoje, qual é o espetáculo que me repetiria a infância?
Mesmo para eu comprar os bilhetes amanhã,
Que depois de amanhã é que está bem o espetáculo...
Antes, não...
Depois de amanhã terei a pose pública que amanhã estudarei.
Depois de amanhã serei finalmente o que hoje não posso nunca ser.
Só depois de amanhã...
Tenho sono como o frio de um cão vadio.
Tenho muito sono.
Amanhã te direi as palavras, ou depois de amanhã...
Sim, talvez só depois de amanhã...

O porvir...
Sim, o porvir...

Álvaro de Campos, em "Poemas"

GiaSantos disse...

Ou como diria "Bocage" somos um povo roto e nu, mas com a peça às costas.
Um abraço
Luzia

andrade da silva disse...

Obrigado Marília
Lembrar Victor Hugo e sempre belo e bom.

Luzia

Mudamos pouco, muito pouco, só que agora o depois de amanhã pode ser muito, muito, trágico, mas as cigarras e são muitas, continuam despreocupadas gulosas, sôfregas nas compras e anafadas nas suas panças, com os miolos derretidos: comem, vestem-se luxuosamente e ca..., o resto, o resto foi um vento que tudo limpou, mas a grande responsabilidade recai sobre os escroques que lideram este imenso rebanho.

Cansamo-nos, canso-me de ladrar para muito pouco.
abraço
asilva

Zé DO POVO disse...

> TENHAM VERGONHA
>
> Carta aberta ao Sr. Mário Soares,
>
> SR. ANTóNIO JOSé SEGURO
>
> E A TODOS OS POLíTICOS DE PORTUGAL
>
> _Sr. Mário Soares_,
>
> Sou um cidadão que trabalha, paga impostos, _para que o Sr_. e todos os
> restantes políticos de Portugal andem na boa vida.
>
> Há dias, _ouvi o Sr_, doutamente, nas TV's, _a avisar o povo português
> para que não se pusesse com greves_, porque ainda ia ser pior.
>
> Depois ouvi o _Sr._ _António José Seguro_, _revoltar-se contra os impostos
> e colocar-se ao lado do povo_.
>
> _Ouvi o Sr_. perguntar onde estava a alternativa ao aumento de impostos, e
> aqui estou eu para lhe dar a alternativa.
>
> Como o Sr. Mário Soares pediu que alguém lhe desse a alternativa à subida
> de impostos, aqui lhe deixo 10 medidas que me vieram à mente assim, de
> repente:
>
> 1 - _Acabar com as pensões vitalícias e restantes mordomias de todos os
> ex-presidentes da República_ (os senhores foram PR's, receberam os seus
> salários pelo serviço prestado à Pátria, não têm de ter benesses por esse
> facto);
>
> 2 - _Acabar com as pensões vitalícias e / ou pensões em vigor dos
> primeiros-ministros, ministros, deputados e outros quadros _(os Srs
> deputados receberam o seu ordenado aquando da sua actividade como
> deputado, não têm nada que ter pensões vitalícias nem serem reformados ao

(continua)

Zé DO POVO disse...

fim de 12 anos; quando muito recebem uma percentagem na reforma, mas aos
> 65 anos de idade como os restantes portugueses
>
>
>
> Ø VEJA-SE O CASO DO SR. ANTóNIO SEGURO _que na casa dos 40 anos de idade
> já tem direito a reforma da Assembleia da República_;
>
> 3 - _Reduzir o nº de deputados para 100_;
>
> 4 - _Reduzir o nº de ministérios e secretarias de estado, institutos e
> outras entidades criadas artificialmente_, algumas desnecessárias e muitas
> vezes até redundantes, apenas para dar emprego aos "boys";
>
> 5 - _Acabar com as mordomias na Assembleia da República e no Governo_, e
> ao invés de andarem em carros de luxo, andarem em viaturas mais baratas,
> ou de transportes públicos, como nos países ricos do Norte da Europa (no
> dia em que se anunciou o aumento dos impostos por falta de dinheiro, o
> Estado adquiriu uma viatura na ordem dos 140 mil ? para os VIP's que nos
> visitarão);
>
> 6 - _Acabar com os subsídios de reintegração social atribuídos_; _aos
> vereadores_; _aos presidentes de Câmara_; _e outras entidades_
> (multiplique-se o número de vereadores existentes pelo número de
> municípios e veja-se a enormidade e imoralidade que por aí grassa);
>
> 7 - _Acabar com as reformas múltiplas_, sendo que um cidadão só poderá ter
> uma única reforma (ao invés de duas e três, como muitos têm);
>
> 8 - _Criar um tecto para as reformas, sendo que nenhuma poderá ser maior
> que a do PR_;
>
> 9 - _Acabar com o sigilo bancário_;
>
> 10 - Criar um quadro da administração do Estado, de modo a que quando um
> governo mude, não mudem centenas de lugares na administração do Estado;
>
>
>
> Ø Com estas simples 10 medidas, a classe política que vai desgraçando o
> nosso amado Portugal, daria o exemplo e deixaria um sinal inequívoco de
> que afinal, vale a pena fazer sacrifícios, e que o dinheiro dos
> portugueses _não é esbanjado em Fundações duvidosas, em TGV's, em
> aeroportos, em obras sumptuosas_.
>
> Enquanto isso não acontecer, _eu não acredito no Sr. Mário Soares_, _não
> acredito no Sr. António Seguro_, e não acredito em nenhum político desde o
> Bloco de Esquerda ao CDS, nem lhes reconheço autoridade moral para dizerem
> ao povo o que deve fazer.
>
> Em último caso, têm a palavra as Forças Armadas, que têm o ónus de defender
> o povo português de qualquer agressão externa e / ou interna e que
> paradoxalmente têm estado em silêncio perante o afundamento de Portugal.
>
> Zé DO POVO
>
> PORTUGAL
>

andrade da silva disse...

Caro Amigo Zé

Com muitas daquelas medidas Portugal seria um país melhor. Todavia era preciso ir muito mais longe, combater a especulação que cria fortunas que não são a justa renda do risco empresarial, mas sim produto de actos imorais e muitos outros ilegais, promover a justiça fiscal, o combate à corrupção e ao comportamento enganoso.

O dr. Mário Soares cumpre sempre o mesmo papel histórico ao lado dos poderosos e ricos como Hernâni Lopes a propor barbara e selvaticamente cortes de vencimentos da ordem dos 15% num país de ordenados para quem trabalha na ordem dos 300 a 500% menos que os da Irlanda, mas com os nossos gestores a ultrapassarem em muito os vencimentos dos seus colegas irlandeses e americanos.
Obrigado
asilva