terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

25 DE ABRIL EM PORTUGAL, SEMPRE. NO EGIPTO PARA SEMPRE!



Ainda hoje, reli um texto de um trabalho que apresentei em 1982, no curso de sociologia, no Instituto Superior do Trabalho e Empresa (ISCTE), na cadeira de sociologia de desenvolvimento, comentando as teorias de um egípcio, Samir Anim.


Dizia que a mudança social necessária à descoberta da justiça, da paz e do desenvolvimento exigia a intervenção directa do Povo, do homem comum, no curso da História do seu país, e esta intervenção do homem comum tem como teatro privilegiado a rua: Rua árabe, ou avenida da Liberdade, Almada, Pragal, Évora, ou Porto em Portugal.


Hoje, por mero acaso, o sr. dr.Jorge Sampaio, recorda-se, a propósito do Egipto, que houve um 25 de Abril em Portugal, onde os militares e o povo confraternizaram, disse-o na SIC. Depois, no noticiário das 22h, na RTP 2, lá apareceu um doutor a falar dos radicais extremistas que tomaram conta do 25 de Abril 74, feito como ele disse, e muito bem, pelos militares. É espantoso só que estes senhores se lembrem vagamente que houve um 25 de Abril. Mas será porque estavam bem instalados algures?


Todavia muitos e eu não me lembro só vagamente que houve um 25 de ABRIL. Os que o fizeram vivem, ainda hoje, no 25 de Abril, e reconhecem que o povo que esteve na rua no 25 de Abril não são extremistas, mas sim, são o Povo de Abril que mandou embora para fora do território Nacional um dos testas de ferro do regime, Marcelo Caetano. O regime era dos latifundiários e outras famílias, as antigas, que novamente são quem manda em Portugal.


Mas ainda sabemos, sei muito bem, que lutamos pela Democracia económica, politica, social e cultural, pelo Desenvolvimento sustentado, pela dignidade e pela justiça. Lutávamos contra a M.... a que tínhamos chegado, como o disse Salgueiro Maia, e essa M...., era a corrupção, o compadrio, a ditadura, a falta de estado de direito e justiça para todos, o desemprego e a miséria e também os crimes de prostituição das altas personalidades sempre escondidos. Abril foi também lutar contra a podridão.


Mas o dr. Jorge Sampaio, naturalmente, como em 74 só sabia, não vivenciando que se vivia em ditadura, não sabe dizer que o regime de Mubarak é ditatorial, mas é. O povo egípcio, os que estão nas manifestações e nas barricadas sabem que os ditadores são corruptos e que com eles só há um modo de negociar pô-los fora do poder e, se possível, do país. Para isto só o povo tem força, nunca os doutores que nada arriscam, mas depois tomam conta do poder, e desdenham do povo que lhes confiou o poder.


O povo fala como o José Coelho,( madeirense candidato à presidência da República) o que, é uma chatice, chama os bois pelos nomes, é um aborrecimento, falta-lhes o pensamento conceptual, logo só podem dizer asneiras, e conduzir toda a gente para o abismo.


Infelizmente o povo em Portugal, como vai acontecer no Egipto, não sabe confiar o poder em quem melhor o pode servir, mas sim, em quem melhor o sabe iludir, ao serviço dos interesses mais desumanos, corruptos e mentalistas que existem.


De facto em 1982 naquela cadeira Universitária, com a recusa do professor da cadeira e de muitos colegas organizados segundo os partidos, defendia e defendo que é o povo que, através da cidadania, deve propor a eleição dos melhores concidadãos, e não se limitar a referendar as listas dos concidadãos a eleger para os órgãos de soberania, nomeados por secretários gerais, ou escolhidos por 0.000000 1% dos cidadãos, ou seja, no caso de cidades de 200 mil habitantes por pouco mais ou pouco menos de 2000 concidadãos.


Como no 25 de Abril 74, e como voltei a reconhecer ao ler aquele texto universitário em 1993, 2003 e 1 de Fevereiro 2011,a mudança social necessária terá de ser feita pelo povo. Começou na periferia, como dizia Samir Anim, mas só se pode consolidar com um movimento nesse sentido nos países cêntricos, o que, não poderá deixar de ser, pese embora, todos estes anos que já lá vão. Contudo a Grécia e a Irlanda são menos periferia que a Tunísia e o Egipto que tem algum desenvolvimento nas cidades Cairo e Alexandria, mas em que os deslocamentos de uma para outra cidade é feito com escolta policial.


Todos os que nunca se importaram com a ditadura de Mubarak temem, agora, que os fundamentalistas islamicos tomem o poder, seria juntar a um desastre outro desastre, mas todos estes bem pensantes esquecem, como já tenho referido, mas poucos, muito poucos, o lêem e menos o querem aceitar, os radicais têm chegado ao poder por serem quem dá pão às pessoas famintas, como é o caso do Hamas no Líbano, e será cada vez mais, entre nós, o peso eleitoral e conservador da igreja Católica, por ser a Instituição que mais sopas e outros benefícios distribui entre os pobres, enquanto outros falam, falam, de solidariedade, mas não estão no terreno, logo não são reconhecidos por milhões de outros concidadãos, como gente benfazeja. A generosidade não pode ser alvo de nenhum preconceito politico-ideológico. É uma grande virtude humana.


Por cá também há muita gente contra e fora deste sistema que vai perpetuando, com mais ou menos colorido, o rotativismo e a nossa degradação em plano inclinado, e perante tudo isto, muitos ficam escandalizados e atónitos com o sucesso eleitoral e com o grande território que entre o Funchal e Machico- o coelhoestão, como já se chama - José Coelho vai ganhando, desafiando o poder e o autoritarismo suserano de João Jardim, um pouco à imagem e semelhança do que está a acontecer em Itália entre Berlusconi e Nicola Vendola.


Como já ando a dizer desde a Universidade, desde 1982, tempos novos, exigem soluções novas, criativas e justas na promoção do bem comum, a liberdade, a justiça e o desenvolvimento sustentado que nada tem a ver com o consumo compulsivo de bugigangas.


Mas contra os mentalistas, os alquimistas, os cardeais, os donos das almas ou das 30 moedas, pouco a voz ladida de um quintal, situado no deserto conseguirá.
VIVAM OS QUE LUTAM E VIVEM ETERNAMENTE OS QUE MORREM PELA LIBERDADE.
MEUS IRMÃOS!
andrade da silva

1 comentário:

Marília Gonçalves disse...

é verdade Companheiro Viva quem Luta e pelo menos nas memórias, para os Resistentes de onde quer que sejam que já nos deixaram
pois como dizia a Canção: Até Mortos Vão ao Nosso Lado
saudações amigas
Marília