domingo, 13 de fevereiro de 2011

PAGAR QUALQUER PREÇO PARA DEFESA DA LIBERDADE.




A minha Alma está exaltante com a queda do ditador no Egipto, como com a queda de todos os ditadores em toda a parte. Mas o meu espírito está apreensivo porque há tanta ditadura pelo Nundo de Angola á China que ninguém quer ver, para além de que entre nós há as pequenas ditaduras organizacionais. Os que em Portugal tomam o poder nas organizações, logo criam um cordão sanitário de testas-de-ferro e boys, para perpetuarem o seu poder, e fazerem dos demais formigas, e quem não se sujeitar a ser formiga ou barata tonta é logo relegado para o inferno, e, é, por esta via, que vamos ir todos para a um inferno. Por agora só conhecemos o purgatório, mas se voltarmos ao inferno de novo, será a um inferno fascista reconvertido com muita propaganda, tecnologia, um poder altamente persuasivo da comunicação social e o garrote financeiro.


A mina alma exulta por se ter feito em Portugal o 2 5 de ABRIL 74, levado a cabo pelos militares e o povo que estiveram na rua. Este foi o 25 de Abril 74 concreto e puro, muito diferente do planeado pelo Movimento das Forças Armadas até à saída das forças dos quartéis e da intervenção do povo, até este momento era sobretudo UM GOLPE DE ESTADO PARA CRIAR AS CONDIÇÕES PARA UM DEMOCRACIA CONSTITUCIONAL, sem nenhum propósito da igualdade real ou de rumo ao socialismo.


A Igualdade Real e o Socialismo são conquistas revolucionárias do povo e dos militares revolucionários que ficaram e ainda estão consagradas na Constituição, mas que não são respeitadas, desde logo, por quem jura cumprir e fazer cumprir a constituição, e não se identifica com Ela, nestes seus pilares. Deste ponto de vista, o 25 de Novembro 75 foi voltar ao MFA de antes do dia da Revolução, mas também antes nem todos pensavam do mesmo modo, embora ninguém imaginasse sequer a intervenção revolucionária do povo.


O meu espírito está apreensivo porque vejo diplomatas portugueses e estrangeiros a dizerem que a história está a acontecer no Egipto, quando antes não viram a ditadura. Mas não serão cínicos ou oportunistas?


Mas ainda fico apreensivo por esta gente se lembrar e falar do 25 de Abril 74, quando a maior parte deles não deram nenhum contributo para a queda do fascismo, e, hoje, são os verdadeiros beneficiários do 25 de Abril. Enriqueceram, ganharam estatuto internacional, enquanto, a grande maioria do povo que fez o 25 de Abril, e os militares mais corajosos, e actualmente, quase, de um modo geral, todos, mesmo os do 25 de Novembro que encontram uma primeira tábua de salvação no PS, e apesar do seu ódio intrínseco a qualquer frémito revolucionário, no PCP, foram e são vilipendiados.


(Interessaria recordar que muita gente não esquece o que foram os anos a seguir ao 25 Novembro, nomeadamente no Alentejo que foi literalmente ocupado pelas forças da Guarda Nacional apeada e a cavalo, com cães e carros anti-motim. Para os de memória mais turva recordo as mortes de Caravela e Casquinha e as muitas costas negras por causa das bastonadas. Mas estará tudo esquecido, se sim por quem, pelas vitimas e seus parentes? Não creio, mas se for, deve ser pelas muitas das vitimas que já não têm memória, morreram).


A minha alma exulta pelas forças Armadas Egípcias terem tomado o lugar certo da história, mas perante as traições da Revolução de 5 de Outubro de 1910, por uma grande parte da burguesia republicana que logo se esqueceu do povo, não controlando sequer a subida dos preços dos bens alimentares, nem das condições de vida e habitação dos trabalhadores e da do 25 de Abril que nos traz no actual estado, fico apreensivo quanto ao futuro do Egipto.


Também fico apreensivo por muito poucos ouvirem estes gritos e muito menos ainda dizerem o quer que seja, talvez pensando que há radicalismo a mais, mas quando daqui a 10, 15 anos verificarem que está tudo na mesma, ou muito pior, perceberão que o radicalismo foi sim, a inércia do medo, do seguidismo e da falta de liberdade, mas se, entretanto, acontecer o mais grave, como um sobressalto totalitário, o que, espero que as Forças Armadas nunca o consintam, então, esses ou outros adjectivos para nada servirão, porque quase todos terão sujeitos a uma grande canga, e, então, ou se rendem, ou vão à prisão parar, isto, para além da morte civil que já é usada por todos os totalitários, como instrumento privilegiado de repressão política, como nos tempos negros do regime racista da África do Sul.


Como pessoas livres façam o que bem entenderem, mas aos que no fascismo viveram, queria recordar-vos as palavras de Kennedy: é preciso ter uma DETERMINAÇÃO FORTE E INQUEBRANTÁVEL PARA PAGAR QUALQUER PREÇO PARA DEFESA DA LIBERDADE.


PELA LIBERDADE...


andrade da silva

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