sábado, 27 de agosto de 2011

AS CONVULSÔES DO MUNDO REVELAM A GRANDEZA DO 25 DE ABRIL 74




" um esforço tremendo a adicionar contributos para que não avancemos para o Futuro de costas. Se o fizermos, não saímos do chiqueiro que tomará as dimensões de um dantesco inferno"








Portugueses horrorizados vêm o que se passa no mundo, e fazem, como sempre fizeram, um grande apagão ao 25 de Abril 74, uns porque o queriam fazer e não fizeram, mas continuam a nível simbólico a darem a entender que quem fez o 25 de Abril não foram os tenentes, os capitães, os sargentos e os soldados do Movimento das Forças Armadas, mas outros que não estiveram lá; outros porque acham que o fascismo, o neo-fascismo ou a evolução natural do fascismo é que seria o melhor para o país.


Todavia, nem uns, nem outros, têm razão, e os que mais beneficiaram com o facto da queda do regime ter sido feita pelo MFA, ou seja, as Forças Armadas com um carácter democrático, foram os dignitários do regime fascista. Se esta gente tivesse de enfrentar os seus acusadores populares, poderiam ter de passar pelas dores que os seus similares estão a passar em vários países, como na Líbia,ou no Egipto, em que Mubarak é julgado enjaulado.


A revolução do 25 de Abril foi de cravos, por:


1º pela natureza do movimento - militares disciplinados e democratas;


2º porque dois grandes heróis do 25 de Abril, um Alferes e um soldado, desobedeceram às ordens do brigadeiro Junqueira Reis para executarem Salgueiro Maia;


3º a completa falta de resposta do regime, e não ter havido nenhum doido que tentasse organizar a resistência, nem mesmo a PIDE o fez;


4º o êxito do bluff de Salgueiro Maia que deu a ideia de ter uma força que não tinha, o que, em parte é paradoxal e pouco aceitável, pois podia ter sido reabastecido em munições pela Escola Prática de Artilharia posicionada no Cristo- Rei com munições suficientes, talvez este bluff tenha doseado o ímpeto ofensivo da coluna de Salgueiro Maia, tornando-o exasperadamente paciente;


5º o facto de ninguém no regime ser louco desde o presidente da república, presidente do conselho de ministros e os demais ministros, sobretudo das pastas militares e da segurança interna.



Não fora este conjunto de factores e o estertor do regime fascista teria um custo muito elevado em vidas, como antes aconteceu. Em 1927 na revolta do general Sousa Dias houve centenas de mortos e feridos, como, aliás, aconteceu em 1915, e como poderia ter acontecido no 25 de Abril, quando o povo veio para a rua, e em muitas outras ocasiões do PREC, como, aquando da marcha da maioria silenciosa, em que as barragens montadas foram enquadradas por militares; o 7 de Março 1975 em que a população de Setúbal queria invadir a esquadra da PSP, e, esta, responder com fogo de metralhadora no que os dissuadi; o 11 de Março 75 em que o MFA organiza a defesa, e em tantas outras situações, numas em que participei como os movimentos revolucionarios da Reforma agrária, levantamento da população de Montemor em 13 Março 75 contra os agrários Vacas Nunes, Álvaro Cunhal ( nem é parente do antigo secretário- geral do PCP) e um outro; movimentos de saneamento dos membros das famílias Veiga Teixeira e Rapazote de várias instituições do Vale de Sorraia, Coruche; revolta dos mineiros das minas do Lousal e dos trabalhadores da ECA de Alvalade do Sado contra a Administração e depois contra o sindicato, como no caso dos mineiros. Na empresa ECA de concentrado de tomate o administrador tinha sido membro de um dos gabinetes de Salazar.


Nestas andanças, em que servi a defesa de vidas e mantive a revolução nos carris da não violência, fui, depois, acusado pelo 25 de Novembro de ter andado nestas tarefas recebendo indicações do PCP, de como fazer as coisas. Ora todos os que me conhecem sabem que isto era impossível, e aí todos os civis respeitaram a minha autonomia, nunca me deram qualquer indicação para fazer de um ou de outro modo.


Seja como for, nunca o regime fascista teria caído com tanta tranquilidade e sem mortos e convulsões, se a sua queda tivesse sido levada a cabo por rebeldes anti-fascistas e outros concidadãos revoltados. Sem disciplina e sem enquadramento em Portugal, como em outro país, a queda de uma ditadura seria muito cruenta, até porque se as forças armadas estivessem do lado do regime usariam o seu poder para esmagar a sublevação.


É sempre útil para o presente e futuro, analisar o que já se passou, se está a passar noutras paragens e pode vir a acontecer em Portugal em caso de grave convulsão social.


Quanto ao 25 de Abril 74 e ao PREC só mesmo gente de má fé que nunca mereceu o que teve, não reconhece o papel dos militares de Abril, porque não poderia haver por muito mais tempo, esse se, se o 25 de Abril não tivesse acontecido, na perspectiva que os fascistas têm de que aquele regime era justo, democrático e desenvolvementista, quando de facto era uma ditadura politica e contabílistica que só poderia levar a aforrar e a mais nada, e necessariamente acabaria numa revolução e, então, o "se" é outro, e, é - E SE o 25 de Abril 74, tivesse sido uma revolução do povo, com o povo e para o povo, isto é, uma Revolução popular? Com este "se" mais provável que o MFA evitou, é que todos deviam deitar contas à vida e muitos dignitários do fascismo aos seus pescoços.



Em boa verdade, o País tem uma divida impagável para com o MFA que cometeu o erro maior, de não se ter organizado num partido revolucionário independente e com uma obediência exclusiva à Nação portuguesa. Mas, para que conste, sempre direi, que com alguns camaradas do MFA tentamos colmatar este erro em 77/78, mas os nossos amigos de outros partidos sabotaram a iniciativa e foi pena, pela falta que fez e continua a fazer.



COISAS....



andrade da silva




PS: Julgo que os Jornalistas estão a correr risco de vida para informarem muito pouco, mas que são heróicos e muito corajosos, são, but... não haverá uma grave desproporção entre o risco e a informação disponibilizada?




Elas e Eles e o Povo Libio estão no Inferno. A ONU tem de em força prover as necessidades de ordem, alimentação e segurança às pessoas. Ao bem da saída de Kadhafi, seria um CRIME MAIOR da ONU, permitir a instalação na Líbia da desordem ou de um governo pior que o de Kadhafi.

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