quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

CARTA AO MÉDICO AMIGO E AO MAIS AMIGO DE TODOS - A MIMHA IRMÃ, E AOS UTENTES DO SNS.





Contrariamente, ao ruído das ruas centrado no que é mais superficial e menos trágico, as taxas moderadoras, face às isenções e ao custo dos serviços médicos no sector privado, a nível interno do Serviço Nacional de Saúde a classe médica e de enfermagem sofrem por ver as suas condições de trabalho degradarem-se, mas também e, consequentemente, o tratamento dos doentes em aspectos cruciais.

Neste cruel e trágico quadro muitos médicos debatem-se com problemas morais, profissionais e pessoais gravíssimos, que nós os utentes não devemos esquecer, e sobretudo, os que querem defender o SNS, por força da alma cidadã que ostentam com orgulho.

Envolvido nesta preocupação, por força de ser um utente do SNS, mas também por ser irmão de uma médica que sofre muito, porque é uma lutadora, honesta e idealista entre gentes que na maior parte dos casos dá atenção aos factos sociais, pelo seu lado mais fácil, populacho e até fundamentalista, no dia 24 de Dezembro, podendo estar a preparar-me, para saborear os sonhos, estive a debruçar-me sobre o que poderia dizer aos médicos que conheço, e, nomeadamente, à minha irmã sobre as greves anunciadas para depois do dia 2 Janeiro 2012.

Penso que as decisões a tomar, em consciência, devem levar em linha de conta, entre outros, os seguintes pressupostos:

1- Muitas das chefias hospitalares e outras demitiram-se das suas responsabilidades de salvaguarda do interesse dos doentes e do pessoal médico;

2-Este governo é de pendor autoritário e promotor de desigualdade e injustiça social;

3- Os sindicatos para além da defesa corporativa dos interesses dos seus associados, no campo da saúde, têm também de pensar nos doentes que acorrem ao SNS e nunca poderão ser instrumentos de políticas partidárias, ou de outros de grupos de interesse entrincheirados na área médica, de enfermagem e farmacêutica

4 -As administrações, por vezes, são corruptas, de pouca coragem e incompetentes

5 - Pode haver ruptura de recursos, e serem precisas medidas extraordinárias, para acorrer às necessidades dos doentes, até que haja um plano urgente, para resolver a questão, o que, os sindicatos, as administrações, os utentes devem exigir;

6 - Os médicos do SNS, em relação aos do sector privado, estão altamente prejudicados, e não devem nem podem, como os demais trabalhadores, serem sujeitos a trabalho escravo, por isto, é legitimo que reclamem e façam greve;

7- As pessoas, os utentes do SNS, isto é, eu, tu, nós, ou porque votaram neste governo e deputados, ou se abstiveram, são responsáveis por esta governação, e, obviamente, têm de conhecer o que os seus eleitos andam a fazer, e sofrerem, de algum modo, as consequências, não como método de expiação, mas de aprendizagem;

8 - Os médicos do SNS devem e tem o direito de salvaguardar os seus interesses;

9 - Ao nível da moralidade e da cidadania todos têm o direito de se indignarem e o dever de denunciarem os corruptos. Todavia a sociedade portuguesa está QUASE COMPLETAMENTE PODRE, e a todos os níveis protegem-se os corruptos. A sociedade está quase completamente dominada por redes de ditadores que querem o poder a todo o custo, para servirem interesses particulares.

É neste contexto cruel, a caminho da tragédia que cada médico tem de tomar a sua decisão.

Que a moral, a coragem os guie, mas também não podem camuflar a situação muito grave que se vive no SNS, de que as taxas moderadoras, face ao sistema de isenções, é uma simples gota.

Taxas que obviamente podem ser discutidas ao nível da constituição, mas NÃO É O QUE MATARÁ PORTUGUESES.

A morte e o sofrimento estão mais nas coisas mais essenciais e internas aos hospitais e no tratamento de nós todos, estão no miolo do SNS e não na pele.

OS MÉDICOS face ao que lhe é imposto, porque em muitos casos não há nenhuma negociação, ficando arbitrariamente desprotegidos os direitos destes profissionais e do utentes, têm o Dever de tomar a melhor decisão.

O país, os cidadãos que praticam a cidadania, devem tomar conhecimento e consciência do que está em jogo, que pode passar que para se garantirem os serviços de urgência, para além da duplicação das horas extraordinárias de serviço dos médicos a mais baixo preço, se diminua os cuidados nas enfermarias, com graves riscos para os doentes internados, isto é, um caso pouco grave nas urgências pode ter prioridade sobre um caso grave de um doente acamado, internado, o que, a acontecer é de uma gravidade extrema, etc.,etc….


Andrade da silva























































1 comentário:

andrade da silva disse...

Embora o problema se mantenha foi aberto um ciclo de negociação entre sindicatos e governo.
asilva