Nos meus Abris de 1972, 73, 74, 75 sonhei com uma terra, um Portugal, em que a LUA, O SOL, A TERRA, O MAR, AS FLORESTAS, OS ANIMAIS, A MULHER, O HOMEM, A AMIZADE, A DIGNIDADE, AS CRIANÇAS E OS IDOSOS, fossem livres.
Que jamais existissem em Portugal capatazes de gente, donos de almas salazaristas que trazem tanta gente aprisionada a mortes inglórias anunciadas, ou à sua transformação em eunucos, porquê o AMOR AO OUTRO MORRE.
Os meus ABRIS são AMOR, DIGNIDADE; LIBERDADE, FESTA. Fora disto reside a negação da humanidade que amo e que me compõe. Fora disto, para mim existe, o INFERNO, as Ditaduras do dinheiro e das burocracias.
Porquê e quem matou este meu sonho, que era também o daqueles jovens de 25/26 anos de idade, naqueles idos? Porquê e quem?
O que têm feito de tão mal daqueles Abris que só os jovens e os que nunca mataram em si o permanente adolescer possuem?
Minhas amigas e meus amigos sereis poucos, mas mesmo poucos AMAREMOS O AMOR, simplesmente, pura e nuamente.
Assim sei, porque de outro modo não podia ser, quem saúda a liberdade e a vida, de um modo livre e amante serão sempre poucos, não serão os vencedores, mas nunca serão os vencidos. Serão humildes luzeiros, por entre um universo toldado e cheio de cadáveres: Noruega, Bélgica, África, Ásia, e, entre nós, de tantos sós, prisioneiros e perdidos.
Mas o Sol continuará a alevantar-se, ora mais cedo, ora mais tarde; ora hoje, ora amanhã, mas nós o saudaremos em verdade, alegria, amor e liberdade. Sempre.
Pelos jovens de hoje GRITO PARA QUE REALIZEM O SONHO DELES de que participo, com a alma dos meus 25 anos de idade, aquando do 25 de Abril de 74.
E alerto para o facto de que os algozes, os velhacos, os cavalos de Tróia estão por toda a parte, em todos os neo.-liberais, neo-fascistas, pós-revolucionários protofascistas, intolerantes de toda a espécie, sectários que calam, silenciam, através do banimento, como os fascistas sul-africanos, no tempo do apartheid, toda o pensamento divergente, agem debaixo de uma capa democrática, quando são apologistas da ditadura, desde que detenham o poder para submeter os rebeldes.
Portugal está cheio desta gente que falando da liberdade, querem para eles o abuso do poder, para esmagarem a dignidade humana. Esta gente é mais perigosa que o neo-liberais, porque o seu DNA é o mesmo que o dos fascistas - são totalitários, intolerantes, inimigos do homem, gente mesmo obsessivo-compulsiva na perseguição do diferente, do homem livre, serão os verdadeiros coveiros de Abril, de Portugal e dos portugueses, se nós o consentirmos.
Coisas…
andrade da silva
Foto: do jovem tenente, que já eu não sou, que sonhou e lhe mataram roubaram o sonho.
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