Como já disse e repetirei até à exaustão
não me sinto responsável, como cidadão política, económica e moralmente pelo
actual estado de coisas, que desde 1990 denuncio com
muita insistência.
Nunca hipotequei o meu
rendimento disponível, para além da recompra de metade da minha casa, um T2,
de 3 mil contos, a preços de 1985, depois de quase a ter pago por incidentes da
vida, e sempre pautei os meus comportamentos profissionais e pessoais pela ética do
servidor público, isto é, não delapidei, contrariamente, administrei com parcimónia os recursos
postos à disposição dos órgãos que dirigi,
e nunca desviei em meu benefício um tostão ou um cêntimo, ou qualquer
influência, ou objecto material ou imaterial, isto é, nada, absolutamente nada,
obtive para além do meu vencimento, (
injusto) com o qual, pelo contrário, por vezes paguei coisas que os serviço deviam ter suportado.
Todavia não concordo é com acusações míopes, a deputados ou
outros, pois que a questão central na vida pública,
empresarial e mesmo ao nível mais elementar dos cidadãos são os
valores, nomeadamente, o comportamento ÉTICO, só este pode gerar confiança, e só com confiança entre
governantes e governados podem manter-se as democracias, e, aqui, repito
com Eduardo Lourenço, se o movimento dos indignados fosse consequente
a Europa e a América já estavam a arder, e, com Boaventura
Santos, digo são precisos novos dirigentes. Os actuais estão a asfixiarem –
nos e a conduzirem-nos para uma morte
lenta, e, é nesta perspectiva tão grave que quando vejo propostas mesquinhas
me revolto, como as de querer responsabilizar os deputados ou mesmo outros políticos
por tudo.
Julgo sim que todos os servidores da
Republica têm de estar sujeitos a um mesmo código
de ÉTICA e não só os deputados, se é verdade que leis gerais
são só eles que fazem, mas decretos e portarias faz o governo e
nas câmaras também se criam normas, editais que favorecem
as vereações, e na Madeira até nem se respeita a lei das incompatibilidades dos
deputados, ao que acresce que se as leis podem ser mal feitas de propósito, ou
até não se fazem as leis para combater a
corrupção, esta existe como uma prática na sociedade que pode relevar da falta de leis que a combatam, mas também terá como móbil fundamental a falta
de ética dos vários agentes e dos cidadãos, em geral.
Face a isto, interessaria sim, por um lado, a constitucionalização de um
preceito ou instituto constitucional para todos os titulares de órgãos
de soberania, do poder
central e local que objectivamente criasse normas éticas e sanções
administrativas para a sua violação, para além das judiciais, sendo
que estas, entre nós não funcionam, e, por outra, muito mais importante, a difusão geral ao nível da formação dos cidadãos
da importância da moralidade e da ética, valores que estão atirados para
debaixo dos tapetes da maioria das casas portuguesas.
Numa palavra cidadãos ou grupo de cidadãos deveriam apresentar propostas e
actos consistentes com objectivos a atingir, para não andarmos sempre atrás de coisas
coxas, míopes de um verdadeiro andar em círculo, como tem
sido em grande parte os movimentos de contestação, que reúnem muita
gente para dizer que isto está mal e muito menos para dizerem que mudança
querem.
Temos de ser éticos, objectivos e claros de todas as pessoas que
se reúnem aos milhares nas ruas só uma parte delas tem
uma proposta de mudança alternativa global que são os militantes do
PCP. Militantes que são acompanhados por muitos outros milhares
para tentarem corrigir os erros e mesmo crimes destas
governanças, mas não são defensores do
mesmo paradigma social e politico, e, aqui, reside a questão
se os Governos caírem nas ruas, onde está a alternativa que mobilize maioritariamente o
povo?
Não havendo uma alternativa mobilizadora e global a história
diz o que se segue: REVOLUÇÃO/ CONTRAREVOLUÇÂO, REVOLTAS, CAOS, GUERRA
CIVIL, OU DITADURAS.
Também sabemos que nada será feito ao mesmo tempo por 100% da população,
sobretudo no caso da portuguesa que é muito
idosa, conformista e muito guiada pelos humores dos ditadores. A
mudança será sempre motivada por um grupo de liderança que servirá
de fermento e de ignição à explosão social, mas esta será tanto
mais profunda, democrática e digna, quanto mais ético e próximo
do povo, pela sua audição, estiver aquele grupo
de liderança.
Na minha opinião este é o desafio, o resto é mais do mesmo, ou pior do mesmo,
como, aliás, se tem visto.
Sociológica e politicamente neste
jogo de espelhos todos percebem, porque se quererá dizer que há outras leituras, claro, sobretudo as que
mais servem os interesses parcelares de grupos organizados e motivados para a
tomada do poder, sem ter como móbil fundamental
PORTUGAL E O POVO PORTUGUÊS e a sua ligação umbilical a todos os povos do mundo.
E uma vez mais cai o pano e o silêncio, e uma vez mais se fica mais próximo
da tragédia, por falta de LIBERDADE E DIGNIDADE/ÉTICA.
andrade da silva
PS: É muito interessante verificar que muito tempo depois de falar destes e
de outros assuntos recebo dezenas e e-mail´s a dizerem o mesmo, como se fosse
novidade, isto mesmo está a acontecer
agora com chinisação da Europa, de Portugal e do Mundo do que já falo
desde 2008, neste blogue. Interessante
2 comentários:
são precisos novos dirigentes, novas cabeças não afectos a religiões, ou politicas totalitárias. acredito que o PCP vteve o seu tempo com Alvaro Cunhal, agora essa política não faz qualquer sentido. também não vislumbro qualquer outro partido político a fazer face a este governo, antónio josé seguro é um fantoche que toma o peq almoço com o coelho, até penso que combinam "jogadas" entre os dois.
ps e psd são os "amantes regulares", isto é, raramente estão desavindos, combinam estratégias entre eles. os chamados "dissidentes" da ala esquerda do partido socialista, são o fogo fátuo, sem força para actuar. não existe qualquer comportamento ético ou valores de cidadania entre a maioria dos deputados, eles não nos podem inspirar confiança,na medida em que são os respectivos partidos, em reuniões nas sedes, que deliberam a actuação dos deputados na assembleia, como muito bem deve saber. não estão ali para defender o povo, por isso governo e representantes do povo estão ambos a conduzirem-nos para uma morte lenta.
não consigo entender como políticos que prometem isto ou aquilo, vêm sucessivamente,desmentir as suas promessas feitas apenas no dia anterior, isto já não é de hoje nem de ontem, por isso não me me considero ofensivo para com o povo, ao afirmar que o povo é estúpido e, por isso, tem o governo que merece.
há 10 anos que os erros de sucessivos governos levaram-nos a esta morte lenta, com o povo, ceguinho, a votar naquele que mentia melhor. programas de partidos sempre passados a papel quimico, promessas não cumpridas, o Portas e as feiras, o Cavaco e os reformados, etc...
orgãos de soberania, quando já não existe soberania? proximamente seremos apenas, uns tipos ali do sul da europa, cuja identidade se perdeu, porque o seu povo, de marinheiros, capitães de abril e descolinazões selvagens, se tornou naquilo que sempre foi: desinteressado, bronco,iletrado, pobre, dependente de outros, esperando a salvação através de outros que não ele próprio. um povo sem espinha dorsal, um povo que não consegue lutar, mas espera sim que outros façam o trabalho que ele. povo que deveria começar a pensar FAZER. já vai sendo tempo que os portugueses aprendam que não há ninguém que os possa salvar, para além deles próprios. e não vejo qualquer alternativa: esse combate terá de ser feito nas ruas, indignados, ou não, tem de ser feito.
Pois este é o nosso problema, só que desloco mais o centro da nossa tragédia para a falta de lideranças do que para menos capacidades do povo, os povos não mudam muito de um lado para outro,o que faz a diferença são lideranças.
sim o PS de António Seguro,está seguramente perdido em combate, sem norte,sem chama e isso só complica tudo e mesmo a luta da rua que é de mais, muito mais de contestação do que de construção. Contestar é universal, construir são projectos
parcelares.logo... sem O PS na luta ou uma orça emergente que o substitua mobilizando os indiferentes e os socialistas a coisa fica preta, mesmo que o governo venha a cair por pressão da rua, ou por outras polémicas mais laterais.
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