segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

CRISES: VITÓRIAS E DERROTAS DO POVO.




Viver é,  sempre, algo de muito critico, mas a questão das crises em Portugal também  junta outra dimensão - não temos conseguido ser  justos e honestos, e temos permitido que nos roubem, muitíssimo, em nome de crises, no caso da actual  provocada por ladrões financeiros.

Na minha opinião é objectiva e subjectivamente  falso que se tenha vencido qualquer crise  em Portugal, à excepção de três: a Revolução de 138-85,  a da ocupação  de Portugal pelos  espanhóis e a do regresso dos portugueses das colónias,  após o 25 de Abril 74 , as outras, nunca foram superadas, entre estas,  refiro,  a da 1ª República  que continuou, de outro modo, pelo fascismo dentro, e a presente, se for como muitas das outras, terá o mesmo desfecho: remoção espontânea, por esgotamento e malabarismos dos poderosos, mas  depois vai continuar de um outro modo, ou seja, com 66,66% das pessoas mais pobres, uns países e uns quantos mais ricos, os servidores destes, gestores etc. também bastante melhor. Depois lá virão uns quantos dizerem  que Portugal, o mundo continuaram (pudera!), logo se venceu a crise, até a próxima. 

Todavia, isto é uma ilusão, um número de magia feito pelos poderosos, e servido como lição de história aos demais, mas é MENTIRA HISTÓRICA E HUMANA,  VIL E GIGANTESCA que precisa de ser combatida, e só o será,  quando se perceber que vencer uma crise, seria vencer o mecanismo que a produz, e, sobretudo, a fatalidade da sua superação ser sempre do mesmo modo:  injusta, cruel, dramática  para mais de 2/3 da população, e trágica para os que viram a suas vidas suprimidas, muitos pela morte, a fome ,o desespero e o suicídio, e para estes as crises nunca foram superadas, isto é, só a mudança do paradigma cognitivo, moral e comportamental dos cidadãos, da generalidade destes, dos 66,66% expostos a estas tragédias, poderia alterar o curso da história, até lá, esta será um vil engano de crueldade e tragédia,  para aqueles  dois terços que se deixam embalar pelos restantes, muito embora, nestes, ainda alguns apanhem com os estilhaços desta gigantesca ópera bufa.

 Numa palavra, a encenação democrática não é qualitativamente diversa da ditatorial, é simplesmente muito mais inteligente, muito mais técnica e tecnologicamente perfeita de um ponto vista psicológico, do condicionamento psicológico , intelectual e mental  que aquela, como a actual campanha da coca-cola sobre o glorioso Portugal (que existe) prova.

Embora, reconheça toda a perda de tempo neste esforço de falar diferente de oráculos e pitonisas,  estupidamente, reconheço, insisto  nestas temáticas, porque por uma obsessão moral não me sinto capaz de ficar indiferente ao que, os psicólogos conhecem como a negação: a doença está lá, o tumor está a matar, mas o heróico   condenado, para poder sobreviver nega, diminui o desassossego,  morre tranquilamente.

 Todavia, se este mecanismo  no plano individual, no caso das doenças terminais, é balsâmico, quando  transposto para a sociedade é uma tragédia, que vai continuar.

Como Eduardo Lourenço diz -  a história é um contínuo de crueldade e, por vezes, tragédia, e, alguma vezes, as duas coisas em simultâneo… Enfim, se à crueldade não podemos fugir,  tentemos evitar a tragédia.

Força. Abraço fraterno  para todos no início deste 2012 e sempre.

andrade da silva


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