A propósito de uma intervenção numa tertúlia.
A questão da geo-estratégia levantada por um nosso companheiro tertuliano,
merecendo um mais apurado desenvolvimento, parece-me, que se pode dizer que esse pensamento existe
com D. João II, e que está materializado no tratado de Tordesilhas que é em
data muito oportuna assinado..
Pensamento já existente, por isso, D. João II esconde a descoberta
do Brasil em 1492, por João Coelho, e através de um erro
grosseiro "voluntário", se vai dizer que a sua descoberta
acontece em 1500, por Pedro Álvares Cabral, depois de assinado o tratado
de Tordesilhas, em 1498, exactamente nos termos em que foi,
para permitir a Portugal a posse daquelas terras de Santa Maria.
Também a descoberta do caminho marítimo para a Índia está
dentro deste extraordinário conceito de geo- estratégia de dividir o
mundo a descobrir por Portugal e Espanha, com o beneplácito do Papa -
então, as terras virgens que seriam
muitas, eram propriedade de Deus, logo do seu representante na Terra , o papa –.
Portugal dono de meio mundo é de facto algo de
uma genialidade estratégica excepcional - face à ideia existente que
os mares estariam cheios de terras a descobrir.
A descoberta do caminho marítimo para a Índia cai
dentro deste maravilhoso plano, pois sendo as especiarias
das índias, o oiro da altura que melhor poderia acontecer
que as ir buscar directamente ao oriente, substituindo nesse
negócio os árabes.
Também corresponde a uma necessidade estratégica criar meios
de subsistência para um povo. Se a terra de que dispõe é pouca,
estando à beira dos mares, é de a eles se fazer, até porque se sabe que
há terras, ou mesmo por uma questão de ousadia.
Pensamento estratégico este que
falta ao actual governo, está atrasado séculos.
Perante a exiguidade, um governo não diz emigrem, pode é fazer outra
coisa, uma emigração política, acompanhada, ou seja, o governo Português
através de acordos coloca portugueses no mundo, com um bilhete de regresso, não
os abandona a uma aventura incerta, Naqueles tempos os réis acompanhavam
os que partiam, com eles ia Portugal, o reino.
Na minha opinião, o pensamento geo-estratágico da expansão marítima está
condensado no tratado de Tordesilhas e nos seus muito
brilhantes pressupostos, e na sua própria produção, daí o cognome de príncipe
perfeito de D. João II.
De facto é muito surpreendente como uma pessoa - um conjunto de
pessoas - pudesse naquele tempo ter tanta e tão grande visão -surpreendente.
E que falta nos faz termos alguém hoje com tal categoria cognitiva, coragem e liderança!
andrade da silva
2 comentários:
Eu choro o meu país e o despedimento que nos bateu à porta.
"De facto é muito surpreendente como uma pessoa - um conjunto de pessoas - pudesse naquele tempo ter tanta e tão grande visão -"
já naquele tempo...:)
Infelizmente, mas ...
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