sexta-feira, 15 de junho de 2012

Um Emigrante Morre em Russelsheim a pensar no regresso



Na apresentação do Livro:

Nota:
 Em 14 de Dezembro de 1980 faleceu em Russelsheim, na República Federal Alemã, o emigrante português Joaquim Marques dos Reis.
........Joaquim Marques dos Reis, operário e dirigente de uma Associação  de emigrantes portugueses na cidade onde vivia, lutava pele transformação do mundo e amava muito a sua terra, os trabalhadores como ele e também as crianças. Isso se pode ver através da leitura dos seus poemas........

..............da Fraternidade ele tinha conhecimento. Com fraternidade lemos as suas composições simples e as organizámos para publicação. Este livro não é mais  de que uma homenagem a um homem que trabalhou, lutou e acabou por morrer, quando o sonho do regresso ia ser finalmente concretizado.

............ Brincar com a vida e o sofrimento dos emigrantes, aproveitar-se de tudo isso para manter o poder,eis o que fazem agora, os que afinal levaram Joaquim Marques dos Reis a emigrar ao lado de centenas de milhares de outros portugueses, por não terem condições para sobreviver. Hoje novamente no poder, essa gente privilegiada, através dos seus representantes  políticos, manipula os legítimos anseios, dos que vivem e trabalham lá fora, tenta servir-se dos emigrantes para conseguir manter o poder precário e fugidio.

Lisboa, Março de 1981
António Modesto Navarro


Regresso
            I
Vida traiçoeira e bela
Que um homem emigrado tem
Perde amigos, faz amigos
é sempre assim um vaivém.

              II
Nesta sociedade mal traçada
A vida imprecisa, inconstante
Traz-nos alegrias e tristezas
E vai-se desfazendo por aí adiante.

                III
Emigrar, emigrar à procura de nada
Perder-se a mocidade a sonhar
Ai que vida mal traçada
Que a gente tem fora do lar.

                 IV
Regressar, regressar à Pátria
Para uma vida mais calma
Onde  tristeza mais precária
Não seja vida que se derrama.

                    V
A duplicidade no sofrimento
Do Português fora, imigrado
Tira-lhe todo o contentamento
Como se fosse um homem acabado.
  
Joaquim Marques dos Reis

6 comentários:

andrade da silva disse...

Por todos e com todos os nossos emigrantes.Nunca os esquecerei, sou um migrante também, sinto as suas dores, as suas saudades como eles e por eles também luto e grito, mas quem me ouve? O cosmos, o amor. Bastará?.

E quanto ao Fernando Pessoa revisitado nos seus heterónimos, é sempre algo de interessante, mas não foi uma completa surpresa.

abraço
asilva

Marília Gonçalves disse...

Porquê aqui o Fernando Pessoa????
Marília

andrade da silva disse...

porque lili larouge diz a mesma coisa, em simultâneo?
asilva

Marília Gonçalves disse...

ah ah ah ah, mero acaso, tanta gente me crisma a seu gosto, tanta coisa me chamaram, mas sou sempre una e indivisível, com todos os nomes penso e digo o mesmo e sou a mesmíssima pessoa,com as evoluções inerentes aos anos e à vida, seu maroto!
sua amiga
Marilia

andrade da silva disse...

É lúdico.

Esperemos que a Europa do pós 17 de Junho com as eleições em França e na Grécia se torne mais lúdica, està a ficar muito esmagada, agora, pelas sanções Alemães, há algo que cheira a pangermanismo e germanófilos nos países, isto tá a ficar a modo que muito parecido com 1945, por outras vias,mas...

Marília Gonçalves disse...

Haverá algo mais angustiante,que todos estes pontos de interrogação, sobre tantos países? obre tantos pontos de nossas vidas?
abraço, Capitão.
Marília