terça-feira, 23 de outubro de 2012

BEBEDEIRA DO PODER E CORRUPÇÃO.





 Entrevista do general Garcia dos Santos, onde, fala da vertigem do poder e de  como o impoluto Eng, Cravinho não correu com os corruptos da JAE que passavam  dinheirinho para o partidozinho, e, por esta e por outras, podem ter pago com a  vida quem estes tumores quis combater.

                    EXCERTO DA ENTREVISTA

 Mas como é a bebedeira do poder? Pouca gente tem coragem de falar nisso…
 Já senti isso uma ou duas vezes. É assim: quando a gente está a falar, há uma plateia com   duzentas pessoas, e começa a entusiasmar-se… Às tantas uma pessoa começa a sentir-se rei  e senhor daquilo tudo. É o tipo que manda, o tipo que faz. E isso nalgumas pessoas começa    a dominar as suas personalidades. É preciso muito cuidado.

Há muita bebedeira do poder por aí?
É capaz de haver. Mas de uma total vacuidade. Que é que a gente vê hoje nos nossos políticos? É só garganta! Nunca fizeram nada na vida! Falam, falam, falam, mas mais nada. São completamente vazios. É por isso que eu digo que não vejo no horizonte ninguém capaz de pôr isto a funcionar como deve ser.

Mas estamos melhor do que há 38 anos…
Claro que sim! Mas vamos pagá-lo muito caro. Nós estamos a viver do dinheiro que vamos buscar lá fora. E depois como é que é? Como é que a gente o vai pagar? O que é a gente está a fazer para preparar o futuro? É que a gente não pode viver só do dinheiro que vai buscar lá fora. Temos que pensar o que vamos fazer, como é que está a nossa economia. Há alguma coisa que esteja a ser preparada no sentido de pôr a nossa economia a funcionar? Zero! Quer outro exemplo? As auto-estradas, as Scuts. Eu tive uma conversa com o engenheiro Cravinho em que ele me disse que ia pôr a funcionar as Scuts. Eu disse: “Ó senhor ministro isso é um tremendíssimo disparate!”. A Scut é uma invenção inglesa, ao fim de pouco tempo os ingleses puseram aquilo completamente de parte, por causa do buraco que era previsível. Mas disse-me que o assunto estava exaustivamente estudado sob todos os aspectos, técnico, financeiro. Está à vista o buraco que são as Scuts.

E as PPP?
É a mesma coisa.

Quando saiu da JAE denunciou uma situação generalizada de corrupção. Acha que as PPP também se integram nessa situação? O Tribunal de Contas diz que houve contratos que lesaram o interesse público...
Tem que se admitir a possibilidade de haver ali corrupção, e da forte. Como é que se atribui a uma determinada entidade certos privilégios que não seriam naturais? É porque se calhar há alguém que se locuptou com alguma coisa. Infelizmente, outra coisa que funciona mal no nosso país é a justiça. Nunca chega até ao fim.

Foi colega do eng. João Cravinho no Técnico…
Foi por isso que ele me chamou para ir para a Junta. Sabe o meu feitio e quis que eu limpasse a casa.

Mas o que é que aconteceu? O eng. João Cravinho chama-o para limpar a casa, o senhor limpa, e depois zangam-se. O que se passou?
Fomos colegas no Instituto Superior Técnico. Houve um jantar de curso e nesse jantar o Cravinho a certa altura chama-me de parte e diz: “Tens algum tempo livre?”. E eu disse: “Tenho, mas porquê?”; “Eu precisava de ti para uma empresa”; “Que empresa?”; “Agora não interessa, a gente daqui a uns tempos fala”. Passado uns tempos chamou-me e disse-me: “Eu quero que vás para a Junta Autónoma das Estradas, mas não digas a ninguém que o gajo que lá está [Maranha das Neves] nem sonha”. O Cravinho deu-me os 10 mandamentos do que eu precisava de fazer na Junta, limpar a casa, obras que era preciso fazer, etc. Entretanto, comecei a conhecer a casa, dei a volta ao país todo e um dia disse-lhe: “Há aqui uma série de coisas que é preciso fazer e há 11 fulanos que é preciso pôr na rua”. Ele retorceu-se, chamou-me daí a dois dias, disse que era muito complicado. O problema é que era através de uma das pessoas que eu queria pôr na rua que passava o dinheiro para o PS.

COMENTÁRIO:

  Coisas miseráveis, mas simplesmente coisas…. talvez misérias… talvez?!….

   E os alarves, ainda se riem….

   PS:
  Entrevista completa:

  Garcia dos Santos, um capitão de Abril
  

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