sábado, 1 de agosto de 2015

01 - LIBERDADE E CIDADANIA * A fadiga e os princípios


Os anos que já vivi, os desgostos que carrego e o rosário de frustrações sociais que desfio (desfiamos?) causam-me uma fadiga difícil de suportar e mais difícil de debelar.
Dos anos, dos desgostos, das frustrações sociais não poderei mais livrar-me --- são parte integrante do meu percurso. Não poderei viver uma outra primavera e as perdas que sofri e provocaram os meus desgostos são irreparáveis. Quanto às frustrações sociais será diferente porque aconteceram independentemente da minha vontade e nada nem ninguém poderá garantir-me que não se altere o concerto que as determinou. Se depois da tempestade vem a bonança, haja esperança!, que, segundo dizem, é a última a morrer. E não confundo aqui optimismo com esperança.
Na minha idade, posso dizer estar cansado já de esperar, tantas têm sido as frustrações sociais, mas concedo esta minha «fé» no ditado popular –- depois da tempestade vem a bonança. Que chegue a tempo!
O concerto das frustrações sociais decorre, muitas vezes, de acções e atitudes que muito ficaram a dever à postergação dos princípios particulares e gerais eticamente consagrados e reclamados pelo cidadania.
Nunca interesses materiais ou outros determinaram a minha entrega à cidadania. Para mim, a participação cívica é um imperativo. Outras vontades e outros concertos determinaram o meu afastamento. E esta minha postura não é exemplar único. Muitos se afastaram quando tiveram de afrontar essas vontades e esses concertos. A recusa é uma opção. Cidadão que sou, recusei caminhos que nunca foram os meus, que nunca serão os meus. Hoje, estou onde sempre estive. Afastado? Não, não estou afastado. Quando me chamarem os caminhos que sempre percorri, eu direi «presente!» Aos outros, direi sempre a famosa recusa, ainda que noutro contexto, do Poeta José Régio: «Eu não vou por aí!»

*
José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 31 de Julho de 2015.

1 comentário:

andrade da silva disse...

Caro companheiro e amigo

Aquele abraço.

Conhecemos e reconhecemos as pequenas vitórias e as grandes agruras.

asilva