sexta-feira, 21 de outubro de 2016

05 - POEMÁRIO * Os medos




Tu tens medo e eu também tenho.

Temos todos nossos medos.

Tens medo do que há-de vir

envolto no nevoeiro

da manhã por descobrir?

Ou tens medo do que veio,

do que veio e se instalou

na cama da tua insónia

e te rouba antemanhãs

ruborizadas de luz?



Conta-me os passos que deste

e dize-me o que trouxeste

nos ontens da tua vida!



Mede os passos que vais dar

nos hojes da tua vida

p’ra mais tarde me dizeres

que sonhos de primavera

trouxeste no teu bornal

para perfumar à noite

a mesa da tua ceia!



Só depois, já noite adentro,

me falarás dos teus medos

que sufocam a manhã

que tu temes que amanheça…





José-Augusto de Carvalho
Alentejo, 20 de Outubro de 2016

1 comentário:

andrade da silva disse...

Caro Carvalho

Olhando o Mundo não sinto medo. Pressinto o desastre, a tragédia, e sei que se isso acontecer vai ser precisa a gente da muita coragem, agora, dispensável. Este tempo que passa, como todos os tempos do faz de conta, são tempos dos manteigueiros, dos vermes, das larvas. Os tempos de aperto precisam dos Leónidas, se os houver...but!....

abraço
asilva