Montemor-o-Novo
A autora, a vereadora Palmira Catarro, a professora Vitalino Sofia
Maria José Maurício
A autora, a vereadora Palmira Catarro, a professora Vitalino Sofia
Contam-se
neste livro diversas estórias, baseadas em factos reais da nossa História Contemporâneano
antes, no durante e no depois de Abril/74.
Entre estas, com o título: "Desbravar a terra, erguer o sonho",
construiu a autora um“conto”, dedicado às gentes de Montemor, à sua história,
às suas tradições de luta pelo trabalho e pelo pão, de resistência pelo fim da
ditadura salazarista e pela conquista da liberdade.
Em tempos que já lá vão, quando
Abril florescia em primavera libertadora, e nas terras secas e abandonadas pelos
agrários da região se lançavam as sementes da reforma agrária, o povo levantou-se
e, em aliança com os militares do Movimento das Forças Armadas/MFA, deu
expressão ao sonho secular de cultivar a terra e colher o pão, contra a vontade
dos latifundiários que as queriam abandonadas, mantendo-as na sua posse.
Pela pena do Prémio Nobel- José
Saramago, muitas páginas da nossa literatura são dedicadas à gesta heroica
deste povo que, abraçando um dia os cravos vermelhos da liberdade e sorrindo
com confiança no futuro, por ironia da história e a maldade de alguns, viveu a
tragédia de ver de novo, regada com o sangue vermelho dos trabalhadores, terras
de Montemor, em acto cruel de usurpação do resultado do trabalho colectivo e de
vingança mórbida, tirando a vida impiedosamente a dois lutadores (um deles com
17 anos), na cooperativa agrícola que era de todos, mas que o agrário a
reclamava como sua.
O conhecimento destes factos, a
experiência de trabalho de formação para a cidadania em igualdade entre
mulheres e homens, a recolha de depoimentos de algumas das mulheres
protagonistas da construção da reforma agrária, inspiraram a autora para a
escrito do “conto” já citado, e, através da heroica
Luísa, ilustra o papel determinante das mulheres de Montemor na construção da
reforma agrária, em 1974/75.
Luísa simboliza, na visão da
autora, a força da vida, o entusiasmo da juventude, a determinação na acção, a
tomada de consciência das mulheres para a defesa dos seus direitos e para a sua
emancipação social. Elas queriam ser cidadãs plenas e conquistar, por elas
próprias, esse direito. Elas queriam participar e participaram na vida política
e social, eleger e serem eleitas para todos os cargos de decisão em igualdade. Elas
queriam estar e estiveram,de corpo inteiro, na revolução.
Com toda a justiça, estas
mulheres anónimas, filhas do povo, figuram, entre outras, na galaria das
pioneiras que, com a sua luta determinada, tornaram possível a consagração de
direitos universais e específicos das mulheres, na Constituição democrática de
1976.
Passados mais de 40 anos, sobre
os acontecimentos referidos, tive a grata satisfação de reencontrar algumas
dessas heroínas,que acolheram o livro muito calorosamente e, naquele espaço de
cultura e história, ali rememoraram os dias felizes de Abril.
Contaram-me episódios da luta
árdua e como enfrentavam os agrários, das dificuldades que tiveram na
construção das cooperativas da reforma agrária e, em jeito de saudosa alegria,
com o brilho nos olhos, diziam-me: «… mas nestas lutas lá estava o Andrade da
Silva, do MFA, que nos defendia dos agrários e nos ajudava a erguer as cooperativas…»,
muitas delas, evocando a acção e a solidariedade dos militares da Escola
Prática de Artilharia de Vendas Novas, com grande entusiasmo evocavam o nome de
Andrade da Silva.
Para estas mulheres que não têm
memória curta e para quem a gratidão não é uma palavra vã, a aliança Povo/MFA
não foi uma mera circunstância. Foi, como testemunhei, na tarde de 30 de
Setembro de 2016, uma União Verdadeira e Consistente entre militares e oficiais
delegados do MFA e o povo, filhos e filhas das terras do concelho de Montemor e
de todo o Alentejo, com um objectivo comum: consolidar e defender Abril, abrir
os caminhos do futuro para a conquista de uma vida com trabalho, pão e
dignidade.
Aqui fica o registo dessa
inesquecível tarde. Agradeço a todas as amigas e a todos os amigos o contributo
insubstituível para a divulgação e realização desta sessão (entre eles o
Andrade da Silva no seu blog), onde o espírito de Abril esteve presente de
forma muito emotiva e solidária.
Bem
hajam!
Maria José Maurício
5 de Outubro 2016
Nota;
Histórica, factual
Até meados de Agosto 75, o PS e o, então, Brigadeiro Pezarat Correia acompanharam e apoiaram todas as acções que como delegado do MFA realizei ,e que no terreno eram seguidas pelos militantes e simpatizantes do PCP,PS, UDP de outras organizações e de muito povo sem nenhuma filiação. A chamada cooperativa do PS de S. Manços, por António Barreto, contou como apoio do MFA do mesmo modo em quantidade e qualidade que todas as demais e nasceu com uma gestação idêntica a todas as outras, já depois de Julho de 75. Na formação desta cooperativa tive um papel pessoal ao negociar com os latifundiários condições que servissem a ambas as partes, sempre que possível, quando houvesse interlocutores usávamos este método.
Também neste período Julho/ Agosto 75 o PCP e o PS Évora, conjuntamente, realizaram em Mora, uma sessão de Homenagem ao MFA, referenciando em mim, então, um elo de convergência fundamental na prossecução da Revolução de Abril no Alentejo. Todavia umas semanas depois no Lavre a percepção já era outra, de havia 2 MFA o de Pezarat Correia - os dos 9 - e um outro comunista, perigoso, o dos gonçalvistas, em cujo grupo todos os reaccionários me incluíram, sem que nada tivesse mudado no meu comportamento, ou pensamento.... coisas do Diabo...
Contudo, tudo valeu a pena. Foi o despertar do sentido da Dignidade Humana para muitos. Sentido de Dignidade de novo e noutras circunstâncias bastante espezinhado.
andrade da silva
Nota;
Histórica, factual
Até meados de Agosto 75, o PS e o, então, Brigadeiro Pezarat Correia acompanharam e apoiaram todas as acções que como delegado do MFA realizei ,e que no terreno eram seguidas pelos militantes e simpatizantes do PCP,PS, UDP de outras organizações e de muito povo sem nenhuma filiação. A chamada cooperativa do PS de S. Manços, por António Barreto, contou como apoio do MFA do mesmo modo em quantidade e qualidade que todas as demais e nasceu com uma gestação idêntica a todas as outras, já depois de Julho de 75. Na formação desta cooperativa tive um papel pessoal ao negociar com os latifundiários condições que servissem a ambas as partes, sempre que possível, quando houvesse interlocutores usávamos este método.
Também neste período Julho/ Agosto 75 o PCP e o PS Évora, conjuntamente, realizaram em Mora, uma sessão de Homenagem ao MFA, referenciando em mim, então, um elo de convergência fundamental na prossecução da Revolução de Abril no Alentejo. Todavia umas semanas depois no Lavre a percepção já era outra, de havia 2 MFA o de Pezarat Correia - os dos 9 - e um outro comunista, perigoso, o dos gonçalvistas, em cujo grupo todos os reaccionários me incluíram, sem que nada tivesse mudado no meu comportamento, ou pensamento.... coisas do Diabo...
Contudo, tudo valeu a pena. Foi o despertar do sentido da Dignidade Humana para muitos. Sentido de Dignidade de novo e noutras circunstâncias bastante espezinhado.
andrade da silva
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Amigas e Amigos
A HISTÓRIA E OS COMBATES CONTINUAM!
Em 8 de Outubro, sábado, pelas 15,30, na Casa do Alentejo e
integrando o dia dedicado à cultura e etnografia da Vale de Vargo,( as comemorações, convívio e danças tradicionais iniciam-se pelas 10 H) a Obra será
apresentada com a presença da autora.
Este gesto de grandiloquente amizade da Câmara Municipal de Serpa,
da União de Freguesias e outras associação de Vale de Vargo merece todo o
realce e o nosso bem-haja. Muita poucas vezes, a consideração e a
amizade por uma obra e a sua autora vão tão longe, e é tão genuina, de modo a
integrar, com todo o destaque esta apresentação nas suas celebrações, em torno
de memórias, vivências, afectos e também dores de partidas inesperadas, carnes,
corações e almas rasgados pelas vergastadas sulfúricas da Vida.
Bem-Haja!
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