sábado, 27 de outubro de 2018

BILHETE POSTAL DE RESPOSTA




Jose Antonio Bragança 

Com a permissão do Dr. Andrade da Silva, partilho-vos este texto belíssimo, que na beleza de suas

palavras e mensagem, nos transmite na sua resposta à minha carta aberta de 17/10/2018. 

Nesta bela

lição, devemos reflectir profundamente sobre as temáticas aqui mencionadas. Deixo-vos a carta e saúdo-vos na amizade. Bem-haja Dr. João Andrade da Silva.
“Caro Amigo José António
Estou de acordo com o que dizes quanto à organização do Estado, no sentido de que temos de produzir mais riqueza, gerir melhor os recursos, cuidar da divida e do controlo das contas, mas há três pedras de toque que não podem faltar, ou seja:

- Um melhor e mais eficaz estado social na saúde, escola e segurança nacional e das pessoas; 

- A constituição de um estado de direito para combater a corrupção, fraude fiscal, situação grave em que vivemos, e que sem se extirpar este tumor a riqueza a distribuir vai ser bastante encurtada, como tem sido... Um grande número de agentes do estado: políticos, funcionários e empresários subtraem recursos financeiros ao pais, a todos nós, e muitos lugares de direcção a portugueses competentes para darem a "sobrinhos:" e afilhados;

- E um mais justo reconhecimento e recompensa financeira do mérito em cada profissão (intra-profissão) e também nos cargos políticos de um modo transparente, para tornar menos desigual a sociedade portuguesa

Sem se querer alcançar estes desígnios e propósitos que deviam ser comuns a todos os partidos democráticos, havendo naturais diferenças na sua operacionalização, andaremos em círculo, voltando sempre à estaca zero: pobres, malfadados, espoliados. Todavia e, contrariamente, o que se verifica inter-partidos  é que a base de concordância é exactamente o não combate à corrupção e o silenciamento sectário e furibundo de todo o pensamento critico.
Naturalmente, que penso que as juventudes poderão alterar a correlação de forças dentro dos partidos se forem críticos e não seguidistas, mas isto é uma tarefa hercúlea e, normalmente, quem prossegue estes desígnios é " matado civilmente”. No entanto, é um bom sinal terem -te convidado, e mais importante será se te escutarem. Mas superar os condicionamentos e as estruturas criadas no interior dos partidos para a continuidade é uma TAREFA GIGANTESCA própria de HOMENS do tamanho do Universo: Leónidas, Infantes D. Henrique- o rei e o de Sagres...
É preciso lutar, muita motivação, mas as correntes humanas e sociais actuais, muito fortes, avassaladoras, tipo vastíssima enxurrada, correm noutros sentidos, derrubando a dignidade, a sapiência e o mais ténue sentir humano, caminhamos para um estado de subhumanidade fétido e escuro, contudo a ciência, a arte, a inteligência. a motivação e a coragem podem reverter este percurso.
Caro amigo
Da minha parte darei todo o apoio aos portugueses que quiserem travar as lutas decisivas, mas há um trabalho de fundo, de muito fundo, que é- sem esquecer o passado - é força e fonte de saberes- conhecendo bem o presente e quem somos, qual o projecto: politico, social, cultural, económico, demográfico, de desenvolvimento e mobilidade social para o Futuro, para Portugal e os portugueses, bem como, sobre o nosso papel histórico na Europa. África, Brasil e restante Mundo?
Infelizmente, em Portugal assistimos aos jogos políticos do taco a taco, a política da situação é para a gente da situação a melhor e para as oposições o caos, seja quem for uns ou outros. Só se discute a circunstância, a conjuntura, atitude comum a todos, o que, não era o comportamento normal do PCP, e, então, agora , a um ano de eleições não se sai disto, concluindo nos partidos por muitas razões .mas pela pressão do jogo eleitoral não se pára, nem pode parar para pensar, à excepção do PCP que tem um projecto estudado e pensado há décadas e com raízes seculares, em todos os demais partidos todos os recursos são utilizados para o momento para se ganharem votos-eleições. 
Não havendo quem pense o Futuro, tudo o que se faz é determinado pela visão limitada e limitativa de se manter o poder conquistado ou conquistá-lo. logo ...é o momento que conta ,e o momento é uma sucessão de momentos erráticos determinados pela grande variabilidade das conjunturas: politicas e económicas europeias ,EUA e China.
Mas julgo que em termos estratégicos um novo grupo de liderança e pensadores pode emergir e ajudar políticos com abertura intelectual, moral e cognitiva, comportamento honesto e inteligência geral, emocional e social acima do que é corrente em política fazerem a diferença, mas isto é um IMPOSSÍVEL- POSSÍVEL.
Um grande abraço
João Andrade da Silva
25/10/2018”

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