sábado, 25 de abril de 2020

O NOSSO 25 de ABRIL 2020 GRANDIOSO HERÓICO

CORAGEM PELA VIDA
JUNTOS
À  SALGUEIRO MAIA
CONSTRUIR O FUTURO
... somos todos capitães...,


O NOSSO ABRIL
25 ABRIL 2020

O mar sem fim, a aventura, a viagem que dilatou o pequeno Portugal, semeando os filhos de Luso pelo Orbe, levando o seu belo e rude falar a todos os recantos da Terra.
Sebastianistas ou imigrantes, sonhadores imóveis ou activos, continuam a sonhar, mas a viagem e aventura acabou.
Coube-nos desse modo o ridículo e o opróbrio de sermos o último império colonial do nosso tempo, o mais arcaico e menos desenvolvido, o último baquear desde que se levantaram os ventos das autonomias.
A surdez e a cegueira voluntárias e coriáceas do Salazarismo mantiveram Portugal arredado da solução pacifica dos problemas suscitados pela colonização.
A Ítaca liberta estava em ruínas, exausta pobre: Ulisses tinha agora de a salvar e renovar, uma vez arredados, na madrugada limpa do Abril português, aqueles que, depois de explorarem e encarcerarem todo um povo, levaram a servidão a outros continentes.
É esse o conteúdo mais transcendente da nossa Revolução de Abril: não só se restaurou uma Liberdade perdida, mas pôs-se definitiva e irrevogavelmente fim à viagem iniciada cinco séculos antes pelas caravelas afoitas do Infante D. Henrique e de D. João II.
A viagem distraiu-nos durante quinhentos anos das necessárias tarefas de desenvolvimento doméstico.
Hoje, criam-nos hábitos de preguiça, indiferença e aversão ao trabalho, favorecem entre nós a facilidade em seguir falsos milagreiros e taumaturgos de feira política, inculcam-nos a funesta tendência para a improvisação e o amadorismo, viciam-nos afinal a consciência nacional e o civismo, amolecem-nos como colectividade.
Reduzem-nos em suma a nossa capacidade de cidadania responsável e actuante.
Agora é preciso recomeçar, não há a viagem pelo espaço ou a aventura lá longe, mas a descida vertical dentro de nós mesmos, o auto-aprofundamento de nós próprios pelo trabalho e pelo esforço físico.
Percamos a mania de esperar o encoberto que nos há-de salvar sem esforço nosso, façamos antes, longamente, pacientemente, o caminho da nossa própria salvação iniciada a 25 de Abril de 1974.
Lembrando as palavras de Miguel Torga: “O delírio colectivo foi longe demais. O dilaceramento da pátria ultrapassou aquele limite de perdição para além do qual só resta o abismo. De todos os lados o clamor é o mesmo: morra Sansão e quantos aqui estão. A tendência suicida que antes era de poucos, agora parece generalizada. E o povo, com o instinto de conservação intacto, protesta. Ludibriado, mais uma vez, na sua boa-fé por demagogos de todos os quadrantes, reage como pode, numa réplica desentendida aos cânones de novo compromisso social. (…) virando assim as costas desassombrosamente aos valores falsificados que lhe quis inculcar uma revolução de mentira, acaba por restaurar em nós a esperança numa revolução de verdade.”, Diário Vol. XII, pp. 184-185, Coimbra 1977.
Seja como for, uma vez reencontrado o País que sempre fomos, mesmo quando a diáspora nos disseminou pelo Orbe, saibamos proceder ao reexame dos nossos mitos à luz das nossas iniludíveis realidades, corrigindo os primeiros com a luz das segundas, fecundando estas com a levedura dos primeiros.
E reconheçamo-nos com quem de facto somos, isto é, flautas à praia tornados, judeus errantes regressados enfim ao nosso Israel insular.
A todos os que defendem verdadeiramente o espírito de Abril e defendem a liberdade, deixo estas minhas palavras e pensamento fraterno como irmãos.
E no esforço, empenho e dedicação a Associação Salgueiro Maia empenha nos seus trabalhos e não deixa apagar a mensagem de Abril da memória dos portugueses.
Honra a Salgueiro Maia! Honra a Portugal!
Texto
José António Bragança
25ABR20