quarta-feira, 16 de julho de 2008

01 - LIBERDADE E CIDADANIA --- Peço a palavra -1

Desde há milénios que os homens de boa vontade problematizam a sociedade humana. E muitas são as propostas deste acervo. De todas ressalta a necessidade indispensável de garantir a dignidade como valor de indiscutível perenidade.
A necessidade de regulamentar a vida em sociedade determinou o advento da política, o governo da cidade, como nos ensinaram os gregos. E esse governo pode ser o poder de uma classe, que passa automaticamente a classe dominante, ou numa sociedade sem classes, onde o poder é exercido democraticamente, e aqui, socorrendo-nos ainda dos gregos, que também nos ensinaram que democracia significa poder do povo ou poder popular.
É irrelevante, a esta distância da Antiguidade Clássica Ocidental, discutirmos a pureza da democracia ateniense. Relevante será termos todos a noção do tempo que vivemos, que reconhece os Direitos Universais do Homem.
Sem simplismos, entendemos que uma sociedade sem classes é um lar multiplicado por n, onde todos os seus membros têm o seu lugar, na dignidade.
Hoje, quem poderá assegurar, com verdade, que vivemos numa sociedade democrática? Tantos são os interesses que se opõem!...Tantas são as determinações que provocam desigualdades!... Tantas são as determinações iníquas!... Etc, etc, etc...
Hoje, neste mundo dito democrático, onde vivemos, se tentarmos analisar qualquer umas das vertentes que constituem a pluralidade da sociedade, o tal estado da nação, veremos, apenas, «o estado a que isto chegou». E não será jamais sustentável que os governantes se considerem legitimados pelo voto popular. A legitimidade terá de ser avaliada a outros níveis: o da inteligência, o da capacidade, o da responsabilidade, o da verdade e o da liberdade desde que sempre corresponda a fraternidade humana.
Finalizando, é urgente definirmos o tipo de sociedade que temos e o rumo que queremos para a sua dignificação, numa homenagem aos que morreram pela utopia, no reconhecimento por aqueles que lutam pela transformação da utopia em realidade, no anseio de garantirmos aos vindouros a verdade responsável dos Direitos Universais do Homem.


José-Augusto de Carvalho
Viana do Alentejo, 16.7.2008

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