domingo, 28 de fevereiro de 2010

A POBREZA MATA E ROUBA A LIBERDADE.




A Marília, num seu comentário ao poema, A Chamada, revolta-se e com toda a justiça, por tanto se falar de Liberdade, quando velhos e crianças morrem de míngua, fome e frio pelas nossas ruas e cidades. Muitos, alguns, pensam que estes concidadãos vivem pior que no esclavagismo e na idade Média, então, os seus donos eram no mínimo obrigados a alimentá-los e abrigá-los, enquanto que, nesta sociedade vivem das esmolas que não são obrigatórias. A esmola depende exclusivamente da generosidade de alguns.


A Liberdade não pode ser um conceito abstracto, naturalmente que quem tem fome e não tem casa É UM PRISIONEIRO DA SUA CONDIÇÃO SUBHUMANA. Não é uma pessoa livre, vive na ditadura da miséria e da exploração, ponto.

Há em Portugal de 20 a 30% de portugueses sem direitos e sem liberdade, mas disto não tenho dúvidas, digo, e dizia-o no blogue da Associação 25 de Abril que foi calado no dia 13 de Junho 2008, dia de santo António, é bom não esquecer.

A liberdade de expressão não é uma prática corrente em Portugal. Sempre que se pode, todos quase sem excepção calam as opiniões diferentes. Os que em Portugal detêm algum poder tendem a ser totalitários e inquisidores. É uma questão de cultura e mentalidade.

Quanto às crianças são as piores vítimas de toda esta injustiça.

Mas para se alterar todo este estado de coisas, em democracia, entre nós, seria preciso que 2,5 milhões de pessoas estivessem de acordo, e até seria bom que nos lessem, mas somos lidos por quantos? E quantos lideram projectos políticos que ultrapassam toda a nojeira de que aqui falamos?

Quem defende a sociedade justa, livre e do mérito está fora deste tempo canalha, onde, vencem todos os trafulhas. É louco, quem perante tanto deserto e vazio fala do que a maioria quer, mas nada quer arriscar e quer que tudo caia do céu, ou lhes seja dado pelos que só querem o seu sangue e força de trabalho, contradição fundamental e que só pode levar cada um a aceitar a injustiça que por desdita lhe é atribuída.

Percebo, como diz António Lobo Antunes acerca dos seus textos, que são quase um diário, também os textos que, aqui, se editam, o são, que partilhamos com alguns amigos, enfim…

Não é por falta de pedir a quem nos lê que tragam mais cinco, mas pela Internet correm coisas, muitas, que prendem mais a atenção. Seria preciso um milagreiro, mas esse eu não sou e parece que, por aqui, não há nenhum de serviço, coisas…

COISAS…..

andrade da silva
PS: Uma saudação muito especial aos que nos seguem, também vos seguimos.

8 comentários:

Marília Gonçalves disse...

essa universal fome, por culpa de uns quantos LOBOS é sem perdão.
Marília


A miséria é um horrível sorvedoiro;
Vamos! enchei-o com punhados d'oiro,
Mostrando assim aos olhos das nações
Que é impossível já hoje (isto consola)
Morrer de fome alguém, pedindo esmola
Na mesma língua em que a pediu Camões!


Guerra Junqueiro




"Este poema é de 1877, justamente quando se inicia a terrível seca de 1877-1879 no Nordeste e que no Ceará foi até o ano de 1880. Afirma Rodolpho Theophilo, que a estudou demoradamente, que o obituário de Fortaleza no período elevou-se a 65.163 pessoas. Fortaleza possuía então por volta de 20 mil almas, que foram acrescidas subitamente de cerca de 110 mil migrantes da seca. Herbert Smith, jornalista inglês que percorria o Brasil àquela época, foi testemunha ocular dessa seca e afirma com algum exagero que “durante 1877 e 1878, a mortandade no Ceará foi provavelmente perto de 500 mil, ou mais da metade da população”.

Marília Gonçalves disse...

Acordar, viver


Como acordar sem sofrimento?
Recomeçar sem horror?
O sono transportou-me
àquele reino onde não existe vida
e eu quedo inerte sem paixão.


Como repetir, dia seguinte após dia seguinte,
a fábula inconclusa,
suportar a semelhança das coisas ásperas
de amanhã com as coisas ásperas de hoje?


Como proteger-me das feridas
que rasga em mim o acontecimento,
qualquer acontecimento
que lembra a Terra e sua púrpura
demente?
E mais aquela ferida que me inflijo
a cada hora, algoz
do inocente que não sou?


Ninguém responde, a vida é pétrea.

Carlos Drummond de Andrade

Marília Gonçalves disse...

pertence ao Estado
cabe ao Governo
e à Presidência da República
zelar e criar condições dignas de reinserção para todos os pobres e desvalidos
a esmola é uma solução que nada resolve senão momentaneamente
não se vive só de ao seco! é preciso casa, andar vestido decentemente!
quem da trabalho a um roto e faminto numa sociedade de aparências?


Quem nada tem, nada come;
E ao pé de quem tem comer,
Se alguém disser que tem fome,
Comete um crime, sem querer.

Aleixo

A esmola não cura a chaga;
Mas quem a dá não percebe
Ou ela avilta, que ela esmaga
O infeliz que a recebe.

Aleixo

Anónimo disse...

Entra sempre com doçura
A mentira, pr’a agradar;
A verdade entra mais dura,
Porque não quer enganar.

Aleixo

Anónimo disse...

na poder arranjar receita que mate a fome a todos
assim tudo comia

Anónimo disse...

A pobreza, torna-se facilmente num beco sem saída, onde só a rua dá a sensação de se ser dono de qualquer coisa, que mais não seja, dono do seu próprio corpo, que se atira para um canto qualquer. em qualquer esquina.Nesses momentos, o poder atirar o corpo, é sinónimo da única liberdade que se tem.
Se as coisas podem mudar? Podem, se todos quisermos mudar.
Dulce Reis

andrade da silva disse...

Caras Amigas

Graves, fortes e justas palavras.

sim Dulce tudo em Portugal pode mudar se convencermos 50% das pessoas que se abstêm que elas são precisas e que com elas, e com dirigentes pobros, honestos, livres podemos mudar PORTUGAL.

São precisos 2 milhões e 500 mil votantes num novo projecto, numa nova ideia.

Por mais que digam sem se mobilizar 50% dos 50% dos que se abstêm não à solução, porque os outros 50% que votam mais voto,menos voto votarão como já votam há 35anos.

abraço
asilva

Marília Gonçalves disse...

a cada criança perdida para a vida


A um infante defunto

Asa de sol
Flor de neve
Voo breve
Rouxinol
Tempo que tempo
Não teve
Na vida que se te deve
Com perfume de arrebol.

Estranha seara
Que o dia
Incendiou no poente
Duma estrela que fugia
Da luz do dia virente.

Asa de sol
A esbater
Tonalidades da vida
Criança do verbo haver
Rota pra sempre perdida.


Marília Gonçalves