sexta-feira, 16 de agosto de 2013

PORQUE HÁ TANTO SURDO-MUDO EM PORTUGAL,QUE DEPOIS PASSA A FOLCLORISTA?



Fiz o seguinte resumo do ano 2008 neste blogue e...., como sempre os surdos- mudos nada ouviram, logo,  nada disseram, como sempre, mas...

29 DE DEZEMBRO DE 2008


2008 UM ANO DE GRAVE CRISE DOS VALORES, ALICERCES DA DEMOCRACIA



O ano 2008 termina como alguns, em tempo oportuno, em Fevereiro, alertaram o país e altos responsáveis para que uma grave crise vinha aí, e que não seria meramente financeira, mas sobretudo económica. Crise que já tinha dado alguns sinais em Portugal com o aumento do desemprego, das taxas de juro e os vencimentos e prémios escandalosos dos gestores e administradores, de que até falou o Sr. Presidente da República, isto é, a crise já tinha uma dimensão interna, nos níveis financeiro, económico, social e moral

Eu próprio reportando-me a uma conferência do economista Ferreira do Amaral, no Ministério da Defesa, em Fevereiro, fiz um alerta para o que iríamos ter pela frente. Neste sentido dirigi memes ao Sr. Dr. Mário Soares, publicados no blog, silenciado da Associação 25 de Abril, recordando-lhe que não seria suficiente governar um pouco mais à esquerda, como, então, o antigo Presidente da República defendia, também apelei ao Sr. deputado Manuel Alegre para agir muito para além das abstenções em votações.

Para além da crise económica e financeira termina-se o ano com uma crise social grave, baseada numa flagrante injustiça neo-liberal, em que todos os ganhos que o erário público conseguiu, obtidos na segurança social com base no sacrifício desumano e inaceitável de milhões de desgraçados e dos trabalhadores em geral, são agora mobilizados e gastos ao desbarato para defenderem as grandes fortunas de uns poucos por cento de cidadãos de Portugal.

Também no contexto interno é preciso referir que as alterações de várias politicas sectoriais tiveram consequências dramáticas na vida de muitas pessoas. Neste caso, estão, por exemplo a retirada de comparticipações a um conjunto de análises médicas de rotina, medicamentos, o mesmo na área da medicina oral e na das medicinas alternativas, criando dificuldades tremendas aos doentes já fidelizados às mesmas e aos diplomados nessas áreas que, de um momento para outros, viram-se sem doentes com capacidade de custear as consultas e de adquirem os medicamentos que são, de um modo geral, caros, isto é, nesta área desrespeitaram-se direitos dos doentes, e criou-se uma situação de crise grave entre os seus técnicos.

Também se chega ao fim do ano com um PSD na ante câmara da morte; um PS neo-liberal, arrogante e autista, confiante que as pessoas protestam na rua com o Bloco de Esquerda, mas votam PS, como afirmou o deputado Lello, o que lhe dá força acrescida para ampliar as politicas dirigidas, sem dó nem piedade, contra os trabalhadores, as classes médias.
Concorrendo para esta tragédia está o facto de que a alternativa de esquerda, sob a bandeira da convergência de esquerda, está somente a ser canalizada para o aumento do peso eleitoral do Bloco de Esquerda, o que, a acontecer dificilmente tirará a maioria ao PS neo-liberal, e enfraquecerá perante uma nova maioria do PS a sua ala de esquerda, nomeadamente a posição de Manuel Alegre que verá necessariamente a sua posição enfraquecida no interior do PS, e será acusado de ter promovido uma transferência de votos para o BE, o que, objectivamente, é mesmo assim, resta perguntar com que efeitos para a politica nacional?

Na minha opinião qualquer caminho que Manuel Alegre prossiga no interior ou fora do PS deve ser autónomo com alternativas próprias que não podem ser o ruído do Bloco de Esquerda, que sendo útil não é uma alternativa de Governança, do que as pessoas se apercebem, como diz o deputado Lello, no momento da votação.

Naturalmente que defendo todo o diálogo e convergência de esquerda para enfrentarmos as dificuldades, mas, neste momento histórico, o que falta em Portugal é um partido, uma força política de centro – esquerda, social-democrática e socialista, que obrigue os neo-liberais a assumirem-se como tal, e a serem sufragados nas urnas, sem disfarces, com seus programas neo-liberais.

O caminho que julgo de maior Sol para Portugal e os portugueses seria que esta realidade acontecesse, através da reconquista da social-democracia no interior do PS, mas com a blindagem de Betão que Manuel Alegre diz existir e com o Ministro Santos Silva, como o da ideologia deste governo, tal mudança parece impensável. O ministro Santos Silva se, ontem, extremou as suas posições à esquerda, hoje, com maior virulência as agudiza à direita. É o comportamento pendular, característica de determinadas personalidades.

Marca lugar, ainda, no fim deste ano conflitos sociais graves, como seja o dos professores em que espantosamente acerca da avaliação vão todos de passo errado. O que o governo propõe tem erros graves, aliás, os mesmos da avaliação dos militares e dos funcionários públicos, e o que os professores propõem não é uma avaliação, mas sim uma auto –avaliação, seguida de uma troca de impressões com os órgãos de gestão da escola.

Tudo isto é muito grave, porque impedirá o estabelecimento de uma cultura democrática que para o ser, tem de assentar no mérito, na liberdade e na negociação responsável e ética, outras formas de impor soluções sejam feitas pela força das maiorias para injustamente fazerem cumprir os seus desígnios , ou pela pressão da rua para negar a justiça da prática de um acto legitimo e imperativo, são comportamentos que tem como raiz as sequelas do regime ditatorial, acientífico e ignorante que foi destronado em 25 de Abril 74.

Mas a questão mais pesada será a do desemprego e da miséria, associada à generalizada corrupção que crassa pelo país, sem punição, isto é, aumenta a miséria, mas os ricos ficam ainda mais ricos, e quando entram em queda livre na falência, por gestão danosa e corrupta, lá vai o governo socorrê-los, como aconteceu com o banco Privado de Negócios, onde, se acantonavam as 3 mil famílias mais ricas de Portugal que sabiam do negócio especulativo daquela instituição.

Ganharam milhões, e, agora, o Governo aparece para proteger as fortunas fraudulentas com dinheiros públicos que deveriam ser utilizados mais produtivamente noutros investimentos, e, aqui, uma vez mais, através de uma pseudo nacionalização se vai sanear financeiramente aquele banco, para depois o entregar por preços simbólicos ao sector privado, provavelmente com dinheiros emprestados pela concorrente CGD, algo semelhante ao que parece que aconteceu com a compra do Totta, aquando das privatizações.

O ano também termina com algumas sombras sobre Belém, (diz-me com quem andas…), o facto de Dias Loureiro se manter como conselheiro de Estado parece só ser possível com o apoio pessoal do Sr. Presidente ao seu amigo de sempre Dias Loureiro.

Com todas estas sombras, com o PS do Sr .Eng. Sócrates a cumprir o papel histórico que lhe cabe nesta fase neo-liberal do capitalismo, com os sociais-democratas e os socialistas esmagados e fora dos sectores de poder, com Manuel Alegre numa indecisão já retardada, sem alternativas de governo à esquerda, com as cambalhotas de neo-liberais, como Durão Barroso, para se manterem à superfície  e com o eventual agravar da crise em 2009, graves canseiras e desassossegos vários nos esperam, mas o GRANDE DRAMA SERÁ SEMPRE OS DESEMPREGADOS, VÍTIMAS DESTES DESMANDOS NEO-LIBERAIS.

Naturalmente que se saúda a Lei da IVG, a lei anti-tabaco, a lei do divórcio, a chegada do Magalhães às escolas, o aumento do tempo de funcionamento das escolas, o apoio ao transporte escolar, mas tudo isto somado, podem ser migalhas face aos benefícios e isenções fiscais dos bancos e das grandes fortunas e, apesar destes factos positivos, nada, de modo algum, pode atenuar a severa critica à permissividade do Governo perante determinados negócios e vencimentos de gestores absolutamente imorais, face ao país que somos, e a censura não pode ser calada, nem maior, exactamente, porque o primeiro valor da democracia é a MORALIDADE E A ÉTICA.

É também verdade que face ao apertar do cinto a que a população em geral tem estado sujeita, Portugal tem respondido melhor à crise internacional, o que, teria sido um facto assinalável, se o esforço tivesse sido equitativo, mas, assim, não foi. Foi sim, desigual e injusto. A maioria está a pagar o desaforo de alguns milhares, que, entretanto, enriquecem, apesar e por força da crise.

Ainda quanto à crise internacional interessa sublinhar que esta tem estado limitada a sectores financeiros e económicos, onde, não estaríamos tão expostos como outros países, portanto, também os impactos serão mais colaterais e, estes, chegam mais tarde, naturalmente os seus reflexos só chegarão em 2009, com a sua expressão mais grave no aumento do desemprego.

Em conclusão ou mudamos de rumo em 2009, e aproveitamos as eleições para isso, ou tempos conturbados nos esperam, porque ninguém aceita ficar muito mais pobre, para que 1% ou 2% dos portugueses fiquem, ilegitimamente, mais ricos à custa do sacrifício de 80% ou mais da população.

As cartas estão quase todas lançadas e, neste contexto, quanto maior for a indecisão de Manuel Alegre e de outros agentes tudo fica mais fácil, para a continuação de mais do mesmo, ou ainda, como mais provável, pior do mesmo.

Uma nota finalíssima quanto ao braço de ferro entre a Presidência da República e o Governo, luta sem sentido a pronunciar outros conflitos, porque tudo poderia ter sido resolvido com a alteração dos artigos polémicos, ou com a fiscalização da constitucionalidade daquelas normas pelo Tribunal Constitucional, porque não seguiu o Sr. Presidente este caminho, e porque não deixou o PS cair as normas que deram origem a esta batalha, mais à frente se saberá, a razão de ser desta estratégia.

Andrade da silva 28 Dezembro 08


PS: Neste fim de ano não é possível calar o grito de desespero contra a comunidade internacional e os EUA por não se implicarem com toda a determinação na resolução do barril de pólvora e de morte do Médio Oriente e de muitos outros cemitérios de África, da Ásia e da América Latina, isto é, os mais pobres e miseráveis povos do mundo são mortos aos milhares e mesmo aos milhões às mãos de assassinos desses países, armados com armas produzidas no Mundo Rico e Democrático – grande paradoxo.

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