segunda-feira, 19 de setembro de 2016

DA VIDA E DA MORTE NO QUOTIDIANO E NA INSTITUIÇÃO MILITAR!




Da vida, todos nós sabemos que é única, e fora das horas transcendentes, TODOS, enquanto seres humanos inteligentes, queremos vivê-la, realizando plenamente os nossos objectivos, e dando o nosso melhor para que a dinâmica da vida cósmica nos ilumine na busca da sabedoria para resolução dos nossos problemas sociais, ambientais, económicos, políticos, culturais e de saúde etc.

Como portugueses saudamos a festa , a alegria, o mar, o ar e o fogo com   transbordante vigor, a que se juntam os povos nossos irmãos de África e do Brasil que ainda, emprestam-nos mais fulgor às nossa vidas, e, por tudo isto também julgamos que:

"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios...
Por isso, canta, ri, dança, ama e vive intensamente cada momento da tua vida, antes que o pano desça e a obra termine em aplausos..."







Neste enquadramento de vida que também é, de um modo particular, dos militares, pais, professores e avós, pela sua ligação muito próxima aos jovens, e no caso dos comandantes militares aos jovens adultos da casa dos 20 anos de idade , a morte de um jovem militar, em combate ou na instrução, é algo de tremendo e muito doloroso; é também uma derrota pessoal, e um pedaço, muito, de nós que morre. Nunca esqueci os militares que comandava ou os meus camaradas mortos em combate, ou o instruendo do meu pelotão que ficou ferido num acidente de tiro, numa progressão debaixo de fogo real (1973), também, como comandante de pelotão e instrutor  de minas e armadilhas, fui ferido, num pulso, fiquei com a marca registada,  com parte de uma rosca, aquando do rebentamento de um petardo de TNT de 100 g.

Por tudo isto, é muito doloroso, para nós militares, que servimos com orgulho e honra as Forças Armadas, e sabemos que a maioria dos nossos camaradas de todos os Ramos e especialidades cumprem o seu dever com altivez e honra, e, portanto, estamos com eles, falarmos dos que caem na instrução ou em combate, mas, sobretudo, na instrução, que tem por finalidade evitar a morte em combate.

Como antigo instrutor, dou o meu depoimento, afirmando e não iludindo nenhuma questão, que conheço e reconheço os riscos na e da instrução, e sempre os assumi, perante os meus instruendos, os seus familiares ,a instituição militar, a nação e também face à minha consciência.

Assumo plenamente os graves riscos da condição militar incluindo o da morte, mas em dadas e transcendentais condições, como quase todos. pensamos e cremos, e, tantos, milhares de militares, em tais condições, deram a sua vida pela Pátria, mas, outras vezes, para que um camarada não ficasse para trás e, neste campo da honra, e do supremo sacrifício, nenhum camarada ultrapassa em honra, dignidade e heroísmo qualquer camarada caído, independentemente, do seu ramo : Marinha, Exército ou Força Aérea , ou da cor da sua boina.


Todos cumpriram o seu dever com Heroísmo, merecem o respeito da Nação, e os seus familiares, como os nossos camaradas feridos ou doentes em combate ou na instrução, nunca podem ou deveriam ser esquecidos, e, muitas vezes, são abandonados, criticados e ingratamente olvidados. A Nação tem de pensar estas matérias, que, ainda, esta noite ocuparam parte dos meus sonhos, e, neste, com muitos outros camaradas gritamos perante quem, por vezes,  tanto   faz mal nos faz:  não sejam mais covardes, para quem quer o melhor para o seu País e Povo, sem nunca ser uma casta, como nunca o foi, desde a Batalha de Ourique que fundou Portugal, ou em 1385, nos descobrimentos, 1640, 1820, 5 de Outubro de 1910, mesmo no 28 de Maio de 1926, na guerra de Africa, e, muito menos ainda, no Glorioso e já muito esquecido 25 de Abril 74, e, bem assim, nas actuais missões de Paz- Bósnia, Kosovo, Timor, Afeganistão, Líbano.



A todos os meus camaradas militares e aos seus familiares na linha ascendente e descendente e a todos os concidadãos portugueses que partilham das nossas angustias, motivações e amor a Portugal e à Humanidade e servem Portugal e a humanidade em condições tão duras como, actualmente, acontece com os nossos camaradas , por exemplo, da Policia Marítima-  resgataram, no mediterrâneo, 3500 refugiados - um grande abraço solidário de amizade e partilha da dor dos que sofrem por lutos ou doenças.

Camaradas,  amigas e amigos, concidadãos até sempre!

andrade da silva


Sem comentários: