quarta-feira, 24 de julho de 2019

05 - POEMÁRIO * Não te rendas!




Não te rendas!

Mario Benedetti



Não te rendas! Ainda estás a tempo 
de conseguir e de recomeçar, 
de aceitar as tuas sombras, 
de enterrar os teus medos, 
de alijar o lastro, 
de retomar o voo… 

*

Não te rendas, porque a vida é isso: 
continuar a viagem, 
porfiar pelos sonhos, 
destravar o tempo, 
ultrapassar os escombros 
desnudar o céu… 

*

Não te rendas! Por favor não cedas, 
ainda que o frio queime, 
ainda que o medo morda, 
ainda que o sol se esconda 
e o vento se cale, 
ainda há fogo na tua alma, 
ainda há vida nos teus sonhos, 
porque a vida é tua e teu também é o desejo, 
porque tu o quiseste e porque eu te quero, 
porque é certo que existe o vinho e o amor, 
porque não há feridas que o tempo não cure… 

*

Abrir as portas, 
recolher os ferrolhos, 
abandonar as muralhas que te protegeram, 
viver a vida e aceitar o desafio, 
recuperar o sorriso, 
ensaiar o canto, 
baixar a guarda e estender as mãos, 
bater as asas, 
tentar outra vez, 
celebrar a vida e voltar aos céus… 

*

Não te rendas! Por favor não cedas,
ainda que o frio queime,
ainda que o medo morda,
ainda que o sol se ponha e o vento se cale, 
ainda há fogo na tua alma, 
ainda há vida nos teus sonhos, 
porque cada dia é um recomeço, 
porque esta é a hora e o melhor momento,
porque tu não estás só, porque eu te quero!





No te rindas

No te rindas, aún estás a tiempo
De alcanzar y comenzar de nuevo,
Aceptar tus sombras,
Enterrar tus miedos,
Liberar el lastre,
Retomar el vuelo.
No te rindas que la vida es eso,
Continuar el viaje,
Perseguir tus sueños,
Destrabar el tiempo,
Correr los escombros,
Y destapar el cielo.
No te rindas, por favor no cedas,
Aunque el frío queme,
Aunque el miedo muerda,
Aunque el sol se esconda,
Y se calle el viento,
Aún hay fuego en tu alma
Aún hay vida en tus sueños.
Porque la vida es tuya y tuyo también el deseo
Porque lo has querido y porque te quiero
Porque existe el vino y el amor, es cierto.
Porque no hay heridas que no cure el tiempo.
Abrir las puertas,
Quitar los cerrojos,
Abandonar las murallas que te protegieron,
Vivir la vida y aceptar el reto,
Recuperar la risa,
Ensayar un canto,
Bajar la guardia y extender las manos
Desplegar las alas
E intentar de nuevo,
Celebrar la vida y retomar los cielos.
No te rindas, por favor no cedas,
Aunque el frío queme,
Aunque el miedo muerda,
Aunque el sol se ponga y se calle el viento,
Aún hay fuego en tu alma,
Aún hay vida en tus sueños
Porque cada día es un comienzo nuevo,
Porque esta es la hora y el mejor momento.
Porque no estás solo, porque yo te quiero.
Mario Benedetti


Mario Benedetti nasceu em Paso de Los Toros, Uruguai, no dia 14 de Setembro de 1920. Com 4 anos de idade, muda-se com sua família para Montevidéu. Entre 1938 e 1941 reside em Buenos Aires, na Argentina. A partir de 1945 assume a redacção do semanário “Mancha”. Publica: “La Víspera Indelible” (1945), seu primeiro livro de poemas, “Peripecia y Novella” (ensaios, 1948) e “Esta Mañana” (contos, 1949).
Em 1952 participa do movimento contra o Tratado Militar com os Estados Unidos. Publica “Quién de Nosotros” (1953), seu primeiro romance. Em 1957, como correspondente dos jornais Mancha e El Diário, visita nove países da Europa. Publica “Montevideanos” (contos, 1959), “La Tregua” (1960), seu romance mais conhecido e “El País de La Cola de Paja” (1960), um ensaio sobre a crise pela qual o país atravessa.
Em 1965, lança “Gracias por El Fuego”, onde situa seu país numa época de crise econômica e social. Nessa mesma época escreve críticas de cinema e teatro para o jornal La Tribuna Popular. Em 1971 funda o “Movimiento de Independientes 26 de Marzo”. Com o golpe militar de 1973, Mario Benedetti é obrigado a sair do país. Passa por Argentina, Peru e Cuba e Espanha. Depois de 10 anos retorna para Montevidéu.
Mario Benedetti assume a direcção da revista “Brecha” e publica diversos livros, entre eles: “Cotidianas” (poesia, 1981), “Las Soledades de Babel” (poemas, 1991) e “La Borra del Café” (romance, 1993). Em 2002 recebe o título de Cidadão Honorário de Montevidéu. Faleceu em Montevidéu, Uruguai, no dia 17 de maio de 2009.

1 comentário:

andrade da silva disse...

Camarada,companheiro, amigo aquele abraço.
O nosso povo 50% mandou tudo isto à fava,como sempre fez,os outro: 48 % servem os seus donos,2% perdidos falam,falam, gritam perdidos e sós- não são ouvidos EIA!
PORTUGAL

aquele abraço
asilva