TEXTO 1
CRESCIMENTO ECONÓMICO
segundo Eugénio Rosas
Entre 2010 e 2019, para
excluir o ano de crise grave causada pelo COVID, o crescimento da economia portuguesa foi anémico
(0,8%/ano) o que prova a fragilidade quer da economia quer do crescimento que se estava a verificar.
Identificar e compreender a razão desta dupla fragilidade, e propor as medidas adequadas para o país
sair deste círculo vicioso de atraso, de baixo crescimento econômico, de baixa produtividade e de baixos
salários e de pobreza, devia ter sido o foco do debate político eleitoral, porque sem crescimento
económico sustentado, o país não sairá do estado de atraso em que se encontra nem será possível
aumentar rapidamente as condições de vida dos portugueses..
Infelizmente esse debate não foi feito, a
realidade foi esquecida, multiplicaram-se promessas de crescimento económico e de benefícios sociais
pagos pelo Estado. Mesmo uma melhor distribuição da riqueza produzida foi adiada para o fim da
legislatura, como defende Rui Rio. Mas os problemas estruturais do país vão continuar a agravar-se, e é
uma pura ilusão pensar que haverá um crescimento rápido da economia sem antes resolver estes
problemas. Este estudo, sem esgotar a matéria, é um contributo para essa reflexão e debate.
QUEDA INVESTIMENTO PÚBLICO
A queda do investimento público causou a degradação dos equipamentos públicos, de que são exs. a
falta de instalações hospitalares e a não construção de hospitais, escolas degradadas, atraso enorme na
ferrovia, etc., etc. com efeitos graves para o desenvolvimento do país e para o bem-estar dos
portugueses. Mas foi também assim que Costa/ Centeno/Leão reduziram o défice e a divida pública.
Como consequência o “stock de capital líquido” por empregado diminuiu de uma forma continuada em
Portugal com mostram os dados da AMECO, o contrário do que devia a acontecer e do verificado na UE.
Como mostram os dados da Comissão Europeia (AMECO), entre 2010 e 2021, o “stock de capital líquido”,
ou seja, o investimento em instalações, máquinas e outros equipamentos, etc., por trabalhador
aumentou na U.E. e na Zona euro, mas em Portugal diminuiu. Em 2010, o “stock de capital líquido” por
trabalhador em Portugal correspondia a 62,6% da média da U.E. e a 53,4% da Zona euro. E 11 anos
depois, ou seja, em 2021 já correspondia apenas a 55,8% do da U.E. e 48,7% da Zona do euro, ou seja, a
menos de metade. Como é que a produtividade por trabalhador poderá crescer de uma forma
sustentada e elevada investindo cada vez menos nos instrumentos de produção que ele utiliza? Isto
prova também que as atividades dominantes no nosso país e que mais se têm desenvolvido são
atividades de baixa intensidade de capital, consequentemente atividades de baixa produtividade e de
baixos salários. À luz destes dados também se compreende melhor a dimensão enorme das
consequências da crise causada pela pandemia no nosso país, pois este encontrava-se numa situação
muito frágil assim como a sua economia.
Persistir nos mesmos caminhos, estabelecer como objetivo
absoluto, a que todos os outros se devem subordinar e mesmo sacrificar, a redução rápida e significativa
da dívida pública e do défice, como aconteceu no passado, e ficar fascinado com um défice de 2021
menor que o estimado, como António Costa declarou (jornais de 13/1/2021), ignorando o que não foi feito
apesar de prometido, o que foi cortado apesar de necessário, é condenar o país ao atraso, à baixa
produtividade, aos baixos salários e manter uma economia frágil, que se afundará com “qualquer abanão” ).
(Continua)
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