sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

ESTAS ELEIÇÕES 2022


 

                                                    TEXTO 1

                                CRESCIMENTO ECONÓMICO 
                                   segundo Eugénio Rosas 

Entre 2010 e 2019, para excluir o ano de crise grave causada pelo COVID, o crescimento da economia portuguesa foi anémico (0,8%/ano) o que prova a fragilidade quer da economia quer do crescimento que se estava a verificar. Identificar e compreender a razão desta dupla fragilidade, e propor as medidas adequadas para o país sair deste círculo vicioso de atraso, de baixo crescimento econômico, de baixa produtividade e de baixos salários e de pobreza, devia ter sido o foco do debate político eleitoral, porque sem crescimento económico sustentado, o país não sairá do estado de atraso em que se encontra nem será possível aumentar rapidamente as condições de vida dos portugueses.. 

Infelizmente esse debate não foi feito, a realidade foi esquecida, multiplicaram-se promessas de crescimento económico e de benefícios sociais pagos pelo Estado. Mesmo uma melhor distribuição da riqueza produzida foi adiada para o fim da legislatura, como defende Rui Rio. Mas os problemas estruturais do país vão continuar a agravar-se, e é uma pura ilusão pensar que haverá um crescimento rápido da economia sem antes resolver estes problemas. Este estudo, sem esgotar a matéria, é um contributo para essa reflexão e debate.  


QUEDA INVESTIMENTO PÚBLICO




  A queda do investimento público causou a degradação dos equipamentos públicos, de que são exs. a falta de instalações hospitalares e a não construção de hospitais, escolas degradadas, atraso enorme na ferrovia, etc., etc. com efeitos graves para o desenvolvimento do país e para o bem-estar dos portugueses. Mas foi também assim que Costa/ Centeno/Leão reduziram o défice e a divida pública. Como consequência o “stock de capital líquido” por empregado diminuiu de uma forma continuada em Portugal com mostram os dados da AMECO, o contrário do que devia a acontecer e do verificado na UE.   

  Como mostram os dados da Comissão Europeia (AMECO), entre 2010 e 2021, o “stock de capital líquido”, ou seja, o investimento em instalações, máquinas e outros equipamentos, etc., por trabalhador aumentou na U.E. e na Zona euro, mas em Portugal diminuiu. Em 2010, o “stock de capital líquido” por trabalhador em Portugal correspondia a 62,6% da média da U.E. e a 53,4% da Zona euro. E 11 anos depois, ou seja, em 2021 já correspondia apenas a 55,8% do da U.E. e 48,7% da Zona do euro, ou seja, a menos de metade. Como é que a produtividade por trabalhador poderá crescer de uma forma sustentada e elevada investindo cada vez menos nos instrumentos de produção que ele utiliza? Isto prova também que as atividades dominantes no nosso país e que mais se têm desenvolvido são atividades de baixa intensidade de capital, consequentemente atividades de baixa produtividade e de baixos salários. À luz destes dados também se compreende melhor a dimensão enorme das consequências da crise causada pela pandemia no nosso país, pois este encontrava-se numa situação muito frágil assim como a sua economia. 

Persistir nos mesmos caminhos, estabelecer como objetivo absoluto, a que todos os outros se devem subordinar e mesmo sacrificar, a redução rápida e significativa da dívida pública e do défice, como aconteceu no passado, e ficar fascinado com um défice de 2021 menor que o estimado, como António Costa declarou (jornais de 13/1/2021), ignorando o que não foi feito apesar de prometido, o que foi cortado apesar de necessário, é condenar o país ao atraso, à baixa produtividade, aos baixos salários e manter uma economia frágil, que se afundará com “qualquer abanão” ).  

(Continua)


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