quinta-feira, 29 de julho de 2010

CONTRA-CONTRAREVOLUÇÃO ALERTA N+12 ( PRÉ-FINAIS)


JOVENS E IDOSOS, COMO OS TRATAMOS?


" aos jovens e idosos com muita amizade, dor, carinho, solidariedade e revolta"




Em Portugal a desumanidade contra os jovens e os idosos está a atingir limites indescritíveis e insuportáveis.


A propaganda da RTP1, apoiada no programa de prós e contras e numa jornalista de completa parcialidade, face aos poderes constituídos, mente e traça uma realidade artificial do que é a vida dos jovens licenciados. Naquele programa promovem-se meia dúzia de licenciados de sucesso, e são mesmo só meia dúzia, e o seu sucesso está de facto no seu mérito, no seu pouco número e em outros factores conjunturais , onde, a sorte e o azar desempenham um papel não negligenciável.


A realidade nacional é que não há mercado de emprego em quantidade e qualidade suficientes para a totalidade dos cursos que os jovens escolhem por opção, ou por imposição do sistema, e, seja qual for o curso, as vagas no mercado são menores que a procura.


Claro que neste quadro negro, o sistema, os donos das empresas, para não serem designados como os responsáveis, por este estado de coisas, por não criarem empregos, lançam contra os jovens as empresas de recursos humanos, para fazerem selecções que em muitos casos são verdadeiras jogos de sorte e azar, para eliminarem jovens talentosos do mercado de trabalho, responsabilizando-os por não conseguirem o acesso ao emprego.


É de salientar que muito dos técnicos de selecção são seres humanos e técnicos bem formados que compreendem que as sessões de selecção são também momentos privilegiados de crescimento pessoal e ajuda. Sei-o porque o fiz, e conheço outros que o fazem. Só que paralelamente a estes grandes profissionais há gente de má índole, pessoas imorais que desrespeitam os outros, e fazem selecções tecnicamente erradas, incompetentes. O sobredotado Alain de Botton ( filosofo, ensaísta, novelista e critico literário e de arte) num desses processos de selecção foi reconhecido, como pessoa mediana.


Conheço por experiência própria a desumanidade e mesmo atitude imoral de alguns psicólogos, e outros técnicos, senhores todo poderosos, de vários serviços, até de um que chefiei, em que eliminavam pessoas, com o fundamento de que por terem sido tratadores de cães tinham mais a mentalidade dos bichos que das pessoas. Decisão imoral, ofensiva e ilegal. O que será a mentalidade dos bichos, quem a conhece, ou alguma vez a definiu cientificamente?


Ao nível dos jovens é preciso sem nenhuma tibieza designar os culpados pelo seu infortúnio, desde logo: o estado por não promover um desenvolvimento estratégico e por não ter nenhum planeamento adequado das formações técnicas e superiores às necessidades do país, depois todos os empresários e,ainda, cumulativamente o estado, porque não geram nenhum mercado de trabalho.


Nesta grave e desumana situação, como podem esses senhores, responsáveis por este estado de coisas, como o são os srs Belmiros de Azevedo, banqueiros, Ernanis Lopes e outros, muitos outros, barafustarem contra o estado empregador. Mas se o estado não empregar tanta gente excelente, o que propõem esses senhores, donos de Portugal e, ou bem instalados na vida?


Obviamente, que são este modelo económico e a generalizada incompetência destes senhores, os responsáveis por este desgraçado estado de coisas e não os jovens.


Ainda recordo a minha juventude dos 25 anos, aquando do 25 de Abril, em que por ser jovem e pelos jovens, e pela dignidade ao longo de toda a vida lutei, e, agora, com nojo e revolta vejo toda esta gentalha a fazer o contrário do que devia, e, ainda, por cima a a mandarem máximas de um moralismo hipócrita, afirmando que todo o trabalho é digno, como sejam os pagos a 450 €/ mês, muito bem inferior aos aperitivos que esses senhores consomem nos seus faustosos jantares, e a anos- luz do prémio desse grande profissional Carlos Queiroz que, apesar de não cumprir os objectivos e mandar para a c. da mãe funcionários do estado, recebe um bónus de 700 mil euros. Bónus que representa no meu caso, com três licenciaturas de 5 anos cada, todas com a classificação de Bom e uma série de outros cursos profissionais, 350 meses de vencimento, ou 21 anos de trabalho. Boa!


Só me admira que esta cifra de jovens não entre na de risco da miséria, será por vergonha desta ignomínia, ou porque o INE e o governo contam com a almofada dos pais para segurarem e susterem os efeitos desta terrível, medonha, imoral, inaceitável situação?


Tudo isto está claramente dito com uma linguagem académica, que não pode ser direta, e não chega à conclusão politica, por Magda Nico, no Monde diplomátique de Julho 2010 ( recomendo vivamente que se tornem assinantes deste jornal por 40€ ano. Vale a pena. Considero um acto de cidadania essencial, para quem puder disponibilizar esta verba), sob o título: A massificação da precariedade juvenil".


Quanto aos idosos são as pensões de miséria e a cada vez maior falta de cuidados de saúde, o que, torna as suas vidas num tormento sem fim. É injusto, vil para quem deu o melhor que sabia e podia durante a sua vida para os outros e sobretudo para o estado e os capitalistas que os esquecem.


O capitalismo será sempre imoral, porque defende o interesse de poucos e explora quase todos, todavia dentro da sua intrínseca imoralidade, não pode ser criminoso, nem pode converter os seres humanos em coisas . Os capitalistas estão obrigados a respeitarem os direitos humanos que são uma sua produção.


Preocupado com a dignidade da pessoa humana do nascimento até à morte lá vou apresentando, de tertúlia em tertúlia, propostas, mas quando não as atiram pela borda fora, e aplaudem, mesmo neste caso, nada acontecerá, a não ser a sua ida para o caixote do lixo, muito embora de um modo politiqueiro e descoordenado algumas iniciativas que se tomam aqui e além, seja dos homens dos bares, ou dos bispos tragam algo da essência dessa proposta que em Setembro publicarei neste blogue, o que, já uma vez prometi, mas esperei que os motores deste blogue pudessem fazê-lo levantar deste voo tão próximo do solo, não o consegui, nem quem o lê, terá feito tudo o que podia, e eis-nos, onde sempre nos encontramos. Portugal é assim, a natureza é assim, quem não nasce com o dito cujo, voltado para a lua, só leva com tormenta pela frente.Nada de novo.



andrade da silva



PS:

Fiquei enternecido com a bondade humana, antes de ser manipulada pela maldade humana, manifestada num programa de TV, quando o apresentador pergunta a um rapazinho de 5, 6 anos - se a tua tia ganhar muito, muito dinheiro, estavam em jogo 5.000 euros, o que lhe pedes? Doce e maravilhosamente a criança respondeu um gelado. Fiquei maravilhado e penso que os seus pais são maravilhosas pessoas. As maravilhas do Mundo eram 7, também as humanas não devem ser muitas mais.


Hoje fica-se a saber que Passos Coelho depois do tiro nos dois pés, perde votos para o PS. O rotativismo quase-eterno a funcionar. A esquerda ainda não entendeu que enquanto o PS e o PSD, penhorando os anéis mantiverem os frigoríficos cheios, dinheiro emprestado para a prestação do carro, da casa e para o lixo-luxo chinês e muitos euros para a manicura, o brandy e outros consumos tais, o rotativismo mantém-se. O que deve fazer a esquerda demonstrar que a seguir vão os dedos e que a factura vai ser paga pelos filhos e netos dos concidadãos actuais, com 30 - 40 anos, e pelos idosos doentes.

terça-feira, 27 de julho de 2010

CONTRA-CONTRAREVOLUÇÃO ALERTA N+11 ( PRÉ-FINAIS)




A REVOLUÇÃO DAS SOMBRAS ESTÁ EM MARCHA.


" NOTA: estes textos são retirados do meu quase diário, prática que trago da guerra colonial. Também escrevi no meu exílio na Madeira e na prisão em 1977/ 1979, onde, falo de muitos pavões, cobardes e traidores, que não mudaram nada.

Hoje, como então, escrevo em caderninhos, agora, passo alguns textos para este blogue, havendo meia dúzia de amigas e amigos que lêem estas páginas deste diário, quase louco, de revolta e impotência, de quem, ainda jovem, andou num 25 de Abril, e , agora, vê toda esta podridão, e, sabe que, como no 25 de Novembro 75, perante o avanço reaccionário se vier a dar-se com violência, a esquerda irá para debaixo das camas.

Obrigado a quem me lê, é pena que sejam tão poucos, mas que fazer?"



Um dia, num Maio Negro, de Braga,levantou-se um Lúcifer que colocou o país a ferros durante 40 anos. Vivíamos tempos de crise. Nasceu um salvador - Salazar!


Hoje vivemos em crise de tudo, valores, económica, social: vendem o país a retalho ao estrangeiro nas barraquinhas do PS, PSD (PDO?), CDS. A Pátria, o solo Pátrio, perdem-se.


É preciso mudar de Rumo. É preciso defender Portugal e os Portugueses, dos outros portugueses que elegemos para nos governarem, e estão a desgovernar e a destruírem Portugal. Estão de cócoras perante o capitalismo especulativo, com sede em Bona e Paris, não resistem, cedem, matam os direitos e as esperanças dos portugueses. Convertem-nos em súbditos das potencias estrangeiras, são iguais aos andeiros de todos o tempos.


É preciso defender a liberdade, a República, a democracia, Portugal, Abril, os direitos de cidadania- o emprego, a saúde, a habitação, a educação, a segurança física e a social, a justiça - mas nada se defenderá com uma revolução das sombras, do passado, dos vampiros, do 24 de Abril - esta gente é o fascismo que ainda é pior que todos os vendilhões da pátria e de Abril.


Portugal precisa de mudar de rumo, mas não com João jardim, nem no sentido que ele tem exercido o poder ,ou pelos caminhos que no último Domingo apontou, em que a Comunicação social, como o Diário de Notícias do Funchal que o critica é acusado de ser uma célula do PCP e a informação pluralista no RTP 1 é de uma célula da extrema esquerda. Heróicos jornalistas que são marcados por João Jardim, para serem destruídos. Que diferença faz isto do regime de Mugabe, ou de Bocaça?


Pouca. Então, porque se calam os bem pensantes de Lisboa? Só poderá ser, porque Lisboa, como uns mais que outros sabem, e eu sei, porque já fui calado algumas vezes, está repleta de Mugabes, camuflados de grandes democratas, mas ai dos que deles discordam! São logo atirados, às jaulas dos leões. Cobardes, farsantes, culpados!


João Jardim reconhece que os valores da solidariedade são de esquerda, quando declara - Não sou de esquerda, mas só por cima de mim destruirão o serviço nacional de saúde -. Não aceita que os pobres fiquem desamparados, abandonados na doença, sem educação e sem emprego, nisto Jardim tem razão, e tem alguma obra na Madeira, aqui, o preço das consultas médicas estão tabladas 50 € as de clínica geral, 75 € as da especialidade, e ninguém o chama de comuna, nem sequer a tão liberal ordem dos médicos, porque será?


Todavia, Jardim não é, "nem a palavra, nem o caminho", porque quer um povo submisso, e também porque em 30 e muitos anos de governo, fez muito obra faustosa, gastou dinheiro ao desbarato, mas esqueceu-se de apetrechar a Madeira com um Hospital novo, que deve ser uma carência fundamental desta Terra, desde há 15, 10 anos. Também é justo referir que ao nivel da saúde contratualizou serviços que são um apoio excepcional aos idosos e seus familiares.


Nesta terra também tem razão quando fala de uma oposição medíocre, em que encontra uma grande excepção na CDU e no ex-padre Edgar, e num outro lutador sem partido, julgo, defensor da biodiversidade e do ambiente, o eng. Quental.


É preciso mudar de rumo, mas com uma esquerda global unida, competente, honesta, pobra, não dogmática com um projecto alternativo que sirva os interesses da quase totalidade da população portuguesa no contexto civilizacional que Portugal escolheu.


andrade da silva

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Homem, Abre os Olhos


Homem, Abre os Olhos e Verás

Homem,
abre os olhos e verás
em cada outro homem um irmão.

Homem,
as paixões que te consomem
não são boas nem más.
São a tua condição.

A paz,
porém, só a terás
quando o pão que os outros comem,
homem,
for igual ao teu pão.

Armindo Rodrigues

sábado, 24 de julho de 2010

DESTAS COISAS!?...




GIRO DO HORIZONTE


Zero graus:

Uma mulher e o seu filho
Caem,
Morrem de fome.
São milhões!

Treze graus:

Uma Mulher é lapidada
São milhares.

Dezoito graus:

Sapartacus reergue-se da Tumba,
Segue em frente -
Luta!
É acompanhado por duas dúzias de Marias
E dez inválidos.
Somente!


Noventa graus:

Doze cegos estóicos
reclamam por luz,
mas, o mundo está submerso pela escuridão.


Cem graus:

Meia dúzia de heroínas
E Três heróis,
Descalços de fortuna,
Lutam pelo amanhã.
Sós!


Dos cento e um graus aos trezentos e sessenta:

Traidores,
Imbecis anafados,
Sanguessugas, piolheira,
Vivem, como eunucos,
do deboche, da ganância, do crime.
São os senhores da cidade.


Trezentos e sessenta graus de giro do horizonte:

Uma dúzia de espíritos, meus irmãos,
Milhões de desgraçados,
Meus irmãos, também,
Dez por cento de plutocratas e seus amigos
que tudo devoram.
E nada mais resta
que não um rasto de morte,
destruição, fome e infortúnio.


andrade da silva






ai Portugal o que esperas?

Dependência do Governo Diz-se geralmente que, em Portugal, o público tem ideia de que o Governo deve fazer tudo, pensar em tudo, iniciar tudo: tira-se daqui a conclusão que somos um povo sem poderes iniciadores, bons para ser tutelados, indignos de uma larga liberdade, e inaptos para a independência. A nossa pobreza relativa é atribuída a este hábito político e social de depender para tudo do Governo, e de volver constantemente as mãos e os olhos para ele como para uma Providência sempre presente.

Eça de Queirós, in 'Cartas de Inglaterr

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Pobres dos Nossos ricos


Pobres dos Nossos ricos

Por Mia Couto


A maior desgraça de uma nação pobre é que em vez de produzir riqueza, produz ricos. Mas ricos sem riqueza. Na realidade, melhor seria chamá-los não de ricos mas de endinheirados.

Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego.

Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro, ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele.


A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos "ricos".

Aquilo que têm, não detêm. Pior: aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros.

É produto de roubo e de negociatas.

Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados
.

Necessitavam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por lança-los a eles próprios na cadeia.

Necessitavam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem (...)


Mia Couto

terça-feira, 20 de julho de 2010

CONTRA-CONTRAREVOLUÇÃO ALERTA N+10 ( PRÉ- FINAIS)




FERREIRA LEITE E A BANDEIRA DA DITADURA A PRAZO, PASSOS COELHO O GOVERNO À MODA DO 24 DE ABRIL

" aos distraídos divulguem as tristes desgraças futuras, se distraídos continuarem..."




Infelizmente, poucos, por aqui passam. Todavia, no Alerta n+9, traçava-se o quadro da política da direita, e ainda nem conhecia as propostas de revisão da constituição do PPD/PSD, na sua versão futura, ao que parece, de PDO, Partido da Democracia Orgânica, como corajosamente e com todas as letras o disse António Arnaud. Os demais políticos, para além do retrocesso civilizacional, fizeram criticas parcelares, porque a educação isto e a saúde aquilo, ou seja, a nova proposta procura promover uma selecção social: para os ricos tudo, para os pobres e menos ricos as sobras, ou sejam, os de 1/3 a 2/3, referidos no alerta N+9.

Todavia o que está em causa é a natureza global e essencial do sistema politico pós 25 de Abril, é como diz Arnaud um golpe de Estado, ou Manuel Alegre a revisão do actual sistema democrático e social.

Mas, uma vez mais a direita vai à frente, porque o sr. Passos Coelho sabe, porque em Portugal houve um 25 de Abril, a revisão que propõe é para ser chumbada, logo o seu objectivo é outro, é desde já entrar em campanha eleitoral para futuras legislativas. O que o PSD, mais parecido com um qualquer PDO, quer, é tão somente dizer, como vai governar,com esta ou com a sua constituição, se for governo, como julga que vai, logo após a próxima consulta popular, mas pode perder,mostrou as gsrras cedo demais.

O PSD, mais semelhante com um PDO , sabe que pode governar contra a Constituição, como sempre aconteceu com mais alguma dificuldade, mas não é uma impossibilidade, é nisto que está a sua aposta, o resto é uma manobra de mera diversão, simplesmente mostraram as garras, depois entenderem-se-iam com o CDS. Sem nenhuma dúvida que o PS, mesmo com a actual liderança recusará aquela proposta de revisão constitucional, mas depois, se continuar na mesma linha, apoiaria o PSD e o CDS na legislação normal que prossegue aqueles objectivos.

Como o cidadão normal entende, as decisões do tribunal constitucional dependem da sua composição que é definida pelos partidos, através da Assembleia da República, e que ainda a violação da letra da constituição é facilmente contornada com virgulas, pontos, entre parêntesis e sinónimos. É, sobretudo, uma mera questão semântica e,ou ideológica.

Por tudo isto, o apelo à mobilização para a contra-contrarevolução, como, claramente, se definiu no Alerta N+9, é uma necessidade urgente. Mas Portugal é Portugal, eterno, na sua surdez e arrogância, portanto, apesar de em tantas previsões aqui se ter acertado, continuaremos a ser ignorados, mas aqui vão ficando, a título de diário, partilhado por alguns, as previsões de tanta desgraça que se consumaram, e podia não ter sido assim, parece, evidente, se se tivesse percorrido caminhos alternativos de convergência, ou ousadia de rompimento. Mas não se fez nem ou, nem outra coisa .Todos defenderam a segurança dos seus territórios, e deram e vão dar a vitória as forças das trevas. Arrogância, estupidez, masoquismo?

No alerta de hoje N+10, fala-se de fase pré-final, porque depois da tomada do poder pela direita não valerá a pena alertar ninguém para o abismo, depois de lá estarmos enterrados e empilhados. Depois lutem, numa luta cruel com vitória incerta, mas que um optimismo fixado poderá sempre dizer que a vitória no espaço de um milénio será a possibilidade, o que, é uma verdade virtual, tão verdadeira como o seu contrário.

Parece-me, no entanto, mais urgente pensar-se que no espaço das gerações presentes, em que já está a acontecer desemprego massivo, nomeadamente entre os jovens, emprego precário para milhões de cidadãos, cuidados de saúde em franca degradação, impunidade para os poderosos (nós conhecemos as suas aldrabices -porque houve violação do segredo de justiça - e eles são absolvidos e gozam-nos, ou são condenados e continuam a gozar-nos) uma corrupção grave, falta de segurança física muito grave, ordenados exíguos, consumo excessivo de lixo, com base num crédito bancário desregrado - agora com alguma contenção. Neste momento, está em alta as casas de penhores- completa e total perversão das solidariedades: os aposentados ingleses estão mais preocupados com a as acções da BP, do que com o derrame do petróleo. As suas pensões são asseguradas pelo êxito da BP, este é um dos efeitos da privatização da segurança social. etc etc.

São todas estas questões que têm de ser discutidas com as pessoas, de um modo claro e objectivo, demonstrando-lhes que as politicas actuais do PS nos conduziram a isto, e que, as politicas do PSD, e CDS com o PS só nos podem conduzir a uma situação pior que a actual. E é preciso demonstrar que se houver uma convergência global à esquerda, incluindo todos os militantes e simpatizantes do Partido Socialista ( escrevo intencionalmente com todas as letras ), as demais forças de esquerda do Parlamento, da sociedade e dos sindicatos pode haver uma alternativa a esta Governança de desastre, sem todavia se pretender, agora, nesta fase, ultrapassar o sistema capitalista.

De facto a luta para o superar já, tem de estar fora desta aliança, e só pode ser uma luta revolucionaria intensa de que, as idas e vindas, à rua, são um mero e simples prelúdio, muito pouco doloroso, para os sacrifícios e as batalhas muito duras e quiçá cruentas que seriam necessárias para ultrapassar o capitalismo.

Ultrapassar o capitalismo será uma meta, mas não é uma probabilidade evidente, neste momento, contrariamente, aos que leram mal os sinais desta crise e avaliaram mal a possibilidade da direita recuperar, razão porque devem estar muito surpreendidos com as respostas eleitorais das massas populares. Todavia não há nada de surpreendente para quem analisa a realidade concreta, o que é surpreendente, isso, sim, como desde há dois anos ando a escrever e a gritar, é a incapacidade de se mostrar outra alternativa e a tornar credível, junto das pessoas, nomeadamente dos militantes e simpatizantes do PS.

Compreendo as dificuldades desta convergencia global à esquerda, depois dos inesperados apelos no interior do PS à consagração da sua actual linha politica, o que, não é nada útil, nem necessário ao Povo Português e a Portugal.

A Portugal e aos Portugueses interessa uma outra politica de defesa dos direitos e liberdades conquistadas em Abril, e que têm sido perdidas e estão, agora, sob uma ameaça de morte pela conjugação das politicas neo-liberais do capitalismo financeiro, especulativo e de desastre que têm sido prosseguidas na América, Europa e Portugal, indistintamente, por partidos conservadores ou socialistas.

Seja como for, sem uma resposta global da esquerda, dos democratas e os humanistas não se poderá aproveitar este assombramento do actual PSD que poderia ser o princípio do fim da sua sonhada vitória, se o PS tomar o seu lugar na defesa de Abril com os comunistas e todos os demais cidadãos livres e independentes deste novo Portugal, que querem, de novo, prender.


20 julho

andrade da silva
PS: 20 julho data do rascunho, postado,no entanto, em 21 julho às 18h.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

10 - JORNAL DE PAREDE * Assim vai a Freguesia de Alvalade, em Lisboa




Diz um velho rifão: «Se queres ser bom, morre ou vai-te!...»

Pois é, a Assembleia de Freguesia de Alvalade, em Lisboa, não pensa assim.

Casualmente, chegou às minhas mãos o PRESTA CONTAS nº.17, da CDU, correspondente aos meses de Junho e Julho de 2010. E leio:


«A Assembleia de Freguesia de Alvalade, reunida em 24 de Junho de 2010, delibera manifestar o seu profundo pesar, a sua enorme mágoa pela morte do escritor José Saramago e expressar as suas sentidas condolências à sua companheira Pilar del Rio e restante família.»
Voto de pesar recusado com 4 votos a favor (1 PCP e 3 PS) e 7 votos contra (PSD).


Votos de pesar apresentados por outro partido:


O PCP votou a favor de um voto de pesar pelo falecimento de José Saramago.
(Aprovado com 7 votos a favor e 4 abstenções.)


O PCP votou a favor de um voto de pesar pelo falecimento de Saldanha Sanches.
(Aprovado com 10 votos a favor e um voto contra.)


O PCP votou a favor de um voto de homenagem a Tito de Morais, por ocasião dos cem anos do seu nascimento.
(Rejeitado com 4 votos a favor e sete votos contra.)



Assim vai a Freguesia de Alvalade, em Lisboa...

José-Augusto de Carvalho

CONTRA-CONTRAREVOLUÇÃO ALERTA N+9


DEFINITIVAMENTE - OU PARTIDOS SOCIALISTAS LIVRES, PELA LIBERDADE; OU CULPADOS, COM O NEO-LIBERALISMO, PELA ESCRAVIZAÇÃO E MORTE DE MILHÕES DE CONCIDADÃOS DO MUNDO E DE PORTUGAL.




Já não há mais lugar para tergiversações, discursos ilusórios, retórica, mentira ou simulação, definitivamente - ou os Partidos socialistas se juntam à liberdade, e lutam pela liberdade, a justiça, o desenvolvimento; ou continuam aliados do capitalismo selvagem e serão culpados pelo inferno Dantesco que estes políticos querem erguer em Portugal e no Mundo.

É dentro deste quadro de conquista do poder pela direita e extrema- direita e pela ambiguidade e cumplicidade do PS que faz todo o sentido, a proposta para a luciferina aliança, entre PS, PSD e CDS que o cardeal Richelieu da Politica portuguesa, Paulo Portas, propôs.

Esta aliança é tão importante para Portugal, na perspectiva do capitalismo dos banqueiros, como para toda a Europa do Sul, o que, podia fazer de Portas, um líder europeu destas águas. Todavia, assim não será, porque Portas, para bem do Mundo, nasceu num país pequeno, onde, não se dá qualquer apreço à inteligência, e Portas tem as suas sinapses saturadas de factor G ( da inteligência geral).

Para bem de Portugal a direita, e, sobretudo a extrema-direita de Paulo Portas, têm grande dificuldade, em abocanharem o poder, porque o 25 de Abril 74 (feito pelos militares e o povo que esteve no terreno e não por outros, que deram o seu contributo antes, durante e depois, mas quem o fez foram aqueles e não outros) libertou Portugal da escravização fascista, e trouxe aos olhos de todos o grande valor da democracia, e, ainda, é também isto que os democratas devem aos militares e ao povo-herói de Abril - este é o que esteve na rua, os outros aderiram, aqueles o fizeram .

Quem faz os sapatos são os sapateiros, quem os concebe são os desenhadores, quem os usa são os cidadãos .Sem o conceito não haveria o sapato, mas a dor e o risco do parto quem o suporta é o sapateiro, e também sem cidadãos não haveria necessidade de sapatos, tudo é um todo, mas se quem dá à luz às crianças são as mães,e, por isso, ocupam um lugar central na continuidade da espécie humana, também os beneméritos da Nação de Abril são os que realmente o fizeram, muito embora a politica menor e a piolheira nacional, a outros tenha consagrado, coisas...

Por tudo isto, a extrema-direita e a direita perderiam, não fosse o comportamento neo-liberal de completa aliança, cumplicidade e culpa de muitos partidos socialistas e, entre nós, do PS com a defesa do interesse de 1% da população que constitui uma oligarquia toda- poderosa de banqueiros, grandes empresários, aos quais se juntam mais 9% de outros poderosos assalariados, entre os quais: administradores, gestores executivos (CEO), estrelas cinema, futebol e televisão e grandes funcionários do sector público e privado, para em seu proveito executarem uma politica de escravização, ou mesmo extermínio de 1/3 a 2/3 da humanidade.

Para manter a rota do capitalismo de desastre e os níveis de consumo dos poderosos e seus eunucos, ao nível do desenvolvimento Mundial actual, seriam precisos dois ou três planetas terra, como todos mais ou menos sabem, apesar de um número excepcional de gentes viverem no limiar das subsistências, como é o caso do operariado chinês que ganha 100€/ mês e dos marroquinos com 200€/ mês etc.etc.

As actuais estratégias dos Partidos socialistas e das esquerdas fora destes partidos se se mantiverem e não encontrarem uma convergência, não houver um forte compromisso dos partidos socialistas com a justiça social, a liberdade, e a defesa dos interesses das camadas populares, contra os injustos e imorais proventos dos banqueiros, a médio ou curto prazo, o fascismo social impôr-se-à, em Portugal e na Europa.

Outra das vantagens do 25 de Abril foi interromper a governança fascista, claramente fascista, e vacinar o país contra regimes fasciszoides que na Europa de hoje seriam tolerados. Sem o 25 de Abril seria mais provavelmente o tipo de governo que teríamos, como Manuela Ferreira Leite desejou, e, hoje, Passos Coelho proclama, quando quer um Presidente da Republica musculado.

Basta recordar aos que acham que há um exagero nestas considerações que conceituados economistas, prémios nobeis, prevêem a manutenção de um nível elevado e perigoso de desemprego por muitos e bons anos, cortes nas prestações sociais, privatização de serviços como a saúde, ou degradação grave dos públicos, baixa dos salários, deflação e a continuação de dificuldades nas finanças públicas. Se isto não for suficiente para fazer tocar todas as campainhas que bem-aventurada é a manha e a estupidez.

Resta acrescentar que neste inferno até a taxa de miseráveis diminuirá, por falta de cuidados médicos, alimentação e habitação a taxa de mortalidade aumentará entre os miseráveis e o risco deixa de ser por muito tempo estar na situação de miserável, mas sim cadáver. Infelizmente nem esta evidência foi referida, quando se falou do abaixamento de 0.6% no risco de pobreza, mas qual passou a ser a esperança de vida dos miseráveis em igual período, e entre os idosos e os demais quem morre mais cedo e com que doenças e com que abandono etc?

Esta grande convergência à esquerda que exige aproximações de todos, pode parecer muito pouco para alguns, mas é muito, muitíssimo, para a defesa dos interesses de 1/3 a 2/3 dos Portugueses e dos cidadãos da Europa, sobretudo do Sul, e do Mundo.

Enfim.... quanta dor e sofrimento se pode evitar, se em vez dos interesses de primos e das capelas todos quiserem, sob a abobada celeste, realizar a sociedade livre, justa, solidária e fraterna das mulheres e dos homens que amam a vida e o belo, e que, de certeza, serão a maioria dos nossos concidadãos e cidadãos do mundo, mas para muitos destes primeiro é preciso libertá-los das ditaduras, da doença, da fome, da ignorância e da corrupção.


andrade da silva

PS: CONTRA-CONTRAREVOLUÇÃO É UMA LUTA, UM COMBATE ATÉ AO FIM DOS TEMPOS E DAS NOSSAS VIDAS, DEMOCRÁTICO, LIVRE, APAIXONADO, ALTRUISTA QUE SE TRAVA, NO DIA À DIA, PELA PELAVRA E PELA ACÇÃO NOBRE, FRATERNA E COM AMOR POR TODOS OS CANTOS E LUGARES: INTERIORES A NÓS MESMOS E EXTERIORES, CONTRA A CONTRAREVOLUÇÃO NEO-LIBERAL QUE PRETENDE EM PORTUGAL DESTRUIR OS IDEAIS E CONQUISTAS DE ABRIL E NA EUROPA E NO MUNDO IMPÔR UM REGIME DE EXIGUIDADE, POBREZA, VIDA SEM DIREITOS E MORTE, SOB O SUPERIOR COMANDO DOS BANQUEIROS E AS POLITICAS DA DIREITA E EXTREMA-DIREITA, PREERENCIALMENTE COM A CUMPLICIDADE CULPOSA DOS PARTIDOS SOCIALISTAS E SOCIAIS-DEMOCRATAS.

sábado, 17 de julho de 2010

10 - JORNAL DE PAREDE * A tirania dos títulos


Texto de Zoltan Zigedy

Noventa anos atrás Lenine afirmou que "sob as condições gerais da produção de mercadorias e da propriedade privada, a 'dominação' dos monopólios capitalistas torna-se inevitavelmente a dominação de uma oligarquia financeira". Ele desenvolveu a ideia de que "A supremacia do capital financeiro sobre todas as outras formas de capital significa a predominância do rentista e da oligarquia financeira". Deixarei ao leitor curioso o exame de Imperialismo: A etapa superior do capitalismo para verificar a argumentação convincente que está por trás desta afirmação presciente. Mas seguramente ela decorre de um entendimento profundo da exposição de Marx da lógica do capitalismo e da evidência disponível no tempo de Lenine. Ironicamente, esta projecção agora antiga – esta previsão da dominância do capital financeiro – diz mais da crise económica que agora devasta o planeta do que a multidão de laureados com o Prémio Nobel que pontificam acerca da causa da retracção começada em 2008. A dominância de uma "oligarquia financeira", como prevista por Lenine, atingiu o seu zénite durante os últimos vinte anos com o sector financeiro a duplicar a sua fatia dos lucros corporativos nos EUA. Mas "dominância" não é meramente uma matéria de supremacia no lucro; ela inclui também a ascendência do poder político, social e ideológico. A viragem neoliberal introduzida solenemente no fim da administração Carter e vigorosamente alimentada por Reagan principiou um processo de desregulamentação que acabou por remover as algemas nas finanças estabelecidas pelo New Deal. O sector financeiro desencadeou a dívida como o mecanismo para escravizar consumidores, cidades, municípios, estados e países soberanos. Fundos de pensão foram ou privatizados ou atraídos para grupos de investimento especulativo. Cartões de crédito, hipotecas e títulos tornaram-se as ferramentas de dominação da oligarquia financeira. Ao mesmo tempo, os enormes lucros acumulados permitiram ao sector financeiro comprar uma influência decisiva no circo dos dois partidos, através de lobbies, contribuições de campanha e corrupção desenfreada. Com a notável excepção da descrição do perverso Gordon Gekko no filme de Oliver Stone, os banqueiros de investimento foram encarados como as figuras mais brilhantes, mais dinâmicas e mais invejadas da imaginação popular. Dominância inevitavelmente convida à tirania e o sector financeiro avidamente aproveitou a oportunidade. Hoje, a expressão desta tirania é a noção louca de que bancos são "demasiado grandes para falirem". Vemos esta tirania na arrogância da Goldman Sachs, a operar sem nenhum respeito pelos interesses nacionais ou a opinião pública e sem qualquer travão efectivo do governo. Analogamente, a timidez de legisladores em conceber regulação bancária efectiva destaca esta tirania. Mas nada sublinha mais esta tirania do que a actual crise da dívida europeia. CRISE EUROPEIA A Europa, hoje, é uma refém do mercado de títulos. Porque a União Europeia é um projecto comum incompleto com desigualdades, desequilíbrios e contradições histórica, ela é presa fácil para a oligarquia financeira. Estas condições de fraqueza abandonam as economias menos desenvolvidas aos abutres do capital financeiro. Mas o jogo não era a solvência porque nunca houve realmente qualquer questão – como as coisas estavam no fim de 2009 – de que a Grécia, Portugal, Itália, Irlanda, Espanha ou mesmo Roménia e Hungria pudessem cumprir suas obrigações de dívida ou assegurar novos empréstimos. Mais exactamente, a crise foi tramada pelos predadores financeiros. O ataque especulativo em grande escala por parte do sector financeiro estrangulou estas economias até à submissão, forçando-as, no momento em que a recuperação estava no equilíbrio, a abandonar quaisquer programas de estímulo e a abraçar uma extrema austeridade do sector público. Nove meses depois, este pânico da dívida propagou-se através do mundo, com governos a correrem para cortar empregos no sector público, benefícios e salários, eliminando programas sociais e privatizando obras públicas. Como carneiros, políticos, sabichões e comentadores acrescentaram suas vozes reverenciais aos mercados de títulos. O governo do PASOK na Grécia prosternou-se à oligarquia financeira, seguido pelos governos espanhol, português e irlandês. O novo governo do Reino Unido garantiu cortes profundos nas despesas do governo. Preocupações com dívida empurraram para o lado todas as outras questões nas eleições holandesas. O governo francês está a pressionar por um aumento na idade de reforma. E o novo governo da Hungria quase entrou em colapso ao sugerir que podia desviar-se do plano de jogo imposto pelo FMI de miserabilismo fiscal. Os EUA, embora não afectados pela agressão financeira, também sucumbiram à extorsão da oligarquia financeira. O presidente Obama pretende cortar a Segurança Social e o Medicare através da sua discreta Comissão sobre Responsabilidade e Reforma Fiscal. Para aqueles que se recusam a desafiar a dominância dos mercados financeiros e a tirania dos títulos, não há nenhum outro caminho senão aceitar e impor cortes profundos nos gastos públicos. O ataque à Grécia foi uma demonstração do poder do sector financeiro e a sua brutalidade ao utilizá-lo. Exactamente quando os cortes de despesas começam a sentir-se, a Grécia experimenta inflação explosiva, um desenvolvimento fatal nos seus efeitos sobre os padrões de vida da classe trabalhadora grega. Mas há uma resposta à tirania dos títulos, uma resposta que apela à mobilização em massa do povo trabalhador contra a oligarquia financeira. Essa resposta recusa-se a acatar um sistema que promete atrasar durante décadas a segurança e os padrões de vida do povo trabalhador e oferece-lhe um futuro negro. Os omnipresentes porta-vozes da oligarquia financeira apelam a sacrifícios para restaurar a ordem no sistema económico. Isto é um logro calculado. Não há qualquer nobre sacrifício em capitular à extorsão ou aceitar que há a inevitabilidade da dominação dos mercados financeiros. Trabalhadores na Grécia, liderados pelos comunistas gregos e o agrupamento de todos os sindicatos, PAME, estão na vanguarda da organização de greves e manifestações contra a oligarquia financeira. A sua determinação e apelos à unidade estabeleceram um exemplo para todos os trabalhadores europeus. Nos calcanhares das acções gregas, trabalhadores portugueses foram às ruas. A maior central sindical da Espanha, Comisiones Obreras, foi à greve em 8 de Junho, com 75% dos 2,6 milhões de trabalhadores da organização aderindo à acção e com uma greve geral prevista. Trabalhadores do sector público na Roménia organizaram várias acções militantes. Quando o combate se intensifica, a unidade é essencial – mas não a expensas da militância. Os resmungos das lideranças de muitos sindicatos europeus são bem vindos, mas devem ser apoiados por organização efectiva e mobilização de massa. Recentemente, vários líderes sindicais do Reino Unidos falaram iradamente dos cortes draconianos prometidos pelo novo governo, mas falharam em apresentar mais do que retórica estridente e futuras ameaças eleitorais. Nos EUA, uns poucos líderes têm falado contra o assalto encoberto da administração Obama a programas sociais, mas um movimento de massa ainda está por emergir. Uma confrontação de base classista com a oligarquia financeira enfrenta muitos obstáculos, o não menor dos quais é a quase total dominação do trabalho organizado no pós Guerra-Fria pelos colaboracionistas de classe, a liderança social-democrata. E os oligarcas financeiros estão plenamente conscientes desta fraqueza. Recentemente, o chefe da Comissão Europeia, presidente José Manuel Barroso, reuniu muitos dos líderes sindicais social-democratas para instruí-los sobre os perigos de resistir ao assalto aos padrões de vida provocados pela "crise" predatória da dívida. Conforme relatado pelo Daily Mail britânico: "Numa palestra extraordinária a responsáveis sindicais na semana passada, o presidente da Comissão José Manuel Barroso expôs uma visão "apocalíptica" na qual países atingidos pela crise no Sul da Europa poderiam tornar-se vítimas de golpes militares ou levantamentos populares quando taxas de juro subirem e serviços públicos entrarem em colapso porque acaba o dinheiro dos seus governos". São os "levantamentos populares" que Barroso teme, um temor que é partilhado pelos líderes sindicais social-democratas. Além disso, ele quer alistar estes líderes na tarefa de empurrar o programa de austeridade goela abaixo dos trabalhadores. John Monks, responsável do European Trades Union Congress, comentou: "Tive uma discussão com Barroso sexta-feira passada acerca do que pode ser feito para a Grécia, Espanha, Portugal e o resto e a sua mensagem foi brusca: "Olhe, se eles não executarem estes pacotes de austeridade, estes países poderiam virtualmente desaparecer do modo que os conhecemos como democracias. Eles não têm nenhuma escolha, é isto". Ao mesmo tempo, "o sr. Monks advertiu ontem que as novas medidas de austeridade poderiam por si próprias levar o continente 'de volta à década de 1930' ", segundo o Daily Mail. Claramente, sociais-democratas como o sr. Monks estão desejosos de remeter a classe trabalhadora europeia "de volta aos anos 1930" ao invés de arriscar levantamentos populares que desafiariam a oligarquia financeira. A Federação Sindical Mundial apelou a um dia internacional de acção do movimento sindical em 7 de Setembro de 2010. Devem ser feitos todos os esforços para preparar esta acção ao longo do Verão. Devem ser feitos todos os esforços para mobilizar o povo trabalhador contra a oligarquia financeira. Levantamentos populares é o que precisamos.
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O original encontra-se em
http://mltoday.com/en/subject-areas/commentary/the-tyranny-of-bonds-887-2.html .Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

quinta-feira, 15 de julho de 2010

CONTRA-CONTRAREVOLUÇÃO


ALERTA N+8



VAMPIROS, ARISTOCRATAS E GRANDE BURGUESIA, BURGUESES, MACACOS IMITADORES, PLEBEUS E MISERÁVEIS.
" Este é o Bilhete de Identidade que a discussão de Hoje, do Estado da Nação, no Parlamento, deixa, como marca- de- àgua"



Os Vampiros estão aí, eles vão comer tudo, e não vão deixar nada. Estes Vampiros são 1% da população do Mundo: os banqueiros e os grandes capitalistas. Estes Vampiros estão entre nós, através dos seus irmãos gémeos.


A estes vampiros terríveis juntam-se 9% de grandes gestores, executivos, estrelas de cinema e do futebol que se aliaram contra todos os demais, para destruírem toda a economia e finanças públicas ao serviço daqueles 1%.


Foi nisto que se constituíu e constitui o neo-liberalismo, comportamento que teve sucesso para aqueles 10% da população, e é responsável pela actual crise, que contou com a completa submissão do estado a tal politica e a total cumplicidade e culpa de todos os partidos socialistas.


Nesta perspectiva, o sr. Primeiro Ministro, tem razão, o que, está a acontecer em Portugal é uma consequência de toda esta politica neo-liberal e do capitalismo de desastre que o governo português serviu, como bom aluno da Europa neo-liberal, assim, o demonstrou na defesa do interesse dos accionistas do BPN.


Aqueles 10% de cidadãos de portugueses e da população do Mundo constituem o grupo dos vampiros, da aristocracia e da grande burguesia, que, em conluio com os governos, só podem conduzir a Europa e depois o Mundo e os EUA, para o desastre. Situação, de que tão evidente, leva até, os muito neutros, militares americanos a começarem a criticar este estado do Mundo ( Le monde diplomatique de Julho 2010).


Os burgueses, ou que como tal se sentem e vivem, diga-se com um basto recurso ao crédito, são os 50% que ganham acima dos 1000 €.

No escalão seguinte estão os que ganhando menos de 1000€ mês e um pouco acima do ordenado mínimo nacional, mas com o recurso ao crédito, copiam o modelo burguês, e, como tal, se sentem. Vivem uma cruel ilusão que, quando o dinheiro politico da União europeia faltar e,ou a economia paralela deixar de funcionar, verão a sua real dimensão de povo plebeu e não de burgueses a fazerem de conta, que no, entanto, na sua atitude politica concorrem para os êxitos políticos da direita.


Os que estão fora destes grupos são os sobrantes, os que trabalham e sentem dificuldades imensas, ou nem sequer têm emprego, e estes ocupam uma faixa da população dos 20 a 25%. Esta é a gente que sofre mais do que a natureza humana consente, no seu seio ainda se encontram os miseráveis, que já se demitiram da cidadania.


Este quadro muito complexo exige análises profundas dos conflitos sociais, sobre quem se opõe a quem. No Mundo actual o embate não se faz só entre capital e trabalho, mas sim entre trabalhadores de baixos rendimentos e os detentores do capital, os trabalhadores excepcionalmente bem pagos e os governos seus aliados, pelo que seria necessário reestabelecer a aliança entre trabalhadores de baixos rendimentos e os trabalhadores que imitam e se consideram burgueses. Se esta inversão não for conseguida pelas forças de esquerda, a direita ganhará o poder, para aprofundar estas trágicas politicas.


Numa palavra, compete à esquerda demonstrar e mobilizar os trabalhadores de baixos e médios vencimentos, demonstrando que as politicas em curso, para defesa dos 1% mais ricos e os seus 9% de acólitos, a todos, rapidamente, empobrecerão, pelo que a saída deste pântano exige uma alternativa politica humanista, de justiça social e desenvolvimentista.


A esquerda não se pode queixar do Povo, ou da falta de meios, mas sim tem de dar a volta, analisar a realidade e nesta grande dificuldade mobilizar-se não só para dentro de si, mas para o país.


A luta é muito difícil, todos os meios de influenciar opiniões estão nas mãos da direita, mas há algo que não poderiam roubar à esquerda o EXEMPLO, O COMPORTAMENTO ÉTICO, O COMPORTAMENTO SOLIDÁRIO EM PROL DOS MAIS NECESSITADOS - PALAVRA, EXEMPLO e ACÇÃO, NA MATERIALIZAÇÂO DA LIBERDADE, DA JUSTIÇA SOCIAL E DA FRATERNIDADE.


andrade da silva



PS: A partir de hoje, porque parto para a Madeira para acompanhar a minha mãe que se encontra doente, terei, por esta razão e por outras, menor participação neste espaço, mas fica muita matéria para reflectir.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

REVOLUÇÃO FRANCESA




LIBERDADE!



IGUALDADE!



FRATERNIDADE!
Assim se definiu a República, com a tomada da Bastilha em 14 de Julho de 1789.
VIVAM OS TEMPOS MODERNOS E A CIDADANIA QUE, UM DIA, SERÁ PLEBEIA, E A REPÚBLICA SERÁ DO POVO COM A BURGUESIA, E NÃO DA BURGUESIA PARA O POVO!

A Todos os Antifascistas




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A Todos os Antifascistas
À memôria de Vicente Campinas
À memória de Ary dos Santos
Às suas Vozes de Combate

Acuso

Pela fome dos camponeses
pelo ventre de Catarina
pelos dias, anos, meses,
incendiando a campina
pelas crianças famintas
pela sede de cultura
pela vossa feroz chacina
meio século de noite escura...
Por todos os que sofreram
por todos os que cobardes
não tinham alma com olhos
em Maio todas as tardes!...
Pelas crianças sem escola
pelos vossos hospitais
na hipocrisia da esmola;
por calarem os jornais!...
Pelos presos numa jaula
em dias de escuridão
pelo ping-ping endoidando
os detentores da razão!...
Pelos povos colonizados
pelas unhas arrancadas
pelos cigarros apagados
nas pálpebras condenadas!
Pelas famílias destruídas
pelo livro não publicado
pelos operários fabris,
pelos jovens estudantes
que adivinhavam Abris
- no segredo agonizantes-
pelas vidas emudecidas
no desmaio, na loucura,
por milhares, milhares de vidas
às mãos da vossa tortura!
Por todos os prisioneiros
pelo nome de meu pai
cada antifascista morto
entre lágrimas choradas,
pelo olhar absorto
das mulheres violentadas!
Pela palavra proibida
Pelo nosso Portugal
de carne e alma traída
pela máquina fatal!
Pela vossa infame doçura
enganando o povo incauto
../..



por Alex, pelos amigos
cansados, mortos, em perigo;
pelo velho Vasconcelos
que era enfermeiro dos pobres
à miséria condenados,
pelos presos no Tarrafal
na frigideira queimados!
Pelo povo de Portugal!
Pelas guerras coloniais
por nossos filhos perdidos
sem saber porque razão
eram mandados meninos
matar ao longe um irmão!
Pelas terras abandonadas
pela esperança do emigrante,
pelas tradições caladas
na morte de cada instante!
Pelas aldeias sozinhas
quase despidas de gente...
Pelas velas dos moinhos
que cessaram de girar
porque do Algarve ao Minho
havia choro no mar!...
Pelas vozes que se calaram
dentro do seu próprio lar
como se nem as paredes
as pudessem abrigar!...
Pela mente das crianças
embalada pelo sono
do aniquilar da esperança!...
É que minha voz se eleva
a gritar todos os prantos
a tentar erguer da treva
a voz do Ary dos Santos!

Marília Gonçalves

terça-feira, 13 de julho de 2010

DESTAS COISAS!?...



DA BIOFÍSICA E DA MITOLOGIA DO "EU".


BIOFÍSICA:


A Voz torna-se silêncio;


O corpo gelo;


O olhar névoa;


A vontade fragmento;


O tacto insensibilidade.


MITOLOGIA:


O sangue, esse, corre,


Corre sempre...


É vermelho. É Povo


E diz Não:


Ao roubo do amanhã,


e da bela Diana -


Lua da Alma dos amantes.



ENCONTRO BIOFÍSICA E MITOLOGIA


MORRO.... mas Vivo:


Vivo morrendo;


Morro vivendo -


AMO - É o meu DNA.


Louco!


Porque nasci?


andrade da silva



PS: De eterno conheço e reconheço a maldade, o despotismo, a escravatura, a estupidez, Deus, o Diabo e a bondade cósmica, tudo o mais nasceu, resplandeceu, ou não, e finou-se.


Deixar uma obra, uma carta , uma página não é eternizar-se. Estes entes são de diferente natureza, da do seu progenitor, e , por vezes, nem identitários são, se o seu autor for um fingidor.


Todavia, o prazer da eternidade goza quem a vive por antecipação, isto é, vive a julgar que ultrapassou a lei da morte, o que Camões cantava. Todavia Jorge de Sena, um dia , declarou que muitos, hoje, enchiam a barriga de Camões, mas que Luís Vaz de Camões morreu de fome e frio.... coisas... que naturalmente já não acontecem nesta Europa civilizada


Dizia-se e, bem, que quem quisesse ser eterno que escrevesse um livro, plantasse uma árvore e fizesse um filho. Bom caminho para todos, se, perante a finitude da vida, nunca se esquecerem de amar louca, desvairada e intensamente, segundo as suas múltiplas formas. Numa palavra vivamos com paixão a nossa pequena eternidade finita.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

PORTUGAL PRECONCEITUOSO?

Deparamo


Deparamo-nos com tristes realidades nacionais…


Houve alguém na História (julgo que todos conhecerão este facto) que disse que “aquele povo lá para os lados da Lusitânia” (ou seja, Portugal) “é um povo que não se governa nem se deixa ser governado!”. Este relembrar da História foi só para recordar um facto vivido há mais de 30 anos, bem como outros factos (como o de 1640, o de 1910, entre tantos outros): Portugal, desde que despertado (e é contra isso que vemos o combate das forças políticas maioritárias – e deixemo-nos de rodeios, dá para compreender que me refiro ao PS, ao PSD/PPD e ao CDS-PP – que são partidos, pelo menos actualmente, populistas… enganam o povo com a abstenção em matérias de enorme relevo nacional, fazendo crer que não apoiam as matérias que prejudicam o povo; e são os únicos partidos que já formaram governo por sufrágio universal desde há mais de 30 anos), sabe distinguir quem o apoia e quem poderá fazer algo de bom para o país – e isso ficou ainda mais claro na Revolução de Abril. Concordo plenamente, esses partidos a que aludi são, actualmente, os merecedores do comentário “os políticos são todos iguais”. E que fazer contra isso?


Infelizmente o resultado está à vista… cite-se, pela sua importância a nível nacional, o caso das eleições legislativas de 2009: 40,32% de abstenção (ou seja: 3.838.663 abstenções). Pergunto: sabem o que significa a abstenção?


A abstenção é o acto de não ir votar (isto é óbvio). Nalguns países, isso daria o direito a uma coima… por cá ainda não é assim (mas o direito pessoal e dever cívico de votar ainda existe, tal como consagram o número 1 do artigo 10º e o artigo 49º da Constituição da República Portuguesa). A abstenção traduz-se no conformismo: o acto de um cidadão eleitor se abster traduz-se na aceitação de quem for eleito pelos outros, perdendo assim a legitimidade (não o direito!) de protestar contra quem foi eleito. E eu pergunto o seguinte, face ao que expus: será que é esta a intenção dos abstencionistas? Repare-se bem que eu nunca disse que era um sinónimo de protesto (porque não o é!), mas sim um sinónimo de concordância com a escolha dos outros, e da perda da legitimidade em protestar contra aquilo que os eleitos pelos outros fizerem.


Na realidade, o único protesto, mas que não é totalmente são na minha modesta opinião, seria o voto em branco. Eu digo que não é totalmente são por um único motivo: poderia dar mau resultado. Todos devem recordar a posição de José Saramago sobre o voto em branco (basta ler-se os ensaios – “Ensaio Sobre a Lucidez” e “Ensaio Sobre a Cegueira”), e cheguei a apoiar durante alguns anos porque não haveria ninguém que eu, caso pudesse então ser eleitor (ainda era menor – entre os 12 e os 14 anos), apoiasse para que nos governasse. E se hoje verificasse que continuaria a não existir ninguém, iria continuar a apoiar o voto em branco – mas já verifiquei há uns anos que há quem seja, ou possa ser digno de ser eleito, e que nunca o foi até hoje.


Aqueles que se encontram ao serviço do Estado, estando este, presentemente, ao serviço dos grandes mercados internacionais e da banca, não querem que as vozes da razão sejam ouvidas – e daí depararmo-nos com um enorme silêncio nos meios de comunicação social no que se refere aos partidos que não apoiem o capital (além de pouco ouvirmos falar dos partidos mais pequenos que nem se encontram com assento na Assembleia da República). Há que reflectir um pouco antes de votar: se durante mais de 30 anos ficámos descontentes com os governos, e se esses governos foram todos, sem excepção, do PS e do PSD/PPD – este último com ou sem CDS-PP – então devemos dar uma oportunidade para que os restantes mostrem o seu valor. Infelizmente, como disse na minha primeira publicação neste blogue (“Portugal está a afundar-se!” de 7 de Julho), existe um vasto mundo de preconceitos por parte de muitos eleitores… e citando Albert Einstein, “é mais fácil destruir um átomo que um preconceito”.


Mas acho piada a este preconceito… muito sinceramente devo dizer que acho piada, pois nas lutas prosseguidas pelos trabalhadores e reformados (citem-se as mais recentes da CGTP-IN – dos dias 29 de Maio e 8 de Julho) já afastam os preconceitos para protestarem – o que é o comportamento adequado para a construção de uma alternativa. Para mais que, teoricamente, os sindicatos são apartidários (na prática não é bem assim). Só no acto eleitoral é que têm medo… não têm medo de, nem preconceitos em, apoiar o seu sindicato ou intersindical (mostrando a cara) e, indirectamente, um dos lados políticos (esquerda vs direita), mas têm medo de, e preconceitos em, colocar (sem mostrarem a cara, como se sabe) uma cruz em determinados quadrados da folha de papel… não questiono, contudo, a liberdade de escolha dos eleitores – respeito as decisões tomadas (como escreveu Ary dos Santos, “o povo de Portugal deu o poder a quem quis. Mesmo que tenha passado às vezes por mãos estranhas, o poder que ali foi dado saiu das nossas entranhas”); questiono apenas a lógica deste preconceito, pois é um pouco confuso.


As sondagens também contribuem para este facto: por exemplo, ainda tão longe das eleições presidenciais, e sem que todos os candidatos eleitorais estejam discriminados, já se fazem juízos. E isto vem afectar, nem que seja apenas no subconsciente, a decisão dos eleitores. Muitos pensarão que “não vale a pena, não é um único voto que fará a diferença”. Mas sem querer, um voto de cada um dos 3.838.663 abstencionistas faria toda a diferença.


E termino com as mesmas palavras que utilizei na conclusão do meu primeiro, e sincero, contributo a este blogue: enquanto é tempo, é urgente fazermos a diferença. E esta só pode ser feita sem quaisquer preconceitos e eleitoralmente.


Fernando Barbosa Ribeiro