domingo, 26 de agosto de 2018

05 - POEMÁRIO * Pátria transtagana


CLAVE DE SUL 

Pátria Transtagana 





Parti quase indefinido, 

a buscar-me algum sentido... 



Não tinha rosa  dos ventos 

para o rumo precisar… 

Ousei vagas e tormentos, 

perigos de naufragar… 



Do Algarve passei as passas 

mais as fomes transtaganas. 

À arenga das trapaças 

gritei: vai-te, não me enganas! 



Hoje, não presto, estou velho. 

Voltei p’ra morrer aqui, 

que só dobra o meu joelho 

esta terra onde nasci… 





José-Augusto de Carvalho 
Lisboa, 7 de Setembro de 1996. 
Alentejo, revisão em 25 de Agosto de 2018.

sexta-feira, 24 de agosto de 2018

05 - POEMÁRIO * Abandono


(CLAVE DE SUL) 

Abandono 





Só as árvores nuas 

a tremerem de frio 

no vazio 

destas ruas. 



Uma folha esvoaça, 

derradeira, o fatal movimento, 

sem um ai de doído lamento 

ante a morte que passa. 



Sob o céu enublado, 

só a aragem suspira, 

resistindo à mentira 

do sossego assombrado 



Na parede, cansado, 

o relógio parado. 





José-Augusto de Carvalho 
Lisboa, 7 de Setembro de 1996.

quinta-feira, 16 de agosto de 2018

05 - POEMÁRIO * O lumaréu!





(TEMPO DE SORTILÉGIO) 
O lumaréu! 





A Leste, um deslumbrante lumaréu 

sacralizando a fronte da manhã! 

Que lindo, assim rosado, fica o Céu! 

Sinto o sabor maduro de romã! 



O Paraíso existe mesmo, sim! 

É este desafio de infinito 

que vejo aqui olhando para mim, 

é este céu que fascinado fito. 



Nem Eva nem Adão eu descortino, 

que nesta dimensão não cabe o mito. 

Aqui só sinto e vejo e me alucino 

com estes horizontes de infinito! 



Rastejam por aqui serpentes várias… 

Nos ramos, baloiçantes, há maçãs… 

Que importa? Eu louvo e canto em minhas árias 

a luz e a cor de todas as manhãs. 




Ah, que ninguém apague o lucilar 

dos astros e o carmim do amanhecer! 

Que eu sinta no meu peito a palpitar,

agora e sempre, o dia por nascer!... 





José-Augusto de Carvalho 
16 de Agosto de 2018. 
Alentejo * Portugal 


terça-feira, 14 de agosto de 2018

05 - POEMÁRIO * Do sonho...



LIRA BRASILEIRA 
*
Do Sonho… 




Enganam-se os ditadores 

que, no seu furor medonho, 

mandam matar sonhadores 

pensando matar o sonho. 



Joubert de Araújo Silva

domingo, 12 de agosto de 2018

05 - POEMÁRIO * Exortação


CALEIDOSCÓPIO
.

Exortação







Não te cales, protesta!


Não te rendas, resiste!


Ou ainda não viste


que essa gente não presta?







José-Augusto de Carvalho
12 de Agosto de 2018.
Alentejo * Portugal

sábado, 11 de agosto de 2018

05 - POEMÁRIO * As palavras banais


O MEU RIMANCEIRO 
As palavras banais 




Quando escrevo, em verdade, o que digo 

são palavras, palavras banais 

de bom-senso, visíveis sinais 

alertando: cuidado, há perigo! 



Nas estradas há curvas danadas, 

há travagens, piões e maus pisos, 

há os gestos de mão bem precisos, 

há manobras e acções desastradas. 



Todos andam sujeitos à pressa 

que nem sabem aonde vai dar… 

Menos sabem onde isto começa 

ou aonde isto vai acabar… 



Falo em vão, eu bem sei, mas insisto, 

que não é blasfemar nem delito 

sobre o nada deixar o meu grito 

que saúda o que existe além disto. 





José-Augusto de Carvalho 
10 de Agosto de 2018. 
Alentejo * Portugal

sexta-feira, 10 de agosto de 2018

MONCHIQUE REGRESSA Á VIDA. VIVA!





TANTO CAMINHO PARA PERCORRER
DORES PARA SOFRER
VERDADES PARA CONTAR
FOI INJUSTO
PODERIA NÃO TER ACONTECIDO, OU SER MENOS FEROZ???
QUE TUDO SE SAIBA
E HAJA RESPONSABILIDADE
MAS,  AGORA, VENCIDO O  NEGRUME E O FOGO DO PESADELO,
QUE RENASÇA A VIDA!
SOU MONCHIQUE E VOS ABRAÇO E SAÚDO
QUE A VIDA REGRESSE- IRMÃOS

CHORO  A DESGRAÇA
E LUTO CONVOSCO PELO FUTURO

ABRAÇO-VOS!

Andrade da silva

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

INCÊNDIOS DE MONCHIQUE


Não sei nada de bancadas, e pouco de bombeiro, mas há coisas que é preciso fazer antes das coisas acontecerem, quando estão a acontecer. e depois o estudo dos danos e as aprendizagens para o Futuro.
Monchique é a excepção de quê?

Monchique é uma TRAGÉDIA.
Não estive à beira do fogo, mas em Portimão recebi os cheiros, os fumos e as cinzas.
Obviamente, que a história é longa, mas há coisas que qualquer leigo sabe. Em zonas de denso eucaliptal e de difícil acesso é preciso abrir CAMINHOS, CORTA-FOGOS etc É assim  em Monchique, é na Madeira e  em qualquer parte do cosmos
Obviamente, que é preciso sabedoria, honestidade e verdade, coisas desaparecidas... coisas..
Portugal e os Portugueses têm de ser defendidos .
Quem está no terreno, como sabem os militares, os bombeiros,  as forças de segurança e emergência,  O POVO fazem o que podem, o melhor, o máximo, mas como sabemos para além do terreno há o comando, a coordenação, os estudos  de situação sobre o INIMIGO : quem é, como , onde, e quando age??  e a ordem de operações para o combater,  os meios, onde se posicionam- meios e combatentes antes do Inimigo atacar, ou seja, tem de haver uma ESTRATÉGIA E UMA TÁCTICA.
Aprendemos estas simples coisas aos 21 anos de idade, nos segundos anos dos cursos das Academias militares, e a estratégia e a táctica têm ENSINAMENTOS UNIVERSAIS para a resolução de problemas. UNIVERSALMENTE.

Uma lágrima por Monchique.
Andrade da Silva

PS:



Adalberto Fernandes Tanto quanto se sabe e é conhecido,o incêndio de Monchique é mesmo a excepção, embora de consequências graves em especial para os habitantes da região. Este é o período em que a meteorologia registou como o mais quente da história. É preciso ver as condições e os ocs devem emitir as imagens reais e actuais,não é útil reproduzir as primeiras imagens "ad nauseam".Os dramas e tragédias humanas têm de evitar-se






..PORÉM:

A SABEDORIA MILENÁRIA DO NOSSO/ MEU QUERIDO INSTRUTOR METTRALHÂO...
D I Z  I A;
Se o inimigo progride pelo mato, montanhas e vales OCUPAMOS OS PICAROTOS COM TROPA E VIGIAS.Fazemos a vigilância do terreno 24 h sobre 24 horas e CRIAMOS BARREIRAS À SUA PROGRESSÃO.Ele será derrotado cedo.
Aulas de táctica da AM, 2º ano, com o prof. que dizia que não havia memória de algum avião ter ficado lá em cima. Fui bom aluno. ah..ah.. Vaidosão.!!..

Discordo do vampirismo das imagens, mas este video é sereno. Andei por perto em Portimão, vi as nuvens de fumo e fomos atacados por cinzas. etc.

Interessa fazer o que deve ser feito.

Mas a excepção teria sido criar as condições para barrar o caminho ao INFERNO DANTESCO.antes do diabo ter passado por Monchique.

Há milhares de ignições que nunca dão Pedrogão, ou Monchique, ou Madeira. As tragédias são sempre as excepções. Ai de Portugal se todos os incêndios fossem Pedrogão ou Monchique ,ou Madeira






SICNOTICIAS.SAPO.PT
Nas redes sociais, dezenas de pessoas partilharam imagens do incêndio em Monchique que fez mais de 20 feridos e ameaçou várias casas nos últimos quatro dias.

quarta-feira, 8 de agosto de 2018

EM PLUTÃO "OUBI" ??????



DE PLUTÃO

" Nota:  nestas  viagens  desequilibrei a ortografia pré-acordo ortográfico .. coisas..."

Será  certo que por cá havia, houve, há, haverá: 
Robles especuladores, mas "virjos???..."

Moitas das Flores, "gandes" senhores , que nada têm contra especuladores, são amiguinhos do peito a fazerem pela  vidinha deles , mas esquerda caviar - OH DIABO! O RAIO QUE OS PARTA! E na onda  as outras esquerdas e tal... pois... "democata", mas só com a direita volver, por ora, sem Salazar ou Chefe, coitada perdida e insane vai pelos caminhos da noite, que desembocaria na BESTA! Mas, será possível ?????????????

"Oubi" dizer que a D. Helena mui Rosetada ficou super indignada com o ricardozinho, e que proclama que um  "mobimento " qualquer  coisa, trataria melhor da saúde dos lisboetas que a rapaziada do caviar -  será ? ????

"Oubi" falar de incêndios que nunca mais acabam, e que o Doutor Joaquim Santos Silva disse que aquele pessoal do combate e da prevenção aos incêndios sabe pouco, SERÁ ??  SERÁAAAAAAAA AAAA ????????

Mas, porque será que os que tudo sabem ou nunca  estão no Governo, ou quando chegam lá sofrem um apagão? E que  APAGÂOOOOOOOOOOOOOOOOOOOO! !!!!!!!!!! Dizem que só vêm notas de 50000 mil euros, se coisa e tal....COISAS!!!!!!

Oh mui boa gentes estou de passagem.  VOLTO já para Plutão, submergiro -me. Basta de tanta  coisa dissemelhante  e aldrabonice.

SEJAM MUITO FELIZES, COMO PARECEM SER : MILHARES BAILAM AO SOM DAS FESTAS DAS CÂMARAS ( custam dezenas de milhares de euros- Oh Durões  Barrosos, onde parais?)  E, ALI MESMO,  DE PERNAS TODAS TORTAS, QUIÇÁ, UMA IMPOSTORA PEDE ESMOLAS... QUIÇÁ... QUIÇÁ!..

Me " bou" indo para Plutão. 
Adeusinho!

                                 Bem! A moça ficou a ver o carro, partir... coisas 

Andrade da silva,  
coronel situação militar de reforma, tenente de Abril, licenciado,  pré-acordo de Bolonha, em sociologia e psicologia.

PS:

 Caro José Augusto Carvalho aquele abraço. Bom Agosto e que seja Augusto.

Em Plutão só agora "oubi" dizer  que o 1º Ministro do meu país disse que a tragédia Dantesca de Monchique confirma uma não sei qual regra dos não incêndios de 2018... SERÁ MESMO ASSIMMMMMMMMMMMM???..  DISSE MESMO TAL .... .. ????.... COISAS!... Só pode ser  um não facto num TENEBROSO jogo Floral: tu dizes, ele diz,  nós dizemos coisas tais e tamanhas... COISAS....

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

07 - REGISTO * O Ti'Ernesto


(FANTASMAS DA MEMÓRIA)
.
DIÁLOGOS DE CAFÉ


O Ti’Ernesto


Finais de Julho.  Também esta tarde vinha quente. E também o movimento nas ruas era quase inexistente. Não havia clientes quando o homem entrou no Café. O empregado reconheceu-o e veio ao seu encontro com um sorriso de boas-vindas.  Por casualidade ou preferência, o homem escolheu a mesma mesa que ocupara havia dias. O empregado desabafou:

-- Como vê, o marasmo continua.

O homem concordou com um movimento afirmativo de cabeça e tentou desvalorizar a situação:

-- É o verão, deve haver gente de férias e a emigração tem sangrado muito estas terras pequenas. Olhe, por favor, traga-me um café e um copo de água.

O empregado foi atender o pedido e passados momentos regressou com a chávena de café e o copo de água. Enquanto o cliente açucarava a bebida, quis saber:

-- O senhor tem muita gente conhecida aqui?

O homem esboçou um sorriso e satisfez a curiosidade do empregado do Café:

-- Os mais velhos, sim; eu ausentei-me há muito e os mais novos já me escapam, mas alguns ainda consigo saber quem são pela pinta…

O empregado lançou um ah exclamativo e, satisfeito, perguntou:

-- Nesse caso, o senhor conhece  o Ti’Ernesto! Ele deve ser da sua idade ou um pouco mais velho…

O homem meditou uns segundos e depois confirmou:

-- Sim, sim, conheço, ele tem uns anitos a mais do que eu, mas lembro-me muito bem dele. Como está ele, agora? Continua rijo?

O empregado do Café estava visivelmente satisfeito por o cliente se recordar do Ti’Ernesto e abriu o jogo:

-- Sabe?, eu ouvi uma história dele em período eleitoral, no tempo da outra senhora…Como as coisas eram naquele tempo! Até me custa a acreditar em muitas coisas que se contam…

O homem tentou clarificar as coisas:

-- O meu caro devia ser muito novo quando ocorreu a Revolução dos Cravos, isto no caso de já andar cá neste mundo…

O empregado, assumindo um ar grave:

-- Já era deste mundo, sim senhor, até já andava na Escola; eu nasci em 1966. E lembro-me bem do alvoroço que foi aqui no final do dia 25 de Abril… Toda a miudagem estava contente por ver os adultos contentes. Foi um dia muito bonito para todos.

Nostalgicamente, o homem confirmou:

-- Sim, foi um dia muito bonito!

E assim ficaram largos momentos pensando naquele dia distante e, porventura, pensando também nos sonhos que amanheciam naquele dia… Depois, o empregado insistiu em saber o que sucedera naquele antigo período eleitoral:

-- O senhor desculpe, mas eu gostaria de saber se aquela história do Ti’Ernesto é verdadeira ou não. É que me contaram assim: era um domingo, dia de eleições;  ele estava na herdade trabalhando; ainda da parte da manhã, o patrão chegou e disse-lhe: olha, vais à vila entregar esta carta ao senhor Fulano de tal, que está a esta hora na Escola tal. Ti’Ernesto recebeu o sobrescrito e lá foi entregá-lo. O senhor Fulano de tal recebeu o sobrescrito com um obrigado, podes ir… E só dias depois alguém lhe disse: essa foi boa, oh Ernesto! Foste votar e nem deste por nada! Foste bem enrolado, grande palerma!

O homem baixou os olhos e fixou-os na chávena vazia. O empregado percebeu naquele gesto a confirmação da veracidade da história. E num desabafo:

-- Até custa a acreditar!...

O homem meneando a cabeça com tristeza:

-- É verdade, aquele tempo foi mau de mais para se acreditar. E depois, quando tudo parecia poder finalmente entrar nos eixos, veio o ajuste de contas, o silêncio, aqui cúmplice, ali resignado, e este marasmo que parece querer impor-nos um marcar passo perante a História…

O empregado repetiu o ah exclamativo, recebeu o dinheiro que pagava a despesa e olhou o homem que saía sem uma palavra de despedida.



José-Augusto de Carvalho
31 de Julho de 2018.
Alentejo * Portugal