sábado, 16 de agosto de 2008

13 - REFLEXÕES DE G.F. * Que difícil é governar!...


Parece ser exacto que desde que o Homem se assumiu como um animal gregário, se lhe apresentou como uma inevitabilidade encontrar quem orientasse o grupo, quem decidisse, enfim, quem governasse…

Também não será despicienda estoutra hipótese de sempre alguns homens pretenderem orientar, decidir pelos outros homens, como mestres, como chefes, como governantes.

Com o rodar dos tempos, dos grupos às tribos, das tribos às nações, das nações aos países, dos países às alianças e aos impérios, houve de tudo e para todos os gostos. E sempre os vencidos e escravizados ou não, os dominados ainda que se supondo livres, tiveram de ceder o direito aos vencedores de escreverem a História.

Ainda hoje, o poder dos vencedores e os meios de informação que dominam, pretendem deter a verdade do real e impô-la aos povos. E quem resiste e tenta desmascarar o embuste está sujeito às malhas da Lei promulgada pelos vencedores.

Com a tão decantada Liberdade, Igualdade e Fraternidade, os detentores do Poder Económico apearam a aristocracia e serviram-se da força dos povos para conquistar o Poder Político. E os povos lá foram nessa aventura, sempre esperando que os novos Senhores fossem melhores do que os anteriores. E até criaram o aforismo «a esperança é a última a morrer».

Chegados aqui, é fatal perguntarmos o que se passa de novo sob o céu que nos serve de tecto. Os povos estão melhor do que estavam? Seguramente. Já não vivem em cavernas nem em choças, já têm serviços sociais, etc.

O que se pergunta é se o poder dito democrático promove com justeza a divisão da riqueza, se garante, sem excepção, a dignidade da existência a todos, se erradicou a vergonha do nepotismo, se se comporta de acordo com o significado da palavra democracia --- que quer dizer, sem evasivas, poder do povo ou poder popular.

O que queremos saber é se o Poder Democrático se compagina com as desigualdades, com a fome de muitos e a abastança de uns poucos, com a irresponsabilidade sempre impune de quem promete servir o povo e depois o não serve, etc., etc.

Inversamente, o governado vai pagando as crises que não provocou, vai morrendo nas guerras que não desencadeou, vai correndo atrás de uma esperança que, tal como o horizonte, estará sempre à vista, mas jamais ao seu alcance, vai elegendo quem depois lhe recusa o direito de decidir, etc., etc.

Situada a questão, uma pergunta se coloca:

Quando será que os povos aprendem que só eles são os senhores dos seus destinos?



16 de Agosto de 2008.
Gabriel de Fochem

8 comentários:

Jerónimo Sardinha disse...

Gabriel "O Provocador" !
Então o meu caro Gabriel, com a provecta idade com que se pavoneia, ainda não aprendeu que o pior inimigo do povo é o próprio "POVO" ?
Não ? - Então repare !
É o povo que votando, elege. Certo ? - Bem !
E em quem vota o povo ?
Em quem conhece, que não sendo simpático é sério, independente, interessado no governo da cidade e no bem estar do tal povo ?
Não !!!
Vota no fala barato, vendedor de banha da cobra e prometedor de actos irrealizáveis.
Vota no ardiloso que o despreza, mas que no momento lhe diz belas palavras e lhe promete ser seu igual.
Vota no traficante de interesses públicos e políticos, que sem critério nem seriedade lhe impinge loas a eito, durante 8 dias. E o tal povo, sem pensar (dá muito trabalho), elege-o.
Ficou descansado. Pode ir para a tasca dizer mal dos políticos e críticar o "gajo" da Câmara, que por acaso, ele também elegeu. Já pode ver o futebol e a telenovela,
está bem de vida. Está feliz.
Entretanto o -outro- o tal, vai-lhe tratando da saúde, da educação, da sua segurança como cidadão, da sua estúpida reforma e com um bocadinho de sorte, logo nos primeiros seis meses arruma-lhe com o emprego, atirando-o para um desemprego de longa duração de que nunca mais recuperará. Enquanto via futebol e telenovelas, deliciado, foi enriquecendo os muito ricos, que lhe vendem o pão, o combustível, os remédios, o futebol, a telenovela, etc. de que tanto precisa para sobreviver. E tudo isto, acompadrado com o tal eleito.
Seu digno e legal representante, que no fim do "serviço", será convidado para administrador de uma das empresas que serviu o tal povo durante o período de vigência.
É a este povo que se refere Gabriel ?
Então ... compreendi. Refere-se a nós. Nós mesmos. Portugueses, em Portugal e hoje !
Que alívio. Por um momento julguei que nos propunha um exercício filosófico/social difícil.
Que alívio. Ainda bem.
Grande abraço, Zé-Augusto.
Jerónimo Sardinha.

andrade da silva disse...

Caro Augusto
Já Parsons sociólogo legitimador do capitalismo dizia que este seria uma boa invenção se conseguisse eliminar as desigualdades com origem na fortuna inicial dos progenitores, algo foi feito, mas muito está por fazer.

A democracia precisa primeiro de gente com o comportamento democrático, o sentido da justiça INTERNALIZADO, poucos o têm, o que mais existe é o faz de conta, portanto, como Weber definiu o poder tende a ser sempre autoritário.

Como também diz essa figura da pós-revolução Portuguesa, o Exmo Sr. Cor Matos Gomes, o povo não quer ser salvo, e segue como carneiros os vencedores.

Como também diz a grande psicóloga do programa TV Grande Irmão, Isabel Leal, isto é da natureza humana uns estão motivados para serem lideres, outros rebanho.

Que fazer?

Avisar a Malta!

Abraço
asilva

Anónimo disse...

Do antigo domínio de Fochem me levanto e, pela mão do José-Augusto de Carvalho, que é gente destes vossos tempos, aqui apareço, de quando em vez. Escravo da gleba, apenas sei o que me transmitiram os antepassados meus iguais e o quanto aprendi nesta parcela do al Andalus que tem hoje o nome de Alentejo.
Sei dos caminhos ásperos abertos a golpes de servidão; sei das terras arroteadas e do pão semeado a largos lanços de mão; sei do pão ceifado sob uma canícula impiedosa; sei do pão amassado com suor; sei do sol que eu acordava todas as manhãs; sei dos senhores das terras, com quem eu falava de chapéu na mão; sei que as terras sem mim e sem os meus iguais seriam incultas e improdutivas; sei que estes mesmos senhores que tinham as terras morreriam de fome se eu e os meus iguais não as cultivássemos; sei que a Lei desses senhores seria implacável se nós nos recusássemos a trabalhar; sei que o elogio do trabalho e da pobreza era uma ladainha dos que comiam o pão que faltava na nossa mesa, dos gozavam o descanso que maltinha a nossa labuta, dos que gastavam a riqueza que provocava a nossa miséria.
Enfim, sei o que sei e falo do que sei.
Agora, me dizem que sou provocador, mas eu apenas digo o que sei e que é verdade.
Agora, afirmam que eu e os meus iguais somos inimigos. E se tal for exacto, quem beneficia com a nossa inimizade? E se tal for exacto, quem nos torna indignos de nós?
Agora, garantem que eu e os meus iguais não queremos salvar-nos deste martirológio, daí certamente não valer a pena dar de comer a quem tem fome e dar de beber a quem tem sede… E assim ficará salva a consciência desses salvadores!
Agora, sustentam que esta Lei imperante poderá encontrar condições que eliminem as desigualdades que grassam por aí como ervas daninhas que há milénios nos cansamos de mondar! Outra ladainha para perpetuarem o sistema!
Agora, inventam que eu e os meus iguais somos o que somos por destino. À falta de melhor, aqui está a predestinação como geradora de todos os males. E de novo se aquietam as consciências!
Agora, postulam que todo o Poder é autoritário, logo que se dane quem não tem o Poder!
Perante tudo isto, ocorre-me perguntar se um novo dilúvio será a solução?
Até sempre!
Gabriel de Fochem

Jerónimo Sardinha disse...

Gabrielzinho ... de mau humor ?
Talvez. Agora o que não pode, não deve, não é bonito em si, meu apreciado Gabriel, é dar a volta a um texto, não respondendo ao que lá está e aduzindo novas ideias para defender (?) certos princípios, ou, escamotear (?) realidades.
Nada do que digo no meu comentário é falso. Retrata a absoluta e actual realidade do seu (nosso) País.
Logo, se é a realidade do momento, nem preciso é mais falar do caso.
Os resultados ainda estão em S. Bento, a atestar o que digo.
Poderia enveredar por um passado recente e perguntar-lhe quem engrossava as hostes de bufos da PIDE, ou os "excepcionais e democráticos soldados" da Legião Portuguesa. Mas isso era causar engulhos e entrar por uma discussão demasiado séria para o humor que ambos patenteamos.
Ah ! E as denúncias entre colegas, por inveja, ciúme ou raiva, nas fábricas, nas tropas, nas grandes empresas, também era obra só de administradores. Não fui eu que disse, por isso, será talvez da época confusa, que o actual e putrefacto estado a que chegámos resolvia nada. Muito pelo contrário. Nada resolve, só agrava e cava maiores fossos. Mas também lhe posso declarar públicamente, sob penhor de honra, que não fui eu que colaborei para que lá estivessem. Segundo o seu princípio, os três milhões de votos que lá os colocaram e seguramente irão reíncidir, serão provenientes da classe capitalista, mostrando assim, que probresa e populaça são invenções minhas. São minorias desacreditadas, e bem !
Também não fui eu que disse que o poder era autoritário. Mas ainda bem que o traz há colacção. Em boa verdade, não conheci um único poder que não fosse autoritário. Nem o poder dos partidos está isento dessa maldição. Confundir autoridade com autoritarismo. Mas por aí não vale a pena ir, pois tornaria os comentários em artigos. Vamos para o outro lado e podemos debater isso.
Meu Caro, muito Respeitado, Amigo e Apreciado de Fochem, salva-se no meio disto, mais um excelente poema, que lhe sugiro, ou melhor, peço, humildemente, que transponha na página, para todos o pudermos apreciar. Que melhor concordância poderia ter da minha parte !
Um grande e sincero abraço, do amigo dedicado e sempre atento,
Jerónimo Sardinha.

Ana Daya disse...

Sem entrar em “politiquices” (nao sei falar em politica), sem duvida um assunto com muuuuito pano pra mangas e para ficar a conversar horas a fio com uma tigela de azeitonas verdes ao pe, um charutinho e uma boa pinga!
Eu por aqui fico-me pelas azeitonas e pelo charuto… o resto nao ha!

Sempre assim foi, e ainda assim acontece ate com os animais… Ou nao saberao eles quem predomina?

Quando crianças sentiamo-nos confortaveis, protegidos e acomodados por nao ter de decidir nada. Quando adolescentes ficamos extremamente irritados por não poder decidir a hora de chegar a casa . Ja na fase adulta se pede pelo amor de Deus para que alguem possa decidir por nos, porque a responsabilidade em cima dos ombros por vezes eh demais.

Não nego a satisfação de poder escolher meu próprio caminho (salvo seja… neste momento), de ver as resultantes boas e mas das minhas escolhas e poder contar com isso para as proximas, de poder mudar de caminho na hora que bem entender e de ser mais que tudo livre (neste momento, salvo seja novamente!). Nao gosto de ter que pagar por decisoes mal feitas por outros, mas sao consequencias…

Ja me questionei varias vezes se o 25 Abril fosse hoje, como agiriam o nossos jovens? Como teria eu agido se fosse um pouco mais velhota na altura??

Estamos na era do deixa andar, do nao fales porque te “quinas”, e estamos ainda na era de que quem eh mais influente eh quem comanda o barco.
Alguem disse que para que o mal triunfe, basta simplesmente que o bem se cale. Nao sera esta uma realidade presente nos nossos dias??

O fim da Idade Media e a acumulação primitiva de capital tornaram-se um marco na historia sem duvida. A partir desse momento o homem viu-se livre para alcançar, sem amarras ou taxacoes, a tao sonhada felicidade (para alguns chamada de poder). Esta tornou-se no foco de todos os homens, ricos ou pobres. Com a explosão do sistema capitalista em que vivemos o dinheiro tornou-se o meio para se atingir essa felicidade/poder. Consumir, adquirir, e possuir tornaram-se as metas do homem moderno para que satisfaça a sua sede de sucesso.

Claro que estamos melhor do que estavamos… mas que caminhamos para uma nova miseria e de piores dimensoes, se calhar tb caminhamos.

…“sei que estes mesmos senhores que tinham as terras morreriam de fome se eu e os meus iguais não as cultivássemos”…
Realidade ajustada ah realidade que vivo presentemente. Os arabes sao burrecos, nao gostam de aprender, ja sabem tudo, nao mudam nada, os estrangeiros que facam. Por isso mesmo a ponte entre a o oriente e o ocidente nunca se fara, nem em 300 anos!

Quem disse que o poder eh autoritario?? So diz uma coisa dessas quem nao sabe o que eh ser lider. Infelizmente, o que vemos em alguns lideres sao caracteristias de quererem ser servidos em vez de servirem – caracteristica principal num lider.

Quanto a sugestao do diluvio, nao acho que seja solucao. O escolhido ainda seria um Noe prepotente, arrogante e com pretensoes a ser lider ( a antiguidade seria um posto) e la estariam voces depois a criar um blogue “abaixo com o Noe”!

Repito que ao ver as noticias portuguesas quase diariamente, continuo a achar que os nossos problemas sao uma minhoquita se compararmos com o resto do mundo. Vamos la ser optimistas e escrever um artigo a dizer bem sobre algo que esteja bem em Portugal.

Um bom resto de domingo pra voces!

Ana Rute

andrade da silva disse...

Ana, mJerónimo, Gabrial

Que Belos textos até a Ana que diz que não quer fazer politica produziu uma brilhante peça política que é exactamente isto trotarmos das coisas da "polis", cada um à sua maneira.

A Ana lá confirma a teoria da Prof. Isabel Leal, mas talvez a pouca motivação para a liderança seja mais uma consequência de aprendizagens autoritárias subservientes do que da natureza humana. Haverá alguma coisa de natureza humana nisto tudo, por exemplo eu desde muito cedo fui liderar natural e líder eleito em muitas situações grupos de amigos, escola, universidade, carreira das armas, também nesta foi líder eleito - delegado do Movimento das Forças Armadas- na Escola Prática de Artilharia, Vendas Novas.

Cara Ana o 25 de Abril foi único e não é receptível, foi feito pela "rapaziada" da minha idade, de então, 25 anos.

Ai aquele Alentejo latifundiário, cruel que conheci em relatos pungentes e contra o qual lutei, lado a lado, com os trabalhadores agrícolas que seriam na sua maioria do PCP, mas que nunca fizeram de mim um membro do PCP, embora amasse aquelas mulheres e aqueles homens e reconhecesse a justeza da sua luta, nunca devidamente apoiada pelo governo central, e sempre combatida pelo Brig Pezarat Correia que dizia que o PSD queria fazer a verdadeira Reforma Agrária, ou seja, a Marcelista, ou seja subsídios para os agrários, para viverem à tripa forra e não cultivarem.

Também sei do que falo, porque palmilhei Km e km e Km, milhares de Km de Setúbal, a Porto Alegre, de Coruche a Elvas, passando por Vendas Novas, Montemor-o-Novo, Évora, Beja, Elvas, Reguengos, Redondo, Feiteira, Canha, Pegões, Escoural, Mora, Cabeção, Aljustrel, Lavre, Cortiçadas, Estremoz, Couço, Alcácer-do-Sal, Casebres, Ciborro, Brotas e mais o que Deus e o Diabo quiseram, tudo sem horas, sem horário das 8h de um dia até depois das 24h, sem feriados, desde Maio 74 ao dia 25Novembro 75, mas de tudo o que resta?

Duas mortes a do Caravela e da Casquinha do Escoural que a lei do mui grande António Barreto permitiu,( e ele é o arauto, agora dos maus tempos, na década de 90 era ó bom arauto do Governo do sr. Cavaco), as terras ao abandono; o sr Pezarat a ser reconhecido como um bom amigo da gente que perdeu, sobretudo dos mortos e um silêncio sepulcral sobre uma verdade, sobre a de quem andou com a tropa no terreno a evitar incêndios, como o grande chefe Militar e grande homem Gen.Fabião reconhecia, e que, como dizem, não foi 1º Ministro de Portugal por oposição do PCP. Seja como for o gen Fabião foi tão solidário com o povo alentejano, no que vi e vivi, como o gen Vasco Gonçalves.

Digo isto aqui, e aqui morre, porque aos bandalhos de todas as cores nada mais interessa que os seus interesses e a javardice.

Quando se fala de coisas que me levam a meter as mãos no pântano a coisa sai preta. Desculpem os diplomatas e muito mais inteligentes que eu. ( cada um nasce e desenvolve um dado potencial, é assim…)
abraços
asilv

Ana Daya disse...

Andrade da Silva,

Se achas que estou armada em politiqueira, demito-me ja! ;)
(Seria somente mais uma incompetente… ninguem daria por nada!)

Ser lider, ha uns tempos atras, seria uma facilidade so para certas classes sociais – os mais abastados podiam ser lideres (mesmo que nao tivessem caracteristicas nenhumas, servia somente ser rico), os menos abastados nao podiam de forma alguma!
Nao eh do meu tempo, mas penso que Portugal viveu assim.

Mas ha lideres e lideres…
Comprei ha uns dias um livro ao meu marido que se chama “ Hitler & Churchill – o segredos da sua lideranca”.
Ontem enquanto ele estava a le-lo, dei uma espreitadela e li isto: “O que salvou Churchill dos seus potenciais e desastrosos erros militares, foi que ele respeitava as pessoas que lhe faziam frente e nao cortavam palavras”, ou seja, ele ouvia quem lhe apresentava opinioes validas e ate aceitava normalmente os seus conselhos (desculpa a ma traducao).

Ai ai ai que nao podes falar no 25 Abril! Tira a mao do pantano porque o pantano ja secou ha muito tempo! Os herois morrem e sao facilmente esquecidos, lembra-te disto. No entanto todos deviamos estar gratos a tantos herois que fizeram com que se pudesse discutir livremente e ter opinioes proprias. Sim, de tudo o que resta? Resta a liberdade que eu prezo cada dia mais (honestamente, so agora dou o real valor ah liberdade, porque a tive adquirida), resta tambem um esquecimento muito grande do que foi feito por parte de alguns, e resta a ignorancia total de outros (mais novos).
Julgas que os negros americanos agradecem a Luther King pela sua coragem?

Um bom dia pra ti nas terras e Sua Alteza
Ana

Anónimo disse...

Com surpresa, li todos os comentários ao meu texto «Que difícil é governar!...»
E também com a satisfação de quem é ouvido (lido).
Nada disse de novo quanto às agruras que sofreram os escravos da gleba. A História dos homens regista-a.
E outras vergonhas também a História dos homens regista.
Provocar a degradação, às vezes a mais abjecta, e depois acusar esses míseros é a prática dos tiranos. E esta situação é milenar.
Li algures o drama de uns prisioneiros de um campo de concentração nazi. Eram todos ou quase todos professores universitários. Famintos, aguardavam que os nazis lhes lançassem umas batatas cozidas para o chão do pátio. E quando tal aconteceu, o divertimento dos nazis foi a luta brutal em que os míseros se envolveram para tentarem obter o seu quinhão.
É desta abjecção que falo e, por isso, tenho o dever abraçar os infelizes que foram forçados a descer tanto.
Como diz o aforismo, e cito de cor, «o meu adversário é o dono dos mastins e não os mastins».
Grande e fraterno abraço.
GF