quarta-feira, 20 de agosto de 2008

QUANDO O ESTADO E,OU A IGREJA INFERNIZAM O DIVÓRCIO


Quanto à lei do Divórcio aprovada pela Assembleia da República e vetada politicamente pelo Sr. Presidente da República, algumas reflexões:

O Estado e a Igreja têm tornado muitos casamentos num verdadeiro inferno, no caso dos divórcios litigiosos. Nestes casos muitos cidadãos não conseguem resolver as suas vidas durante mais ou menos uma década. Não podem contrair novas relações, nem sequer pedirem novo empréstimo para nova habitação.

O resultado de tudo isto são graves dramas pessoais e familiares que, por vezes, acabam mal, terminam com a morte de um, e quase sempre com muita pancadaria pelo meio.

É evidente que o interesse dos filhos tem de ser salvaguardado, e que, no caso da mulher, ou do homem, ou seja, de um cônjuge ter sacrificado a sua carreira profissional ou outra, por causa da família , este sacrifício tem de ter a sua expressão material, no acto de dissolução do casamento, circunstância que deve estar contemplado na lei.

Todavia não defender estes direitos ou empatar a solução desta questão por conservadorismo ou por obediência aos critérios quase-lei da Igreja Católica é agravar uma situação dramática, como o foi, durante muitos anos, a falta da promulgação de uma lei quanto à interrupção voluntária da gravidez.

Obviamente que do meu ponto de vista a melhor relação entre pares é a que se baseia no amor e no contrato entre as partes que mandam às urtigas esta lastimosa interferência das Igrejas e dos Estados nas vidas dos cidadãos, através do instrumento jurídico do casamento.

Todavia como existe o casamento com personalidade juridica, logo que salvaguardados os direitos de todos e sobretudo dos filhos deveria ser objecto de dissolução na hora, como acontece com muitos outros contratos de sociedades. Pelo menos juridicamente a coisa não parece ser outra, e assim, seria creio se não fossem os atavismos religiosos e ou culturais.

Seja como for esta questão exige uma resposta rápida que ponha termo a tanta vida encalhada, e também é isto que serve aos filhos e à parte mais frágil da relação que, por vezes, por medo não sai da situação pantanosa em que vive, quando se procurasse encontraria melhores alternativas. Na sociedade há muitos homens e muitas mulheres diferentes e disponíveis para iniciarem novas e, até, diferentes tipos de relações.

Terras de D. Alberto João,
20 de agosto 2008


andrade da silva

5 comentários:

Ana Daya disse...

Meu Caro Amigo,

Infelizmente, e ao contrario do que apregoam, essa sociedade religiosa fundada por JC (mas ele nao tem nada a ver com isto) tem de facto prejudicado muita gente com as interpretacoes erradas e o que acrescentam ao seu livro santo. Cada um le e entende ah sua maneira, e os seus chefes espirituais aplicam o que entendem e o que melhor lhes convem.
Um dia conto-te as aventuras que passei na igreja onde cresci, so porque queria tocar piano nas reunioes. Nao tinham pianista, mesmo assim as regras impostas foram deveras graciosas!

Com o Estado acontece exactamente o mesmo, ou nao tenham eles ideias preconcebidas dos seus antepassados, herdadas desde a sua origem. Nao estaremos tds nos a agir como nos foi incutido? Saberas alvitrar melhor sobre isto do que eu.

No entanto, e sem saber muito sobre esta alteracao que estas a comentar, nao acho que se possa culpar primeiramente nem o Estado nem a Igreja; porque se trata de um divorcio litigioso ou nao, ja ambos (ou um so…) se anda a “esgravatar” para tirar direitos ao outro e deixa-lo nu! (as mulheres sao especialistas nesta area, mas os homens nao sao melhores ;) .
Alias, em Portugal quem nao cumpre o contrato de divorcio, em especial em relacao ao filhos, deveria ser punido seriamente, mas infelizmente nao acontece!

Concordo que acima e mais importante que a instituicao casamento, cada individuo deveria antes de mais ter esse pendor da alma e do coracao que apelidaste de amor. Mas, e antes do Estado e da Igreja “meterem a colher”, se cada um nao crescer com regras de aprendizagem para o respeito e reverencia ao seu proximo, quando algo corre mal, mostram de facto o que acataram durante a sua aprendizagem – egoismo, calculismo, narcisismo, e mais umas quantas acabadas em “ismo” que tb sabes melhor que eu.

Porque vivemos em sociedade e parceria uns com os outros, e porque se criaram leis, la temos que as cumprir, ou seja, se eh a mesma coisa, entao porque nao casar?

Focaste um ponto MUITO importante que eh a possibilidade de um dos conjuge ter sacrificado a sua carreira profissional em detrimento da familia, e na situacao de divorcio ficar bastante desfavorecido. Normalmente e infelizmente isto acontece com mulheres com idades, habilitacoes (e sem experiencia) que dificilmente conseguem recomecar uma vida decente e digna. Sobre as sequelas emocionais tu la saberas novamente falar disso melhor que eu.

Como nao poderia deixar de ser, senao fico engasgada, nao posso deixar de falar sobre a belissima Arabia Saudita. Por aqui, eh impensavel nao ser casado de facto (carregamos com a certidao de casamento pra todo o lado. Como contradicao posso dizer-te tb que a prostituicao eh claramente evidente e nitida por parte das locais. Mesmo todas tapadas ao piores que todas! Ahhh cada ser celestial islamico pode casar com quatro. Nao imaginas as atrocidades que por aqui se fazem!)!
As locais nem sequer podem viajar sozinhas.
Deparam-se com problemas graves qd sao viuvas por nao terem o seu guardiao. Estas mentes pre-historicas e brutas daqui nao sao faceis de contornar (nem querem ser).
Uma estrangeira nao pode visitar o pais sozinha (bom, visitar ninguem pode, ou vem adorar Mohammed ou vem em negocios – nao ha turismo). Sabes, ha por aqui muito bicho papao que nos pode comer!

Chega de testamentar! Hoje e amanha sao fim de semana por aqui, e enquanto tu das bracadas na Madeira, eu fico por aqui na praia a observar a fauna maritima do mar vermelho. Eh das coisas mais bonitas que por aqui existe!

Ana Rute

andrade da silva disse...

Minha CARA AMIGA ANA

Também conheço bem por dentro a Igreja Católica fui baptizado, mas também chefe da pré e da JEC ( juventude escolar católica), nesta cheguei a secretário diocesano, que era o 2º ou 3º da hierarquia, fiz dois cursos de cristandade para jovens, rezei terços de braços em cruz, borrando-me todo, em noite de Inverno, subi até a nossa senhora da Luta, cá no burgo. e de braços em Cruz rezei pelas conversões.

Depois disto tudo descobri que os padres, nomeadamente o padre Vidal ( esta gente tem nomes) do Centro Académico do Funchal ( sito à rua dos Ferreiros 175) abria nas férias o dito centro para os meninos ricos, chefiados pelo pai do actual secretário de Estado do Turismo, hoje, Sr. Trindade, então, usava o seu nome belga, enfim... ora, porque os ricos eram mais filhos de Deus do que os remediados e os pobres mandei toda essa gente para o diabo que os carregue, e fiz bem.

Ontem fui a uma missa de finados por consideração pela família do defunto, mas mesmo aí o padre tinha de julgar e ofender outros, considerando “esses malucos “, os que faziam greves de fome.

Quanto ao divórcio a Igreja já aplaudiu o Presidente, dizendo que a lei aprovada, por um largo consenso na Assembleia da República, era "ofensiva do valor da religião", ponto final.

Ana

Quando falo de Portugal nunca me esqueço que comparado com países malditos de ditadores e carrascos estamos num cantinho com alguma bem-aventurança, mas continua a ser preciso lutar por mais humanidade ao nível planetário, mas isto é quase uma idiotice, mas quem é humano não pode abandonar esta luta, e é tudo.

Abraço. Por aqui comemoram-se os 500 anos do Funchal e a palavra que mais se ouve é democracia na boca de ditadores não sanguinários, um vómito, mas o mundo rendeu-se aos ditadores, corruptos e à pior bandidagem.

asilva

Domingos Neto disse...

Mais um tiro no pé da sociedade portuguesa, desta vez dado pelo Presidente da Republica. Claro que a lei poderia ser aperfeiçoada e modificada, mas um veto é mais do mesmo. Mais sofrimento para as famílias. Mais sujeição à igreja católica. Força Andrade da Silva. Não desista de os denunciar

Anónimo disse...

Do Brasil me chegou este aforismo: «O amor é eterno enquanto dura». Afinal, na sua simplicidade porventura irreverente, apenas reflecte a efemeridade de tudo.
A situação que o prezado Companheiro Andrade da Siva coloca é de uma pertinência gritante.
O governo da cidade não pode nem deve provocar situações de mal-estar na comunidade. Ele existe ou deveria existir exactamente para contribuir para o bem-estar social.
Aliás, ainda estão vivos na memória dos mais velhos os martírios sociais que o velho Estado Novo provocou com a manutenção artificial de lares desfeitos.
Será que neste tempo, que se afirma de democrático, a vontade deste povo é subestimada pelos eleitos por este mesmo povo?
Quanto à igualdade, já George Orwell dizia, e cito de cor, «que somos todos iguais, mas há sempre uns mais iguais do que outros».
E eu, socorrendo-me do saudoso José Afonso, arrisco: «o povo é quem mais ordena»? Mas quando?
Abraço.
José-Augusto

andrade da silva disse...

CARO AMIGO NETO

Porque não tenho preço, sou invedível, não me calarei pela venalidade das 30 moedas, mas poderei ser vencido.
Vou enviar o texto para a Presidência da Republica, Presidente da AR, Sr. Primeiro Ministro, e como habitualmente, apesar do silêncio, para a Associação 25de Abril.
um abraço para todos, muito especial para o Domingos Neto que estando no Brasil fez-se presente.
asilva