quarta-feira, 10 de setembro de 2008

2009: ANO LABIRINTICO DE ELEIÇÕES




De certo sabemos que há muitas eleições importantes em finais 2008 e 2009, e que são arriscadas (podem-nos deixar feitos num oito, como vedes) para o nosso futuro, como portugueses e como cidadãos do mundo.

Desde logo, são as eleições americanas, de facto muito importantes para o Mundo. Todavia nestas, as dificuldades para o Partido Democrata são, desde logo, evidentes.

Terá a América evoluído tanto, quanto o Partido Democrata, para aceitar Obama, como Presidente? Não terá o povo americano um rebate de consciência no momento da votação, quanto à inexperiência de Obama, à sua origem étnica e religião? Como poderá o sistema eleitoral prejudicar Obama e beneficiar McCain? O que poderá, ainda, Bush fazer que complique a vida de Obama? E também McCain é, em si mesmo, uma dificuldade para o candidato democrata, por não fazer lembrar completamente Bush, e para mais com uma linda fada, como vice.

Em Portugal a sorte parece já traçada. As eleições legislativas serão ganhas pelo PS com ou sem maioria absoluta. Se for com maioria absoluta, o que será muito difícil, ( mas… ) será a continuação, de um modo agravado, da política actual, isto é, uma politica neo-liberal com total autismo em relação às oposições, sobretudo às de esquerda e completo silenciamento dos socialistas de rosto humano e sociais-democratas do próprio partido.

Mas o que poderia fazer com que um governo do PS, fosse diferente?

A actual politica de grave prejuízo Nacional com pauperização da classe média, tornando miseráveis os pobres e parte do salariato e enriquecimento ilegítimo e brutal dos magnatas e barões dos partidos, só será possível alterar, se a vitória do PS não depender exclusivamente do seu actual Secretário-Geral e dos seus apoiantes incondicionais, e mais grave será, se a manutenção do poder vier a depender do apoio do CDS do Sr. Paulo Portas, que poderá desempenhar esse papel sem qualquer dificuldade, na análise cuidada do Prof. António Costa Pinto.

Todavia para que não seja este, o desenho eleitoral, em Fevereiro de 2009, aquando do congresso do Partido Socialista, terão os militantes do PS do socialismo democrático e da social-democracia fazerem sentir no PS e no país o interesse das suas propostas, com a garantia do seu cumprimento, e de que PS governará com mais justiça social.

Se isto acontecer o PS poderá governar com uma maioria mais confortável, porque a maioria absoluta só poderá ser alcançada com a conquista de muitos descontentes que ou se abstêm, ou porão nas urnas um voto de protesto.

Parecendo que as coisas são assim e porque o voto da direita conservadora, rural, do Portugal religioso e profundo, quanto abandonado, apoiará a Sra. Dra. Ferreira Leite, pelas razões fracturantes, o aborto, quiçá a lei do divórcio (os barões do PSD farão as sua contas e o governo do PS tem sido muito útil para alguns) o PS, sentir-se-à obrigado a prometer mais justiça social e mais humanismo para a próxima legislatura, o que se acontecer exigirá um grande compromisso não só eleitoral, mas sobretudo a vinculação de pessoas credíveis para realizarem essas politicas e capazes de um diálogo construtivo, sério e ético com os partidos e cidadãos de esquerda.

Simultaneamente este Governo que vai presidir a muitas eleições e quer manter-se no poder, vai sentir-se pressionado a tomar medidas eleitoralistas que ao efectivarem-se aumentarão a factura da desigualdade social nos anos seguintes.

Em conclusão 2009 é um ano labiríntico, recheado de riscos e vírus - bons, os da liberdade; maus, os do neo-liberalismo e da injustiça social.

Se nada nesta política se alterar, como é IMPERATIVO NACIONAL, com mais 4 anos de empobrecimento da classe média para além do caos em que podemos cair; novas barracas surgirão como habitação, se o crédito exigir a devolução das casas; passará a ser destino de férias as Berlengas; enquanto os mais pobres, os idosos e os inválidos serão exportados para os anjinhos, sem levarem qualquer injecção atrás das orelhas, enfim, sempre é melhor morrer de frio e fome e não ter “comunas” a governarem este Reino. Reino, porque pouco já tem de República.

andrade da silva

4 comentários:

Ana Daya disse...

"O que poderá, ainda, Bush fazer que complique a vida de Obama?"

Muito rapidamente, vou so responder-te a esta pergunta:
Ate Novembro, e se as previsoes apontarem para a vitoria dos democratas, Bush pode facilmente iniciar a guerra com o Irao. Desta forma, McCain sera presidente facilmente! Esta previsao de guerra antes das novas eleicoes nao eh assim tao estapafurdia como isso, como sabes.

AnaRute

Luís Alves de Fraga disse...

Só há uma possibilidade para Portugal, em 2009: não dar maioria absoluta ao PS e a margem de vitória ser tangencial. Para tanto é necessário que os votos caiam à esquerda do PS e isso vai depender do tipo de propaganda e de críticas que o Bloco de Esquerda e o PCP forem capazes de fazer. O discurso do PC é fundamental para captar os votos da classe média baixa e espoliada de todos os direitos por uma prática de política anti-social feita pelo PS nestes quatro anos.
Mais do que nunca o PCP tem um grande desafio pela frente, assim o saiba levar a bom porto, mostrando a sua faceta realmente democrática e social.

andrade da silva disse...

ANA E FRAGA

Concordo com ambos.

Quanto a Portugal é imperativo um diálogo ético e sério à esquerda, já o propunha nos tempos escaldantes da Reforma Agrária, mas sempre vi mais guerra à esquerda para gáudio das Direitas, e também à esquerda os socialistas e os sociais democratas do PS, por oposição `a sua actual linha dominante neo-liberal, PCP e BE seria fundamental que abrissem os partidos aos cidadãos e que esses partidos não seguissem o trágio modelo da Igreja Católica que transformou a comunidade Igreja na mera hirarquia dos Bispos e do Papa, isto é, da nomenclatura de dominio e poder, reduzindo as comunidaes locais de católicos a meros espectadores e subjugados.

Os partidos de esquerda só o serão na medida que forem mais cidadania, comunidade, com peso nas decisões, do que nomenclatura, mas tudo isto passa pelo aprofundamento da cidadania, cujo processo foi interrompido pela força das armas em 25 de Novembro 75 e ainda não foi retomado. Tese que oprotunamente retomarei. A tal história da vacina da CIA e que vacina.

Para além dos partidos será necessário o sobressalto democrático. Portugal tem direito a ser melhor governado.
abraços
andrade da silva

Jerónimo Sardinha disse...

Concordo em absoluto com o articulista, bem como com os comentaristas, especialmente a análise desenvolvida pelo Amigo Alves de Fraga.
As incertezas que afligem Andrade da Silva, bem como as amarguradas certezas, são tão reais, que se sentem há vários anos.
As propostas de Alves de Fraga, são a manifestação da lucidez de um cidadão, que em vários domínios centra a sua atenção e as suas preocupações.
No entanto, se os partidos, com especial incidência para o PCP, por maior e BE, por mais activo e até com alguma influência na maioria actual, não conseguirem passar de aparelhos partidários teimosos e isolados, cativando e abrindo há sociedade, supeito que iremos, realmente, ter mais do mesmo e da mesma forma.
O que me deixa seriamente apreensivo é a prepotência e arrogância que o Largo do Rato e as suas gentes vêm evidenciando há muito tempo, atingindo com este Secretário e este Governo a sua mais descarada expressão.
Todos os indicadores vão no pior sentido.
Tentarei debruçar-me mais especificamente sobre este assunto em post.
Cumprimentos e um grande abraço a todos e cada um.
Jerónimo Sardinha.