segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Há médicos que ganham mais de 2500 euros/dia !!!

Não vou acrescentar nem retirar nada há notícia.
O jornalista e os leitores merecem a integridade.
Peço que reflitam, que neste país, o ordenado mínimo
nacional é de 450 euros/mês e a esmagadora maioria
das reformas situa-se entre 250 e 500 euros.
Com isto, tenho tudo dito ...


"Há médicos que ganham 2.500 euros numa urgência de 24 horas num hospital público, quando contratados por empresas privadas. Alguns pertencem ao quadro da unidade de saúde onde fazem o «banco» através da empresa.
Anestesiologia, obstetrícia ou pediatria são especialidades em que há falta de profissionais. A solução tem sido empresas privadas de médicos que cobram valores muito superiores aos pagos por hora extraordinária aos profissionais dos quadros dos hospitais.
As empresas privadas recrutam os médicos nas urgências hospitalares, a quem convidam para realizar «bancos» em determinados hospitais.
Por se tratar de uma situação comum a hospitais em todo o país, alguns médicos chegam a ser convidados pelas empresas - através de um telefonema ou por correio electrónico - a irem prestar «bancos» em hospitais em cidades distantes daquelas onde trabalham.
Um médico que trabalha num hospital em Lisboa disse à Lusa que é regularmente convidado para ir fazer «bancos» a várias zonas do país.
Este clínico confidenciou que chega a receber propostas de 2.500 euros por «banco» de 24 horas, mais do que ganha num mês, embora garanta que nunca aceitou.
Seguro de três milhões
Quando aceitam, os médicos assinam um contrato com a empresa e é com esta que têm um vínculo. A Lusa teve acesso a um contrato que define as normas de acordo para a prestação de serviços na Maternidade Alfredo da Costa (MAC).
Os médicos obstetras que trabalham para esta empresa têm de subscrever um seguro de responsabilidade civil profissional no valor de três milhões de euros para «cobertura de danos».
De acordo com o contrato, o médico recebe por hora entre 45 euros (interno) e 55 euros (especialista chefe de equipa).
Um valor mais do que três vezes superior ao que é pago, por exemplo, à coordenadora das urgências na MAC, Clara Soares, que recebe 16 euros por hora, disse a própria à Lusa.
Na MAC tem sido frequente o recurso a empresas que, em Agosto, forneceram obstetras para 74 turnos de 12 horas, o que representou uma despesa de cerca de 50 mil euros só para aquela especialidade.
De acordo com o administrador da MAC, Jorge Branco, um anestesiologista fornecido por uma empresa pode custar 100 euros por hora. Em casos de «bancos» de 24 horas, a despesa por médico pode ascender a 2.400 euros.
Estes montantes não são incluídos na rubrica das despesas com pessoal, sendo antes classificados como gastos com aquisição de serviços, impedindo assim que sejam ultrapassados os limites para as horas extraordinárias.
Para o presidente da Sociedade Portuguesa de Anestesiologia, Lucindo Ormonde, o recurso a estas empresas é uma situação «perigosa» e não passa de um «jogo financeiro».
A mesma opinião tem Manuel Delgado, ex-presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares e administrador do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, onde cerca de dez por cento dos médicos nas urgências são fornecidos por empresas. Por mês, os médicos destas empresas custam até seis mil euros ao Curry Cabral e são essencialmente de medicina interna.
Em alguns casos, adiantou, os hospitais encontram-se numa situação limite ficando sujeitos a este tipo de «chantagem» por parte das empresas que «pedem o que querem», o que «não é saudável para a economia» do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Hospital de Santa Maria
Também o Hospital de Santa Maria, em Lisboa, recorre a empresas para assegurar a presença de anestesiologistas nos blocos cirúrgicos, devido ao «aumento da produção cirúrgica», disse o administrador.
No Hospital de Évora, as empresas são responsáveis por entre 50 a 100 turnos por mês nos serviços de urgência. O bastonário da Ordem dos Médicos está ao corrente desta situação. ¿Ninguém pode criticar os médicos por quererem ganhar mais. Não foram os médicos que inventaram a empresarialização dos hospitais¿, disse à Lusa."

in Portugal Diário
08 Setembro 08

Jerónimo Sardinha

3 comentários:

Anónimo disse...

Querido Amigo, a situação relatada é deveras preocupante, mas, se é legal, a responsabilidade inteira recai sobre quem sobre quem legisla.
Há muito, dizia um publicitário «que temos de viver com o que temos». E com esta «sentença», o mesmo publicitário parece não ter deixado margem para a indignação e ou para a recusa.
E a apagada e vil tristeza de que Camões falava, continua... democraticamente.
Abraço.
José-Augusto de Carvalho

Jerónimo Sardinha disse...

Continua sim. E agravava-se. Mas democrática... não é.
Um voto, não legaliza tudo, nem valida todas as acções e decisões.
O assunto em causa, são os frutos do "plantio" Correia de Campos, na sua melhor expressão. É evidente que os antecessores e sucessores, não são nem isentos, nem menos culpados. O que se passa é um atentado contra um povo, através da saúde, área mais que sensível em Portugal.
É ainda a pior manifestação de descaramento por parte de indivíduos que prestaram um Juramento (Hipócrates), ou pelo menos deviam ter prestado. Uma vida pelo semelhante.
Que idiotice. Acreditar nisso e ser espectador do que se passa é de vómito. Felizmente há excepções. Infelizmente são poucas e rapidamente apagadas, para não alertar nem contagiar.
É um País, sem rumo, sem direcção, sem políticas, sem ideais e a caminhar alegremente para um caos inimaginável.
Nem Camões seria capaz de idealizar tamanha monstruosidade.

Abraço fraterno,
Jerónimo Sardinha.

andrade da silva disse...

CARO JERONIMO, CARAS AMIGAS E AMIGOS leitores e portugueses que estais fartos de serdes escravos esta, e outras poucas vergonhas, são mais umas que se juntam à vergonhosa lista que refiro no meu post sobre o pântano,onde, atolam os escravos, faltam os chicotes.
asilva