segunda-feira, 23 de março de 2009

DESPERTA POVO!



























Chamar por ti Poesia! Poetas estro, musa, em defesa da cidade, pedir-te verve e força duradoira, que a batalha é de

brio, de amor logrado, um grito na cidade obscura, aberta a desaires e esquecimento. Lisboa te chamaram, cidade

que atravessou os tempos, épocas, a história, resistiu a cercos e à fome, viu investir suas muralhas, viu séculos de

gesta, Restelos de advertência, poetas de faces veras, a soluçar à porta de tuas verdades; heróica foste resistindo. A

voz de teus bardos te guiava, rumo a ti, à tua construção, quando nos ares se desfiava em luz, cidade rosa, cidade

flor, amor cidade. Resististe, que afinal a força é resistir, e nas longas noites, as tertúlias eram ainda voz tua, a

percorrer os bairros e os becos, nossa cidade de sede

Que o Tejo apazigua ou acomete, cidade de portos e de canoas que te levam no longe, à tua procura, cidade, de

partidas e chegadas, quando chegas a ti?

Muito haveria a dizer, pelos teus prédios, as tuas velhas casas (não estarei a recordar a Velha

Casa desse grande génio da música em Portugal, que é António Vitorino de Almeida) e quem não

tem uma velha casa a lembrar a infância, aqueles que a povoaram e não voltam mais?

As tuas velhas casas, teus belos edifícios, que o tempo afronta, como larva a desfazer-te na nossa

lembrança, a paisagem humana vai-se perdendo, modifica-se até nela não nos reconhecermos,
preservemos pois a voz das pedras que abrigaram nossos avós; guardemos

A memória de seu esforçado viver, preservando a beleza das construções que nos deixaram, que

nos dignificam e nos distinguem, de outras vivências, de mérito, sem dúvida, mas nestas paredes

que desabam estão inscritos os sonhos dos que nos precederam, está o nosso próprio

reconhecimento cultural e regional, em suma o eco de tudo o que nos fez, e tantos poetas

cantaram, Lisboa, reconhece-se pela paisagem, pelas colinas, pelo Tejo, mas também pela luz

que doira as suas casas, porque as pessoas, de cidade em cidade, cada vez se parecem mais umas

com as outras. Preservemos pois aquilo que nos diferencia e enriquece, o que não deve

perder-se, o nosso Património arquitectónico.

E que a voz dos poetas nos guie e dê alento, para defender a história de uma magnifica cidade:
LISBOA!

Marília Gonçalves

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