quarta-feira, 22 de abril de 2009

25 de ABRIL SEMPRE ATÉ À VITÓRIA E À ETERNIDADE.



A Voz dum Homem de Abril, esses Homens, jovens oficiais que tudo arriscaram pela Liberdade do Povo Português, deveria ser escutada
" Relatório da Acção"


Abril/74DESENROLAR DA ACÇÃO
Dia 24- Uma vez que o Cmdt e 2.° Cmdt eram elementos armados e decididos a resistir, tendo inclusivamente estabelecido previamente um sistema de Alerta através do Posto local da G.N.R., foi provocada uma reunião com aqueles Oficiais (cujo pretexto foi assentar pormenores relativos à visita do ex-ministro do Exército, General Andrade e Silva, projectada para 25 de Abril) com a finalidade de facilitar a sua detenção.


Reunidos assim no Gabinete do Comandante aguardou-se a confirmação pela rádio do início das actividades; imediatamente irrompe pelo citado gabinete uma equipa constituída pelos Tenentes de Art. Andrade e Silva, António Pedro e Sales Grade, que juntamente com os outros Oficiais presentes (Capitães Mira Monteiro e Patrícia, e Tenente de Art. Ruaz e Nave) prenderam o Cor. Belo de Carvalho e o Ten. Cor. João Nascimento tendo-lhe sido na altura relatada toda a situação pelo Sr. Cap. Patrício, os quais foram conduzidos para um quarto que ficou vigiado por dois Oficiais armados. -


Seguidamente, com as Centrais Rádio e telefónica já ocupadas e com as entradas do Quartel sob controle, foi exposta a situação e indicados os objectivos e finalidades do Movimento, tendo para o efeito:- O Capitão Santos Silva chegado clandestinamente meia hora antes da B.A 3, onde se encontrava em diligência reunido os Oficias do Q.C. que aderiram na sua totalidade. (Este Oficial. na qualidade de mais antigo, havia assumido o Comando desta E.P.A.) - O Capitão Mira Monteiro teve idêntica acção junto dos Sargentos e Furriéis, verificando-se apenas a total adesão dos últimos. Assim foram detidos todos os Sargentos presentes. Também o Ten. Andrade e Silva falou aos primeiros cabos Mil. da Unidade que também aderiram unanimemente.


- Cerca das 24 horas foi organizada uma formatura geral, com a presença dos quadros decididos a actuar à qual foram distribuídas funções:COMANDO- Cmdt: Cap. Santos Silva; Adjuntos: Tenentes Martins C. Ruaz, Sales Grade e Sousa Brandão.BTR ART. 8,8 em (a 6 b.f.)- Cmdt: Cap. Oliveira Patrício; Subalternos: Tenentes Marques Nave, Almas Imperial, Ferreira de Sousa e Aspirantes Mil. Tolentino e Gonçalves.BTR ART 10,5 em (a 4 b.f.)- Cmdt: Cap. Duarte Mendes; Subalternos: Alteres Gaspar Madeira e Formeiro Monteiro e Asp. Mil. Guerra.COMP. ART MOTORIZADA (4 Pelotões)- Cmdt: Cap. Mira Monteiro; Subalternos: Tenentes Andrade da Silva, António Pedro, Ribeiro Baptista, Amílcar Rodrigues e Asp. Mil. Carvalho e Salgueiro.Reserva (3 Pelotões)- Cmdt: Cap. Canatário Serafim; Subalternos: Tenente. Jesus Duarta e Alf. Mil. Medeiros.


b. Dia 25(1) Armadas, equipadas e municiadas, as forças iniciaram o movimento à hora prevista na O. Oper. (3 horas), tendo a C. Art e a BTR 8,8 constituído uma coluna (de 16 viaturas militares e 1 civil transportando uma equipa de exploração) a qual alcançou e ocupou a posição de Cristo Rei, em ALMADA, pelas 7 horas. Simultaneamente com a saída destas forças, a BTR de 10,5 ocupou posições a cavaleiro das estradas de MONTEMOR-O-NOVO e LAVRE, com as missões de interdição destes eixos e de segurança próxima da Unidade.


(2) Actuação da BTR ART 8,8- Ocupou posições de crista, permitindo-lhe bater em tiro directo, qualquer coluna que atravessasse a Ponte, ou qualquer navio no estuário do Tejo; como objectivos em Lisboa, nomeadamente o Monsanto e o Terreiro do Paço.


- Cerca das 9.30 horas apontaram sobre uma fragata em movimento, conforme ordem recebida do P.C. mantendo 2 bocas de fogo apontadas até as fragatas saírem do Tejo e as restantes 4 bocas de fogo apontadas sobre Monsanto.


- Não tendo sido necessária a realização de fogos, esta Unidade exerceu no entanto Importante acção de presença e de esclarecimento da numerosa população de ALMADA, tendo sempre constituído elemento capaz de, em quaisquer condições, Influenciar o desencadear da acção, pela colocação dos seus tiros nos objectivos que se revelassem.


(3) Actuação da PART MOTORIZADA- Montou a segurança à BTR 8,8 em e estabeleceu o controle do acesso à PONTE SALAZAR- Cerca das 9.00 horas montou um dispositivo com a finalidade de interceptar uma viaturacivil da P.M. na qual seguia Major de Cav. Manuel Cruz Azevedo, conforme ordem emanada do P .C.


- Cerca das 11.30 horas ocupou posições para interceptar um DEST FZ que se deslocava para Lisboa, caso este não fizesse o sinal de código (agitação das boinas) emanado do P.C.; o referido DEST seguiu ao seu destino, tendo algum tempo depois passado pela posição em sentido inverso. Mais tarde pelas 14.30 horas) este mesmo DEST contactou com as NF, conforme havia sido comunicado pelo P.C., tendo ali permanecido sem qualquer acção.


- Pelas 15.15 horas, a CART recebeu a missão de se deslocar à CR do GOV. MIL. LX (TRAFARIA) a fim de libertar os Oficiais pertencentes ao Movimento; esta missão foi integralmente cumprida pela libertação de 11 Oficiais ali detidos. Esta força fez-se reforçar dum secção artilharia guarnecendo um obus 8,8 em que, depois de cercado o forte entrou em posição frente ao portão principal e a escassos metros deste. Ordenada a rendição. o portão foi aberto prontamente. Durante a acção foram detidos na área 24 elementos da G.N.R., os quais acompanharam as N.T. à posição inicial. Os Oficiais libertados, escoltados por forças da CART seguiram para LISBOA.


- Pelas 16 horas foi dada ordem para cercar e ocupar o Regimento de Lanceiros 2. Montado o dispositivo, o Cmdt da força foi contactado por elementos do R.C. 7, que informaram estar com o Movimento. Seguidamente os portões do R.L. 2 entreabriram-se dando passagem a 2 Asp. Of. que manifestaram desejo de contactar com o Cmdt da força, a quem declararam que praças, graduados do QC. e eles próprios desejavam tomar parte na acção, o que não haviam ainda feito por oposição dos seus Comandos.


- Armado e com 2 Furriéis Mil. como guarda costas, o Cmdt da força entrou no aquartelamento em causa, a fim de contactar o Coronel Cmdt e saber das sua posição. Deparou com enorme confusão no bar e dependências anexas, onde se encontrava grande número de Oficiais tentando os subalternos persuadir o seu Cmdt a aderir ao Movimento. Aquele Senhor, tentando ganhar tempo, declarou ao Cmdt da força sitiante que esperava as «necessárias» . ordens daqueles que nessa altura estavam já senhores da situação.


Deparou-se então a seguinte situação: .- Oficiais subalternos desejavam tomar parte activa na acção;- Capitães diziam aderir mas declararam Que não saíam do Quartel;- Cmdt e Major Cruz Azevedo manifestaram-se contra o Movimento;- Restantes Oficiais superiores mal definidos;- O Cmdt da força teve conhecimento de que a situação de quase total indisciplina que se verificava na Unidade, se•deveria principalmente ao facto de na manhã deste dia terem estado no Quartel várias personalidades de destaque, entre as quais o Almirante Henrique Tenreiro, que foi deixado sair em liberdade.


- Foi tentado um contacto com o P.C. por RACAL-TR 28, que não foi obtida; - entretanto chegou o Major Monge com indicações relativas ao procedimento a adoptar; - A força sitiante, que já se encontrava dentro do quartel, recebeu mais tarde do novo Cmdt da Unidade indicação para ali pernoitar, o que foi comunicado à posição de Cristo-Rei.



Sousa e Teles
22 de Abril de 2009

4 comentários:

Marília Gonçalves disse...

Companheiros de Abril, Capitães

Grandes Cérebros e grande coragem!
o meu muito obrigada CAPITÃES!
Pelos meus que não chegaram a ver Abril, pelo meu pai que exilado estava em Portugal de regresso a 4 de Maio, foi o dia 25 de Abril o mais belo de sua vida! Pelo avô, vinte e quatro vezes preso e que nas ruas convosco festejou o nosso Primeiro 1° de Maio! o Dia dos Trabalhaores (quem não o é? quem dentre os filhos do povo de Portugal, não trabalha?)
e acima de tudo, pelos filhos que dei ao Mundo que se tornou bem maior com o 25 de Abril, e pelos filhos e filhas de meus filhos, companheiros de viagem de todos os filhos e netos do Povo de Portugal, e que têm desde essa manhã de Abril o direito a dizer Não, sempre que esse não seja necessário para garantir a continuidade de todas as Conquistas de Abril!
Obrigada Capitães eternos, porque da vossa coragem nasceu a Liberdade e uma noção nova de Direitos e Deveres cívicos, Obrigada pela Esperança, luminosa e bela estrada rasgada aos passos das novas Gerações,que conhecedoras que são do valor da Palavra, saberão fazer-se escutar para defender a sua Dignidade.
Viva a Liberdade,em plena consciência Viva Portugal!
Viva o 25 de Abril

Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

Abraço e muito obrigado.

Fizemos em manhã bem-aventurada o que devia ser feito para bem dos portugueses e de Portugal e alguns de nós pagamos ao longo da vida uma pesada conta por essa ousadia, e nisto uns militares de Abril foram tão malévolos na defesa dos seus interesses privados e,ou de grupo,como os mais fervorosos praticantes e apoiantes do fascismo.

Um crime inaceitável que muitos fingem não existir e até honram e privilegiam quem tais baixas, vergonhosas e miseráveis traições e cobardias praticou, por isso quase tudo em Portugal não passa de um quase acontecimento, por isto e até que isto perdure Abril não será um dia inteiro, porque dá guarida a vampiros,disfarçados de amigos das pessoas mais frágeis. MENTIROSOS.
Abraço
asilva

Anónimo disse...

Tinha 11 anos, acompanhei tudo em função da posição do meu pai, o que tenho a dizer como português no estrangeiro é que essa dita merda de revolução feita por idiotas que querem se passar para a história como heróis são uns belos merdas. Traduzindo vi os esforços e vidas de centenas de militares em vão...portugal(minusculo) de nação passou a ter apenas dividas e nada para produzir...ou melhor apenas a desgraça de seu povo....com uma atitude covarde de traidores dos interreses lusitanos....hoje portugal vive do seu passado....sem nenhum horizonte para as gerações vindouras....belo 25 de Abril......que atraso de vida......Filipe Cruz Azevedo

Anónimo disse...

Por favor corrigir.....a palavra interesses.......grato
Filipe Cruz Azevedo