terça-feira, 23 de junho de 2009

AI PORTO SANTO, PORTO SANTO, QUEM TE ACODE?...


Porto Santo,teu nome já não te fica bem!

… e o Porto Santo deixou definitivamente de ser a tão aprazível zona de lazer e sobretudo de descanso.
A onda de assaltos a casas de veraneantes é cada vez maior. Agora, só de uma vez, foram assaltadas três (todas da minha família) e ainda por cima de um filho da terra. Mas nem foi por uma questão de roubo, apenas e “só” vandalizaram tudo o que encontraram pela frente.
Os móveis antiquíssimos, os quadros, as loiças e sobretudo os livros foram vandalizados e nas paredes ficaram os “grafitti”.
Mas este não o 1º acto de vandalismo àquelas moradias, só que foi o de maior monta e daí ter sido notícia de jornal.
Os autores já foram descobertos e estão sob inquérito. São menores de 13 e 14 anos!
O que quer isto dizer? Que juventude anda o nosso país a criar e formar? Que controlo os pais têm sobre os filhos? Quem vai ser responsabilizado? O que vai acontecer?
Para além dos avultados danos que deixa qualquer um de nós proprietários bastante apreensivos, o que me preocupa de facto é no que aquela “santa” terra se tornou.
De “Santo” já nada resta e de “Porto” já não sei também!
Pergunto: O que anda a polícia local a fazer? Não tem meios humanos suficientes para combater o crime? Não é esse o seu objectivo prioritário?
Por outro lado questiono os pais destes adolescentes: Que valores lhes transmitem? Como os educam? Sabem por onde andam e o que fazem?
Numa terra tão pequena, o controlo não há-de ser assim tão difícil (julgo eu) nem pelos pais, nem pela escola, nem pelas autoridades.
Como querem encher de turistas a “Ilha Dourada”?
É com este cartaz de vandalismo? É com esta falta de segurança na casa de cada um? É com estes “diabos à solta” que ninguém deita a mão e responsabiliza, pelo facto de serem menores?
Assim não, meus senhores!
Assim não dá!
Meu avô (Dr. Manuel Gregório Pestana Júnior), sempre nos ensinou a amar e respeitar o Porto Santo, sua terra natal.
Sempre nos ensinou a olhar o Porto Santo, não como uma terra pobre e desprezada, mas sim como uma ilha linda, dourada pelo sol, doce como as suas uvas, macia como a sua areia e segura como o seu mar.
Dormíamos sempre com as portas e janelas abertas, saíamos de casa nunca fechando nada à chave.
A “nossa casa” recebia quem por lá passasse e quisesse descansar ou dar dois dedos de conversa. No terreiro a “pescaria” do dia era irmãmente repartida pelos pescadores amigos e pelos “nossos” (meu avô, meu pai, ..) e à noite era o bailarico (a Meia-Volta, a Ciranda, a Padeirinha). Era uma festa!
Para nós, era o realizar dos sonhos de todas as noites! Férias no Porto Santo!
A terra onde éramos livres, a terra dos perigos quase nenhuns.
A terra onde corríamos, brincávamos e nadávamos sem medos. A terra onde nem era preciso bater à porta para entrar em casa!
Mas onde está terra que eu tanto gosto?
Onde estão os orgulhosos portosantenses? Que é feito de vós?
Por favor, alguém ponha um ponto final a esta situação.
Por favor, não deixem que o Porto Santo deixe de o ser!



Ps: A psicóloga Sara Peixe fala de “..rituais necessários à passagem ao grupo… comportamentos não pressupostos para um futuro delinquente…”.
Só pergunto: e o que temos nós a ver com isso? Os meus filhos não precisaram desses rituais para pertencerem ao grupo! Nunca lhes passaria pela cabeça fazer semelhante ritual, até porque foram educados com valores!

Isabel Pestana

PS: Texto publicado no DN Funchal, na secção cartas do leitor.




8 comentários:

andrade da silva disse...

Porto, Porto Santo

Do teu solo comi uvas brancas, muito saborosas e não compradas, mas com quanto receio faziamos isso, tirar ao alheio dois bagos de uvas que até caíam para o caminho público, mas isso parecia um grande pecado que confessavamos ao padre que logo nos mandava rezar um pai nosso e uma avé-maria, e ele em nome de Deus que era dono de todas as coisas nos desculpava e eu, então, reconquistava a minha paz de espirito.
Tempos.

Isabel sei o que custa ser roubado e vandalizado. Todavia se isso é um ato incomum no Porto Santo é pratica trágica e frequente por cá. Espero que nunca o venha aser no Porto Santo e o teu aleta pode contribuir de algum modo para issso.
Abraço
joão

Marília Gonçalves disse...

Amiga Isabel Pestana
infelizmente a violência e delinquência que refere, não são mal exclusivo de Portugal que se tem acostumado ao longo dos anos a importar costumes existentes há muito noutras partes do Mundo
Atravessamos uma época sem valores humanos e sem afectividade.
Sem amor, sem ternura,sem o respeito
que automaticamente lhe estão ligados, onde procurar o Ser Humano?
Continuo convencida que na vida familiar o primeiro passo tem que ser o do Amor, amor profundo por cada um dos seres que acompaham o florescer de cada criancinha.
Amada, a criança, como pode esquivar-se ao respeito dos valores que lhe transmitem os que a
amam, protegem, defendem. Amar a terra em que se nasce é um prolongamento desse amor por quem nos deu vida, pele historia dos nossos que se torna nossa também.
Trágica Sociedade, pobre Civilização aquela onde se perde a capacidade de Amar.
Aí sim começa a miséria.
Aos pais de transmitir aos filhos, valores sólidos, talvez escolas de pais não fossem má ideia,mas o facto é que as crianças se fazem sozinhas, com pais cansados, sem tempo para ver que o tempo passa, e que a cada instante pode perder-se a ocasião duma palavra precisa.
Há anos que escrevo e digo que a educação da criança, deveria dar lugar a longos e alargados debates,
mas a verdade é que a solidão moral
hoje presente principalmente nos grandes centros urbanos, está a conduzir-nos para o sofrimento colectivo.
urge tomar medidas! urge pensar, reflectir!
Nada está perdido, mas é preciso agir, Amiga, que todos sigam o caminho que enveredou, denunciando uma situação dolorosa e que todos se unam para lhe encontrar soluções
Unidos, todos seremos vencedores, pais, jovens e a sociedade
abraço
Marília Gonçalves

Marília Gonçalves disse...

ESTIMADA ISABEL PESTANA

Recebi o poema Maldição de Jaime Cortesão que le
foi enviado pelo Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra
muito obrigada a si pela informação
há mais de 40 anos que procurava este poema que tinha perdido
mais uma vez muito obrigada
vou enviar o poema ao nosso amigo e companheiro que lho pode pois enviar, como filha de anti salazarista que é e como Mulher de armas que também é!
o meu abraço
Marília

andrade da silva disse...

Caras Amigas

Penso também que é o DESAMOR e a FALTA DE AFECTOS o motor de toda esta violência, e por detrás disto tudo está a socieade egoista e as lidearanças politicas de pseudo-elites corruptas, sempre autoritárias,e, por vezes, mesmo mafiosas ou quase-mafiosas, mas é preciso dar a volta a isto ensaiando novos métodos.
abraço
asilva

Isabel Pestana disse...

Amigos
Estive no porto Santo estes últimos 5 dias para poder observar in loco o que haviam feito nas nossa casa e poder apresentar queixa na polícia e Ministério Público. Foi um choque! e mais choque foi ver os danos e saber que foram crianças entre os 12 e os 14 anos que os fizeram. Até agora já foram apanhados 15 que confirmaram o que fizeram. Até perguntei ao comandante da polícia se não haveria alguém adulto por detrás disto porque me custa muito acreditar naquela monstruosidade ter sido feita poor miúdos. Mas sim, foi-me confirmado que eram só jovens e que ainda não tinha acabado o rol dos participantes. mas vi alguns pais e fiquei chocada com o seu comportamento e modo de estar, como se nada de grave se tivesse passado.
Realmente os pais de hoje trabalham, estão cansados etc, mas eu também trabalho e tive filhos e arranjei tempo para os educar, transmitir valores e sobretudo amá-los e acompanhá-los. Se as pessoas não têm capacidade para criar filhos então que não os tenham. SAe têm outras prioridades então não tenham filhos só por ter.
Talvez esteja a ser muito radical e agressiva mas os meus amigos não fazem a mínima ideia de como as casas ficaram danificadas.

Isabel Pestana disse...

Marília

Quanto ao poema, foi um prazer ter pesquisado e ter encontrado o local onde a minha amiga podia chegar até ele. Ainda bem que o conseguimos.
É lindissimo e FORTE como nós os resistentes!
beijinho
Isabel

Isabel Pestana disse...

João
Ao ler o que escreveste sobre as uvas lembrei-me tão bem de que eu também o fazia e do medo que tinha de vir a ser descoberta pelo pai. Ainda há poucos dias falava disso com amigos madeirenses que fizeram o mesmo que nós e dos nossos medos. e tudo porquê? porque nos tinham ensinado que nao se mexe em nada do que não é nosso! e eram só uns bagozitos!
bjinhos
Isabel

Anónimo disse...

Os madeirenses são a maior praga do porto santo. (obviamente que nao são todos)

Vêm para cá de férias no verão e fazem tudo o que querem e que lhes apetece.

E como sempre as autoridades fecham os olhos a isso... as autoridades no porto santo so servem para passar multas aos habitantes, que trabalham para sobreviver... enquanto isso, os vandalos andam pela cidade a partirem coisas e a sujar as ruas...

enfim.. espero que isto acabe um dia.