quarta-feira, 3 de junho de 2009

EU, CIDADÃO-MILITAR, ME APRESENTO! (V).CAZOMBO/LESTE TO DE ANGOLA UMA PÁGINA DESGARRADA DE UM DIÁRIO: UM DESENTENDIMENTO COM A AUTORIDADE CIVIL.


O - bolinha vermelha

DEDICO : A todos os oficiais e monitores de educação física que na guerra, ou nas Missões de Paz, ou nos Quartéis dão o seu melhor pela defesa do bem estar físico dos nossos camaradas, e nem sempre são reconhecidos ou defendidos, como deveriam ser.

Cazombo, 13 Fer 72

Hoje a equipa do Cavungo jogou no Cazombo contra a Administração civil. Pela manhã disseram que o jogo seria às 10 horas, o que me levou a falar com o treinador da equipa civil, para acertarmos o passo. Porém o jogo não se realizou a esta hora.

Depois do almoço aconteceu um grave incidente. Pelas 14 h fui com o Furriel Queimada falar com o administrador do Cazombo, para que o jogo em vez de se fazer no campo da JAE se fizesse no Militar, ao que o administrador não acedeu, dizendo que o jogo era no campo JAE às 15, e que se nós não comparecêssemos perdíamos, afirmação que fez em tom autoritário. Retorqui-lhe que se tivéssemos usado o mesmo critério de manhã já tínhamos ganho o jogo.

Então, e com a maior surpresa nossa, o selvagem do administrador correu-nos da casa da Administração, “enjaulando-se” ( aspas postas, agora, à pressa) logo dentro do posto, o que não nos permitiu reagirmos do modo mais conveniente. Depois de o chamarmos de todos os nomes ( devem ter sido bonito) que nos surgiram à cabeça ( devem ter sido poucos, digo eu, agora), demos do facto a conhecimento ao capitão Marques ( comandante da companhia do Cavungo) que logo decidiu que a equipa se apresentava, mas não jogava. Concordei.

Todavia o administrador foi logo depois ter com a capitão pedir-lhe desculpa e (o nosso muito valoroso capitão) desculpou-o, exactamente porque não foi a ele que correram, e pediu-me para esquecer o sucedido.

No dia 14 Fevereiro ( tenho mau feitio, sou filho de um minhoto e uma madeirense corajosos) apresentei participação da ocorrência, e escrevi ( como sabem já vou a caminho de Mucaba) uma carta ao capitão criticando-lhe o facto o ter abandonado dois seus subordinados, o que foi extremamente incorrecto ( havia de saber que não era a excepção).

À noite estive na Caserna dos Madeirenses, lá estava o Perneta, contaram-me que uns dias antes fizeram o capitão da Companhia de Comando e Serviços do Batalhão borrar-se todo, apontaram-lhe, suavemente, as espingardas G3: ou mudava de comportamento, ou de vida. Mudou de comportamento, pudera!

Os madeirenses e os açorianos são uma tropa danada, mas como os madeirenses eram estúpidos os oficias e os sargentos eram todos continentais, só que se esqueciam que a malta de Câmara de Lobos e Machico usa a foice e a navalha para resolver diferendos que não entendem ( mas claro como diz ainda hoje um grande general do exército Português só havia disciplina, e não havia desertores. Claro o pessoal queria era regressar à santa terrinha, porque carga de água havia desertar, além do mais para onde? Mas ainda vou falar da disciplina e de disciplinadores nas parada dos quartéis no pute ( Portugal), mas lá my GOd….).

Gravei uma cassete com a voz do Hilário M. , que é natural de santo António. Comprei umas cervejas ( novos hábitos que já perdi, bem como o dos ovos cozidos com martini no terraço de um hotel em Luanda que servia de clube de oficias. Há dias encontrei no Chiado um meu conterrâneo e parceiro destas andanças que me falou do meu recordo de ovos numa dada noite. Sei que gostava e gosto muito de ovos cozidos com bastante sal e na altura, como já disse, com martini - já não tomo há séculos -, mas nunca pensei ter comido tanto ovos de uma vez, diz que contou oito, bem… não sei, até quatro não poria qualquer objecção, mas oito enfim….ah gente nova!… ah juventude!... quanto vos entendo.

A. da Silva
PS: A vitória no Leste de Angola que não vi, mas....



1 comentário:

Isabel Pestana disse...

... e já cá está mais um episódio da tua aventura em Angola! mas... pequenino! Queria mais!!!
bjs
Isabel