domingo, 9 de agosto de 2009

A SIMPATIA ANTIPÁTICA DE UM DEUS





Estou na Pérola do Atlântico, na Madeira, onde, bem vejo que são férias, e que o Mundo não tem concerto. Não há crise, Deus continua a ser generoso para o ricos. Vivem, como nunca viveram, e os mais desgraçados continuam a ser servos e escravos, com a cerviz dobrada, como sempre foi da sua condição. O esclavagismo e a Idade Média não passam. Mas com este bom Povo, para quê o raio da ditadura fascista ou outra? porcos, malditos!

Todavia estou na Madeira, é Agosto, quero falar de antipatias dos deuses. Há dias a minha irmã, que é médica, olhou para um sinal que me acompanha, e disse-me - Bem! Deves ir ao médico - . Disse-o com ar circunspecto, e eu que desconfio que vou morrer de cancro, lá disse: está cá o maldito, e eu que até me besunto com cremes anti- UHV e o diabo a quatro! Mas como a minha madrinha, que é nossa senhora do Socorro, não me deve a dar a devida atenção, devo estar tramado, de um, ou outro modo.

Marquei há uma “porradaria” de meses a consulta, num dos hospitais militares, (só vantagens, não é?) para o dia 3 de Agosto. Como não tenho carro, e não conheço a rede de transportes públicos, o que, também ninguém conhece, percorri longas distâncias a pé. Transpirei, e lá disse, para comigo, o médico dermatologista não me vai dar consulta, assim, transpirado lá vai pensar que ainda apanha sida, e põe-me na rua. Bem, não foi assim, mas o diabo está sempre atento, e prega grandes partidas.

Cheguei ao Hospital, fui ao guichet das consultas, queria pagar, porque acho que se deve pagar, mas disseram-me que era gratuito. Agradeci, não sei a quem, a mercê, mas de facto queria pagar. Recebi como senha o nº 64, fiz mais umas perguntas para nova inscrição, não havia vagas, deram-me um telefone que tem quatro velocidades: impedido; não atende; ou não há vagas, no fim do mês volte a telefonar; e a melhor de todas, mas rara, há vaga, daqui a três meses.

Depois, desloquei-me para o lugar das consultas, quando lá cheguei, já ia no 67, perguntei a uma linda menina-funcionária como era, disse-me que as senhas não contavam que me pusesse na bicha junto à porta do médico que ele logo me chamaria. À minha frente estava um veterano que me disse que ali era assim, o que, a sua mulher confirmou, e que o médico era meio assim, assim, que tinha trabalhado ali 26 anos, e que o conhecia muito bem. Fiquei esclarecido, aliás, como o médico veio à porta, chamar o veterano, o meu olho clínico de psicólogo pôs-me logo de sobreaviso. Já dei algumas consultas de psicólogo em troca das de medicina, só que a minha foi gratuita e a que recebi não. Enfim coisas da vida. ..

Entretanto, o veterano sai o gabinete, eu era o doente seguinte, ele diz-me para bater à porta do gabinete, o que faço sem hesitar. Bato, peço licença para entrar e o “alarve” do médico perguntou-me quem eu era, estive para lhe responder torto, porque jamais aquele senhor me operaria, mas respondi, de um modo rotineiro, sou um doente, devia ter acrescentado que ainda me “passava”, mas fiquei pela redundância.

Perguntei-lhe se queria que saísse, que não, porque já estava dentro do gabinete, senti-me praxado e pensei, logo, que há 20 anos um outro esperto me tentou praxar. Cheguei atrasado a uma acto de serviço, e o senhor que o conduzia, sendo bem mais antigo que o capitão que eu era, mandou sentido a todo o pessoal, e pediu-me autorização para continuar, mas o que fazer, já sabia das praxes da Academia Militar, então, pedi –lhe: V. Exa., meu…. Dá-me licença, que lhe dê licença, para continuar com a sessão. O senhor deu a respectiva licença, que lhe enderecei, e a coisa se resolveu. Enfim praxes…

Julgava que o Mundo dos Deuses era inteligente, mas há sempre gente que consegue diplomas, exames de estado com graves défices ao nível da inteligência geral, e, sobretudo, da emocional… Mas, lá vem a consulta disse-lhe veja se este sinal é o maldito de um cancro? Que não que não era, é um sinal vulgaríssimo. Será? Agora já não sei nada. Terei de ir a outro médico. Falei-lhe ainda de sinais da idade, e lá me deu uma solução, garroteá-los. Amarrá-los com um linha, colocar um penso rápido, eles não recebem sangue, infectam e caem. Como me falou de infecção ainda lhe perguntei se ponha betadine. Disse-me que sim, mas será que ele esteve a gozar, comigo?.... talvez não!?...

O médico era de raça indiana, recordo-me que uma vez queria tratar da enurese de uma criança africana, e a mãe lá me dizia que aquilo se tratava colocando peixe debaixo da fronha, foi o cabo das tormentas, para explicar que estabelecer uma relação causal entre uma coisa e outra era muito difícil, mas que há coisas que, nós pobres estudiosos da coisa cientifica, não conhecemos.

De qualquer modo, vou experimentar garrotear um desses pedúnculos, depois, verei. Só que com toda esta perturbação havia mais um sintoma de que queria falar, mas até me esqueci, e, agora, que fazer? Voltar ao mesmo médico, pelo amor de Deus! Vou tentar dizer que não quero mais o senhor, mas só depois de executar os pedúnculos, com o tal garrote.

Todavia, se nada disto parece muito simpático, a verdade é que o médico não parecia agressivo, tinha até um sorriso meigo, ou talvez trocista? Pareceu-me um sorriso simpático, mas o Diabo tem muitos nomes: Satanás, Mafarrico etc. etc..

Gozem o momento.

asilva



2 comentários:

Anónimo disse...

Quer dizer, apanhei-te em flagrante deférias. Pois sim, também por cá ando. E cheio de sinais nas costas que já me quiseram retiraram, mas a que me oponho com obstinação. A mesma (?) obstinação com que os nazis prepararam a limpeza étnica dos judeus (?). É que estou impressionadíssimo com o campo de Aushevitz (como raio se escreve bem este nome?) que visitei há uma semana atrás. Nada que se compare com sinais a não ser que se pense que afinal eles andam por aí. Nós também. Um abraço. luisladeira

andrade da silva disse...

caro Luis

Boas férias para ti.

Esperemos e façamos tudo para que todos os sinais, sobretudo os nazis desapareçam.

Mas ontem fiquei impressionado com o que vi em vários telejornais do mundo, e mais preocupado fiquei quando hoje li que se não houver uma nova espécie de revolução verde na agricultua, com a demanda que, hoje,os chineses mais ricos fazem de porco, e com os cereais que se consem no biocombustível, parece que por volta de 2030 a teoria de Malthus poderá confirmar-se, a não ser que se recuperem as taxas de produtividade da agrilcultura.

Mas tudo isto são coisas para estarem fora do dicionário de férias.

Só que a Agosto sucede-se Setembro, que é um ês com a mesma terminação que Novembro, pelo menos, nisto ,a direita e a direita proto-fascista ou saudusista de um salazar mais sorridente, leva uma grande vantagem, e, ainda, mais porque uma boa parte da equipa da alternativa, pura e simplesmente joga na alternãncia,o que, também é um sinal dos tempos, que vai persistir.

Boas férias

abraço
joão