terça-feira, 22 de setembro de 2009

MANUEL ALEGRE E LOUÇÃ, O FRENTE A FRENTE QUE FAZ FALTA.



Se bem se lembram houve um tempo em que Manuel Alegre estava no mesmo palco, falando lado a lado, com Louçã, no que parecia a fundação da Grande Esquerda que lutaria sem quartéis contra a deriva neo-liberal do Partido Socialista (PS)-Sócrates & Santos Silva & Lelo, e, se ainda bem se lembram, este último, deputado do PS, disse que, Manuel Alegre por andar naquelas andanças, sem sair do PS, seria uma personalidade com défices de carácter.

Parecia que Manuel Alegre estaria a dar um sinal aos descontentes do PS que deveriam votar no Bloco de Esquerda (BE), e esta realidade ou aparência de realidade até parece que correspondeu a um dos momentos de crescimento do BE.

O namoro, ou a sua aparência, parecia que corria bem até ao fatídico dia 19 de Setembro, em Coimbra, em que Manuel Alegre que já não aparece na tribuna de Louçã, mas da sua amiga Belém – nome de bom presságio, se pensarmos na natividade - e José Seguro para dizer aos mesmos descontentes que votaram PS, que, apesar de tudo, votem novamente PS-Sócrates, por causa do Serviço Nacional de Saúde e dos apoios sociais, porque com a vitória do PSD tudo isso seria rasgado.

Só que Louçã diz, exactamente aos mesmos cidadãos, porque o PS- Sócrates esqueceu o social, serviu mal o serviço nacional de Saúde, tratou mal os professores, se quiserem recuperar os direitos desbaratados e garantirem uma governança de esquerda devem votar Bloco de Esquerda.

Todavia sendo este um facto politico, que, neste momento, parece criar uma nova eleição na que está em curso, com dois novos protagonistas: Manuel Alegre e Louçã que parece quererem dividir entre si um milhão de votos, com um dos protagonistas, Manuel Alegre, a dizer para votarem PS, para não darem a vitória ao PSD, e Louçã a reclamar esses votos para nacionalizar vários sectores de actividades, sair da Nato etc., seria interessante seguir, para ver como os eleitores alvo vão reagir a estes dois apelos contraditórios, e quem nesta eleição da liga de honra ganhará, Manuel Alegre ou Louçã?

E o que significará a vitória de um e a derrota do outro? Ou será que este dia 19 de Setembro com Manuel Alegre num comício do PS não existiu, ou não terá consequências no bloco de Esquerda? Bem se não as tiver no Bloco de Esquerda, terá em Manuel Alegre. E o que tem hoje Lelo a dizer ao comportamento de Manuel Alegre? E se nada acontecer, como depois será tudo isto harmoniosamente consertado: PS e Manuel Alegre; PS, Manuel Alegre e BE?

Como se vê naquelas equações Manuel Alegre é o menor denominador Comum, num mero juízo aritmético, ou será a tal ponte que Helena Roseta anunciou para as alianças à esquerda. Mas para esta ponte ser sólida, teria de haver um terramoto nas fundações ideológicas dos dois partidos, ou no mínimo uma mera conversão do bloco de esquerda ao pragmatismo, característica fundamental para ser poder, o que, até hoje era condenado pelo bloco. E amanhã?

Mas se todos continuarem fiéis aos seus princípios, como será governado Portugal, se será sempre mais fácil ao PS fazer alianças à direita do que à esquerda? Mas isto pode estar em contra-mão com os votos maioritários do Povo, e mesmo com muitos eleitores do PS.

Ou será que Manuel Alegre perante a perda da maioria absoluta de Sócrates, encontrará, finalmente, com José Seguro, Maria Belém e Alberto Martins, o ambiente interno no PS, potenciador do lançamento da Grande Esquerda, agora, sob a luminosidade de um PS reencontrado e regenerado?

Andrade da Silva

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