segunda-feira, 2 de novembro de 2009

CAIM: "EL MATADOR" DA HUMANIDADE NOVA.



ÀS MULHERES E HOMENS LIVRES DA HUMANIDADE-HUMANA…”

A obra de José Saramago, Caim, é uma sátira inteligente à bíblia, com o seu quê de vicentino, claro, na minha opinião que não sou critico, e , em qualquer caso, é o modo, como um ateu , ou um agnóstico lê a maioria dos episódios da Bíblia, obviamente, que quanto ao julgamento profano de um Deus, como FP, pelos critérios humanos há um exagerado, exagero, uma crueldade que ofende quem crê, e perdoa todas as maldades do seu Deus, que, segundo uma dada interpretação teológica dos seus actos, estes, relevam de uma fonte de transbordante bondade e amor.

Sempre, e, em todos os casos, a obra de Deus, como as dos Homens devem ser vistas na sua totalidade, aquele que pratica o mal, pode praticar o bem, e, isto, tem sempre de ser considerado, mesmo nos crimes dos padrinhos, na camorra napolitana, ponto.

Voltemos à obra. É deliciosa a descrição do Éden, com a sua rotina de morte que para além da actividade sexual depois do pecado original e do saber ou não saber, como é bom vencer tabus, tudo era uma rotina enfadonha. Mas Eva e Adão são expulsos para terras inóspitas. Todavia Eva corrompe o anjo querubim, e consegue uns frutos para sobreviverem. Sempre a mulher subtil a dar a volta ao homem viril, e, neste caso, a esta espécie de anjo-guerreiro, polícia do Olimpo.

Eva e Adão dão à luz a Caim e Abel, um agricultor, o primeiro, outro, pastor, Abel, um rico, outro pobre. Deus gosta mais do rico, Abel, então, quem pode pagar bulas?

Abel fala com Deus, este dá-lhe tudo.( Conheço pessoalmente gente desta que muito me irrita, mas Deus se lhes deu boa vida, deu-lhes um calote de centenas de milhares de euros, assim também eu) mas Abel era arrogante, poderoso, e despertou a inveja e o ódio de Caim que o arrumou, com a cumplicidade de Deus, com uma “cachaporrada” pela mona abaixo. Um género do tal lusitano a dar cabo dos Romanos, ou da padeira a dar cabo dos espanhóis, mas Caim vivia na Mesopotâmia, e nada tem a ver com Viriato, mas podia ter, através dos presentes alternativos de que José Saramago, magistralmente descobre, segundo as técnicas televisivas da telenovela Casarão, de que nada percebi, tanto eram as personagens. Mas Caim, o assassino, de seu irmão, terá uma vida errante, e viverá, por vontade de Deus, muitas vidas, as de ontem, de hoje e do futuro - os presentes alternativos.

A diferença de classes vem desde os primórdios dos tempos. Ao lado dos anjos-querubins, há os anjos–operários: uns fazem pouco, os outros são escravos, e também naqueles idos, as doces mulheres eram propriedade e escravas dos homens, e, estes, gostavam da coisa, pudera! ( Da minha parte confesso que defendo toda a liberdade da mulher para amar e se relacionar com todos e em simultâneo, embora, entre os homens, a fazer fé nas suas gargantas fundas, não seja nada beneficiário dessa liberdade, ou libertinagem. Enfim Deus e Vénus não me deram nenhum sinal atractivo, que pena! E pior deram-me esta língua maldita que não se cala, própria do índex. Bem! Lá está, como este espaço de liberdade e cidadania, nenhum talibã aceita estes desaforos. Só gente livre sabe pensar, segundo os ventos da Liberdade, os tais de Abril).

Voltando ao presente-passado, Caim na sua vida errante vai viver muitas vidas: fará sexo com mulher adúltera, vai ter relações sexuais libérrimas, com uma mulher livre, a primeira feminista, mas rainha e poderosa, matriarca, submetendo o desgraçado do marido à vergonha de, mansamente, aceitar o adultério para poder viver no palácio e fazer parte da corte da Rainha, os desgraçados que querem ir além do que podem, dos seus tamancos, pagam um preço elevado. No comércio é assim, mas Caim gozará muito e terá dietas de dezenas de anos, estas, uma
injusta tristeza. Caim verá coisas extraordinárias e cruéis que ele não entende que o levam a odiar Deus, e a querer matá-lo.


Caim apesar de assassino não compreende que um Deus bondoso mande um pai matar o seu filho para pôr à prova a sua fidelidade. Abraão superou a prova, porque perante Deus um filho valerá tanto quanto uma cabeça de gado, entendimento antigo, mas Caim que matou o irmão não entende isto, mas para os teólogos os desígnios de Deus são inescrutáveis, e, consequentemente a coisa se resolve, e não há lugar para dúvidas ou criticas.

Caim não entende que as crianças inocentes de Sodoma sejam queimadas por línguas de enxofre, por causa dos pecados e a iniquidade dos adultos. Para Caim isto é um acto de crueldade. Também não posso ver isto de outro modo. Há algum humano que seja pior que Caim, para ver isto como um acto justo? A haver só poderiam ser Hitler, Pinochet, haverá mais? Muitos talvez, mas….

Mas por causa de Sodoma as filhas de Lot farão incesto para que a família não desapareça, diz Saramago, que embriagavam o velho, e depois vinha a festa. Foi também testemunha do castigo de Deus aos homens, por causa da sua ambição, ao quererem ser iguais a Deus. Em Babel, toda a humanidade se desentendeu, para todo o sempre, a não ser que o esperanto um dia nos salve. Ainda é o castigo de Deus contra os que atentaram com a vida de 36 israelitas, para os punir, Josué , segundo a directiva divina, exterminará uma população inteira. Por todas estas guerras, Deus receberá o título Deus dos Exércitos.

Deus não desarma, mas Caim também não, cada vez mais se aproximam da batalha final, depois de Caim ter presenciado a tortura psicológica a Job que pacientemente resistiu a toda a vitimação feita pelo mafarrico com a cumplicidade de Deus, Caim encontra no Dilúvio o momento azado para vencer Deus.

Como é do geral conhecimento Deus ordenou a Noé para fazer uma grande arca, onde, embarcassem um macho e uma fêmea de cada espécie, para que depois do dilúvio e limpa a humanidade da iniquidade pudesse nascer a nova humanidade. Tudo estava, segundo os bons prognósticos e planos a se realizar, só que Caim também embarcou na arca, e depois de ter morto todos os filhos de Noé, ter gozado com as noras e com a mulher do próprio, para povoar a terra também a matou. Na arca só ficou vivo, para contar tudo isto, Caim, porque Noé tendo descoberto todos estes assassínios de Caim suicidou-se, e, assim, o projecto de Deus foi derrotado. Na arca morreu o único homem justo, Noé, e toda a sua família, portanto, daí em diante a terra só ficou povoada de bichos e unicórnios. A humanidade, ali, morreu. A história acabou, até que, desde há uns anos o homem, através da clonagem e da técnica, povoou o mundo de substitutos dos humanos, como se pode ver no filme – Os substitutos.

José Saramago, através do seu substituto, nos diz: A HUMANIDADE ACABOU, e como as romãs se corromperam e de vermelhas passaram a amarelas, mutação genética de finisterra, dos tempos de véspera, também, assim, a humanidade se corrompeu, e, hoje, resta a Humanidade Substituta, ou seja, a HUMANIDADE DE SEMPRE INÍQUA, GENEROSA, conforme o DEUS, ou os DEUSES que a GUIAM.

Andrade da silva

4 comentários:

Anónimo disse...

Einstein acreditava na existência de Deus, sem a qual não via explicação lógica para quanto existe, e Einstein não era ao que parece ali o burro da esquina
O mal é confundirem Religiões e Deus
as religiões são apenas uma interpretação muitas vezes tendenciosa de quem as explora.
Deus pode esconder-se atrás duma equação e nada ter a ver com quanto tenha sido dito

um ignorante à procura da verdade

andrade da silva disse...

Pois, pois eu agnóstico sou, como o compreendo.

Que sei eu, sobre o que por definição é transcendental!

Dizem que para quem duvida o melhor é acreditar que pelo sim, ou pelo não ganharia sempre, ou nunca seria prejudicado, todavia seria um comportamento desonesto, por conveniência.

Quanto a Deus só conheço a minha dúvida, e, portanto, sofro com ela, que não é vaidade, mas honestidade.

Obrigado
asilva

José-Augusto de Carvalho disse...

Reverencio Einstein, mas esta minha reverência não me conduz à demissão do meu pensamento. Nem ele se comprazeria com isso.
Salvaguardando o devido respeito, não se me afigura adequada a imagem de «burro da esquina», mesmo aceitando aqui para burro o significado de teimoso. A questão da existência ou inexistência de Deus continua sendo uma das mais perturbadoras da Humanidade.
José-Augusto de Carvalho

andrade da silva disse...

Caro José Augusto
Deus, a vida, a morte,a humanidade, nós,a arte,a poesia que mundo maravilhoso de coisas transcendentes, se tudo fosse guiado e tivesses como finalidade amar cada vez mais o BELO e o Outro! Como tudo poderia ser diferente!
abraço
asilva