segunda-feira, 23 de novembro de 2009


25 de Abril Sempre



Espasmo interior

ou revolta fulminante

qual o nome para a dor

vinda do meu tempo infante?

algozes vis destruíram

em feroz atrocidade

os sorrisos que fugiram

ao futuro da verdade.

Antecedendo o dia luminoso

eles mataram, feriram sem remorso

da tortura fazendo íntimo gozo

curvando ao povo as almas e o dorso.

Mas a alma do povo é resistente!

De humilhações de feridas de peçonha

que lhes fechavam as portas do presente

em crueldade bárbara, medonha:

Ânimo erguido! Na luta, na arena

na solidão feroz de cada cela

desprezando o sarcasmo da hiena

caindo em bando sobre uma gazela

o povo foi erguendo em cada não

a história portuguesa do futuro:

fez luz nascer da escuridão!

Um jardim nascia no monturo.



Marilia Gonçalves

2 comentários:

Marília Gonçalves disse...

Isto também era o fascismo!

Hoje dia 24 de Novembro de 2009
é o aniversário da morte de meu primeiro filho,estávamos em 1967, na altura das grandes cheias em Lisboa.
Aos seis meses de gravidez... porque a moral fascista, impedia nas maternidades a assistência ao parto antes dos sete meses de gravidez andei de uma para a outra e quando enfim uma equipa médica humana, declarou que os sete meses de gravidez estavam ultrapassados, era tarde demais para impedir o inevitável e uma criança recém-nascida tentou num esforço impossível durante vinte minutos conseguir respirar abrindo e fechando a boca continuamente!
Dado o tempo de gravidez o bebé nasceu de pés, pelo que durante o tempo da espulsão senti sobre a minha pele todo o horror que estava a sofrer.
Todo o meu reconhecimento à equipa médica que me assistiu, no lado dos quartos particulares da Maternidade Alfredo da Costa.
Sem eles, porque não sabia que mais fazer, nem a quem mais me dirigir, teria ido para casa, com as inevitáveis consequências que adviriam.
Quantas mulheres terão passado por situações semelhantes, quantas perderam seus filhos em nome da moral fascista, porque o fascismo era isso e entrava nas nossas vidas, nas nossas casas, no mais íntimo de nós e dos nossos sentimentos, destroçando-os!
Isto era o Salazarismo, o crime sem perdão! eu, tinha vinte anos acabados de fazer, passaram já mais de 40 anos e a minha dor continua vívida e lancinante
A dor de uma jovem mãe, a dor de uma vida!
Fascismo nunca mais!
25 de Abril Sempre

Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

Marilia

Sem palavras.

Fascismo munca mais, porém há 34 anos, iniciou-se um marcha de regresso não ao Futuro, mas ao passado.

Marilia

Em 1967 era um jovem cadete da Academia Militar, e andei por Alhandra a retirar lama. Vivi essa tragédia, não sabia que a Marilia tanto sofria.

O fascismo era suplício sobretudo para os pobres, também soube o que era a moral fascista.

Peço-lhe para colocar o seu comentário em post e se quiser este breve comentário em PS.
Abraço e beijo solidário
asilva