quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

PÁTRIA ETERNA. E OS VAMPIROS?





Não sei se há para aí algum esquizofrénico descompensado, armado em profeta- titanic a dizer que Portugal vai acabar, se há , o pobre diabo, deveria compulsivamente ser internado.

A situação dos países é outra, é a das suas gentes, sobretudo as mais desfavorecidas que morrem de fome e doença nas suas pátrias eternas, enquanto para os czares, os ditadores, os bokassas e os criminosos governantes do Irão, da Somália etc. não há melhores países que os seus. Para os que são massacrados, punidos em público as suas pátrias e o seus Países não existem, são apátridas.

Para mim, a Pátria existe, e considero que ter uma Pátria e ser patriota, bem como defender e garantir segurança às pessoas e defender a ingerência interna para proteger os direitos humanos são valores intrinsecamente de esquerda, que as gentes entendem, sobretudo os que são vilipendiados. Os pseudo intelectuais não o compreendem, também só sabem se auto- venerarem, e imporem à sociedade um prestígio que não têm, porque muitos limitaram-se a seguir um rito formalizado para obterem títulos académicos ou outros, para os quais não têm um mínimo de competência, e, por vezes, mesmo maturidade cognitiva, para além dos casos de iniludível senilidade (não me obriguem a citar nomes e a referir declarações esdrúxulas).

Se a Pátrias existem eternamente, se os países continuam para além das máfias que os governam, é preciso entender que países deixam os vampiros aos vindouros. Ignorar que Hitler não matou a Alemanha, mas matou milhões de judeus seria inaceitável, do mesmo modo que Pinochet não matou o Chile, mas eliminou milhares de chilenos; que Mobutu não pulverizou o Congo, mas espoliou o povo; que Estaline não derrotou a Rússia, mas esmagou milhões de cidadãos; que a Espanha não sucumbiu com Franco, mas que este fez uma guerra civil para se tornar vitorioso; que a Itália existe apesar de Mussolini, mas que por causa dele a Itália andou nas guerras do Eixo; e que Salazar também não derrotou Portugal, mas destruiu muitas famílias e desencadeou uma guerra para manter o seu poder.

Esquecer estas realidades, seria opor à esquizofrenia, a mera retórica. As Pátrias e os países continuam, sejam quais forem as vicissitudes porque passem, logo, o que mais importa é saber que país queremos construir.

É preciso restituir Portugal aos portugueses desempregados. É urgente dar esta Pátria aos jovens que precisam de ter oportunidades para estabelecerem o seu projecto de vida. É imperativo que Portugal não seja só Portugal para os banqueiros, os ricos e os que glorificam Portugal, mas o Portugal deles é a mesa farta, muitos euros no bolso e muitos enganados a dizerem Ámen às suas atordoadas de pompa e circunstância.

Mas para além de dizer que Portugal é eterno, porque, obviamente, o é, importaria dizer como, aqui e agora e em 2012, 2013 Portugal não vai ser como a Suazilândia, a Arábia Saudita, a China, a Rússia etc que apesar de continuarem a serem países eternos, são bem mais Pátria para os algozes do povo. Para este a Pátria é madrasta, campo lento da morte e terra de dores e desespero.

SIM!

Qual será a pátria de um português sem abrigo?

Qual será a Pátria de um português escravizado?

Mas qual será a Pátria de um português desempregado que durante anos e anos não arranja um emprego?

Mas qual será a Pátria de um português que lhe tiram a casa, porque não pôde pagar duas prestações ao banco, ao memo banco que perdoa milhões de euros ao filho do banqueiro?

Mas qual será a Pátria de um pequeno comerciante português afogado em taxas e sobretaxas dos bancos?

Será Portugal? Duvido, será mais a Pátria do desespero, do ódio e da revolta, dificilmente Portugal.

É preciso restituir Portugal aos Portugueses, o que, se recusa a esquizofrenia de qualquer profeta animado pelas profecias Maias de 2012, também não pode adormecer sobre a retórica sonolenta dos que ignorando 2012, 2013, olham somente para a gesta de 9 séculos, como se esta não tivesse conhecido o Domínio Castelhano e os absolutismos de D. Miguel, 200 anos de inquisição, 50 anos de fascismo e trinta e tais anos de democracia manchados pela mais vergonhosa corrupção.

Obviamente que não é preciso mudar nada para Portugal continuar. Não é preciso mesmo mudar nada, porque os 10% de portugueses que detêm toda a riqueza, não querendo ser súbditos espanhóis, tudo farão para continuarem Portugal, mas tornarão cada vez mais portugueses estrangeiros no seu país.

Será este Portugal eterno que interessa manter, sem nada fazer contra os vampiros que são também eternos e sugam o sangue ao povo – alma e vida das Pátrias?

PORTUGAL!

Andrade da Silva

1 comentário:

Marília Gonçalves disse...

Ninguém pense poder os meus anelos
desmanchar como a trança de cabelos
que desataram ainda era menina...

Porque os sonhos que ergui
nada os derruba
a frágil trança, transformou-se em juba
a minha crença inesgotável mina.

Contra a justa vontade que me impele
pelo sangue rubro que me doira a pele
não há dia aziago nem tufão!

Há muito que tracei a minha estrada
arrancar à noite escura a alvorada
que trago a borbulhar no coração.


Marilia Gonçalves