sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

FUNCHAL PASSAGEM DO ANO 2009-2010 - O ESPLENDOR DO OLIMPO DO POVO.




“ Com toda amizade às minhas amigas e amigos e aos que me lêem”

Povo nas ruas que ficam todas cheias de gentes. Povo no cais da cidade. Povo em festa. Povo com alegria. Povo que canta baila e bebe poncha - que saborosíssima poncha, com mel e limão e com o principio activo, a aguardente de cana, maravilha! – Povo que ocupa todos os espaços da cidade, a cidade é do Povo, são assim, as noites de passagem de ano e dos anos, na Pérola do Atlântico - a Madeira.

A minha Mátria – Oh grande Natália Correia – é a festa, o mar, o Sol, a alegria de ser povo. Esta festa, é a nossa festa, se tivermos de morrer para a pagar, depois de a vivermos, agradecemos a dádiva de a termos vivido – simplesmente. Para um madeirense é assim.

A festa da passagem do ano, na minha terra, nesta querida Madeira, é também um programa político, social, cultural e humano único, excepcional que os aristocratas não percebem, falta-lhes os genes do plebeu.

Para o Madeirense Plebeu, para nós gente da terrinha, o natal e a passagem do ano fazem parte do nosso DNA, como o gene que pré-determina aos gatos que após evacuarem esgravatem , mesmo que o chão seja de plástico, porque estão pré-programados fá-lo-ão, através dos tempos vindouros, connosco como estamos pré-programados para a festa, vamos glorificá-la até ao fim dos tempos.

A Madeira é uma lapinha, um sonho bordado de renda e cambraia, com as suas árvores iluminadas com luzes verdadeiras e não com gambiarras “made in China”, como acontece nas muito tristes iluminações de Lisboa –uma triste tristeza que nem a monstra árvore de Natal do cimo do Parque Eduardo Sétimo, esconde, embora, esta árvore possa servir de pretexto para descobrir um simpático e romântico espaço para sonhar com a lua e amá-la.

(Mas ainda, porque sou ridículo, me pergunto, será que o dinheiro que Lisboa poupou servirá para acrescentar mais treze camas no Hospital Santa Maria, ou amanhã ainda haverá mais camas nos corredores e menos nas enfermarias? Dúvida ridícula, de um homem ridículo. Pudera!)

Depois é o fogo de artifício multicolor e com múltiplas formas, mas para além disto tudo, e sempre fica a marca-de-água do bater do coração e da alma madeirenses.

Tudo funcionou muito bem, esplendorosamente bem. S. Pedro foi companheiro, houve bom tempo. D. Alberto João Jardim fez o que devia.
Parabéns D. Alberto João, é um bom mordomo de festas, e, nisto, Alberto João é um madeirense genuíno, que genuinamente conhece as partículas elementares do pulsar deste povo, o que, justifica muito do seu sucesso político.

O Povo mesmo quando sofre não gosta de aves de mau agoiro e de carpideiras, nem de líderes deprimidos. É mais agradável morrer com mesa pouca, mas com muita cor, luz e música, do que viver com mesa, sabe-se lá como, sob a batuta de gente com cara de agência funerária. Que de tal peste nos livre um absolutista alegre, que nos corta a carne, mas também dá o bálsamo festivaleiro que ultrapassa o limite da dor!

Acresce ainda, a toda esta beleza o facto de que estas festas continuam a ser celebradas pelas famílias nucleares avós, pais, filhos e netos, e, por isto, a tradição passa de geração em geração – facto que também no caso da minha família foi gratificante. Já há muito que não nos reuníamos, pese, embora, a ausência do neto e a doença de Alzheimer da minha mãe que revela a decadência irreversível de uma mulher valorosa, sem que a ciência e os poderes se preocupem o bastante com estas pessoas. Mas quem proclama esta demissão ainda é apedrejado por uns que são candidatos a estas tragédias, embora arrogantemente pensem que não.

Como seria bom que as aristocracias e as oligarquias partidárias entendessem estas e outras realidades muito simples, do povo simples, e, só assim, teriam a dignidade, os saberes e os sentimentos para nos liderarem, a nós povo, a nós, plebeus.

1 Janeiro 2010

andrade da silva

PS: Conselho aos meus amigos

Julgo que toda a gente e, sobretudo as minhas amigas e amigos, por tanto lhes querer bem - deviam vir pelo menos duas vezes à Madeira: uma no verão, para verem, como aqui, as montanhas e o mar fazem amor todos os dias à luz do sol ou da lua. Vénus é uma Deusa Madeirense e a outra na passagem do ano, para verem as portas do Olimpo entreabertas e contemplarem a face da mãe Deusa- Criadora, como diz o profeta madeirense.

Julgo mesmo que os meus amigos que neste natal e passagem do ano vivenciaram experiências dolorosas deviam, como imperativo e desígnio, no próximo ano, oferecerem a si mesmos e aos seus um Natal no Olimpo. Mereceis.
Abraço-vos

4 comentários:

Marília Gonçalves disse...

Caríssimo Companheiro

Pela parte que me toca,agradeço a ideia de sonho, o Olimpo para plebeus!Para quem é nado na Terra é sempre mais fácil,tem hospedagem garantida na família... quem vem de fora, tem os preços proibitivos dos hotéis...
quando os deuses se apiedarem dos pobres mortais que somos com dias dos meses contados ou se concretize a democracia que nos anda tão fugida...
Ai povo, que se te pagam o ordenado, nada mais é que para ires ganhando com que alimentar o corpo e a tua força de trabalho!
Quando, povo, te vais lembrar que tens direitos? até ao divertimento, ao espectáculo, que repousam e alimentam o espírito e vivificam?
Vamos desperta, o direito ao trabalho e ao lazer, os teus direitos, que afinal de tua voz dependem.
Não te voltes contra ti, silenciando...não peças... EXIGE!
a PAZ? O PÃO, Saúde, Educação,e o direito à alegria de viver
A vida é uma e é tua! Defende-a, defendendo-te dos vampiros que de nada se privam!Que apenas se lembram de ti, para te retirar quanto possam!
não feches os olhos e vê do que te privam! do que privam teus filhos, teus pais idosos, teus irmãos.
Desperta Povo de Portugal
estou contigo: sou tua filha!
Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

Cara Marilia

O olimpo pode durar um dia,muma hora, um segundo, mas foi Olimpo porque as ruas estiveram cheias de gente cantando e bailando, dizem que o fogo foi excepcional, mas disso nem dei muita conta, a minha felicidade foi ver o povo feliz naquele dia.

Naturalmente que o direito à festa devia ser universal, mas não é, enquanto isso não acontece ainda bem, muito bem, que existem estes momentos para os plebeus, a festa é na rua, aqui o acesso é gratuito e com poucos euros e muita familia e imaginação se faz aqui uma grande festa: poncha, vinho seco, broas de coco e mel, uma ganja de galinha de campo, um bolo rei e umas sandes de galinha e queijo, doze passas por pessoa uma garrafa de espumante para doze e eis uma grande festa que no máximo custa 5 € por pessoa. Esta foi a minha passagem de ano e de milhares de madeirenses e foi felicissima, sobretudo porque o meu povo estava muito feliz.

Mas também neste dia ouvi durante mais de uma hora as profecias de desgraça de um profeta madeirense de que vou falar, entretanto, meteu-se o discuro do NIN do sr. Presidente da República que altera as prioridades.

abraço
asilvA

Marília Gonçalves disse...

meu Amigo

ainda bem que assim é! Pelo menos que os preços baixos da festa a permitem a quem trabalha o ano inteiro; eu referia-me ao preço das dormidas nos hotéis
e ainda bem que o clima na Madeira permite festividades de rua nesta época, quando, olhe aqui na minha zona até vai nevando uns flocozitos, o frio a apertar e não me admira que venha outro nevão como pelo Natal, a neve é muito bonita, vista por detrás de janelas ou nos campos e montanhas, mas para quem vai trabalhar hà por vezes escorregão de partir uma perna
E mesmo no Algarve meu filho na estrada para Portimão parece que apanhou com uma tromba de água...
a desigualdade dos climas.
Veremos o que o futuro nos reserva ainda, aqui o Outono foi um prolongamento do Verão, que nunca tinha visto. Vamos ver o preço que nos vai ser cobrado pela Natureza-mãe
Entretanto aproveite bem as belezas da sua terra, que eu aqui vou morrendo de saudades pela minha
abraço amigo

Marilia

andrade da silva disse...

Pois como também disse no texto sobre o Inverno e as intempéries podemos pagar um alto preço pelos abusos que os mais ricos cometem, e, aqui, também a desigualdade social mata.As casas mais frágeis e mais expostas são as dos que menos têm.

Infelizmente o sentido das coisas não aponta na direcção da libertação e quanto maior for o medo, maior será a submissão e o medo disto e daquilo, a falta de alternativas, o egoismo da burguesia e das várias oligarquias apontam no sentido diverso da justiça que, de um modo genuino, é uma bandeira de muito poucos, neste aspecto não há novidades desde há séculos.

abraço
asilva