terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Poesia e Resistência


Pátria

Por um país de pedra e vento duro

Por um país de luz perfeita e clara

Pelo negro da terra e pelo branco do muro

Pelos rostos de silêncio e de paciência

Que a miséria longamente desenhou

Rente aos ossos com toda a exatidão

Dum longo relatório irrecusável



E pelos rostos iguais ao sol e ao vento



E pela limpidez das tão amadas

Palavras sempre ditas com paixão

Pela cor e pelo peso das palavras

Pelo concreto silêncio limpo das palavras

Donde se erguem as coisas nomeadas

Pela nudez das palavras deslumbradas



— Pedra rio vento casa

Pranto dia canto alento

Espaço raiz e água

Ó minha pátria e meu centro



Eu minha vida daria

E vivo neste tormento

Sophia de Mello Breyner Andresen

3 comentários:

andrade da silva disse...

Belo

À MINHA PÁTRIA CHAMO-A DE MÁTRIA.


Todavia para mim chamo com Natália Correia à mimha Pátria, Mátria, o que ainda se reforçou mais com a explicação do profeta madeirense é a mulher que gera, tudo é carne da sua carne, sangue do seu sangue, portanto, a Pátria dos plebeus e de Abril só se pode chamar Mátria em honra à mulher mãe e à mulher-busto que representa a República.
abraço
asilva

Marília Gonçalves disse...

pátria e eu não tenho pátria: tenho mátria/ E quero frátria...... de Caetano Veloso

andrade da silva disse...

Concordo que a ninha Pátria, seja também Mátria e frátria do mesmo modo e ao mesmo tempo, recordando o Pai, a mãe de todos nós Portugueses e de irmãos fraternos, entre todos nós portugueses, sem esquecer a humamidade.
abraço
asiva